Livro: Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira

Fonte: Jogo do Pau Português
capa do livro

Sobre

  • Relevância: ★★★
  • Título: Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira
  • Autor: Vários
  • Publicação: Enciclopédia, Limitada, Vol. XX, 1949
  • Formato: 180cm x 250 mm

Excerto da obra

« Jogo do pau : Esgrima característica portuguesa, há mais de dois séculos praticada pela gente do povo em algumas províncias, com o varapau, arma natural de que dispunha e que em princípios do século passado foi introduzida nos meios desportivos da capital por José Maria Silveira, conhecido pelo Saloio e a quem Eduardo Noronha se refere no seu livro O Último Marquês de Nisa. A arma usada no jogo do pau é uma vara de lodão, de 1,50 m. de comprimento aproximado (posto aprumado no solo, a extremidade superior deve rasar a altura da boca do jogador), que se empunha, conforme as escolas, pelo mais grosso ou mais delgado. Nada existe sobre a história deste jogo em Portugal, cuja bibliografia se resume ao trabalho de Frederico Hopffer, O Jogo do Pau; conhecem-se, no entanto, três escolas: a do Norte (Minho e Trás-os-Montes), conhecida pelo nome de galega; a do Ribatejo, ou pataleira (de Pataios) e a de Lisboa. Esta última nasceu nos quintais dos arrabaldes lisboetas, onde nortenhos se distraíam jogando o pau e teve como principal animador Domingos Salreu. Foi, porém, o Saloio o mestre que a regulamentou e lhe deu personalidade, disciplinando os princípios das outras escolas e transformando o que era apenas uma forma de combate em verdadeiro desporto.

À característica da escola galega é o grande alcance dos seus golpes de ponta e nos rebates, executados geralmente só com uma mão; a escola ribatejana é muito aparatosa, mas perigosa, pois os adversários se batem a muito curta distância. A escola de Lisboa deu maior segurança ao jogo, organizando o sistema defensivo e fez dele excelente exercício, pondo em actividade todos os sectores do corpo. O sucessor de José Maria Silveira o Saloio foi Pedro Augusto da Silva, o primeiro professor do Ginásio Clube Português, a quem sucederam Artur Santos, Frederico Hopffer e, na actualidade (1949) Domingos Miguel.

Muitos foram os amadores de mérito, consagrados nos célebres saraus do Ginásio, e entre eles citam-se:
Pedro Canas, Bernardo Freire, Carlos Relvas, Jaime Farinha, dr. Moura Pinheiro, dr. César de Melo, D. José Perdigão, dr. Salazar Carreira, Francisco Costa, Arnaldo Ressano Garcia, Carlos Mártires, etc.

Da terminologia própria ao jogo do pau, destacamos os termos seguintes, mais usados:
Corte, pancada destinada a prejudicar activamente o efeito de outra pancada do adversário (arresto);
guarda de espera, posição em que se espera a acção do adversário, pronto a qualquer eventualidade, defensiva ou ofensiva;
pancada arrepiada, aquela que é dada de baixo para cima;
parada, defesa oposta a cada pancada do adversário;
ponta ou pontuada, golpe despedido com a ponta do pau ao corpo do adversário;
rebate, pancada em que o pau descreve, antes de atingir o adversário, um círculo por sobre a cabeça ou em torno do pulso do jogador;
sarilho, combinação de evoluções circulatórias do pau, ou do jogador com o pau, destinada a evitar a aproximação do ou dos adversários; os sarilhos eram o processo usado pelos afamados varredores de feiras;
varrer pancadas, opôr à pancada adversária outra lançada em sentido inverso.»
(Páginas 657-658)

Ler as páginas 657 e 658

Ver também