Artigo: Um jogo athletico e bem portuguez - 1915

Fonte: Jogo do Pau Português
Revisão em 20h08min de 17 de maio de 2023 por Wikijpp (discussão | contribs)
(dif) ← Revisão anterior | Revisão atual (dif) | Revisão seguinte → (dif)

Sobre

  • Relevância: ★★☆
  • Título: Um jogo athletico e bem portuguez
  • Publicação: jornal «A Capital» de 4 julho 1915

Resumo

O artigo destaca o jogo de pau como a esgrima nacional de Portugal, um jogo de ataque e defesa que envolve habilidades complexas no manejo de um pau. O autor ressalta que nenhum outro país possui um jogo semelhante como parte da sua tradição. O jogo de pau é descrito como uma forma de esgrima artística e emocionante, com uma série interminável de golpes, paradas e respostas, adaptados de acordo com as oportunidades do combatente e as habilidades do adversário.

O autor menciona a reação positiva dos estrangeiros que testemunham um assalto de jogo de pau em Lisboa, com aplausos vibrantes e um acolhimento caloroso aos jogadores. O jogo de pau é considerado um elemento indispensável em saraus públicos e festas organizadas pelo Ginásio Clube Português, que recebem artistas do Coliseu durante a sua visita anual.

Além de ser uma forma de combate, o jogo de pau é destacado como uma verdadeira ginástica e uma arte marcial completa. É enfatizado que o jogo de pau não deve ser confundido com comportamento arruaceiro, assim como a esgrima com espada, sabre ou florete não tem como objetivo ferir indiscriminadamente. O autor destaca que escolas e clubes de boa qualidade incluem o jogo de pau nas suas classes e atividades.

O artigo também menciona a ausência do jogo de pau em competições oficiais de atletismo, sugerindo que pelo menos poderia ser apresentado em exibições, assim como aconteceu em Estocolmo e Londres com desportos não "clássicos".

Artigo

« Quando se fez um inquérito à existência dos jogadores de jogo de pau que há pelo paiz, o nosso collega Mario Sant'Anna, que se encarregou d'esse inquérito para os antigos «Sports Ilustrados», escreveu:

«É o jogo de pau, sem dúvida, a nossa esgrima nacional. Nenhum outro paiz se orgulha de possuir como jogo seu de ataque e defeza a vistosa e difícil arte de manejar um pau. E, pela forma como o emprego d'esta arma é feito com uma série interminável de golpes, paradas e respostas, segundo a opportunidade do combatente e as qualidades do adversário, o jogo de pau assume as proporções de uma esgrima artística e emocionante.

Que digam os estrangeiros a quem tem sido dado admirar em Lisboa um assalto entre dois bons amadores porque nos applausos vibrantes com que manifestam o seu enthusiasmo, se nota extraordinário que n'elles desperta o movimentado jogo. Quem tenha assistido a saraus públicos, de que o jogo de pau é sempre número indispensável, terá visto nos estrangeiros que assistam um acolhimento caloroso nos jogadores.

E, ainda, recordando-se as festas íntimas organizadas pelo Gimnasio Club é caso de lembrarmos as que, conforme seu habito, a prestimosa aggremiação offerece aos artistas do Coliseu, na sua costumada visita annual ao Gimnasio.

Acostumados aos maiores rasgos de audacia e às mais valiosas demonstrações de força e agilidade, esses artistas não têm dominado o seu interesse vivíssimo ante os assaltos de pau.

O nosso público, por sua parte, segue emocionado as peripécias do combate e sublinha com exclamações de enthusiasmo e admiração as passagens mais perigosas ou mais movimentadas, até que uma tempestade de applausos, a custo reprimidos durante o assalto, estala no final, ensurdecedora e prolongada.

Mas nem só como arte de combater se impõe o jogo de pau. Assim como não se faz esgrima de espada, de sabre ou de florete, com o fim principal de andar a dar estocadas em toda a gente, assim como não se faz lucta ou «box» para se andar a subjugar ou soccar por habito, assim também ninguém faz jogo de pau com intuitos de arruaceiro. Como todas as artes de combate, o jogo de pau constitui uma verdadeira ginástica, e no seu caso à ella tão completa e útil que não há escola bem montada que o não possua, nem club de boa cathegoria que o não inclua nas suas classes. A frente d'essas escolas a Academica, e à frente d'esses clubs o Gimnasio, a antiga e prestante collectividade.

Escreve-se assim, e as coisas são realmente, assim, mas o que é verdade que nas provas officiaes de athletismo nunca apparece esse jogo caracterisadamente portuguez. Podia figurar pelo menos em «exhibições», tal como se fez, por exemplo, em Stockolmo, e em Londres, com sports não «classicos». »

Links externos

Ver também