Livro: Historia do fado: diferenças entre revisões

Fonte: Jogo do Pau Português
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O enquadramento social sobrepõe-se ao histórico ou político. Pinto de Carvalho jornalista sobrepõe-se ao Pinto de Carvalho historiador.  
O enquadramento social sobrepõe-se ao histórico ou político. Pinto de Carvalho jornalista sobrepõe-se ao Pinto de Carvalho historiador.  


Apenas em duas, de todas as páginas páginas, se encontra uma referencia ao novíssimo fado socialista.
Apenas em duas, de todas as páginas, se encontra uma referencia ao novíssimo fado socialista.


== Excerto da obra ==
== Excerto da obra ==

Edição atual desde as 00h41min de 13 de dezembro de 2022

capa do livro

Sobre

  • Relevância: ★☆☆
  • Título: Historia do fado
  • Autor: Pinto de Carvalho (Tinop) (1858-1936)
  • Publicação: Empreza da historia de Portugal, 1ª Edição 1903
  • Formato: 294 páginas


História do Fado, constitui não só o mais importante texto até hoje elaborado sobre as origens e o desenvolvimento do Fado, como também um saborosíssimo painel da vida de Lisboa na segunda metade do século XIX.

Sinopse

Publicada em 1903, a História do Fado continua a ser um dos mais antigos textos de referencia da arte do fado que se conhece.

Constitui um manancial de informação no qual se reconhece o primeiro esforço para sistematizar as origens e evolução do Fado, a biografia dos seus protagonistas, para além de uma visão da vida artística da Lisboa de 1800.

O enquadramento social sobrepõe-se ao histórico ou político. Pinto de Carvalho jornalista sobrepõe-se ao Pinto de Carvalho historiador.

Apenas em duas, de todas as páginas, se encontra uma referencia ao novíssimo fado socialista.

Excerto da obra

O Fado, nascido nos contextos populares da Lisboa oitocentista, encontrava-se presente nos momentos de convívio e lazer. Manifestando-se de forma espontânea, a sua execução decorria dentro ou fora de portas, nas hortas, nas esperas de touros, nos retiros, nas ruas e vielas, nas tabernas, cafés de camareiras e casas de meia-porta.

O fado encontra-se, numa primeira fase, vincadamente associado a contextos sociais pautados pela marginalidade e transgressão, em ambientes frequentados por prostitutas, faias, marujos, boleeiros e marialvas. Muitas vezes surpreendidos na prisão, os seus actores, os cantadores, são descritos na figura do faia, tipo fadista, rufião de voz áspera e roufenha, ostentando tatuagens, hábil no manejo da navalha de ponta e mola, recorrendo à gíria e ao calão. [1]

O autor, cita alguns fadistas da época 1860, onde muitos deles, além de rufiões, eram também valentes jogadores de pau.

« Por via de regra, o fadista expira na gehena, na enfermaria ou. . . na ponta de uma faca.
(...)
N'esta época [1860], houve alguns fadislões de renome. Citaremos o bonito mulato José Luiz, o Pau Real, o Chico macaco — catraeiro valentíssimo — , o Calcinhas do Cães do Sodré, o Joaquim Enguia, o temivel Júlio Arbèllo, do Bairro-Alto, os três Côcôs, o Cachucho — fabricante de palitos para phosphoros —, um seu irmão, Manoel Ratão - um grande puxador de pau, — o cocheiro António Carapinha e o cocheiro Bitaculas, um batedor e um valente, pae dos actuaes cocheiros Bitaculas.

O primeiro entre os seus pares era o Pau Real — quasi um professor de fadistographia. Foi morto á falsa fé pelo Chico Galleguinho na taberna da Balbina (...) O crime proveio de um desaguisado que ambos tiveram na casa de pasto do Mosqueira, na rua das Gáveas, depois de uma espera de toiros. O assassino foi degredado, mas escapuliu se do degredo e ainda voltou a Lisboa n'um navio de guerra americano.

Entre os mais tezos jogadores de pau n'aquelle tempo, podemos citar o José da Burra, o velho cocheiro Malaquias e o José Carlos, de Évora. (pp.35-42) »

« À volta de 1850, existiam bailarins de fado e de fandango notabilissimos. Estava n'esse caso o Salvador Mexerio, antigo artilheiro do regimento do Cães dos Soldados (...) No mesmo caso se achava o Theodosío, os dois irmãos Castanholas, o fadista Manoel Ratão, grande jogador de pau do Campo de Sant'Anna, e o Mexelhão, canteiro, que fora soldado de sapadores. (pp.253-254) »

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Ver também

Referências