Álvaro Santos Pato

Fonte: Jogo do Pau Português
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Nascimento
Nacionalidade Portuguesa
Naturalidade Moçambique

Assinatura
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Sobre

Álvaro Santos Pato, nasceu em Mutarara - Moçambique. Aos 18 anos veio estudar para Lisboa. Sempre gostou de artes marciais.

Praticou grande variedade delas, mas acabou por se fixar no manejo do pau, por considerar mais eficaz.

Com os ensinamentos de dois grandes mestres da altura (Pedro Ferreira e Armando Sacadura) desde cedo pretendeu pôr por escrito os ensinamentos colhidos. O trabalho e a família atrasaram este projecto.

Só em 2010, juntamente com o actual mestre do Ateneu Comercial, a sua concretização passou a ser possível.


Livros escritos:

Ligação ao Jogo do Pau

Para melhor perceber a ligação e o percuso de Alvaro Pato com o Jogo do Pau, transcrevemos o capítulo "Abordagem histórica" do seu livro Manual para Mestres Pau-Luta - Arte Marcial Portuguesa.

« Quando, nos finais do ano de 1959, me iniciei no Ateneu Comercial de Lisboa e conheci o grande homem que viria a ser também grande amigo o Mestre Pedro Ferreira - nunca pensei vir a possuir os conhecimentos que hoje possuo e que, tão amavelmente, me foram transmitidos. As conversas então tidas mostravam o seu anseio de que se mantivesse esta tradição e o seu grande desejo de ajudá-la a evoluir. Constantemente o questionava sobre vários temas da escrever um livro técnico arte e ele nunca deixou de me esclarecer. Acho, mesmo, que passei a ser o jogador que o poderia ajudar na tarefa a que se tinha proposto na sua missão de ensinar. Pensámos na altura em que se sentia falta e a ideia só não foi avante porque o mestre, conservador como era, não queria alterar as designações existentes, as quais se mostravam já, algunas delas, pelo menos desajustadas. Didacticamente difíceis de utilizar. Como discordava, a ideia foi, então, posta de parte.

Outros temas eram também abordados acer do Jogo do Pau, como o formato de um ringue de luta, as suas dimensões e as regras a aplicar. Logo nessa altura sentiu-se a necessidade de diferenciar a arte até então conhecida como de apresentação duma outra a criar só com a componente de combate. Esteve para ser chamado "Jogo de Pau marcial", mas não foi por diante.

Além disso, o mestre comentava comigo a necessidade de uniformizar e criar uma organização que pudesse congregar todas as associações existentes e que, entretanto, foram crescendo, tendo em vista a disparidade dos métodos ou, muitas vezes, a inexistência deles, que tinha origem na resistência de alguns mestres que não queriam interferências nas suas "escolas". Também não se pôde avançar nesse campo. A criação de uma federação foi, temporariamente, posta de lado. Por essa altura passou por Portugal uma equipa japonesa que se mostrou interessada pelo que se fazia cá nesta área. O mestre mostrou-se orgulhoso por ter sido contactado e pôde promover a filmagem da arte do manejo do pau como era prática no Ateneu. No Japão era praticado com protecções e surpreenderam-se com o facto de nós não usarmos nada para o efeito.

Entretanto, por razões militares, durante cinco anos, estive afastado de Lisboa e interrompi a execução dos planos que tínhamos como objectivo realizar. Quando regressei, voltei a treinar contando com a paciência do meu amigo e Mestre. Passei também a frequentar o Ginásio Clube Português, onde se encontrava um jogador reconhecidamente bom, de nome Armando Sacadura, com quem passei a jogar. Os combates eram desafiantes e animados e davam-me a possibilidade de melhorar determinados aspectos, como o treino do aperfeiçoamento dos reflexos e da capacidade de desvio.

De novo, e desta vez por motivos profissionais, fui viver para o norte do país, para a cidade do Porto. Durante três anos estive ausente sem treinos reais e limitei-me a executar treino individual para manter a forma física.

Ao regressar a Lisboa, vim a encontrar outros jogadores, hoje mestres na capital ou nos arredores. Continuava a ter o apoio e a boa vontade do Mestre, que, após o jantar me dedicava o desejava para o futuro para melhorar esta arte passava também por distinguir os vários graus seu tempo sempre na disposição de transmitir tudo o que sabia. O seu desconforto sobre o que em que se encontravam os jogadores. Algo deveria ser feito nesse sentido para evidenciar o seu grau de diferenciação.

Anos mais tarde, de novo me ausentei, por razões familiares e fui viver para a zona do Oeste, tendo regressado ao Ateneu em princípios de 2000, onde vim a encontrar, os mestres Manuel Monteiro e Nuno Russo. A estes dois mestres muito deve este jogo em Lisboa como também a expansão que teve por todo o país. O mesmo se deve dizer do mestre Paulo Brinca da escola da Moita que não se cansa de ensinar a arte a sul do Tejo, sempre apoiado pelo amigo e dinamizador José Pedro. Justiça lhes seja feita.

Uma grande diferença notou no que se tinha passado a fazer entretanto. Anteriormente, na prática, jogava-se agarrando o pau com as duas mãos, mas com os melhoramentos introduzidos na escola do Ateneu passou-se a usar, também, uma só mão em determinados movimentos. Actualmente, nas escolas existentes, vejo que se voltou a utilizar somente as duas mãos agarrar o pau. No Ginásio Clube Português introduziram o uso de protecções à semelhança dos japoneses. Nas escolas da capital optou-se pelo uso de faixas (já usadas pelos praticantes Jiu-jitsu japonês) para diferenciar os conhecimentos e o grau de desenvolvimento técnico de jogadores.

Apercebi-me, pois, que se tinha feito a niponização desta arte. Era importante também necessário salientar o grau de diferenciação dos jogadores consoante a sua experiêcia, conhecimentos e mérito. Isso poderia ser feito com métodos mais ocidentais, como por exemplo pela aposição de letras ou números (o número 1 ou letra A para o nível mais elevado nas costas ou no bolso da frente, ou outra qualquer marca no fardamento. Na evolução dessa arte original portuguesa urgia separar a componente demonstrativa da de combate. Na criação do nome a designar, o termo "esgrima" não nos pareceu adequado por estar mais ligado ao uso de armas brancas. Aplicar-se ao uso do pau, que se tem essencialmente como meio de defesas nunca nos pareceu aceitável.

Com o mestre Manuel Monteiro ficou acordada a designação de "Pau-Luta" que nós achamos conveniente por duas razões: era uma só palavra e prestava-se a designar o manejador como pau-lutador.

Não podemos deixar de referir, ainda, que a evolução positiva deu origem ao aparecimento de associações, estas, todavia, conservando as suas diferenças. Por isso, a ideia de congregar numa só organização todas as associações, em que se pudesse estabelecer regras tendentes à uniformização do possível, e que contribuísse também para a sua vitalidade e robustecimento como desporto manteve-se e, ainda hoje, está na ordem do dia. Também a televisão - e não podemos deixar de pôr em evidência o seu papel, embora o quiséssemos mais relevante - veio dar um contributo à sua evolução, pela divulgação que promoveu ao dar a conhecer esta arte ao grande público.

É importante que no futuro se mantivesse uma diferença entre "jogo do pau" e "Pau-luta". O nome a escolher pode ser outro, mas gostava que houvesse algo que os diferenciasse.

Os mestres sempre acharam que a arte deve ser ensinada gratuitamente porque sempre foi assim. É tradição. Para a mantermos devemos então pensar numa classe especializada, ramo a que só os merecedores e os amantes de artes marciais devem aderir. Neste caso têm de pagar para aprender, tal como se faz nas artes marciais dos outros países. O facto de ser gratuita faz com que as pessoas só apareçam quando lhes apetecer. Assim como aparecem também facilmente desaparecem, após aprenderem a rodar o pau. »

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