Varapau: diferenças entre revisões

Fonte: Jogo do Pau Português
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Os paus obtém-se de um bom ramo de qualquer árvore, menos de sabugueiro ou de outra semelhante no miolo. Os melhores e os mais bonitos eram os de marmeleiro.
Os paus obtém-se de um bom ramo de qualquer árvore, menos de sabugueiro ou de outra semelhante no miolo. Os melhores e os mais bonitos eram os de marmeleiro.


Para a preparação destes cortava-se a pernada ou ramo e, ainda verdoengo, era metido no forno da amassadura quando este se mostrasse bem quente.
Para a preparação destes cortava-se a pernada ou ramo e, ainda verdoengo, era metido no forno da amassadura quando este se mostrasse bem quente.


Desta operação resultava não só a facilidade da descasca, mas também, o endireitamento de alguma curvatura que tivesse em qualquer parte. Antes porém, de ir ao calor, procedia-se à esfrega de todo ele com borras de azeite.
Desta operação resultava não só a facilidade da descasca, mas também, o endireitamento de alguma curvatura que tivesse em qualquer parte. Antes porém, de ir ao calor, procedia-se à esfrega de todo ele com borras de azeite.


Tirada a casca sem arranhões na madeira, novamente era oleado, agora com azeite, e friccionado com intensidade até ficar luzidio. Se, porventura, existia nele qualquer pequeno lombo, depois de sair do forno, era colocado sob o peso de objecto que, pouco a pouco, o levasse a corrigir o defeito.
Tirada a casca sem arranhões na madeira, novamente era oleado, agora com azeite, e friccionado com intensidade até ficar luzidio. Se, porventura, existia nele qualquer pequeno lombo, depois de sair do forno, era colocado sob o peso de objecto que, pouco a pouco, o levasse a corrigir o defeito.


Pau de marmeleiro que levasse todas as devidas voltas, chegava a ser uma obra de arte. Quer por causa da cor natural que tinha e que a fricção oleosa reforçava, quer por causa das muitas e diferentes nodosidades que o inçavam de alto a baixo. Isto, para não falar dos enfeites com que podia ser encimado e do partido que se podia tirar da ferragem que muitos lhe punham na parte inferior.
Pau de marmeleiro que levasse todas as devidas voltas, chegava a ser uma obra de arte. Quer por causa da cor natural que tinha e que a fricção oleosa reforçava, quer por causa das muitas e diferentes nodosidades que o inçavam de alto a baixo. Isto, para não falar dos enfeites com que podia ser encimado e do partido que se podia tirar da ferragem que muitos lhe punham na parte inferior.
<ref>https://alqueidao.com/2012/07/26/o-jogo-do-pau/</ref>
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Mas além do marmeleiro (Cydonia oblonga), as madeiras nobres utilizadas para a pratica do JPP são o Lodão (Celtis australis), o Freixo (Fraxinus angustifolia) e o Castanheiro (Castanea sativa). Cada uma tem características diferentes:
Mas além do marmeleiro (Cydonia oblonga), as madeiras nobres utilizadas para a pratica do JPP são o Lodão (Celtis australis), o Freixo (Fraxinus angustifolia) e o Castanheiro (Castanea sativa). Cada uma tem características diferentes:


*O Marmeleiro, dá origem à rainha das varas, é duro, flexível e não parte, racha talvez por isso a expressão “ou vai ou racha”. O senão desta espécie é a dificuldade em se encontrar um rebento direito.
*O '''Marmeleiro''' , dá origem à rainha das varas, é duro, flexível e não parte, racha talvez por isso a expressão “ou vai ou racha”. O senão desta espécie é a dificuldade em se encontrar um rebento direito.
*O Lodão, talvez a vara mais popular, é leve, duro e muito flexível. Os rebentos podem encontrar-se em abundância, principalmente depois de ter sido efectuada uma poda severa na árvore.
*O '''Lodão''' , talvez a vara mais popular, é leve, duro e muito flexível. Os rebentos podem encontrar-se em abundância, principalmente depois de ter sido efectuada uma poda severa na árvore.
*O Freixo, talvez a vara menos popular, é muito duro, pouco flexível e não parte facilmente, vai perdendo aos poucos as camadas exteriores até chegar ao núcleo da vara. Encontra-se em abundância na fase juvenil da árvore que cresce em aglomerados de rebentos.
*O '''Freixo''', talvez a vara menos popular, é muito duro, pouco flexível e não parte facilmente, vai perdendo aos poucos as camadas exteriores até chegar ao núcleo da vara. Encontra-se em abundância na fase juvenil da árvore que cresce em aglomerados de rebentos.
*O Castanheiro dá origem a uma vara leve, menos resistente de todas as outras mas muito fácil de encontrar. Aparece espontaneamente na base dos castanheiros adultos ou após este ter sido podado de forma extrema.<ref>https://jogodopaucascais.com/como-fazer-varas-para-o-jogo-do-pau/</ref>
*O '''Castanheiro''' dá origem a uma vara leve, menos resistente de todas as outras mas muito fácil de encontrar. Aparece espontaneamente na base dos castanheiros adultos ou após este ter sido podado de forma extrema.<ref>https://jogodopaucascais.com/como-fazer-varas-para-o-jogo-do-pau/</ref>


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Revisão das 14h46min de 17 de abril de 2022

Os paus obtém-se de um bom ramo de qualquer árvore, menos de sabugueiro ou de outra semelhante no miolo. Os melhores e os mais bonitos eram os de marmeleiro.


Para a preparação destes cortava-se a pernada ou ramo e, ainda verdoengo, era metido no forno da amassadura quando este se mostrasse bem quente.


Desta operação resultava não só a facilidade da descasca, mas também, o endireitamento de alguma curvatura que tivesse em qualquer parte. Antes porém, de ir ao calor, procedia-se à esfrega de todo ele com borras de azeite.


Tirada a casca sem arranhões na madeira, novamente era oleado, agora com azeite, e friccionado com intensidade até ficar luzidio. Se, porventura, existia nele qualquer pequeno lombo, depois de sair do forno, era colocado sob o peso de objecto que, pouco a pouco, o levasse a corrigir o defeito.


Pau de marmeleiro que levasse todas as devidas voltas, chegava a ser uma obra de arte. Quer por causa da cor natural que tinha e que a fricção oleosa reforçava, quer por causa das muitas e diferentes nodosidades que o inçavam de alto a baixo. Isto, para não falar dos enfeites com que podia ser encimado e do partido que se podia tirar da ferragem que muitos lhe punham na parte inferior. [1]


Mas além do marmeleiro (Cydonia oblonga), as madeiras nobres utilizadas para a pratica do JPP são o Lodão (Celtis australis), o Freixo (Fraxinus angustifolia) e o Castanheiro (Castanea sativa). Cada uma tem características diferentes:

  • O Marmeleiro , dá origem à rainha das varas, é duro, flexível e não parte, racha talvez por isso a expressão “ou vai ou racha”. O senão desta espécie é a dificuldade em se encontrar um rebento direito.
  • O Lodão , talvez a vara mais popular, é leve, duro e muito flexível. Os rebentos podem encontrar-se em abundância, principalmente depois de ter sido efectuada uma poda severa na árvore.
  • O Freixo, talvez a vara menos popular, é muito duro, pouco flexível e não parte facilmente, vai perdendo aos poucos as camadas exteriores até chegar ao núcleo da vara. Encontra-se em abundância na fase juvenil da árvore que cresce em aglomerados de rebentos.
  • O Castanheiro dá origem a uma vara leve, menos resistente de todas as outras mas muito fácil de encontrar. Aparece espontaneamente na base dos castanheiros adultos ou após este ter sido podado de forma extrema.[2]

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