Ética do Jogo do Pau

Fonte: Jogo do Pau Português
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ÉTICA DO JOGO DO PAU

Há uma ética, que os «bons jogadores e as pessoas bem formadas cumprem».

Essa ética incluía a interdição de ataque a um homem desarmado ou em situações como a de sentado ou caído.

Quintas Neves mostra o "manilha" atirando o seu pau para o chão depois de com ele ter desarmado o desmoralizado totalmente três adversários que lhe tinham saltado no caminho.

Um grande jogador do Porto, o "Carvalho", feirante de gado, na feira do «26» em Angueja, perto de Aveiro, depois de se ter aguentado sozinho contra todos os que ali se encontravam coligados, tropeçou e caiu no chão; o mais forte dos adversários, saltando por cima dele, em sua defesa, advertiu os demais a não tocarem no valente, sob pena de terem de se bater também com ele.


Apesar da ética, «nunca se sabe o que teremos de enfrentar e, por isso, qualquer jogador prepara-se contra qualquer eventualidade».[1]

REGRAS PARA BOA PRÁTICA DA ÉTICA

Texto escrito pelo Mestre Hélder Valente


O jogador de pau é herdeiro de uma Arte de Combate tradicional remontando ao uso de Armas Brancas, nomeadamente: do "Montante" (espada grande para duas mãos), Lança, Albarda, etc. Arte que foi cultivada por Nobres e Cavaleiros, por isso a sua conduta deverá ser sempre inspirada por normas de comportamento de Impecabilidade em todas as situações da vida.


  • Por possuir conhecimentos de uma arte de combate, a sua Responsabilidade Social fora do ginásio é maior.
  • Somente deverá apelar para a sua Arte em circunstâncias verdadeiramente excepcionais de legítima autodefesa, quando a sua integridade física estiver verdadeiramente em perigo, logo, o jogador de pau deverá cultivar o espírito do antigo Cavaleiro (Cavalheiro). Cultivará a Rectidão de Carácter, a Justiça e a Verdade.
  • Procurará sempre com máximo empenho ser Justo em todas as suas acções e palavras.
  • Terá sempre Respeito pelo seu semelhante e por todos os seres.
  • Procurará ser Bondoso, Magnânimo, Tolerante, Leal, Irrepreensível nas suas relações com os outros.
  • Buscará sempre o que há de melhor em si, expressando-o na sua vivência diária.
  • Deverá respeitar escrupulosamente todos os seus compromissos.
  • Procurará sempre ser cada vez mais sóbrio, em todos os seus julgamentos sobre tudo o que o rodeia.
  • Jamais prejudicará alguém intencionalmente ou permitirá que o prejudiquem; lutará sempre armado da Razão e do Bom-Senso.
  • Será Tolerante, Afável, Justo e tratará os outros consoante mereçam ser tratados.
  • Cultivará o Aprumo nas suas acções, palavras, emoções e pensamentos.
  • Jamais se descontrolará mesmo nas situações de maior tensão.
  • Em todas as disputas da vida manterá sempre um Espírito Desportivo.
  • Cultivará a Auto-Disciplina, procurando estudar conscientemente e desenvolver a sua arte usando-a como forma de Auto-Valorização Pessoal.
  • O jogador de Pau deverá estudar a sua arte de forma a desenvolver os aspectos Psico-Fisiológicos que ela envolve; Mecanismos de Percepção-Execução, Geometria Espaço-Temporal, Equilíbrio, Ritmo e Harmonia, consciencializando a sua Bio-Mecânica. Deverá procurar usar o Jogo do Pau como Via de Auto-Aperfeiçoamento Pessoal.
  1. Texto Mestre Nuno Russo no jornal «Correio da Manhã» em 1983