Livro: FÓRA da Terra 1878

Fonte: Jogo do Pau Português
capa do livro

Sobre

  • Relevância: ★★☆
  • Título: FÓRA da Terra
  • Autor: Julio Cesar Machado (1835-1890) & Manuel Pinheiro Chagas (1842-1895)
  • Publicação: Porto: Livraria Internacional de Ernesto Chardron, 1878
  • Formato: lii, 224 pp. (19 cm x 13 cm)


Livro com artigos sobre Caldas da Raínha, Festas da Nazaré, Leiria e Marinha Grande, Sintra, Bussaco, Bom Sucesso, Paço de Arcos e Espinho.

Obra de caracter jornalístico em que são descritos os costumes, hábitos, monumentos e a história de vários locais, quase todos, perto de Lisboa, que na segunda metade do Século XIX começaram a ser usadas pelos habitantes da capital, para passar férias.

As descrições são feitas em estilo vivo e humorístico, por vezes muito satírico, com críticas às autoridades devido a falta de limpeza e iluminação (Bom Sucesso) e manifestando sempre um forte espírito anticlerical. [1]

Resumo

O autor descreve nesta obra a sua ida às festas da Nazaré em 1875, onde expõem a sua desilusão devido à perda do carácter típico e original destas festas. Isto porque, após a sua ida à praça dos touros; onde assistiu a uma tourada, aproximou-se ao circo onde se travavam antes as lutas homéricas dos valentes jogadores de pau, e estava deserto! Apenas, depois de algum tempo, apareceram dois conservadores das velhas tradições, que esgrimiram um pouco, mas sem entusiasmo nem aplauso.

Se em 1875 Júlio Machado reclamava do desaparecimento dos grandes Jogos de Pau que se fazia nessas festas, segundo ele, uma "velha tradição", há quanto tempo já se fazia estes jogos?

Excerto da obra

« No dia 7 de setembro de 1875 partia o author, acompanhado pela sua familia, das Caldas da Rainha para a Nazareth, a fim de assistir ás celebradas festas, que attrahem ás margens do oceano tantos romeiros de vários pontos de Portugal. (...)

As festas da Nazareth já perderam, devemos confessa-lo, o seu caracter typico e original. (...)

Depois fui á praça dos touros; assisti a uma tourada como as do campo de Sant'Anna, com a diíferença de que nos lugares do sol, a todos os clamores clássicos d'esse sitio acrescentava-se o ruido dos varapaus indispensáveis na Nazareth para se percorrerem aquelles caminhos de arêa, e que estrondeavam nas trincheiras, em signal de applauso, a cada sorte feliz, a cada pega valente. (...)

Aproximei-me do circo onde se travavam d'antes as luctas homéricas dos valentes jogadores de pau. Estava deserto. Apenas, depois de largo intervallo, appareceram dous conservadores das velhas tradições, que esgrimiram um pouco mas sem enthusiasmo nem applauso.

É profundamente triste este desapparecimento do espirito cavalheiresco e poético de um povo. » (Páginas 6 e 119-120)

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