Mestre: José Maria da Silveira: diferenças entre revisões
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'''José Maria da Silveira''' conhecido como '''«O Saloio»''' nasceu em 1805 na Calçada da Graça n.º 13 em Lisboa, e faleceu, com idade de 83 anos em 1888.<br> | '''José Maria da Silveira''' conhecido como '''«O Saloio»''' nasceu em 1805 na Calçada da Graça n.º 13 em Lisboa, e faleceu, com idade de 83 anos em 1888.<br> | ||
A alcunha do Saloio fora motivada pelas cores rosadas do rosto, que lhe dava um aspeto rústico que contratava dos rostos citadinos. | A alcunha do Saloio fora motivada pelas cores rosadas do rosto, que lhe dava um aspeto rústico que contratava dos rostos citadinos. | ||
Era de constituição física alta, forte e de grande agilidade, segundo o [[Livro: Jogo do pau – Esgrima Nacional|livro do Mestre Caçador]], chegava a fazer catorze retaguardas seguidas, isto é, catorze voltas sobre si, acompanhando o rápido giro do pau.<ref>LOPES, Paulo, O Jogo do Pau Português, 5livros, 2020</ref><br> | Era de constituição física alta, forte e de grande agilidade, segundo o [[Livro: Jogo do pau – Esgrima Nacional|livro do Mestre Caçador]], chegava a fazer catorze retaguardas seguidas, isto é, catorze voltas sobre si, acompanhando o rápido giro do pau.<ref>LOPES, Paulo, O Jogo do Pau Português, 5livros, 2020 ([[Livro: O Jogo do Pau Português (a arte marcial portuguesa com séculos de prática)|sobre o livro]])</ref><br> | ||
Segundo Zacarias d'Aça, aprendeu a jogar o pau com dois mestres, um galego, outro minhoto, cujos os nomes depressa esqueceram. Aplicou a este jogo alguns movimentos da esgrima de sabre e florete, onde estudou e modificou. Fazendo assim, um estilo próprio, caracterizando-o como ''«esgrima nacional»''. | Segundo Zacarias d'Aça, aprendeu a jogar o pau com dois mestres, um galego, outro minhoto, cujos os nomes depressa esqueceram. Aplicou a este jogo alguns movimentos da esgrima de sabre e florete, onde estudou e modificou. Fazendo assim, um estilo próprio, caracterizando-o como ''«esgrima nacional»''. | ||
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Tinha à sua porta uma pedra muito grande e pesada com que media forças com a rapaziada do seu tempo. | Tinha à sua porta uma pedra muito grande e pesada com que media forças com a rapaziada do seu tempo. | ||
Deixou uma fama monumental como esgrimista do pau e foi mestre do nosso popularissimo e grande Rei D. Carlos.» | Deixou uma fama monumental como esgrimista do pau e foi mestre do nosso popularissimo e grande Rei D. Carlos.» | ||
<ref>CAÇADOR, António Nunes, ''Jogo do Pau: esgrima nacional'', Lisboa: ed. Autor, 1963</ref> | <ref>CAÇADOR, António Nunes, ''Jogo do Pau: esgrima nacional'', Lisboa: ed. Autor, 1963[[Livro: Jogo do Pau: esgrima nacional|sobre o livro]]</ref> | ||
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«(...) colossal de estatura, desempenado, fonte energética, de cores sadias, faces de home decidido foi durante muito tempo cabo de coristas de S. Carlos. Tinha uma voz fortísima e vibrante de "baixo profundo". (...) Os pulsos eram grossíssimos. Nas mãos tinha força prodigiosa!... conta-se (...) ele assentava os dedos sobre cinco cruzados novos, postos numa mesa, e desafiava todos a demover-lhe o braço naquela posição! (...) nenhum dos homens mais esforçados de então conseguiam ganhar a aposta! O braço era de bronze - parecia fundido!<br> | «(...) colossal de estatura, desempenado, fonte energética, de cores sadias, faces de home decidido foi durante muito tempo cabo de coristas de S. Carlos. Tinha uma voz fortísima e vibrante de "baixo profundo". (...) Os pulsos eram grossíssimos. Nas mãos tinha força prodigiosa!... conta-se (...) ele assentava os dedos sobre cinco cruzados novos, postos numa mesa, e desafiava todos a demover-lhe o braço naquela posição! (...) nenhum dos homens mais esforçados de então conseguiam ganhar a aposta! O braço era de bronze - parecia fundido!<br> | ||
Ao canto da sua casa tinha uma grande bola de pedra, pesada e de enorme volume. Chamava-lhe a ''bola da paciencia'', porque todos queriam levanta-la e a todos escorregava das mãos. Os mais reforçados de corporatura não conseguiam ergue-la, mas o ''Saloio'' fazia dela quanto queria!» | Ao canto da sua casa tinha uma grande bola de pedra, pesada e de enorme volume. Chamava-lhe a ''bola da paciencia'', porque todos queriam levanta-la e a todos escorregava das mãos. Os mais reforçados de corporatura não conseguiam ergue-la, mas o ''Saloio'' fazia dela quanto queria!» | ||
<ref>PONTES, José, ''Quási um século de desporto (1834-1924)'', Sociedade Nacional de Tipografia, Lisboa, 1924, p.25-26 | <ref>PONTES, José, ''Quási um século de desporto (1834-1924)'', Sociedade Nacional de Tipografia, Lisboa, 1924, p.25-26 ([[Livro: Quási um século de desporto (1834-1924)|sobre o livro]])</ref> | ||
([[Livro: Quási um século de desporto (1834-1924)| | |||
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<ref>MACHADO, Júlio César, ''Á lareira'', Lisboa: Livraria de Campos Júnior, 1872 (no conto «O homem das forças»)</ref> | <ref>MACHADO, Júlio César, ''Á lareira'', Lisboa: Livraria de Campos Júnior, 1872 (no conto «O homem das forças») ([[Livro: Á lareira|sobre o livro]])</ref> | ||
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Revisão das 20h30min de 28 de março de 2021
Sobre
José Maria da Silveira conhecido como «O Saloio» nasceu em 1805 na Calçada da Graça n.º 13 em Lisboa, e faleceu, com idade de 83 anos em 1888.
A alcunha do Saloio fora motivada pelas cores rosadas do rosto, que lhe dava um aspeto rústico que contratava dos rostos citadinos.
Era de constituição física alta, forte e de grande agilidade, segundo o livro do Mestre Caçador, chegava a fazer catorze retaguardas seguidas, isto é, catorze voltas sobre si, acompanhando o rápido giro do pau.[1]
Segundo Zacarias d'Aça, aprendeu a jogar o pau com dois mestres, um galego, outro minhoto, cujos os nomes depressa esqueceram. Aplicou a este jogo alguns movimentos da esgrima de sabre e florete, onde estudou e modificou. Fazendo assim, um estilo próprio, caracterizando-o como «esgrima nacional».
Deu lições na Rua Nova do Loureiro e Largo dos Inglesinhos (última escola), em Lisboa.
Publicações onde é citado
«Primeiro dos grandes mestres da esgrima do pau , é a ele a quem se deve o primeiro desenvolvimentos neste ramo de desporto, não obstante ter havido outros mestres no seu tempo, deixou bons esgrimistas, como Domingos de Couras Salréu e Pedro Augusto da Silva que vieram a ser representantes da sua Escola, que foi na Travessa dos Inglesinhos e na Rua nova do Loureiro. Fundador da Escola de Lisboa, que assim se chama, por ser um tipo de esgrima diferente do das províncias, o qual nós ainda hoje adoptamos, possivelmente aperfeiçoado. Em menino foi cantor de igreja e mais tarde praticou o jogo do pau. Tinha à sua porta uma pedra muito grande e pesada com que media forças com a rapaziada do seu tempo. Deixou uma fama monumental como esgrimista do pau e foi mestre do nosso popularissimo e grande Rei D. Carlos.» [2] |
«(...) colossal de estatura, desempenado, fonte energética, de cores sadias, faces de home decidido foi durante muito tempo cabo de coristas de S. Carlos. Tinha uma voz fortísima e vibrante de "baixo profundo". (...) Os pulsos eram grossíssimos. Nas mãos tinha força prodigiosa!... conta-se (...) ele assentava os dedos sobre cinco cruzados novos, postos numa mesa, e desafiava todos a demover-lhe o braço naquela posição! (...) nenhum dos homens mais esforçados de então conseguiam ganhar a aposta! O braço era de bronze - parecia fundido! |
«José Maria Saloio, que ainda dura, já hoje velho e dobrado, distinguiu se sempre nos lances de valentia, no vigor, na robustez, e também na prudência com que evitava os conflictos até o momento de os julgar indispensáveis.» [4] |
« De fóra de Lisboa (de Setubal, se bem me recordo) viera a Lisboa um pimpão, para conhecer e comprimentar o Saloio. Quando logrou encontral-o apertou-lhe a mão, e quebrou-lhe um dedo! O desfeiteado calou a dôr e a affronta, e passado tempo foi á terra do seu amigo, e abraçando-o com a effusão de quem retribue um favor — quebrou-lhe uma costella! [5] (ler texto completo) |
«
José Maria Saloio prestou-se a tomar parte numa festa de caridade, fazendo exibição dos vistosos golpes em que era mestre. O seu antagonista, o discípulo favorito, respondia com brilho aos toques que aquele lhe disparava, o que fez pôr em dúvida a vitória do campeão. « Este , impassível, defendia-se, parecia que o custo, fugia dificultosamente com o corpo, protegia, dir-se-ía, que aflito, a cabeço, deixava o discípulo florear e apavonar-se com os aplausos que já vinha, da bancada, e, quando lá lhe pareceu, e todos quase apontavam o moço antagonista como vencedor, joga-lhe uma paulada à cabeça, atira-lhe com o pau para o chão e põe-no na arena sem sentidos. Surpresa geral nos espectadores. Passado o atordoamento dos primeiros instantes, os dois reconciliam-se «em campo», como é costume, e o vencido, depois de saudar o mestre, segredou-lhe ao ouvido: |
Artigo do Jornal «O Tiro civil»
Destaca-se o artigo de Zacharias d’Aça ao longo de seis números do jornal O Tiro civil, sobre o Mestre José Maria da Silveira , e o seu contra-mestre Mestre Pedro Augusto.
Veja todo o artigo compilado aqui
- Edição 6 (181) de 1 Março 1900 p.4-5 : O mestre José Maria da Silveira - O saloio (I) (ler o jornal completo)
- Edição 6 (182) de 15 Março 1900 p.5-6 : O mestre José Maria da Silveira (II) (ler o jornal completo)
- Edição 6 (187) de 1 Junho 1900 p.8 : O mestre José Maria da Silveira (III) (ler o jornal completo)
- Edição 6 (189) de 1 Julho 1900 p.5-6 : O mestre José Maria da Silveira (VI) (ler o jornal completo)
- Edição 6 (196) de 15 Outubro 1900 p.3-4 : O mestre José Maria da Silveira (V) - Pedro Augusto - o contra-mestre de José Maria (ler o jornal completo)
- Edição 6 (197) de 1 Novembro 1900 p.5 : O mestre José Maria da Silveira (VI) - Pedro Augusto - o contra-mestre de José Maria (ler o jornal completo)
Galeria de imagens
Ver também
Referências
- ↑ LOPES, Paulo, O Jogo do Pau Português, 5livros, 2020 (sobre o livro)
- ↑ CAÇADOR, António Nunes, Jogo do Pau: esgrima nacional, Lisboa: ed. Autor, 1963sobre o livro
- ↑ PONTES, José, Quási um século de desporto (1834-1924), Sociedade Nacional de Tipografia, Lisboa, 1924, p.25-26 (sobre o livro)
- ↑ MACHADO, Júlio César, Á lareira, Lisboa: Livraria de Campos Júnior, 1872 (no conto «O homem das forças») (sobre o livro)
- ↑ PALMEIRIM, Luís Augusto, Os excêntricos do meu tempo, Lisboa: Imprensa Nacional, 1891, pp.263-272, p.271
- ↑ COSTA, Mário, Feiras e outros divertimentos populares de Lisboa, Municipio de Lisboa, 1950 (sobre o livro)