Recorte Jornal: A Tribuna 1916 (2)

Fonte: Jogo do Pau Português
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Sobre

  • Relevância: ★★★
  • Jornal: A Tribuna (Jornal diário de Santos, São Paulo, Brasil)
  • Publicação: Nº 288 de 9 janeiro 1916


« Em duas únicas exibições, a primeira às 16 horas e a segunda às 20, terá logar hoje, no Miramar, o torneio de jogo do páo portuguez em que toma parte uma turma de 10 valentes jogadores, entre eles campeões Joaquim Pereira Couto e Manoel Joaquim Pereira.

Trata-se ado autentico jogo do pau executado por especialistas vindo directamente de Portugal.

A colonia portugueza não deixará de comparcer às exibições no Miramar

O Jogo do páo é bem a luta de defesa caracteristica dos portugueses.

Tendo pontos de de contacto com a esgrima de bengala dos francezes, nenhum povo o pratica como os nossos irmãos de além-mar.

O vara-páo pouco mais tem de um metro e nunca deve exceder a altura dos olhos do jogador. A madeira melhor e mais aproveitada é a do lodano, se me que no sul do país usem muito o marmeleirto.

Este mais resistente e flexível que o lodano, tem grande inconveniente de não deixar correr as mãos com a necessária ligeireza, devido aos muitos nós que apresenta.

Em Portugal houve sempre duas escolas de jogo do páo. A primeira pertencem os homens do norte, os dentro Douro e Minho e os das Beiras. A segunda os ribatejanos. No alentejo e Algarve não é cultivado o jogo do páo.

As caracteristica da primeira escola é o floreado, chamado de "duas mãos" ou "passeado" como mais trivialmente é conhecido.

A segunda escola é o jogo de uma mão só e de "aproveitar".

É curioso ver-se numa feira do norte de portugal um desafio de dois bons jogadores de páo, mesmo sendo a sério. Olham-se, medem-se e começam os "floreados", os "sarilhos de roxa" e de "cobrir" e os "pares". A cada sarilho os adversários respondem com um outro, não se deixam vencer nessas demonstrações de habilidade e, sendo inimigos de morte às vezes dão azo ao contentor para brilhar no jogo de parar e responder. Só quando se sentem cansados atacam a valer e a sério.

O jogo do Ribatejo, é o contrario. O ribatejano, quando joga, não sai da guarda, não floreia, atira com uma mão só - que tem a vantagem de ser o seu golpe de maior alcance - e de preferência à cabeça. Não perde tempo em mostrar habilidade, procura pôr fora de combate o mais depressa possível o seu contendor. A escola ribatejana só tem um golpe a duas mãos, a "pontuada".

Dessas duas escolas, fundido-as, aproveitando a cada uma o melhor , criando-lhe paradas e respostas de efeito, saiu o moderno jogo do pau portuguez, que teve como primeiro professor o celebre "Saloio", da escola dos Terramotos, em Lisboa.

Os jogadores que vamos ver são eximios e apresentarão ao público todos os golpes de ambas as escolas, insistindo especialmente no jogo "paneado" por ser o de mais efeito e aparato.

O programa do torneio é o seguinte:

Apresentação e cumprimentos dos jogadores.

Primeira parte
1º - Fantasia do jogo por sportmen (Douro e Minho).
2º - Ataque de dois contra dois (Douro er MInho).
3º - Idem, idem.
4º - Assalto das duas turmas - Grande fantasia.

Segunda parte
5º - Ataque especial dos campeões Joaquim Pereira Couto e Manoel Joaquim Pereira, dedicado à colonia portugueza, de Santos.
6º - Joaquim Pereira Couto campeão do Minho, em ataque à turma do Douro.
7º - Fantasia do jogo.
8º - Manoel Joaquim Pereira, campeão do Douro, contra a turma do Minho. Ameio do assalto, entrarão os companheiros em seu auxilio generalizando-se a sensacional luta (varrer feira) entre as duas turmas.

Os 2 campeões aceitam qualquer desafio que lhe seja feito e offerecem 200$000 a quem os vencer. »

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