Mestre: Domingos Henrique Margarido

Fonte: Jogo do Pau Português
Nascimento 08-10-1899
Morte 30-07-1955
Nacionalidade Portuguesa
Naturalidade Valdera
Escola Lisboa

Sobre

Mestre Domingos Henrique Margarido, Ferroviário de profissão, nasceu em Vale da Vila, no dia 8 de Outubro de 1899. Por volta de 1918, com 19 anos, começou a praticar o jogo do pau.

Fez parte da direcção do União Foot-Ball Pinhalnovense sediado no Pinhal Novo, e manteve por vários anos o ensino e a sua prática neste clube que incluía nos seus estatutos a modalidade de Jogo do Pau, a que vulgarmente davam o nome de Esgrima. [1]

Praticou Jogo do Pau até 1938 e faleceu em 1955, com 55 anos.

Em homenagem a este Mestre, hoje existe uma rua em Pinhal Novo com o nome de "Domingos Margarido", com o Código Postal 2955-178.

Conhecimentos técnico

Mestres onde obteve conhecimentos técnicos do Jogo do Pau português:

Publicações onde é citado

«De todas as Escolas que rivalizaram na nossa região, duas se distinguem em termos técnicos, que alguns dos seus discípulos tentam manter. Devido a percursos e aprendizagens diferentes essas Escolas são simbolizadas nos seus principais mestres: António Moleiro e Domingos Margarido. Ambos caramelos, um de Pinhal Novo e o outro de Valdera. Foi em torno destes dois símbolos do Jogo do Pau Português que aprendem dezenas de jovens, do Penteado a Águas de Moura, de Palmela a Pegões. Os discípulos destes mestres formaram novos núcleos em praticamente todas as localidades da região.

O trabalho destes primeiros mestres, que estão referenciados documentalmente, de recolher e estudar todas as técnicas e estilos conhecidos, contactando regularmente com outras escolas e outros jogadores, permitiu que tudo pudesse ser sistematizado por duas figuras ímpares do Jogo do Pau Português, os Mestres José Ribeiro Chula e Silvino Melro. Em torno destas escolas assenta todo o saber do Jogo do Pau, Caramelo, do Sul, da Borda d’ Água, ou outra. Após a morte destes Mestres o Jogo do Pau na nossa região entrou em declínio.»
Artigo em Actas da 2ª Eira Folclórica da Região Caramela. Lagameças: 2 e 13, Fevereiro, 2000, Rancho Folclórico “Os Fazendeiros” das Lagameças, 2000 (ler todo o artigo)

« Era de resto de esperar uma significativa influencia das, escolas de Lisboa, aonde alguns mestres da região tinham aprendido (para além da presença do mestre Calado Campos, célebre mestre itinerante, que também passou pela zona, tendo tido por discípulo Domingos Henrique Margarido).

"O Margarido era (tinha) um jogo diferente do jogo do Moleiro. O jogo do Moleiro era um jogo mais ou menos o do jogo do Ateneu Comercial: (...) O do Margarido era um jogo duro, de um jogador antigo, que era o Varejão... (e o jogo) do Calado» (Entrevista ao Mestre António Brinca em 1989).

A escola do Pinhal Novo, rival da anterior, criada pelo mestre Domingos Henrique Margarido, natural do Pinhal Novo, e discipulo do mestre Calado, tinha um tipo de jogo extremamente violento, e manteve uma acesa rivalidade com a escola de mestre Moleiro (Valdera).

Mas as escolas ligavam-se essencialmente ás zonas de residencia dos mestres. Nestas, criava-se uma atitude grupo forte, ligada essencialmente à figura do mestre com quem se aprendiz, e de quem se fazia o Jogo.

(...) os melhores jogadores que o Margarido teve, (foram) o João Estilhano, e o António Domingos Costa, que era o meu primo. E era o Silvino Melro. (Entrevista a António Brinca em 1989) »
Artigo «O Jogo do Pau em Portugal: processos de mudança, Universidade Nova de Lisboa» 1990 (ver mais)

« Na velha Praça de Toiros da Vila da Moita, a partir do dia  dia 26 de Novembro de 1922, o Jogo do Pau teve a sua estreia e fez parte em muitos espectáculos ali realizados, durante muitos e muitos anos. Nomes que fizeram história no Jogo do Pau:
Mestres:
Daniel Lourenço, António Moleiro Calado, Domingos Miguel, José Ribeiro Chula, Domingos Henrique Margarido, Varejão, Manuel Cunha, Silvino Botas, Luis Pascoal, David Azenha, Silvino Romão, Manuel Salvador, Luis Batata, Antonio Policarpo da Cruz, Custódio das Neves, Casimiro Delgado, João Lavrador , Domingos Miguel, Henrique Valente, Elías Gameiro, Mário Leça, Policarpo Cruz, Manuel Pereira, Manuel do Nascimento, Pedro Ferreira, Abel Couto, Augusto e Domingos Lopes Morais Calado, Augusto dos Santos Bragança, José Mendes, Adelino Transmontano, José da Costa, José Gonçalves Cardoso, Silvino Melro, Fernando Pires e Paulo Brinca, a quem o seu avô lhe deixou os seus ensinamentos. »
Recorte de jornal (ver mais)

« Henrique Domingos Margarido nasceu no dia 8 de Outubro de 1899.

Seu pai, Joaquim Domingos Margarido, vivia no monte da Lagoa da Palha e tinha como trabalho vigiar a propriedade de Jose Maria dos Santos, entre a dita Lagoa da Palha e Valdera.

Este Joaquim Margarido, é o homem a quem tem sido atribuída a culpa do incêndio que destruiu o "palácio" da Lagoa da Palha, mas parece que a história não se terá passado como tem vindo a público.

O Henrique Margarido empregou-se nos caminhos-de-ferro, tendo sido funcionário até ao fim da sua vida.

Por volta de 1918, começou a praticar o jogo do pau.

Este jogo, uma arte nacional tradicional portuguesa tem origem no Norte de Portugal sendo também referido como esgrima.

O clube desportivo que existe em Pinhal Novo nesta data, (o União Foot-Ball Pinhalnovense) tem como um dos seus principais desportos a esgrima.

Com o decorrer do tempo o Henrique Margarido foi-se tornando um eximio pralicante da modalidade.

Por altura de 1925/26, faz parte da direcção do União Foot-Ball, que disputa o campeonato da Liga de Futebol de Setúbal em lª e 2ª categorias.

É ele o elemento que inúmeras vezes se desloca a Setubal para junto da Comissão da Liga, tentar resolver os problemas que surgem durante os jogos.

Nessa época, existia no nosso sitio, um outro praticante do jogo do pau, de grandes créditos na modalidade, conhecido por Mestre Moleiro, cujo verdadeiro nome era António Gaspar Caçoete, sendo cerca de quatro anos mais velho do que o Henrique.

E o inevitável acaba por acontecer. Certamente que incentivados pelos elementos afectos, as suas claques, dois dos melhores praticantes da esgrima nacional, acabam por combinar um despique.

O duelo foi marcado para Alhos Vedros, tendo os dois assinado um papel (não há confirmação de que tal tenha acontecido, mas conta-se que assim foi) em que cada um deles, ilibava o outro de qualquer responsabilidade, caso algum viesse a morrer.

Deslocou-se muita gente a Alhos Vedros para assistir ao duelo que passava de boca em boca, seria de morte.

Durante o despique, o pau do Moleiro partiu-se e o Henrique atingiu-o num braço, tendo o Moleiro ido ao chão.

Gerou-se grande confusão entre as claques, havendo batalha campal, acabando por aparecer a autoridade que prendeu alguns elementos.

O Henrique Margarido conseguiu fugir, trocar de roupa, (a roupa que usavam no despique era toda branca) e esconder-se junto às agulhas na saida da Estação de Alhos Vedros no sentido da Moita.

As autoridades que tinham preso o Moleiro, Elias Margarido, Manuel Margarido e Augusto Margarido, foram à estação e revistaram o comboio à procura do Henrique Margarido.

Ele acabou por apanhar o comboio junto às agulhas, fazendo a viagem na máquina. E preciso lembrar que ele era ferroviário e que os camaradas na hora de aperto o ajudaram.

No comboio que trazia as pessoas que haviam ido assistir ao duelo, vinha também o Augusto Bragança, que era compadre do Henrique por ser padrinho da sua primeira filha (Dália) que ao chegar contou o que se havia passado, mas dizendo que o Henrique Margarido devia estar morto. (na altura da confusão, em que o Moleiro foi ao chão muitos pensaram que havia sido o Henrique e ninguém teve "calma" para ver o que se passou).

A mulher que estava grávida, ao receber a notícia da "morte" do marido, acabou por abortar.

Apesar de algum tempo depois o Henrique ter aparecido o mal já tinha acontecido.

Só depois deste episódio, nasceu a segunda filha, Zulmira (em 1928) e que nos contou esta historia que acabo de transcrever.

Nesses tempos, os circos que vinham até Pinhal Novo, tentavam que Henrique Margarido actuasse como jogador de pau, dando assim garantia de "casa" cheia, tal era o prestígio do jogador que era anunciado como professor.

Podemos garantir que realmente assim era tratado este praticante, através de uma foto que possuímos alusiva a um espectáculo levado a cabo pelo Ginásio Club Português em 30-08-1931, estando escrito no verso dessa foto... Artur Madeira da Silva Portel, contabilista, discipulo do Sr. Margarido do Pinhal Novo, conceituado professor do jogo do pau.

Henrique Domingos Margarido, praticou esta modalidade até 1938.

Alguns dos seus discípulos: Silvino Melro, António Costa, João Estaliano, Joaquim Balseiro, etc, continuaram a espalhar pelo nosso sítio a arte da esgrima, o mesmo acontecendo com os discípulos de António Gaspar Caçoete.

O Henrique faleceu no dia 30 de Julho de 1955.

Hoje existe uma rua em Pinhal Novo com o nome de Domingos Margarido, que quando foi proposta, tinha em vista a pessoa do jogador de pau.

Como todos os elementos masculinos da família têm os apelidos Domingos Margarido, o nome da rua devia ser Domingos Henrique Margarido.

Porque não emendar o erro? »
Artigo O nosso sítio. "Memórias", Henrique Margarido (ver mais)

« (...) começou a praticar o jogo do pau no início dos anos 20, tendo atingido tal destaque na modalidade que era considerado professor. Um dos locais habituais para demonstrações era o quintal da Mitra. (...) Ferroviário de profissão, Henrique Domingos Margarido [nasceu em 1899 e] faleceu em 1955. »
CEBOLA, José Manuel, O nosso sítio. "Memórias", Pinhal Novo, Edição do autor, 2005 (ver mais)

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Ver também

Referências