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''Regionalismo/Universalismo em Bento da Cruz'', é uma Tese de Mestrado em Estudos literários, Culturais e Interartes, apresentado à Faculdade de Letras da Universidade do Porto sob a orientação da Professora Doutora Maria de Fátima Marinho. | ''Regionalismo/Universalismo em Bento da Cruz'', é uma Tese de Mestrado em Estudos literários, Culturais e Interartes, apresentado à Faculdade de Letras da Universidade do Porto sob a orientação da Professora Doutora Maria de Fátima Marinho. | ||
A tese analisa a obra de Bento da Cruz, um escritor português. As obras "Planalto de Gostofrio" e "O Lobo Guerrilheiro" são destacadas por apresentarem o jogo do pau como uma atividade tradicional e popular, usada como metáfora para a vida, a luta e a resistência. | |||
A tese conclui que as obras de Bento da Cruz são importantes por oferecerem uma visão única da vida rural e da cultura popular em Portugal, e por serem um testemunho da importância da cultura popular e da resistência contra a opressão. | |||
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A questão que se põe é se os conceitos universalismo e regionalismo são critérios de qualidade ou de limite. Pretendemos, ao longo deste trabalho, mostrar como Bento da Cruz une o local e o universal. Para o consubstanciarmos, apoiar-nos-emos essencialmente em dois dos romances premiados: O Planalto de Gostofrio de 1982 (Prémio Círculo de Leitores) e O Lobo Guerrilheiro de 1991 (Prémio Literário Diário de Notícias). A partir deles, tentaremos demonstrar que o limite está, por um lado, nas fronteiras geográficas, voluntariamente localizadas, que encerram especificidades de linguagem, de usos e costumes, de consciência colectiva, de psicologia e interioridade das personagens retratadas (o que lhe confere um estatuto de literatura designada “regionalista”) e, por outro, é a partir deste limite que alcança “a sua ampla universalidade”, como diz Urbano Tavares Rodrigues. | A questão que se põe é se os conceitos universalismo e regionalismo são critérios de qualidade ou de limite. Pretendemos, ao longo deste trabalho, mostrar como Bento da Cruz une o local e o universal. Para o consubstanciarmos, apoiar-nos-emos essencialmente em dois dos romances premiados: O Planalto de Gostofrio de 1982 (Prémio Círculo de Leitores) e O Lobo Guerrilheiro de 1991 (Prémio Literário Diário de Notícias). A partir deles, tentaremos demonstrar que o limite está, por um lado, nas fronteiras geográficas, voluntariamente localizadas, que encerram especificidades de linguagem, de usos e costumes, de consciência colectiva, de psicologia e interioridade das personagens retratadas (o que lhe confere um estatuto de literatura designada “regionalista”) e, por outro, é a partir deste limite que alcança “a sua ampla universalidade”, como diz Urbano Tavares Rodrigues. | ||
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Edição atual desde as 13h35min de 18 de setembro de 2024
Sobre
- Relevância: ★☆☆
- Título: Regionalismo/Universalismo em Bento da Cruz
- Autor: Bela Cândida de Azevedo Pereira Gonçalves
- Publicação: Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2009
- Formato: 103 páginas
Regionalismo/Universalismo em Bento da Cruz, é uma Tese de Mestrado em Estudos literários, Culturais e Interartes, apresentado à Faculdade de Letras da Universidade do Porto sob a orientação da Professora Doutora Maria de Fátima Marinho.
A tese analisa a obra de Bento da Cruz, um escritor português. As obras "Planalto de Gostofrio" e "O Lobo Guerrilheiro" são destacadas por apresentarem o jogo do pau como uma atividade tradicional e popular, usada como metáfora para a vida, a luta e a resistência.
A tese conclui que as obras de Bento da Cruz são importantes por oferecerem uma visão única da vida rural e da cultura popular em Portugal, e por serem um testemunho da importância da cultura popular e da resistência contra a opressão.
Resumo da Tese
O universal é o local sem paredes - apesar da recorrência sistemática deste aforismo da autoria de Miguel Torga, parece-nos servir os intentos deste trabalho já que também consideramos que o autêntico pode ser visto de todos os lados e em todos os lados é inegável, como a verdade.
Sendo nossa intenção realçar a universalidade em Bento da Cruz, deparamo-nos com a condição de não o regionalizarmos; por outro lado, quando pretendemos distingui-lo como o escritor genuíno do nordeste transmontano, somos obrigados a regionalizá-lo. E parece que a existência de uma impede a outra.
A questão que se põe é se os conceitos universalismo e regionalismo são critérios de qualidade ou de limite. Pretendemos, ao longo deste trabalho, mostrar como Bento da Cruz une o local e o universal. Para o consubstanciarmos, apoiar-nos-emos essencialmente em dois dos romances premiados: O Planalto de Gostofrio de 1982 (Prémio Círculo de Leitores) e O Lobo Guerrilheiro de 1991 (Prémio Literário Diário de Notícias). A partir deles, tentaremos demonstrar que o limite está, por um lado, nas fronteiras geográficas, voluntariamente localizadas, que encerram especificidades de linguagem, de usos e costumes, de consciência colectiva, de psicologia e interioridade das personagens retratadas (o que lhe confere um estatuto de literatura designada “regionalista”) e, por outro, é a partir deste limite que alcança “a sua ampla universalidade”, como diz Urbano Tavares Rodrigues.
Excerto da obra
« …o Saias descobre um filho do Aníbal na Feira dos Santos, e de que se lembra o diabo? Atrair o rapaz a Gostofrio e fazê-lo purgar no lombo os pecados do pai. Logo no caminho à praina do Crasto, organizou um jogo do pau, na secreta malícia de aplicar umas bordoadas ao forasteiro. Entravam na marosca, além dele, Saias, o Benjamim, o Flisbino e o Picamilho, (…). Mas deram com as ventas num sedeiro. Para espanto e castigo dos quatro, o rapaz saiu-lhes puxador de alta escola. Não os rachou a todos, porque não quis ou se não apercebeu da traição. (…) Falhado o golpe, resolveram embebedá-lo. (…) Foi então que o milagre se deu e o espanto nos fulminou. Após um intróito em que disse da alegria de estar entre familiares e amigos, passou à resposta: que o velho pai ainda era vivo (…) que estava sempre a falar, com saudade e lágrimas, da família, dos amigos de infância, da terra Natal; que morria com a paixão de não voltar a ver Gostofrio, (…). Cantava numa voz poderosa e quente (…). Era a voz do sangue e da fraternidade a cantar dentro do nosso peito. Era o sortilégio do perdão e do amor entre os homens. » |
« Duma courela para a outra, ensaiavam jogos de pau com uma descontracção mais própria de folgazões em manhã de festa do que de ceifeiros em tarde de segada. E então aos domingos, espicaçados pelo cio e pelos copos, é que era esgrimir de porrete que nunca mais acabava. » |
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