Livro: O Minho pitoresco

Fonte: Jogo do Pau Português
capa do livro

Sobre

  • Relevância: ★★☆
  • Título: O Minho pittoresco
  • Autor: José Augusto Vieira (1856-1890)
  • Publicação: Livraria de Antonio Maria Pereira – Editor, 1886 (1º Vol.), 1887 (2º Vol.)
  • Formato: Obra em 2 volumes de 30×25 cm. Com [vi], xvi, 657; 794, [vi] páginas


Edição de luxo, ilustrada com mais de trezentos desenhos de João de Almeida, gravados pelos mais célebres artistas nacionais e estrangeiros; magnificas estampas em chromo representando costumes; e seis mapas da província, (geológico, dos arvoredos e terrenos incultos, dos rios e montanhas, e corográficos do distrito de Viana, do distrito de Braga e do distrito do Porto) expressamente gravados.

Profusamente ilustrado no texto e em extra-texto com cinco cromolitografias com costumes, uma fototipia de grande formato com uma vista geral do Porto, seis mapas desdobráveis e vinhetas com gravuras alusivas à região. Apresenta os cantos e as charneiras das lombadas cansadas, o segundo volume com um reforço. Edição de luxo com excelente impressão e apresentação gráfica. Obra valiosa pela informação que sobre a região Norte do País, distritos de Viana do Castelo, Braga e Porto. Relativamente aos vinhos e à produção vinícola trata-se uma uma informação profusamente distribuída por toda a obra, referindo-se a cada cidade, e a cada localidade, extensas referências ao valor de venda em certos concelhos.

Excertos da obra

« — Grande festa, romaria notável?
— A primeira do termo de Ponte; dura tres dias e o povo é como um formigueiro intensissimo. Esta agglomeração produz em alguns annos grossa pancadaria. Os varapaus redemoinham pelo ar e as cabeças, em que o vinho verde espuma alegre, são ordinariamente o ponto de apoio das rijas varas de marmelleiro ou lodão. Exactamente o que succedeu este anno de 1884. » (pág.258, 1º Volume)

« Quasi dois séculos depois, e apezar de se abrir este capitulo descriptivo com a gravura de uma estação da via férrea, o quadro conserva a frescura das tintas, com ligeiras modificações, é certo, mas não tantas que para visitar esta zona pittoresca de Entre Douro c Minho a gente possa dispensar a besta de aluguer ou o bordão ferrado do viajante, pois ainda como no tempo de Carvalho os carros nam tem aqui préstimo. » (pág.443, 1º Volume)

« Uma vez por outra o verde de Cabeceiras sobe um poucochinho ás cabeças; signal de que elle é bom! Ainda outro dia na romaria dos Remédios, no Arco de Baulhe, o diabo fez das suas, e tal e tanta foi a bordoada, que alguns morderam a terra para todo o sempre, coitados!... » (pág.525, 1º Volume)

« A sua criminalidade demonstra bem o seu atrazo, ao passo que revela a boa indole da sua população; senão attenda o leitor: De 41 crimes julgados em 1880, só 1 foi contra a segurança do estado e 5 contra a propriedade; os 35 restantes, classificados — «contra pessoas» — dão a entender, que houve mais ou menos desordens, bulhas em arraiaes, o varapau dos valentões a descrever círculos aereos. Note-se, foram absolvidos 20 dos réos e 21 condenados a penas correccionaes. Eram 27 homens e 14 mulheres, — viu já o leitor o que eram as de Gemeos, — e dos 41 réos sabiam lèr 17. A comarca pertenciam unicamente 33. » (pág.560, 1º Volume)

« No sitio dos Chãos de Bitarães faz-se a 18 de setembro a grande romaria da Senhora dos Chãos, notável pela bordoada que figura quasi sempre no programma, e no dia 8 de cada mez realisa-se uma importante feira. » (pág.571, 1º Volume)

« Confusão, tumulto lá para um canto, varapaus no ar! Ajuste de contas entre ciumentos, vinho, vinho é que é! Alas a coisa é seria! A bordoada ferve, os ânimos exaltam-se, o rapazio foge, as mulheres gritam! . . . Santo Deus, que vae ahi o dia de juizo! Boa romaria faz, quem na sua casa está em paz! Olha agora por causa de uma mulher, como se não houvesse muitas n'este mundo! » (pág.782, 1º Volume)

« Eu tinha pensado mesmo em apresentar-Ih'a, como sendo a legitima dona da Apparecida, local de uma notável romaria [em Lousada], em que se despejam pipas de vinho ás dezenas, e se distribue bordoada, a preços reduzidos de ida e volta. » (pág.354, 2º Volume)

« O mestre da Philarmonica Louiadense, o sr. Joaquim Carneiro, habituado a empunhar a batuta nas grandes batalhas das semi-colcheias e fusas armou-se d'esta vez de um marmelleiro e por aqui é caminho.(..) O outro persignou-se e agora o verás; aí foito pela presença do maestro brandiu no ar o marmelleiro, e ia a descarregar sobre a alma a mais phenomenal bordoada de que no purgatório ha idéa, quando a voz do maestrino o deteve no intuito. » (pág.356, 2º Volume)

« Uma vez na estrada e em regresso para Penafiel encontramos no caminho a freguesia de Santa Marta, onde no dia 29 de julho se faz uma concorrida romaria, (...)
Ha uma vez ou outra corrida de bois mansos por homens bravos, quando não são os homens que entre si maneiam o varapau clássico e o marmelleiro tiraduvidas, a fim de resolverem uma questão de ciúmes ou de primazia nos descantes. » (pág.539, 2º Volume)

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