Terminologias e significados
A
- Acrescentar Passo (Movimentação técnica) É uma deslocação onde a posição das pernas mantém-se, contudo, o pé que está à frente avança de forma a ganhar mais terreno sem haver movimentação de pernas.
- Aguilhada - O pau, que depois de lhe ser colocado um prego ao seu centro e com o bico sempre bem afiado, dava lugar ao tocar na pele dos bois ou vacas, para os chamar ou endossa-los ao cabeçalho, para pegar no mesmo e seguirem os seus trabalhos, que estavam destinados pelos seus donos
- Andar na Circunferência - (Movimentação técnica) A deslocação é feita de forma circular de forma a que o oponente esteja sempre no seu centro.
- Asas de pau - (Bragança) O mesmo que varapau, em sentido figurado
- Assalto - m.q. Contra Jogo
- Avançar - (movimentação técnica) m.q. Entrar
B
- Banano - (Regionalismo) Pau comprido e grosso. = BORDÃO, (Informal) Pancada dada com esse pau. = BORDOADA, PAULADA[1]
- Bardasca - (Barroso) Nome pomposo do pau
- Bastão - Pau pouco mais alto que a bengala.[2]. (Lamego) Bengala ou bordão.
- Bengala - Arrimar-se um homem a um pau, para se encostar, para se defender ou atacar um inimigo, é gesto natural. Um simples pau tosco pode servir, e pode ser apurado e ainda bem arranjado para se vender nas feiras: transforma-se assim na bengala do povo, imitada das que a civilização criou. Em principio, a bengala é um cajado ou pau mais delicado, e maior do que a bengala ordinária. Em Tolosa, a bengala é de qualquer altura, mas de marmeleiro. Tem o feitio de uma cacheira, porém mais cuidada e mais grossa para baixo. Se o cajado ou bordão tem volta, pode logo ter o nome de bengala. No Peral, dizem yingala, designando assim uma haste, geralmente de marmeleiro, que verga na extremidade mais delgada, formando uma argola. Em Alandroal, a bengala ou bordoa é mais delgada do que o bordão, e pode ou não ter correia para suspensão. Em Castelo Branco, a bengala ou cachamola é listrada de preto, o que se consegue da forma seguinte; retira-se uma tira (correia) de trovisco, enrola-se ao pau em hélice, deixando um intervalo da largura da correia; passa-se pelo lume, queimando-se o pau e ficando branco o espaço onde estava a correia, e listas pretas onde se queimou. A bengala é também chamada garrote em Cacela e é menor que o cajado.[3]
- Bordão - (Açores) m.q. Varapau. Também usado para apoio agrícola e para defesa contra gado bravo, arremetão. São, no geral, guarnecidos na extremidade inferior de uma ponta de ferro maciço, de forma cónica, e a superior está revestida de uma ponteira de metal branco ou amarelo, cheia de desenhos ou rendilhados. O bordão é quase sempre inferior a 2 m e poucas vezes excederá a altura do homem. Pelo contrário, as caguilhadas», especialmente destinadas aos condutores gado bovino, são delgadas e bastante longas, chégando a ter mais de 3 m de comprimento. Em Vila Real de Trás-os-Montes, é um pau de grossura meã; e em Monchique, onde usam pouco os arrimos, chamam bordão a um pau qualquer para trazer na mão, e em Cacela é o mesmo que varapau (em 1896).[4]
- Bordão de conteira - (Açores) O m.q. bordão enconteirado: Era bordães de conteira e cacetes valentes![5]
- Bordão de conto, Bordão de conte, bordão de contre - (Açores, principalmente em São Miguel) O m.q. bordão enconteirado
- Bordão enconteirado - (Açores) Vara de pau com duas ponteiras (conteiras, daí o nome) de metal branco ou amarelo, uma em cada extremidade. Em São Miguel chama-se Bordão de conto
- Bordoada - Pancada com bordão, Grande quantidade de pancadas. = PANCADARIA, SOVA[6], golpe dado com bordão; paulada, pancadaria; sova[7]
« Uma vez por outra o verde de Cabeceiras sobe um poucochinho ás cabeças; signal de que elle é bom! Ainda outro dia na romaria dos Remédios, no Arco de Baulhe, o diabo fez das suas, e tal e tanta foi a bordoada, que alguns morderam a terra para todo o sempre, coitados!...» [8]
«Cansados, exaustos poeirosos, amachucados, aproximam-se das suas casas. Donde vens?, perguntava-se. Venho da festa!, respondia-se. E divertiram-se? Eh! isso é que foi! Bordoada de criar bicho, cacetada a rodos… mas ninguém morreu.»[9]
- Bregueiro - (Barroso) Nome pomposo de varapau
C
- Cacete - Pau para arrimo (Coja, Minde, Mangualde), quando se sai da povoação; os paus podem ser de marmeleiro, lódão, tojo, sobreiro; a designação também se usa em Bragança. No Peral é menor do que o cajado, e no Barroso também; em Mondim designa uma vara grossa.[10]
- Caceteiro - Jogador de Pau sempre pronto para dar bordoada
«(...) era o Trindade repugnante caceteiro pela sua cobardia informado de estarem ali os de Arega, vinha ali com mais seis para os sovar.»[11]
- Cachamorra - Eufemismo (Cadaval, Lamego, etc.); vid. «Cachaporra»
- Cachaporra - Nome mais vulgarmente empregado num momento de ira ou de ameaça; não define a forma ou a matéria do instrumento: cacete, pau, etc; é muito usado no concelho do Cadaval, e também em Lamego. Recorde-se o provérbio: «Quem deserda antes que morra Merece com uma cachaporra». (Passim)[12]
- Cacheira - (Avis) Pau encurvado na parte que anda no chão; designação usada em Arez, Lamego. Tem o radical em cacho; é o mesmo que moca: a saliência é a cachamorra (eufemismo), quando grande («A cacheira tem uma grande cachamorra»); à cacheira pequena chama-se cacheirinha. Em Baião chamam cacheira ao que no Sul chamam cajado. Em Alandroal o boieiro usa a cacheira (cuja extremidade é a môna ou moca), mas há também a cacheira «de a gente se arrimar» (cachamorra), com a extremidade engrossada com feitio de bola
- Cacheiro - Em Alandroal a vara deve ser engenhosa para, quando atirada ao gado (ovelhas e cabras) pelo pastor, não o magoar; à extremidade chama-se volta; também se diz em Arez[13]
- Cajado - (Mondim) Vara torta e nodosa; o mesmo que varapau ou cacete, etc., no Peral; serve de encosto aos pastores e constitui símbolo da vida pastoril, citado frequentemente na literara dos séculos XVI, XVII e XVIII; também chamado cachaporra, em linguagem chula, feito de pau ordinário e grosso; quando forma ângulo em cima chama-se cajado de forca ou pau de forca (Ubi?); os campónios (por exemplo em Évora) usam-no, quando vão à feira; em Tolosa pode ser de castanho, azinho ou carvalho e é adaptado altura de quem o usa; em Alandroal é frequente ouvir-se gajado or cajado[14]
- Cajata - (Barroso) Pau delgado a que se encostam as velhinhas
- Cajato - O mesmo que cajado
- Chaldroadas, xaldroadas, (Bragança) pancadas dadas com pau
- Choupa - Pau de anéis naturais como o junco, que tem na parte inferior uma argola de metal amarelo, com ferrão de ferro; na parte superior, um canudo também de metal amarelo, com o comprimento de cerca de um palmo, com ou sem punhal[15]
«Uma paulada faz soltar a clavina das mãos d’um cabo. Os outros fogem. Frederico recúa, apitando rijamente. No maior aperto, o Desconhecido salta para a beira d’elle, descobre a choupa do páo, e arremette com os aggressores.»[16]
«Remorsos tardios encaneceram-no quando adiante do espectro da morte lhe saiu a avantesma do assassinado, com o peito aberto até ás costas por um palmo de aço da choupa de um marmeleiro.» [17]
- Chuço - Tem em cima, oculta, uma ferragem, espécie de faca (Mondim)
- Contra Jogo - Jogo feito sempre entre dois Jogadores, também chamado Jogo de 1 para 1
- Corte - (movimentação técnica) São passagens, feitas com a vara, sem travar o ataque do adversário, executadas no momento certo, entrando no terreno do adversário logo após a ponta da sua vara. Há os seguintes Cortes: SAÍDO, RECUADO, MEIO SAÍDO, MEIO SAÍDO MEIO ENTRADO, LADEADO (pela direita e pela esquerda), VOLTA AO MESMO TERRENO, CORTES REPETIDOS e RECORTES.
- Cortes Entrados Direitos e Laterais - O corte é direito quando o pé esquerdo sai para junto do direito, avançando com a pancada o pé direito a todo o comprimento.
- Cortes Entrados Laterais - O corte é lateral quando sai o pé esquerdo para o mesmo lado (podendo avançar mais ou menos) para que a perna direita caia a fundo com a pancada.
- Cortes Entrados e Antecipados - Estes cortes fazem-se logo que se vê uma ameaça ou finta (ou mesmo pancada esboçada), lançando uma pancada mais rápida e poderosa que a do adversário. Não é de recear uma pancada dupla, pois o adversário (supondo que sabe o que lhe compete) sai a guardar-se ou para tornar a entrar com pancada ou recorte.
- Cortes Meio Saídos e Meio Entrados - A única diferença em relação ao corte saído é que, em vez de a pena esquerda sair a toda a largura do passo para trás da direita, sai apenas metade ou dois terços para que a perna direita entre com o corte a todo o alcance possível.
- Cortes Saídos - Vindo da GUARDA DE ESPERA DIREITA, sair com a perna esquerda à retaguarda, descarregando o CORTE com o pau empunhado na mão direita. A pancada pode ser lançada por fora (pela esquerda), por dentro (pela direita), por cima, por baixo, enviesada, redonda ou arrepiada.
- Cortesias - o mesmo que cumprimentos. Termo usado em Montijo e Palmela
- Crescer - (movimentação técnica) O movimento "crescer" é realizado para o jogador avançar um andamento com a manutenção do mesmo apoio à frente. Numa primeira fase o apoio posterior avança até ao anterior e fixa-se, numa segunda fase, o apoio anterior termina o movimento de avanço de forma a recuperar a atitude inicial com o novo posicionamento.
- Cumprimentos - Correspondem a uma sequência de movimentos codificados, pré-estabelecidos, que devem anteceder, e concluir, qualquer assalto (contra-jogo). No decurso da sua execução, são realizados vários sarilhos por ambos os jogadores. Estes cumprimentos variam consoante as escolas, mas incluem como invariante um aperto de mão, e também, uma saudação à assistência.
D
- Defesa - Guarda. ver Guarda de espera
- Deslocamentos - São movimentações técnicas para guardas e para ataques. Podem ser: CRESCER E RECUAR; AVANÇAR E SAIR; LADEAR (Dir. e Esq.); TROCA de PASSO; VOLTA AO MESMO TERRENO; ACRESCENTAR PASSO; ANDAR NA CIRCUNFERÊNCIA.
- Desmanchar o jogo - (Açores) Consiste numa mudança estratégica do estilo de jogo sem que o jogador interrompa o jogo. Essa técnica pode ocorrer tanto no jogo "a uma ponta", onde o bordão é utilizado com uma extremidade ativa, quanto no "a duas pontas", onde ambas as extremidades do bordão são empregadas. O "desmanchar o jogo" exige que o jogador altere a dinâmica e os padrões de ataque e defesa de forma fluida e inesperada, confundindo o adversário sem perder o ritmo ou a continuidade dos movimentos, mantendo o jogo ágil e imprevisível.
- Discípulo - Nome normalmente atribuído ao praticante que segue determinado mestre. Usava-se igualmente a designação de jogador.
- Distância, Noção de - Trata-se de uma noção intuitiva que permite ao jogador cair a fundo, com o passo completamente aberto e o braço direito estendido para a frente, tocando com a extremidade do pau o ombro ou o pé do adversário.
E
- Escola - Conjunto de técnicas com características próprias enraizado ou oriundo de determinada região
- Engano - m.q. Pancada ameaçada
- Ensarilhar - m.q. Sarilhar
- Entrar - (movimentação técnica) Para entrar, o apoio posterior dá um andamento em frente, assim a atitude inicial vai evoluir para a outra atitude do lado contrário (por exemplo, o jogador ao entrar passa da posição esquerda para a posição direita e vice-versa)
- Estadulho - (Lamego, Bragança) Pau grosseiro, cacete, fueiro (Pau que se coloca de lado no carro de bois ou em atrelado, para segurar a carga)[18]
- Esquiva - m.q. Corte
- Estocada - m.q. Pontuada ou Ponta
- Estonar - (Douro) Tirar a casca a um pau verde, mediante a acção do fogo que a desliga com facilidade. Preparam assim as aguilhadas e os varapaus.[19]
- Enviées - (nome antigo) m.q. ENVIESADA
F
- Fadista - Numa primeira fase, nos contextos populares da Lisboa oitocentista, vincadamente associado a contextos sociais pautados pela marginalidade e transgressão, em ambientes frequentados por prostitutas, faias, marujos, boleeiros e marialvas. Muitas vezes surpreendidos na prisão, os seus actores, os cantadores, são descritos na figura do faia, tipo fadista, rufião de voz áspera e roufenha, ostentando tatuagens, hábil no manejo da navalha de ponta e mola, recorrendo à gíria e ao calão, e grande parte deles grandes jogadores de pau.[20]
- Faia - (Lamego e Bragança) Pau sem nós, muito direito, alisado e bastante vergável
- Fendente - m.q. REBATE
- Finta - Golpe simulado que leva o oponente a ir para um lado e é atacado por outro.
- Foice Roçadeira - O seu uso era recorrente nos conflitos militares, políticos e até sociais, devidamente documentado até ao final do século XIX. As foices, de formato próximo ao dos podões, eram afiadas em ambos os lados, de forma a garantir que os movimentos circulares da vara poderiam cortar em todas as direções.
«A roçadoura é a mesma foice de podar as vides, mas com ponta aguda na direcção das costas, do tamanho de meio palmo acima dela, para poder cortar para o lado, e espetar para a frente, encabada em um pau da altura de um homem (...) O manejo desta arma é o mesmo do jogo do pau, pegando-se dela com a mão esquerda, e com a direita no meio dele para o lado da foice, ficando o ombro direito em frente com o inimigo. Para saber o manejo dela basta aprender a dar um passo para a frente e para a retaguarda, já por um lado já por outro, dando de cada vez, junta com o passo, uma volta de roçadora em redor do corpo e por cima da cabeça para se cobrir das pancadas inimigas, como no jogo do pau quando se faz varrimento; e acrescentando em cada passo, quando o ombro direito fica para o inimigo, uma pontada para a frente ou para ele.»[21]
- Forma - Como todas as artes marciais, a Forma é um conjunto de movimentos que simula o ataque e a defesa de uma situação real em uma luta imaginária. Podem ser realizados individualmente ou em conjunto. Cada movimento tem sua interpretação, devendo ser respeitado seu tempo e aplicação.
G
- Golpe e Contra-golpe - m.q. Pancada dupla
- Guarda - As guardas são as diferentes posições em que o jogador se coloca para formar a sua defesa
- Guarda Avançada - Defesas entrando no terreno do adversário debaixo do ataque daquele (para a execução destas guardas com eficácia é necessário alto nível técnico); O pé da retaguarda avança um passo à frente do outro.
- Guarda Avançada (pancada baixa) - Quer a pancada baixa seja por dentro ou por fora, o jogador recua a perna alvejada ligeiramente e avança a outra protegida pelo próprio pau. No momento de receber a pancada, se o jogador avançar rapidamente a perna recuada, ele tem oportunidade de lançar uma pontuada (ver Pontuada ou Ponta) de comprimento extraordinário.
- Guarda Avançada (ao rebate) - Vendo o REBATE bem desenhado, o jogador faz a passagem sobre o lado direito, recuando o pouco a perna da frente (ou seja a esquerda para avançar obliquamente a perna direita e o corpo, sendo o pau empunhado com ambas, a mãos (braços levantados) e descaído obliquamente sobre o lado esquerdo do jogador. Assim, o corpo fugiu da linha da pancada aparada no pau. Com trabalho idêntico (mas inverso) se faz a passagem e guarda pela esquerda.
- Guarda Branda - Guarda que não oferece resistência às pancadas do adversário, aproveitando assim, a força da pancada do adversário em seu favor, para contra-atacar (muito rápido e de difícil controlo).
- Guarda de Espera - Posição em que se espera a acção do adversário, pronto a qualquer eventualidade, defensiva ou ofensiva. Poderão ser feitas à direita ou esquerda, designando-se pela posição da vara: alta à ponta do pau, baixa à ponta do pau e de pau para trás.
- Guarda de Espera Baixa e Direita ou Esquerda - Pela esquerda à frente e direita à retaguarda, antebraço direito curvado à altura da cabeça (de forma que o jogador possa ver o adversário por baixo do pulso), mão esquerda segurando o pau pelo meio, com o braço curvo e a palma da mão virada para cima. É uma posição em que o pau passa no SARILHO de baixo fazendo uma guarda imperfeita da perna. A guarda de espera baixa e esquerda, é em tudo semelhante à antecedente, mas com a diferença de que a posição das pernas e dos braços é trocada.
- Guarda de Espera Direita ou Esquerda - Os adversários têm a perna esquerda à frente e a direita à retaguarda; braços nas mesmas posições; passo bem aberto, embora menos do que quando se cai a fundo; pau empunhado com ambas as mãos, com o braço direito estendido e o esquerdo curvado ligeiramente. A ponta do pau deve estar à altura dos olhos do adversário, ou um pouco acima, mas sem que o jogador atravesse o seu pau. Esta guarda tem relação com os SARILHOS de baixo, de cima e traçado de cima. A guarda de espera esquerda é inversa da anterior, com a perna e o braço direitos à frente e a perna e o braço esquerdo à retaguarda.
- Guarda de Espera Esquerda (pau empunhado na mão direita) - Com o pau empunhado só na mão direita, braço direito dobrado, perna direita à frente e a esquerda à retaguarda, em posição semelhante ao SARILHO traçado de cima, quando se larga a mão esquerda e se volteia o pau.
- Guarda de Espera Esquerda vindo do Sarilho De Baixo - Nasce do SARILHO de baixo, quando o pau fica para trás. É uma das mais usadas guardas de espera.
- Guarda De Espera Esquerda vinda do Sarilho Traçado de Cima - Nasce do SARILHO traçado de cima quando, ao entrar na guarda esquerda, se começa a sobrepor as mãos.
- Guarda em movimento - Opôr à pancada adversária outra lançada em sentido inverso
- Guarda Lateral - O executante, com o pé esquerda à frente, quando alvejado com pancada alta por cima, ou sai diretamente com esse pé para o lado direito, ou então sai primeiro com o pé esquerdo para junto de direito, para seguidamente este sair para a direita, completando depois a guarda para receber a pancada.
- Guarda Parada - Guarda que bloqueia a pancada do adversário. Teoricamente, pode definir-se qualquer guarda dizendo que em primeiro lugar o corpo sai do terreno em que é alvejado e, em seguida, a pancada é aparada nesse mesmo sítio, oferecendo-lhe o jogador resistência com a parte mais grossa do seu pau.
- Guarda Recolhida - Guarda que se recolhe o pau à pancada do adversário, para esta passar sem ser tomada
- Guarda Rígida - Guarda que oferece resistência às pancadas do adversário
- Guarda Saída - Guarda defensiva, onde o Jogador sai do local da pancada efetuada pelo adversário
- Guarda Saída (pau oblíquo) da Pancada por Fora, Enviesada, à Cabeça (ou só corpo, braço, perna ou tornozelo). Com um passo saído para trás, pau punhado só com a mão direita (com a prática poder-se-á utilizar ambas as mãos), braço direito levantado verticalmente, com o pau numa linha obliqua (de forma que o troço do pau venha a ficar onde estava a cabeça do jogador quando foi alvejada), flexionando ligeiramente as pernas para resistir melhor ao impeto da pancada.
- Guarda Saída da Ponta ou Estocada - Idêntica à GUARDA SAÍDA DO REBATE, só diferindo desta por ser normalmente mais baixa.
- Guarda Saída do Rebate - Só difere da PARADA RECUADA DO REBATE porque o Jogador em vez de pular ou dar passos à retaguarda, sai do terreno com um passo à retaguarda da perna esquerda.
- Guarda Simulada - m.q. Guarda Recolhida
H
I
J
- Jogo Curto - Jogo executado em espaço reduzido que não permite movimentação livre para a execução de varrimentas. O terreno permite somente um jogo de pouca distância, como o Jogo da Quelha.
«Optou pelo jogo curto, o jogo da quingosto [quelha], bem cingido ao corpo, em movimentos de boa cobertura, onde a vara era uma barreira móvel.»[22]
- Jogo das Varrimentas - m.q. Varrer a feira
- Jogo de Caras - m.q. Contra Jogo
- Jogo de uma ponta - A vara é segurada pela mão dominante na ponta mais fina da vara, e o Jogo é feito somente com uma ponta, isto é, só bate com a ponta do pau, que está no extremo da mão dominante
- Jogo da Cruz - Forma que simula o combate entre quatro adversários. Veja mais aqui
- Jogo da cadeira - É uma forma clássica de treino e apresentação, para além do desenvolvimento dos reflexos do Jogador, evolve a técnica das 10 pancadas do Jogo do Pau, como também da percepção da posição geométrica, relativa das mãos e tronco nas paradas. Veja mais aqui
- Jogo de duas pontas - A vara é segurada pelas duas mãos, de forma a que se possa bater com as duas pontas da vara
- Jogo do meio - Ou Jogo da Roda do Meio, Jogo do Ladeado, Um contra Todos ou Jogo do Varre Feiras. este tipo de jogo, o jogador tem de lutar com cinco ou mais adversários. Dado o elevado número de adversários, é sempre feita uma roda no Jogador que fica sempre no meio. Este terá a todo o custo varrer as pancadas dos adversários afastando-os o máximo possível, abrindo deste modo a roda e procurar um ponto de fuga.
- Jogo do Quadrado - Forma que simula o combate entre vários adversários através de varrimentas. Veja mais aqui
- Jogo em Conjunto - Jogo executado contra vários adversários, pode ser um para dois, para três, quatro e vários (jogo da roda)
- Jogo Largo - Jogo executado em espaço largo que permite movimentação livre para a execução de varrimentas simples ou saltadas.
« (...) O caminho, apesar de largo, não lhe permitia, contudo, alargar-se num varrimento capaz de formar terreiro onde pudesse desenvolver um jogo largo (...)»[23]
- Jogo Largo de Feira - m.q. Varrer a feira
- Jogo Passado - m.q. Jogo traçado[24]
- Jogo Picado - m.q. Jogo em Conjunto
- Jogo Traçado - (Fafe) Jogo onde as duas mãos traçam o pau mudando assim a posição das mãos, sendo feitos ataques e defesas com uma ponta e alternado com a outra. O jogo já é feito com duas pontas
«O lacaio traçou o varapau, dirigiu-se para elle; mas, ao aproximar-se, deu com os olhos n'uma comprida e luzente espada de dois gumes. (...) o lacaio parou.»[25]
K
L
- Ladeador - É o jogador que fica no meio do jogo do Ladeado ou Jogo da Roda
- Ladear - (Movimentação tecnica) Deslocamento lateral, podendo ser feito pela direita ou pela esquerda
- Lambeiro - (Lamego) Varapau
- Landreiro - Varapau de carvalho
- Lateral - (movimentação técnica) As laterais podem ser esquerdas ou direitas e caracterizam-se pelo deslocamento de meio andamento à retaguarda, através da modificação do posicionamento do apoio anterior para um dos lados num ângulo de 90°. Considerando que partimos da posição esquerda, quando o apoio anterior se desloca para a direita, mantendo a posição esquerda num plano perpendicular ao inicial, realizamos a lateral direita. No caso da lateral esquerda, a partir da mesma posição, o apoio anterior desloca-se para o lado esquerdo, fixando-se no final com a posição direita, também num plano perpendicular ao inicial.
- Lodão - Varapau de lodão, poderá colocar-se a hipótese de “lodo", "pau-de-lodo" ou "pau de lódão". Pau proveniente da árvore da família das ulmáceas (celtis australis) e recebe também o nome de agreira, lodoeiro, nicreiro ou ginginha-de-rei.
- Lódo - (Norte) m.q. Pau de lodo. Varapau de lodão. (Barroso) Pau das festas, feito da árvore do mesmo nome
- Lombeiro ou lombreiro - (Bragança) Varapau
M
- Manuseamentos - São exercícios de destreza com a vara. Servem como aquecimento específico de tronco, braços e pulsos e desenvolvem a coordenação.
- Marmeleiro - Pau especial, devidamente preparado, depois de escolhido na mesma árvore, e que devido à sua flexibilidade, depois de utilizado deixava no corpo marcas duradouras, provocadas pela sua dureza e que não partia com facilidade
- Mestre - Tratamento que designava o treinador. Frederico Hopffer, na sua obra Jogo de Pau, diz-nos que o treinador (professor, como então se apelidava) «necessita de ser um homem regularmente forte, mas muito principalmente de temperamento suave, para não incutir nos discípulos hábitos de excessos, que são sobejamente prejudiciais a quem os tem, e podem sê-lo até involuntariamente para com os com discípulos». Acrescenta ainda ser preferível que o mestre não seja bom jogador, para que o tenha a tendência de esconder dos alunos os seus segredos ou truques, facto que durante muito tempo impediu o progresso técnico da esgrima nacional e acentuou nalgumas épocas e zonas do País - o seu declínio.
- Moca - É a parte inferior arredondada (nó da árvore) do cajado ou da bengala, que também se chama morra (leia-se mórra); também designa o cacete pequeno e grosso numa extremidade; usa-se de noite, escondido debaixo do capote, para maus fins (Mangualde, Nelas, Mondim, Barroso).[26]
- Muleto - (Beja) Cajado (ou bengala) tosco e grosso
N
O
- Oponente - Pessoa que se nos opõe quando jogamos; pessoa opositora.
P
- Pancada ao Artelho por Dentro - Pretende atingir o tornozelo do adversário pelo seu lado direito. Nasce a partir da GUARDA DE ESPERA DIREITA, deixando descair a ponta do pau, para depois o voltear, como se fosse para o REBATE (pelo lado direito de quem a faz), para depois seguir apontada pelo lado contrário ao alvo. Esta pancada pode fazer-se redonda, isto é, descrevendo uma circunferência mais ou menos paralela ao chão (o que a torna bonita e visível), ou ser enviesada, levando uma direção em ângulo agudo em relação à vertical.
- Pancada ao Artelho por Fora - Nasce p. ex., da GUARDA DE ESPERA DIREITA, passando o pau por cima da cabeça e do ombro esquerdo de quem a executa, seguindo o movimento de rotação pelo lado direito, procurando-se atingir o tornozelo do adversário.
- Pancada de Alto-baixo - Pancada que descreve uma perpendicular com o chão, num plano vertical.
- Pancada Ameaçada ou Engano - São ataques curtos simulados a um sítio para serem desferidos noutro oposto.
- Pancada Antecipada - São pancadas que se antecipam ao ataque do adversário
- Pancada arrepiada - A que descreve uma trajetória que alveja o adversário de baixo para cima. Estas pancadas, ao contrário de todas as outras, nascem começando por levantar o pau, para depois o baixar, e daí prosseguir a trajetória da vara de 45º, em que se procura o alvo de baixo para cima, para níveis médio e alto, pela direita e pela esquerda.
- Pancada Avançada - É aquela em que, em vez de cair a fundo com a perna da frente, se avança um passo para a frente ao desferir a pancada.
- Pancada Dupla - São duas pancadas que se seguem em sentido contrário
- Pancada Enviesada - As pancadas enviesadas por fora nascem fazendo baixar a ponta do pau pelo lado esquerdo de quem as executa, dobrando por completo o braço e ficando o pulso como que por cima da cabeça, para impulsionar a pau que segue em movimento de rotação, para alvejar pelo lado direito do jogador, em ângulo mais ou menos agudo com a vertical. Com esta pancada o adversário pode ser alvejado desde a cabeça até ao tornozelo. Embora sejam pancadas muito duras, para elas existe maior número de defesas.
- Pancada por Dentro - São pancadas que procuram o adversário pelo seu lado direito. O lado esquerdo de quem as lança.
- Pancada por Fora - São pancadas que procuram o adversário pelo seu lado esquerdo. O lado direito de quem as lança.
- Pancada oblíqua - m.q. Pancada enviesadas
- Pancada Rasteira - São pancadas que alvejam por baixo, muito próximo do chão
- Pancada Redonda - São pancadas que descrevem uma circunferência paralela com o chão, ao nível da cintura escapular pela esquerda e pela direita.
- Pancada Repetida - São pancadas que se seguem sem interrupção de guardas, pelo mesmo lado
- Pancada Seguida - São pancadas despedidas por vários lados sem interrupção de guardas
- Pancada de Tempo - São pancadas que nascem das guardas brandas; aproveitando a embalagem das pancadas do adversário. A recepção é tão branda que, por vezes só com uma mão, aproveitando o impulso recebido no seu pau, o jogador responde com uma pancada pelo lado contrário. Assim, ao tomar uma panca de por fora, com qualquer das GUARDAS, responde-se com um REBATE ou pancada por dentro (por cima ou por baixo). Ou ao tomar um rebate ou pancada por dentro alta se responde com uma pancada por fora.
- Pancadas Nascidas da Retaguarda - ver Vira Costas
- Pancada Varrida - m.q Guarda em movimento
- Pau - Vara de lodão com cerca de 1,50 m de comprimento. São igualmente comuns as varas de castanho e utilizam-se também as de madeira de marmelo, de carvalho, de carrasco ou de sobro. Estas são menos usuais. O comprimento deve ser igual à distância entre o solo e a
boca do jogador, quando de pé, a fim de evitar o toque no chão quando se volteia para fazer o rebate. Em princípio, o pau não deve ser cabeçudo - mais grosso numa extremidade do que na outra - porque se torna de mais difícil manuseio. No entanto, o bom jogador, já com apreciável bagagem técnica, poderá extrair vantagem em utilizar paus defeituosos. O lado mais grosso do pau deve ser reservado para bater e aparar as pancadas do adversário.
- Pau de Alquilador - Pau com uma argola em cima, feita da própria vara, para os cavaleiros trazerem, pendurado no braço; também em vez de argola pode ter correia.[27]
- Pau de Bico - (Ribatejo) jogo de pau; ex.: vamos jogar ao pau de bico – vamos jogar ao jogo do pau
- Pau de Ferrão - Pau de anéis naturais, que tem na parte inferior uma argola de metal amarelo, com ferrão de ferro; na parte superior, um canudo também de metal amarelo, com o comprimento de cerca de um palmo, com ou sem punhal (Choupa)
« Em 10 de julho 1921, o juiz de fora de Mirandela informava que aparecera uma quadrilha formada por cinco homens, três armados de clavina e dois de pau ferrão, que acabaram por ser presos em Carrazedo, no termo de Chaves.» [28]
- Parada - ver Guarda Parada
- Passagem - Desvio lateral ou saído que se faz aos ataques defendendo-nos sem as paradas e sem cortar. Podem ser feitas a COBERTO e a DESCOBERTO. São deslocamentos para fora da linha de ataque e servem para treinar os CORTES.
- Picador - Nos "Jogos em Conjunto", em que um ou dois jogadores enfrentam sempre um número superior de atacantes, esses atacantes podem ser chamados "Picadores", uma vez que "picam" o adversário em desvantagem
- Pisar o risco - Pisar o risco significava aceitar o repto do desafio, pisando o risco previamente feito no chão com o próprio varapau, desafio lançado muitas vezes em defesa da honra
- Ponta - Também designada por pontuada ou estocada. Golpe despedido com a ponta do pau ao corpo do adversário no sentido frontal, em movimento antero-posterior. Termo "fazer uma ponta", isto é, dar uma pontoada[29].
- Pontuada - ver Ponta
- Pontelete - (Açores) m.q. Pontuada
- Porrada - Golpe ou conjunto de golpes com pau ou instrumento semelhante. = BORDOADA, PANCADA[30], pancada com porra (moca); sova; tareia[31]
- Porreto - (Coja, Minde) Varapau; pau com saliência em baixo, com correia na parte superior, para enfiar no braço, debaixo do capote, para usar em caso de ocorrência nocturna; com 0,47 cm (Tolosa, 1929)
- Porrinha - Pau pequeno
- Posição direita - Quando o pé direito do Jogador se encontra à frente.
- Posição esquerda - Quando o pé esquerdo do Jogador se encontra à frente.
- Puxar - (Norte) Jogar ao Pau[32] Investir com o pau no jogo desta arma
«...os quais começaram a agredir o mesmo Costa que caíu no chão [...] Quando este caíu, ferido na cabeça, os arguidos diziam: Ora agora, puxa, Portêlo! nome este por que é conhecida a familia do ofendido Costa.»
(Depoimento de uma testemunha nos autos de querela em que são querelados José Joaquim Alves e outros, arquivados no cartório do 2.º oficio da comarca de Monção, sob o n.º 4 do maço 67, fls. 11 v.-12.) [33]
«- Eu num vi quáse nada do barulho. Quando cheguei ò sítio, a primeira coisa qu'ouvi foi o réu dizer p'r'ò queixoso - Pois, s'és home' p'ra mi puxa lá! e fez-lhe logo meia dúzia de talhos, mandando-lhe uma zimbrada p'rà cabeça qu'o outro acadou no páu déle. Depois, 'ind'òs vi um pouco a puxarem com alma um p'rò outro. Depois, meteu-se tanta gente qu'eu num vi mais nada, senhor juiz.»
(Reprodução, de memória, de um depoimento oral, em audiência de julgamento crime, no tribunal de Monção)[34]
Ver: talho
«Ele tinha pai, um trôpego, que fora valente jogador de pau, e matara, quando era rapaz, um puxador muito basosofia de Cerva, na sanguinária romaria de S. Bartholomeu.»[37]
«.... no nosso concelho, onde os puxadores se vão tornando de uma audácia espantosa. Na presença da própria autoridade arma-se uma baralha, fazem-se sarilhos e talhos no meio de pacatos romeiros».
(Jornal de Monção, n.º 248, de 31 de Agosto de 1907, p. 1. c. 3). [38]
Ver: talho
Q
- Queijato - (Trancoso) Cajado
R
- Racha - m.q. Varapau, mas o pau é obtido pelo aproveitamento da zona central da árvore. (Marco de Canaveses) Cacete
- Rebate - Pancada cujo pau trabalha em perpendicular pelo lado de fora, quando o rebate é por fora, e por dentro quando o rebate é por dentro. Pancada em que o pau descreve, antes de atingir o adversário, um círculo sobre a cabeça ou em torno do pulso do jogador, Entende-se para esta pancada – e é verdade para qualquer outra que o jogador deve alongar a perna da frente ao lançar o golpe (como quem caí a fundo) para melhor atingir o alvo.
- Recinto - O jogo do pau joga-se perfeitamente onde exista uma superfície plana de 6 x 8 m ou até um pouco menos. O chão de terra calcada é o mais apropriado, embora também se use o sobrado (este a exigir maior cautela para evitar escorregamento), principalmente na escola lisboeta. Em tempos passados, os bons jogadores faziam uma certa gala em demonstrar a sua perícia mesmo em recintos de menor dimensão do que os acima referidos. De qualquer forma, o chão de terra batida das feiras minhotas e ribatejanas - e os quintais de Lisboa - foram os locais por excelência para a prática e o fomento desta arte tradicional portuguesa.
- Recorte - Um recorte é um segundo corte, e resposta ao primeiro. Ver Corte
- Recuar - (movimentação técnica) O movimento "recuar" é realizado no sentido de o jogador regredir no terreno e é realizado da forma oposta ao "crescer", ou seja, o apoio anterior recua. Numa primeira fase o apoio anterior recua até ao posterior e fixa-se, numa segunda fase, o apoio posterior termina o movimento de recuo de forma a recuperar a atitude inicial com o novo posicionamento.
- Retaguarda - O m.q. Vira-Costas (termo antigo usado na Moita e Pinhal Novo)
- Revesso ou Revés - O m.q. Pancada Arrepiada
S
- Sacudir - Guarda rija que impulsiona a vara do adversário com o movimento oposto.
- Sarilho - Um sarilho é uma técnica específica que simula um ataque e/ou defesa em uma circunstância e local específico. Feitos com movimentos técnicos de defesa treinados em sequência em tempos e movimentos determinados. Pode ainda ser uma combinação de evoluções circulatórias do pau, ou do jogador com o pau, destinada a evitar a aproximação do ou dos adversários. Entre os sarilhos mais usuais, contam-se o sarilho de baixo, o sarilho traçado por cima com as mãos sobrepostas, os sarilhos traçados de baixo, o sarilho de cima,
os sarilhos andando em circunferências e os sarilhos traçados da borda-d'água. (ver mais)
- Sarilhar - Formar sarilho com o pau
« Se havia homem pronto a vingar de compadrio, a ensarilhar o pau, a varrer testadas, fazendo acudir a tropa entre o escabrear do gado e os gritos das ovelhas que se esgueiravam de rastos, salvando na abada do avental o que restasse do gigo dos ovos, era esse Francisco Teixeira. »[39]
Ver: Sarilho
- Séries - Também chamadas «séries de jogo» ou «séries de pancadas», são formas de treino individual em que o jogador simula um combate imaginário apenas contra um único adversário. Tendo este tipo de jogo o objetivo de aperfeiçoamento técnico e aprendizagem, podendo ser realizados individualmente ou em conjunto. As mais conhecidas e documentadas, são as séries do mestre Pedro Augusto da Silva, Domingos Salréu e António Nunes Caçador. Pode ver mais na página Séries de Jogo.
- Sair - (movimentação técnica) O movimento "sair" consta da realização à retaguarda de um andamento e características semelhantes ao "entrar", embora em sentido oposto, ao que descreve-mos ao "entrar" - o apoio anterior desloca-se para a retaguarda e a posição inverte-se (por exemplo, o jogador ao sair passa da posição esquerda para a posição direita e vice-versa).
T
- Talho - (Monção, Norte) floreio com varapau.
«- De manha, um rapazote qualquer... postou-se diante da loja do Calçada, com os costumados ares provocadores - chapéu na nuca, faixa caida às très pancadas e fazendo talhos com o varapáu. Com a quem diz: - Se quere alguma coisa e p'raqui».
(O Regional, ano VI, n. 277, correspondente a 18 de Novembro de 1906, p. 3, c. 2). «.... no nosso concelho, onde os puxadores se vão tornando de uma audácia espantosa. Na presença da própria autoridade arma-se uma baralha, fazem-se sarilhos e talhos no meio de pacatos romeiros».
(Jornal de Monção, n.º 248, de 31 de Agosto de 1907, p. 1. c. 3). [40]
Ver: puxador
- Tira-teimas - (Bragança) Qualquer pau, em sentido figurado, No Barroso também lhe chamam quebra-nozes, tira-birras e tira-dentes.[41]
- Tomar Fixe as Pancadas - Uma das formas de receber a pancada do adversário. Trata-se de, com o jogador empunhando o pau com ambas as mãos (ou uma só), lançá-lo em relação ao do adversário como para lhe bater, mas por meio de uma contracção instantânea dos músculos imprimir-lhe tal firmeza que, quando recebe a pancada do adversário, obriga este a retroceder. Ver Guarda em movimento
- Travesso ou Travéz - O m.q. Pancada Redonda
«D. Pedro, ouvindo-o, deu-lhe um golpe de travez que o decapitou.»[42]
- Troca de Passo - (Movimentação tecnica) Este deslocamento é feito com a troca de pés, um dos pés (esquerdo ou direito) posiciona-se no lugar do outro pé, onde este por sua vez, desloca-se para o lugar do anterior.
U
- Unhas para baixo ou Unhas abaixo - mão pronada (palma das mãos os antebraços ficam voltados para baixo ou para frente)
«O páo é seguro com ambas as mãos, tendo as unhas em sentido inverso. Uma das unhas abaixo - a direita, a outra unha acima - a esquerda.» [43]
- Unhas para cima ou Unhas acima - mão supinada (palma das mãos apontando para cima)
«O páo é seguro com ambas as mãos, tendo as unhas em sentido inverso. Uma das unhas abaixo - a direita, a outra unha acima - a esquerda.» [44]
V
- Varapau ou Vara (arma) - Pau de secção circular, liso e sem galhos. Este pode chegar até aos dois metros, no entanto o tamanho ideal deverá ir até à altura do nariz do jogador. Geralmente o pau usado é de lodo/lódão (ceitis australis liceu). A qualidade da madeira poderá ser outra, desde que não seja excessivamente pesada. Deve ser resistente e suficientemente flexível. O material não deve ser demasiadamente duro, para que as vibrações das pancadas não sejam transmitidas às mãos dos jogadores. Como exemplo, temos as madeiras de castanheiro, carvalho, freixo, marmeleiro, para além de outras.
- Vara - Tem como caracteristica o vergar (Algarve, 1896). Varapau Liso; ferrado em baixo (metal amarelo, aço e chumbo); ferrado em baixo e em cima, com chuça ou choupa, que é protegida por uma bainha móvel (Coja, Minde). Pau qualquer, sem forma nem tamanho definidos. Não ouvi este termo no Peral, mas ouvi-o em muitos outros sítios com a significação de cacete, cajado, etc. Em Mangualde e Nelas, é um pouco comprido, maior do que o cacete, No Barroso, é um pau grande e grosso. Em Mondim, é uma vara mais alta do que um homem e serve para arrimo. Quando se entra em casa, deixa-se o varapau cá fora. Parece que alude a isto Soropita (1589, pp. 21), falando do Convento de Palmela: «Para maior nobreza da casa, andam nela ao pairo alguns da cavalaria da Ordem, que põem [as armas] de fora, como no jogo de paus, e para estes há aí aposentos, de fora, separados.» Eça de Queirós, A Ilustre Casa de Ramires (ed. de 1904), p. 188: «Depois, com uma cólera em que lhe tremiam os beiços brancos, lhe tremiam as secas mãos cabeludas, fincadas ao cabo do varapau...»[45]
- Vara torneada - Vara obtida de tábuas cortadas ao ("correr") longo das nervuras, através do torneamento da madeira
- Varrer a feira - Correr a pau toda a gente que nela se encontra[46] (saiba mais na nossa página "Varrer a feira")
«se os tais homens das bandeirolas me tornam a passar por as terras, sempre lhes meço as costas com um marmeleiro, que lá tenho, e que já me serviu para varrer a feira de Santo Estevão.» [47]
- Varredor de Feiras - Jogadores excecionalmente dotados para a prática do jogo do pau que, quando provocados, nas muitas rixas e querelas que se levantavam no decorrer das feiras tradicionais (ou quando emboscados por antagonistas mal-intencionados), executavam uma combinação de evoluções circulatórias do pau (ou de si próprios e do pau) de maneira a evitar a aproximação do ou dos adversários. Estes SARILHOS eram o processo usualmente utilizado pelos varredores de feiras para fintar os adversários, varrendo as suas pancadas e procurando espreitar a oportunidade para por sua vez atingir o ou os antagonistas. Rezam as crónicas que houve quem, mesmo deitado no solo, conseguisse defender-se simultaneamente de mais de uma dezena de antagonistas. Na década de 40 viu-se ainda nos saraus de ginástica do Ginásio Clube Português exemplificar, em plena pista do Coliseu dos Recreios, alguns dos processos de varrer uma feira.
- Varrer Pancadas - Uma das formas de receber a pancada do adversário. Varrer pancadas é opor à pancada adversária outra, lançada em sentido inverso, com o pau empunhado por ambas as mãos. Trata-se de um sistema vistoso mas bastante menos eficiente do que quando se toma branda (fixe) a pancada do adversário. Ver Guarda em movimento
- Vergueiro - (Sernancelhe) O mesmo que varapau
- Vira-Costas - (movimentação técnica) são Paradas com Deslocamentos para Ataques em rotação. Neste movimento, os jogadores partem da GUARDA DE ESPERA DIREITA passando para a GUARDA DE ESPERA ESQUERDA vinda do SARILHO de baixo, rodando sobre o pé esquerdo e sobre a esquerda, se é avançado, ou rodando sobre o pé direito e a direita, se é saído. A partir da posição de guarda de espera esquerda, descarrega a pancada chamada de retaguarda por cima ou por baixo, redonda, arrepiada, enviesada (algumas vezes pontuada). Embora não seja obrigatório, é vulgar serem feitas em resposta a um rebate
- Volta ao Mesmo Terreno - (deslocação técnica)
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Referências
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