Artigo: Em Arega - Desordens que causaram mortes

Fonte: Jogo do Pau Português
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  • Relevância: ★★☆
  • Título: Em Arega - Desordens que causaram mortes
  • Autor: Jornal União Figueiroense
  • Publicação: Figueiró dos Vinhos, Quinta-feira, 13 de agosto de 1914, Nº 194


« 3 Domingo, dia 2 do corrente, ouve bailarico no visinho logar do Alqueidão. Alguns rapazes de Arega são convidados para ir ali ao jantar d'uns noivos, outros vão tambem para lhes fazer companhia e irem ao baile. São quasi dez horas; alguns manifestam desejo de se retirarem e vão saindo da casa da dança, outros continuam divertindo-se. N'esta altura surge um grupo inesperado são de Maçãs de D. Maria: era o Trindade repugnante caceteiro pela sua cobardia informado de estarem ali os de Arega, vinha ali com mais seis para os sovar.

Trava-se combate: o Trindade mal se aproximou dos de Arega disses «não vienos aqui para outra coisa toca; a malhar»; os cacetes chocam-se com violencia e os de Arega mais numerosos envolvem os de Macã que procuron fugir. O Trindade pede perdão e socorro aos de Arega que generosos o deixa.

Resultado: os de Areda ficam quatro com as cabecas mais ou menos contusas e os de Maçãs dizem que levaram mais.

O Alqueidão, onde se desenrolou a fita, fica a 1.500m de Areda e a mais de 4 quilometros de Maçãs.

Esta desordem vae causar grandes desgraças como vae ver-se, porque o Trindade vae convidar outros para o desforrarem.

Domingo, dia 9, há festança religiosa em Arega. No povo da freguezia há inquietação com receio que se confirmem os boatos de que virá um grupo de caceteiros convidados pelo Trindade, de Maçãs. proprio parocho da freguesia previne o regedor, São quasi seis horas: e conquanto ali ende muita gente das visinhas freguezias, o socego é completo. De repente entra no adro um velhote esbaforido que diz ter avistado no alto da serra, quando ia para casa um bando enorme amado de varanaus. Sabida a notícia, rapaziada dá em partir os paus das bandeiras que enfeitavam o adro, para se defenderem e resolvem ir ao encontro dos assaltantes para evitarem que venham ao adro onde estão crianças, mulheres e velhos.

A uns 150m. desviados do adro encontram-se dizem que vinha à frente o conhecido desordeiro Galinha, de Pussos que investira fogo com os de Arega, insultando-os com os seus.

Em breve alguns dos assaltantes são envolvidos pelos de Arega, emquanto outros fogem disparando muitos tiros de revolver. Segundo nos dizem poucos minutos durou a luta, ficando alguns de Arega contundidos por cacetadas, dois com as jaquetas furadas por balas e um com um ligeiro ferimento na cabeça tambem por uma bala. Dos assaltantes ficaram gravemente feridos por cacetadas vindo a falecer Joaquim dos Ramos de 25 anos, do Beco e o Galinha.

Ao Ramos apreendeu o regedor de Arega uma faca enorme e o revolver com que dizem fizera fogo alé despeja-lo não foi encontrado. Não podemos deixar de manifestar aqui ao sr. dr. Baião, dos Cabaços, a nossa gratidão pois afirmou-nos que insistira com os caceteiros para não virem a Arega, e se os seus conselhos fossem atendidos não havia as desgraças que todo o povo de Arega lamenta. Comtudo as desgracas seriam maiores se o numeroso bando de assaltantes que dizem ser de mais de 40 viesse ao adro onde estava muito povo. »

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