Mestre: António Moleiro

Fonte: Jogo do Pau Português
Outros nomes Moleiro
Nascimento 10-07-1894
Morte 05-05-1970
Nacionalidade Portuguesa
Naturalidade Pinhal Novo
Escola Lisboa

Sobre

Mestre António Gaspar Caçoete, conhecido por António Moleiro, nasceu em 1894 e teve a sua base de ensino no Ateneu Comercial de Lisboa.

Quando funcionário da casa Agrícola de Rio Frio, foi destacado para Valdera para guarda do pinhal e aí ficou a morar. Foi assim que nasceu a Escola do Pinhal de Valdera.

Teve escola e ensinou na escola em Valdera e Poceirão, localidades de Palmela, e, em Rio Frio e Atalaia, localidades do Montijo. faleceu em 1970 aos 75 anos de idade.

Conhecimentos técnico

Mestres onde obteve conhecimentos técnicos do Jogo do Pau português:

Publicações onde é citado

«De todas as Escolas que rivalizaram na nossa região, duas se distinguem em termos técnicos, que alguns dos seus discípulos tentam manter. Devido a percursos e aprendizagens diferentes essas Escolas são simbolizadas nos seus principais mestres: António Moleiro e Domingos Margarido. Ambos caramelos, um de Pinhal Novo e o outro de Valdera. Foi em torno destes dois símbolos do Jogo do Pau Português que aprendem dezenas de jovens, do Penteado a Águas de Moura, de Palmela a Pegões. Os discípulos destes mestres formaram novos núcleos em praticamente todas as localidades da região.

O trabalho destes primeiros mestres, que estão referenciados documentalmente, de recolher e estudar todas as técnicas e estilos conhecidos, contactando regularmente com outras escolas e outros jogadores, permitiu que tudo pudesse ser sistematizado por duas figuras ímpares do Jogo do Pau Português, os Mestres José Ribeiro Chula e Silvino Melro. Em torno destas escolas assenta todo o saber do Jogo do Pau, Caramelo, do Sul, da Borda d’ Água, ou outra. Após a morte destes Mestres o Jogo do Pau na nossa região entrou em declínio.»
Artigo em Actas da 2ª Eira Folclórica da Região Caramela. Lagameças: 2 e 13, Fevereiro, 2000, Rancho Folclórico “Os Fazendeiros” das Lagameças, 2000 (ler todo o artigo)

« "O Margarido era (tinha) um jogo diferente do jogo do Moleiro. O jogo do Moleiro era um jogo mais ou menos o do jogo do Ateneu Comercial: (...) O do Margarido era um jogo duro, de um jogador antigo, que era o Varejão... (e o jogo) do Calado» (Entrevista ao Mestre António Brinca em 1989).

A escola do Pinhal Novo, rival da anterior, criada pelo mestre Domingos Henrique Margarido, natural do Pinhal Novo, e discípulo do mestre Calado, tinha um tipo de jogo extremamente violento, e manteve uma acesa rivalidade com a escola de mestre Moleiro (Valdera).

(...)

A Escola de Valdera foi liderada pelo mestre Antonio Moleiro, inicialmente aluno de mestre Daniel Lourenço (?), em 1911; em 1919, aprendeu com o mestre Calado Campos (o Preto), e posteriormente com o mestre Domingos Miguel.

(...) o António Moleiro ... foi o meu mestre (António Brinca) e o mestre do José Chula, mas tive umas lições... nós fomos aprender os quatro ao mesmo tempo, eu, um primo meu (Antonio Domingos Verissimo), o José Chula e o Silvino Melro (...)

A escola de Alhos Vedros - na Quinta das Pedras, inicialmente, e depois em clubes recreativos da região tinha como mestre José Ribeiro Chula (1908-1981), que juntamente com o irmão aprendeu o Jogo do Pau com mestre Moleiro, em Valdera.

No Poceirão (Lau), em Lagamessas, alternaram duas escolas orientadas por dois discípulos do mestre Moleiro, Custódio das Neves e Casimiro Delgado. »
Artigo «O Jogo do Pau em Portugal: processos de mudança, Universidade Nova de Lisboa» 1990 (ver mais)

« António Moleiro, deu lições em Valdera. »
CAÇADOR, António Nunes, Jogo do Pau: esgrima nacional, Lisboa: ed. Autor, 1963 (sobre o livro)

«Grandes assaltos de Jogo do Pau que tomam parte os distintos professores desta esgrima, srs: António Moleiro de Valdera; José Ribeiro Chula Junior, da Moita, e os ageis jogadores: António Verissimo e A. Brinca, da Carregueira; Henrique Valente, de Alhos Vedros; Manuel Curado, de Olhos de Água e Julio dos Santos, do Barreiro.»
Folheto de divulgação das Grandes Festas comemorativas do I aniversário do Grupo Musical "Os camponeses", Moita 1939 (ver folheto)

« (...) Foi com o mestre António Moleiro de Valdéra, um antigo discípulo de Domingos Miguel, que José Ribeiro Chula Júnior recebeu as primeiras lições de jogo do pau. »
Recorte de jornal de Sebastião D. M. Cerveira (ver mais)

« Mestre António Brinca,, foi um dos mais vigorosos jogadores de Pau de todo o nosso concelho, tal como alguns dos seus colegas de desporto muito deu e fez por deixar sempre presente que a vila da Moita foi, é, e será sempre uma referência no Jogo do Pau Portugués. Aprendeu a jogar em Valdera com o Mestre Moleiro e foi colega de equipa, entre muitos, do Mestre José Chula, outro grande nome do nosso concelho. »
Recorte de jornal (ver mais)

« (...)
Com o decorrer do tempo o Henrique Margarido foi-se tornando um eximio pralicante da modalidade.

(...)
Nessa época, existia no nosso sitio, um outro praticante do jogo do pau, de grandes créditos na modalidade, conhecido por Mestre Moleiro, cujo verdadeiro nome era António Gaspar Caçoete, sendo cerca de quatro anos mais velho do que o Henrique.

E o inevitável acaba por acontecer. Certamente que incentivados pelos elementos afectos, as suas claques, dois dos melhores praticantes da esgrima nacional, acabam por combinar um despique.

O duelo foi marcado para Alhos Vedros, tendo os dois assinado um papel (não há confirmação de que tal tenha acontecido, mas conta-se que assim foi) em que cada um deles, ilibava o outro de qualquer responsabilidade, caso algum viesse a morrer.

Deslocou-se muita gente a Alhos Vedros para assistir ao duelo que passava de boca em boca, seria de morte.

Durante o despique, o pau do Moleiro partiu-se e o Henrique atingiu-o num braço, tendo o Moleiro ido ao chão.

Gerou-se grande confusão entre as claques, havendo batalha campal, acabando por aparecer a autoridade que prendeu alguns elementos.

O Henrique Margarido conseguiu fugir, trocar de roupa, (a roupa que usavam no despique era toda branca) e esconder-se junto às agulhas na saida da Estação de Alhos Vedros no sentido da Moita.

As autoridades que tinham preso o Moleiro, Elias Margarido, Manuel Margarido e Augusto Margarido, foram à estação e revistaram o comboio à procura do Henrique Margarido.

Ele acabou por apanhar o comboio junto às agulhas, fazendo a viagem na máquina. E preciso lembrar que ele era ferroviário e que os camaradas na hora de aperto o ajudaram.

No comboio que trazia as pessoas que haviam ido assistir ao duelo, vinha também o Augusto Bragança, que era compadre do Henrique por ser padrinho da sua primeira filha (Dália) que ao chegar contou o que se havia passado, mas dizendo que o Henrique Margarido devia estar morto. (na altura da confusão, em que o Moleiro foi ao chão muitos pensaram que havia sido o Henrique e ninguém teve "calma" para ver o que se passou).

A mulher que estava grávida, ao receber a notícia da "morte" do marido, acabou por abortar.

Apesar de algum tempo depois o Henrique ter aparecido o mal já tinha acontecido.

Só depois deste episódio, nasceu a segunda filha, Zulmira (em 1928) e que nos contou esta historia que acabo de transcrever.

(...) »
Artigo O nosso sítio. "Memórias", Henrique Margarido (ver mais)

Ver também

Referências