Grande Guerra Mundial: diferenças entre revisões

Fonte: Jogo do Pau Português
Sem resumo de edição
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Até ás décadas de 50 e 60 do século passado, recrutavam-se os guardas do Museu Militar de Lisboa, entre os veteranos da Grande Guerra. Muitos gostavam de mostrar a peça mais emocionante na sala da “sua” guerra: uma cruz simples, em madeira, retirada de uma das trincheiras da batalha de La Lys. Era a cruz de uma campa de um soldado de nome desconhecido. Mostra a inscrição em alemão: “Hier ruht ein tapferer Portugiese” (AQUI JAZ UM VALENTE PORTUGUÊS).
Até ás décadas de 50 e 60 do século passado, recrutavam-se os guardas do Museu Militar de Lisboa, entre os veteranos da Grande Guerra. Muitos gostavam de mostrar a peça mais emocionante na sala da “sua” guerra: uma cruz simples, em madeira, retirada de uma das trincheiras da batalha de La Lys. Era a cruz de uma campa de um soldado de nome desconhecido. Mostra a inscrição em alemão: “Hier ruht ein tapferer Portugiese” (AQUI JAZ UM VALENTE PORTUGUÊS).


== Publicações e citações ==
== Publicações e testemunhos==
 
O escritor e reconhecido pesquisador ''Rainer Daehnhardt'', publica no Projeto GRIFO um artigo que relata o uso da espingarda
como no Jogo do Pau, face à falta de munições:


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Com meu respeito a todos que ainda hoje este desporto praticam»<br>
Com meu respeito a todos que ainda hoje este desporto praticam»<br>
<small>''Testemunho escrito de Rainer Daehnhardt no seu projecto GRIFO ([http://www.grifo.com.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=228 ver mais])''</small>
<small>''Testemunho escrito de Rainer Daehnhardt no seu projecto GRIFO ([http://www.grifo.com.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=228 ver mais])''</small>
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Tenente-Coronel Eugénio Carlos  Mardel  Ferreira, 2.º Comandante da 4.ª Brigada de Infantaria, reforça ainda que:
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Tendo um efectivo reduzidíssimo e ocupando uma área de entrincheiramentos excessivamente grande, sem abrigos suficientes para pessoal, quer pelo seu restrito número, quer pela sua resistência, sob a acção do mais terrível e mortífero fogo de metralha, vomitado por centenas e centenas de canhões e morteiros, a Brigada sacrificou-se no seu pôsto de honra, segundo as ordens recebidas.»
«Foi sem dúvida na esquerda da linha, no sector de  Fouquissart, guarnecido pela Brigada do Minho, que mais encarniçada foi a luta. Ao mesmo tempo que, na batalha, morreram 22 oficiaes das tropas deste sector, sendo 15 de Infantaria, 4 de metralhadoras, 2 de morteiros e 1
da artilharia (...)
»<br>
<small>''General Fernando  Tamagnini, “Os meus três comandos”, Isabel Pestana
Marques, Memórias do General 1915-1919''</small>
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Revisão das 16h49min de 27 de novembro de 2022

Sobre

Quando, no meio da conturbada primeira república, se decidiu enviar um Corpo expedicionário para as trincheiras da primeira guerra mundial, as tropas apressadamente reunidas, e instruídas no Ribatejo, foram depois sujeitas,em Inglaterra e em França sobretudo, a novo processo de instrução militar para as habilitar para a realidade dos combates nas trincheiras.

Aí, alguns relatos indicam que os soldados portugueses espantaram os seus instrutores britânicos pela relativa facilidade com se adaptavam às técnicas de luta com baioneta, ao combate próximo nas trincheiras. De pequena estatura na sua maioria, vinham de realidades pré-industriais, onde andar à luta era quase um desporto entre aldeias. No Norte de Portugal, em particular, praticava-se o jogo do pau, cujas demonstrações em terras de França e Inglaterra provocaram a curiosidade dos oficiais aliados, que as filmaram e fotografaram. [1]

Jogo do Pau na Guerra

Na batalha de La lys, que teve lugar às primeiras horas do dia 9 de abril de 1918, morreram cerca de 500 soldados portugueses e milhares foram feitos prisioneiros, muitos mais do que habitualmente, uma situação que se atribuiu ao cansaço das tropas que esperavam há meses para serem substituídas. [2]

O reconhecimento da bravura lusa pelo adversário, também se encontra nos relatos alemães desta batalha. Em muitas trincheiras, só se havia distribuído seis balas a cada soldado português (casos houve em que apenas receberam três)! Tal não significava a desistência da luta. Muitos portugueses pegaram nas suas espingardas e usaram-nas como no jogo do pau. Este pormenor, mencionado num relatório alemão, foi reconfirmado pelos guardas do Museu Militar.

Até ás décadas de 50 e 60 do século passado, recrutavam-se os guardas do Museu Militar de Lisboa, entre os veteranos da Grande Guerra. Muitos gostavam de mostrar a peça mais emocionante na sala da “sua” guerra: uma cruz simples, em madeira, retirada de uma das trincheiras da batalha de La Lys. Era a cruz de uma campa de um soldado de nome desconhecido. Mostra a inscrição em alemão: “Hier ruht ein tapferer Portugiese” (AQUI JAZ UM VALENTE PORTUGUÊS).

Publicações e testemunhos

O escritor e reconhecido pesquisador Rainer Daehnhardt, publica no Projeto GRIFO um artigo que relata o uso da espingarda como no Jogo do Pau, face à falta de munições:

«A luta lusa com os paus ainda foi admirada com respeito na Batalha de la Liz, nas trincheiras de Flandres (1918).

Assim me contou em 1ªpessoa, o soldado português do CEP, José Silva, que viveu (como marido da governanta da minha avó) durante mais de meio século em nossa casa:

Havia uma linha de trincheiras dos Aliados (GB-P-F-) e outra em frente, do adversário do EIXO (Império Alemão e Império Austro-Húngaro).

Sabia-se que os alemães e austríacos tinham junto grandes unidades para preparar um ataque em toda linha.

Um cérebro dos aliados teve a brilhante ideia de cercar os alemães e austríacos. Como o fazer?

Ao norte estavam os britânicos; ao centro os portugueses; ao sul os franceses.

Combinaram então servir-se dos portugueses como isco desta operação, facilitando as entradas germânicas tanto ao norte como ao sul, pensando que assim os alemães iriam cercar os portugueses . Isto seria o momento para os britânicos e os franceses, por sua vez, cercarem os germânicos, que possivelmente seriam terminados com tantos adversários à sua volta.

O plano falhou redondamente em tudo!

Os britânicos recuaram de facto, os franceses também, deixando assim os portugueses como únicos defensores nesta enorme linha de fronteira.

Porém os germânicos não cercaram os portugueses. Seguiam as suas ordens de avançar com toda a linha ao mesmo tempo. De repente o campo de batalha era outro.

No sector português( não previamente avisado do “esquema”), houve muitas baixas e rendições pacíficas. No meio disso deu-se um espectáculo mencionado nos relatórios alemães.

Os britânicos apenas entregaram seis munições a cada soldado português. Estas gastaram-se num instante. Esperava-se ver bandeiras brancas por toda parte, mas isto não foi o caso. Os portugueses tinham suas espingardas; mesmo descarregadas ainda eram paus. Mostraram então um espectáculo que fez muitos parar e os tratar com dignidade. JOGARAM AO PAU, uma técnica medieval portuguesa, nunca esquecida e bastante frequente nas feiras de gado. Batiam com fervor em qualquer adversário que se aproximasse. Queriam lá saber se a arma do outro estava carregada ou não! Isto prolongou o tempo da sua rendição, mas salvou a vida a muitos. Para os germânicos era uma desonra atirar contra quem nem mais munições tivesse. Assim pararam de disparar admirando o jogo ao pau ao que não estavam acostumados.

A peça do Museu Militar de Lisboa, que mais respeito me acorda, são duas tábuas cruzadas de um caixote de munições, colocado à cabeça da campa de um soldado português caído na trincheira. Porta a seguinte inscrição em alemão: “ HIER RUHT EIN TAPFERER PORTUGIESE” )= ( Aqui (jaz) descansa um Valente Português!).

Com meu respeito a todos que ainda hoje este desporto praticam»
Testemunho escrito de Rainer Daehnhardt no seu projecto GRIFO (ver mais)

Tenente-Coronel Eugénio Carlos Mardel Ferreira, 2.º Comandante da 4.ª Brigada de Infantaria, reforça ainda que:

« Tendo um efectivo reduzidíssimo e ocupando uma área de entrincheiramentos excessivamente grande, sem abrigos suficientes para pessoal, quer pelo seu restrito número, quer pela sua resistência, sob a acção do mais terrível e mortífero fogo de metralha, vomitado por centenas e centenas de canhões e morteiros, a Brigada sacrificou-se no seu pôsto de honra, segundo as ordens recebidas.» «Foi sem dúvida na esquerda da linha, no sector de Fouquissart, guarnecido pela Brigada do Minho, que mais encarniçada foi a luta. Ao mesmo tempo que, na batalha, morreram 22 oficiaes das tropas deste sector, sendo 15 de Infantaria, 4 de metralhadoras, 2 de morteiros e 1 da artilharia (...) »
General Fernando Tamagnini, “Os meus três comandos”, Isabel Pestana Marques, Memórias do General 1915-1919

Galeria de imagens

Portugueses 3 ww1.jpg Soldados portugueses executam demonstração do Jogo do Pau em 15 de Agosto de 1918 no Roffey - Camp[3]
Portugueses ww1.png Foto de grupo do "Portuguese Expeditionary Corps" em Roffey - Camp, 1917-1918[4]
Portugueses 2 ww1.jpg Soldados portugueses em jogos atléticos no campo d´instrução do 1º Grupo do C.A.P. em Roffey - Camp.[5]
Cruz.museu.militar.jpg Cruz em madeira, com a inscrição em alemão " Hier Ruht Ein Tapferer Portugiese" que significa em português "Aqui jaz um muito valente português".[6]

Vídeos

1918-08-15 - Exibição de Jogo do pau para complemento técnico à baioneta em Roffley Camp, Horsham, Inglaterra

O filme mostra um grupo posado de oficiais e civis a assistir a uma demonstração de Jogo do Pau, incluindo o Ministro Português à Grã-Bretanha Dr. Augusto César de Almeida de Vasconcelos.

Jogo do pau como complemento técnico no combate com baioneta.

Soldados portugueses treinavam na sua fiel arte de combate com paus como melhoramento na técnica de combate com baioneta.

Referências