Livro: 1914 Portugal no ano da Grande Guerra - Francisco Padinha 2014

Fonte: Jogo do Pau Português
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capa do livro

Sobre

  • Relevância: ★☆☆
  • Título: 1914, Portugal no Ano da Grande Guerra
  • Autor: Ricardo Marques
  • Publicação: Oficina do Livro, 2014
  • ISBN: 9789897411281
  • Formato: 304 páginas (157 x 234 x 20 mm)


Em 1914 a Europa lançou-se para uma guerra destruidora que mudou a vida de milhões de pessoas e que alterou para sempre o curso da história. A violência e as mortes obliteraram tudo o resto, como se nada mais tivesse acontecido. Mas aconteceu. Pequenas coisas como uma exposição de flores ou uma tarde à beira-mar. Peças de teatro, jogos de futebol e duelos. Ou algo tão estranho como um porco que vivia no meio de leões. Portugal era assim há um século, no último ano da paz. No primeiro ano da guerra.[1]

Excertos da obra

« O ofendido escolhia duas testemunhas, a quem encarregava de pedir explicações ao ofensor. Este, por sua vez, nomeava também duas testemunhas, que respondiam ao pedido do ofendido.

E assim se andava de carta em carta até o ofensor se retratar ou o ofendido se considerar satisfeito ou que ambos se encontrassem frente a frente, de armas na mão, normalmente na estrada militar da Ameixoeira.

Nem todos os jornais noticiavam duelos como A Capital. Magalhães Lima, um advogado do Porto, escreveu, em junho de 1914, uma carta à Gazeta de Coimbra em que tentava explicar as contradições ocultas das pendências de honra. A começar pelas notícias de jornal que, dizia, as incentivavam e legitimavam. Por outro lado, explicava, os duelos em 1914 estavam quase circunscritos a Lisboa, onde uma determinada elite insistia em resolver na rua e pelas armas o que os restantes portugueses resolviam nos tribunais ou a punho às vezes com um pau.

«A consequência será que se a mesma elite se quer distinguir do povo, quer manter-se em aristocracia num regime democrático.»

Mais grave ainda, acrescentava, era que os duelos não tinham qualquer tradição em Portugal e, ao contrário do que parecia, não revelavam uma coragem excecional dos contendores. » (Pág. 208)

« De todos os programas de festas de 1914, o que mais marcou a sociedade elegante do Porto foi o do aniversário dos bombeiros voluntários. Para espanto de todos, entre os discursos e a banda surgia o nome de duas raparigas: Ondina e Nereida, filhas de Oliveira e Silva, um dos maiores entusiastas de desporto em Portugal. As jovens, que todos conheciam já por serem excelentes nadadoras, mostraram-se exímias nos combates de sabre e florete, tornando-se assim as primeiras portuguesas a atingir um nível tão elevado no desporto das armas. O irmão mais novo, Euclides, provou também estar à altura do progenitor. Oliveira e Silva praticava esgrima, ginástica, remo, natação, hipismo, jogo do pau- modalidade com alguma tradição em Portugal em que dois homens, armados com uma vara, se enfrentavam procurando atingir o adversário e, ao mesmo tempo, travando os seus ataques. » (Pág. 226)

« Francisco Padinha era um gigante de bigode fininho, bem cuidado e com uma volta nas pontas. Tinha começado na luta greco-romana e evoluído para o levantamento de pesos. Natural de Olhão, Padinha pesava mais de 115 quilos, mas era capaz de levantar muito mais do que isso acima da cabeça. Desafiado num treino, sem preparação, levantou 128 quilos.

No início de 1914, ficou a saber-se pelos jornais que Padinha, sem rival em Portugal no que dizia respeito à força, tinha encontrado uma nova paixão, o jogo do pau. Há vários meses que treinava com um dos melhores professores do país, Artur dos Santos. E o mestre não lhe poupava elogios — Padinha, dizia, era rápido, elegante e com a souplese de um rapaz de 60 quilos. » (Pág. 227)

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Referências