Livro: Memórias - Bulhão Pato: diferenças entre revisões

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Revisão das 16h31min de 13 de abril de 2024

capa do livro


Sobre

  • Relevância: ★☆☆
  • Título: Memórias
  • Autor: Bulhão Pato (1829-1912)
  • Publicação: Lisboa : Typ. da Academia Real das Sciencias, 1894-1907
  • Formato: 3 vol. (21x14,5cm)


O Livro Memórias de Bulhão Pato (Vascongadas, Bilbau, 1829 - Torre do Monte de Caparica, Almada, 1912) tem o dom de evocar homens e paisagens com grande exatidão e riqueza de pormenores. Num tom coloquial e fazendo sempre falar o coração (“Estas memórias não são escritas, são conversadas”, diz o próprio autor), entramos com ele na intimidade de Garrett, assistimos aos últimos momentos de Alexandre Herculano, convivemos, nos salões mundanos, com os principais atores dessa decisiva época histórica, somos envolvidos nas lutas de rua e nas lutas de tribuna.[1]

No Tomo I, em «Scenas de infancia e homens de leituras» podemos encontrar

A primeira visita ao Valle de Santarem

Resumo

Este excerto descreve a figura do campino, realçando a sua distinção e elegância em comparação com os guardadores espanhóis. Os campinos portugueses são caracterizados como uma raça única, que absorve elementos árabes como o cavalo e a lança (pampilho), além de serem reconhecidos pela sua hospitalidade.

É notável também que, no passado, as contendas eram resolvidas com um pau de cobrir (ferrado), e os campinos eram aclamados como os melhores jogadores do país, enquanto o envolvimento em lutas de navalha era considerado uma desonra para a família.

A bravura e destreza dos campinos são enfatizadas, especialmente na maneira como enfrentam os touros bravos com intrépida coragem. A narrativa destaca que os campinos não apenas desafiam os touros na arena, mas também os enfrentam em situações desafiadoras no campo, exibindo uma coragem e determinação inigualáveis.

Excertos da obra

« O nosso campino é o cavalleiro mais gentil de toda a Peninsula. Os guardadores hespanhoes são desempenados e elegantes, mas não hombreiam com os nossos, quando trajam a rigor: sapato aberto, de salto raso e prateleira, meia, calcão, fivella, cinta, collete muito decotado, jaleca quasi sempre ao hombro, e barrete.

Os campinos, n'aquelle tempo, eram como uma raça à parte: sem serem nomades tinham o que quer que fosse do arabe: o cavallo, o pampilho, que é a sua lança, e a hospitalidade na poisada!

As rixas decidiam-se com um pau de cobrir. Eram os primeiros jogadores de todo o paiz. Desde Alhandra até à Ribeira de Santarem, campino que usasse de navalha seria a deshonta de uma familia, de avós a netos. Isso hoje mudou, e está muito adeantado com a civilisação!

Não ha cavalleiro em praça, por mais destro que seja, que chegue à elegancia d'um campino, só, desamparado, virando um toiro, que reponta com todo o poder da sua força folgada aos circulos, sobraçando o pampilho, e mettendo-lhe o ferro onde convém. É bonito, ele de destemido; mas, como valor, fazem mais. - Andam lavrando com o gado bravo; ha toiro que se nega a pegar á charrua? Pois não é raro o campino bater-lhe o pé e as palmas, atirar-lhe com o barrete, abrir lhe os braços gritando: - Entra aqui, boi real! - e pegar-lhe desembolado; isto é, jogando a vida presa a um cabello!

Não ha passe de capote, nem de muleta, em que o espada mais arrojado se arrisque com tamanha intrepidez! »
(Pag. 155-157)

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Links externos

Ver também

Referências

  1. Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. II, Lisboa, 1990.