Artigo: O Ilhavense - Já poucos Ilhavenses se lembram do ti Ramízio

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Sobre

  • Relevância: ★★☆
  • Título: Já poucos Ilhavenses se lembram do ti "Ramízio"
  • Autor: Jornal O Ilhavense
  • Publicação: Rúbrica Factos de outros tempos, setembro 1991

Artigo

« Já poucos Ilhavenses se lembram do ti "Ramízio"

Nasceu em Ilhavo, mas passou a sua mocidade em Lisboa, em Alfama ou Mouraria. Era valente, não temia fosse quem fosse e era respeitado pelos grandes rufiões. Saltava o balcão de qualquer taverna sem lhe tocar com os pés. Os seus adversários fugiam quando o viam com uma navalha na mão. Tinha um grande amigo que era o Júlio Justiça.

O ti "Ramizio", ainda novo, desembarcou de um navio onde era marinheiro, num dos portos da América do Norte, juntando-se depois aos ilhavenses que se encontravam em Gloucester e ai começou a sua labuta nos barcos de pesca, casando-se mais tarde e deste casamento nasceu uma filha que veio a casar com o ilhavense António Gil.

Conservou-se largos anos nos Estados Unidos, mas sempre com a ideia de voltar à terra onde nasceu.

Nesse tempo havia em Ilhavo um homem que se julgava um grande valentão, que era o ti António Cabreiro, assim conhecido por possuir um rebanho de cabras. Havia um outro cabreiro, irmão daquele, o ti "Xico". António Cabreiro era um famoso jogador de pau, mas o seu irmão Xico e o Luis Rola não o eram menos.

Numa das suas vindas a Ilhavo, matar saudades da sua terra e passar férias, o ti "Ramizio" encontrou-se numa taberna, que então havia no centro da vila, com o ti António Cabreiro, este com um pão de Vale de Ilhavo na mão e bebendo o seu copinho. A assistência, meia dúzia de ilhavenses, com a chegada daqueles, começou a discutir que um homem com uma navalha não tinha facilidade de se defender de um outro com um pau na mão. O António Cabreiro dizia que com o seu pau enfrentava alguns rufias, como um que estava ao seu lado. O Ti "Ramizio" não gostou de "tal ofensa" e respondeu-lhe que se quisesse podiam experimentar, o que fizeram, mas antes apostaram que quem perdesse tinha de pagar uma "rodada" de vinho a todos os presentes.

O desafio passou-se próximo do mercado, que já não existe. Como bons amigos que eram, antes apertaram as mãos. O ti "Ramizio" despiu a samarra e safou da navalha enquanto o António Cabreiro puxou do seu pau e assim começou "tal" desafio. O ti "Ramizio" devido à agressividade do Cabreiro ia-se defendendo com a samarra numa das mãos. A certa altura, por descuido deste, o ti "Ramizio" chegou-lhe o bico da navalha à garganta, fazendo recuar o ti António Cabreiro que já cansado de jogar com o pau se viu obrigado a dar-se por vencido, e por isso, teve de pagar a rodada de vinho a todos os presentes. »

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