Livro: O Lobo Da Mandragôa

Fonte: Jogo do Pau Português
capa do livro

Sobre

  • Relevância: ★☆☆
  • Título: O Lobo Da Mandragôa; Romance Original Illustrado Com 40 Gravuras
  • Autor: Alberto Pimentel (1849-1925)
  • Publicação: Lisboa: A.M. Pereira, 1904
  • Formato: 360 Páginas


Em 1904, Alberto Pimentel publicou um "romance original" com o título O Lobo da Madragoa, onde relata as aventuras e desventuras do poeta António Lobo de Carvalho, nascido em Guimarães em 1733, e que ficaria conhecido pela alcunha que dá título àquela obra. Note-se que não se trata de uma biografia, mas de uma narrativa ficcional, onde a memória histórica se confunde com o produto da imaginação do autor. Pode ser lido online no repositório da Open Library.[1]

Sinopse

«Em 1904, Alberto Pimentel publicou um “romance original” com o título O Lobo da Madragoa, onde relata as aventuras e desventuras do poeta António Lobo de Carvalho, nascido em Guimarães em 1733, e que ficaria conhecido pela alcunha que dá título àquela obra. Note-se que não se trata de uma biografia, mas de uma narrativa ficcional, onde a memória histórica se confunde com o produto da imaginação do autor.»
in Memórias de Araduca de António Amaro das Neves

Resumo do excerto da obra

O excerto retrata a existência de dois bandos na cidade de Guimarães, em Portugal, durante séculos. O "bando do Lobo" era conhecido por infestar as ruas durante a noite e perturbar os habitantes com cantorias provocativas, enquanto o outro, liderado por um cutileiro de sobrenome Raposo, organizou-se como uma contraposição.

Apesar das "Ordenações" que proibiam esses bandos de causar tumultos, a tolerância dos costumes e a organização do serviço dos quadrilheiros permitiam que a tradição continuasse impune. Embora às vezes houvesse conflitos entre os dois bandos, a ronda dos quadrilheiros era impotente para contê-los. Ambos utilizavam varapaus de lódão como principal arma contundente, mas o bando do Lobo também se destacava pelo talento poético de seu líder, suas aventuras amorosas e até mesmo sua pobreza.

Além dos varapaus, o líder do bando do Lobo também possuía uma arma perigosa e elástica: o verso, que conseguia alcançar todos os lugares, desde conventos e palácios até tavernas e prostíbulos. A lei em Portugal, apesar de proibir esses bandos, não conseguia impedi-los de existir, e a tradição continuava impune.

Excerto da obra

« Já na villa se fallava do «bando do Lobo», que infestava a deshoras as ruas de Guimarães, e alvoroçava os pacíficos habitantes com a cantoria de glosas chocarreiras.

Em contraposição a este bando organizou-se outro, capitaneado por um cutileiro de appellido Raposo.

Os bandos que promoviam arruidos foram durante séculos um «sport» predilecto da mocidade portugueza, a despeito das «Ordenações», que encarregavam ao corregedor da comarca a missão de averiguar se das «competências ou bandos se seguiam pelejas, revoltas, mortes ou outros males e damnos».

Mas a tolerância dos costumes e a própria organização do serviço dos quadrilheiros, que eram tirados d’entre os cidadãos, e não estavam para arriscar a pelle, nem perder as noites, faziam que continuasse impunemente a tradição dos bandos a despeito das «Ordenações.»

A lei, em Portugal, tem sido sempre lettra morta.

Houve por vezes conflicto entre os dois bandos, que a ronda dos quadrilheiros seria impotente, ainda quando o tentasse, para conter em respeito. Ficavam rachadas algumas cabeças, porque os varapaus de lódão, principal arma do minhoto, ensarilhavam alto com o fim de inutilizar a victima, procurando-lhe o craneo.

O bando do Raposo era talvez mais esforçado que o do Lobo, mas não provava tanta petulância, nem tanta disciplina.

E a razão estava em que, no primeiro bando, todos se julgavam tão valentes como o chefe, ao passo que o Lobo, entre a sua gente, dispunha de superioridade que lhe provinha do talento poético, da odyssea amorosa pelo Porto e Lisboa, das suas fortunas e desastres com a aventureira de Cantão, e até da pobreza em que se encontrava, como todos os bohemios celebres.

Não era a vara de lódão a única arma contundente que o bando do Lobo sabia manejar. O seu chefe, improvisador temível, língua solta e maligna, possuía outra arma talvez mais perigosa para os adversários: era o verso, que chega ao interior dos conventos, dos palácios, das tabernas e alcouces, muito mais elástico, portanto, do que um varapau qualquer. » (páginas 71-72)

Ler o livro

Pode ler toda a obra directamente na Internet Archive ou fazer o download do PDF (18.1Mb)

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