Recorte Jornal: Ilustração Portuguesa - Romarias em tempo de guerra 1917

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Sobre

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  • Jornal: Ilustração Portuguesa
  • Publicação: Nº 602 de 3 setembro de 1917


O artigo fala sobre a fraca adesão às Romarias do Senhor da Serra (Belas) e da Senhora da Atalaia (Montijo), possivelmente devido à Grande Guerra.

É realçada a rivalidade entre os rapazes enquanto à conquista das suas "damas", que era feito à paulada, e era sabido de uma aldeia desta região, onde as raparigas não casavam com quem não tenha tido pelo menos uma rixa, deixando o adversário bem "amassado". Estando assim, os rapazes sempre ansiosos pela Romaria para provar a sua valentia.

« Verificou-se que a concorrência este ano ás romarias do Senhor da Serra e da Senhora da Atalaia, as duas festas populares mais animadas dos arredores de Lisboa, foi muito inferior á dos últimos anos. Influencia da guerra? Decerto, pelo menos como factor principal. Aos políticos que se queixavam - estranha queixa! – de que não sentíamos a guerra, de que parecia que não tínhamos a consciência de tomar parte directa no conflito, responde-se agora com este afastamento das poucas diversões que eram concebidas ao povo português. Ele sente, enfim, a guerra.

Em todo o caso a romaria, mesmo despida da poesia de que os sentimentalistas a revestem, tinha grandeza; para ela se desafiavam os rapazes que haviam tido desavenças pelo ano adiante e ai é que as contas se saldavam, à paulada. Moços fortes partiam cabeças rijamente, em duelo franco, por sua dama, que premiava o vencedor com o melhor sorriso, antecedendo prenda de mais valia.

Sabemos de uma aldeia da nossa terra onde as raparigas não casam com quem não tenha tido pelo menos uma rixa, deixando o adversário bem amassado. E então os rapazes de ali andam sempre ansiosos pela romaria, onde as costelas se amassam... Vão-se estas tradições de brutalidade, mas que não deixaram de ter a sua nobreza. »

Romarias.Sintra.1917.jpg

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