Livro: O Lobo Da Mandragôa: diferenças entre revisões
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Revisão das 18h50min de 20 de maio de 2021
Sobre
- Relevância: ★☆☆
- Título: O Lobo Da Mandragôa; Romance Original Illustrado Com 40 Gravuras
- Autor: Alberto Pimentel (1849-1925)
- Publicação: Lisboa: A.M. Pereira, 1904
- Formato: 360 Páginas
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Excertos da obra
« Já na villa se fallava do «bando do Lobo», que infestava a deshoras as ruas de Guimarães, e alvoroçava os pacíficos habitantes com a cantoria de glosas chocarreiras. Em contraposição a este bando organizou-se outro, capitaneado por um cutileiro de appellido Raposo. Os bandos que promoviam arruidos foram durante séculos um «sport» predilecto da mocidade portugueza, a despeito das «Ordenações», que encarregavam ao corregedor da comarca a missão de averiguar se das «competências ou bandos se seguiam pelejas, revoltas, mortes ou outros males e damnos». Mas a tolerância dos costumes e a própria organização do serviço dos quadrilheiros, que eram tirados d’entre os cidadãos, e não estavam para arriscar a pelle, nem perder as noites, faziam que continuasse impunemente a tradição dos bandos a despeito das «Ordenações.» A lei, em Portugal, tem sido sempre lettra morta. Houve por vezes conflicto entre os dois bandos, que a ronda dos quadrilheiros seria impotente, ainda quando o tentasse, para conter em respeito. Ficavam rachadas algumas cabeças, porque os varapaus de lódão, principal arma do minhoto, ensarilhavam alto com o fim de inutilizar a victima, procurando-lhe o craneo. O bando do Raposo era talvez mais esforçado que o do Lobo, mas não provava tanta petulância, nem tanta disciplina. E a razão estava em que, no primeiro bando, todos se julgavam tão valentes como o chefe, ao passo que o Lobo, entre a sua gente, dispunha de superioridade que lhe provinha do talento poético, da odyssea amorosa pelo Porto e Lisboa, das suas fortunas e desastres com a aventureira de Cantão, e até da pobreza em que se encontrava, como todos os bohemios celebres. Não era a vara de lódão a única arma contundente que o bando do Lobo sabia manejar. O seu chefe, improvisador temível, língua solta e maligna, possuía outra arma talvez mais perigosa para os adversários: era o verso, que chega ao interior dos conventos, dos palácios, das tabernas e alcouces, muito mais elástico, portanto, do que um varapau qualquer. » (páginas 71-72) |
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