Artigo: Opinião - Jogo do Pau português conquista adeptos em França

Fonte: Jogo do Pau Português
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Sobre

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  • Título: Jogo do Pau português conquista adeptos em França, por Vitor Matias, Nº 12 de junho 2001
  • Autor: Vitor Matias
  • Publicação: Jornal «Opinião» Nº 12 de junho 2001

Resumo

O artigo relata uma demonstração de Jogo do Pau em Paris, durante as finais do campeonato de França de cana de combate francesa e de pau francês. A demonstração foi realizada por Luís Marinho Alves, um praticante de Jogo do Pau português que vivia na altura em Saint Genis Laval, perto de Lyon, e seus quatro discípulos. A plateia ficou impressionada com a eficácia dos golpes e o barulho causado pelos choques dos varapaus utilizados na prática.

Luís Marinho Alves foi o primeiro português a ensinar o Jogo do Pau em França e tentou promovê-lo na região de Lyon. Apesar de não ser fácil impô-lo em outras atividades, a sua presença em Paris deu a conhecer a arte marcial portuguesa a um público que se tinha deslocado para assistir a competições de cana francesa. Segundo Luís Marinho Alves, o Jogo do Pau português é muito melhor do que a cana francesa ou o pau francês e se houvesse um combate entre a cana francesa e o pau português, a cana não teria hipótese nenhuma de defesa.

Artigo

« Jogo do Pau português conquista adeptos em França

No dia 3 de junho, durante as finais do campeonato de França de cana de combate francesa, e de pau francês, Júlio Marinho e os seus discípulos fizeram uma demonstração de Jogo do pau português. O público presente ficou subjugado.

Luís Marinho Alves vive em Saint Genis laval, perto de Lyon, e há muito que pratica a arte do Jogo do Pau português. Cheio de amor por aquele desporto e boa vontade, tem tentado promove-lo na região, mas não tem sido facil. Mesmo na associação a que ele pertence, nem sempre tem sido fácil impôr o jogo do pau a outras actividades.

Ora, quando foi convidado para vir a Paris fazer uma demonstração - durante as finais do campeonato de Franca de cana de combate - não hesitou: Meteu-se no carro. trouxe consigo 4 discípulos... e os varapaus.

A exibicão foi curta, mas o público aplaudiu bastante, visivelmente surpreendido pela dimensão dos varapaus, a eficácia dos golpes, e o barulho causado pelos choques. Mestre Luís Marinho e quatro jovens de talento simularam combates em que os adversários não se conheciam, mostrando técnicas de defesa de um contra vários jogadores, e simularam uma competição, para marcar pontos.

-"O Jogo do Pau não tem nada a ver com o pau francês ou com a cana. O nosso é muito melhor. Se tivéssesmo um combate entre a cana francesa e o pau português, a cana não teria hipótese nenhuma de defesa," disse-nos ele depois da exibição.

Com efeito, o Jogo do Pau português é considerado como uma Arte marcial portuguesa de origem popular, mas com golpes completamente inéditos a nível mundial. Alguns especialistas afirmam que o Jogo do Pau se inspirou de técnicas divulgadas pelo Rei D. Duarte, no seu livro, «<A Arte de Bem Cavalgar toda a Sela», mas há indícios de que a prática do Jogo do Pau existisse já no tempo dos Celtas, ao Norte do de Portugal. Mas o que é certo é que as gentes da província sempre se exercitaram com a única arma de que dispunham um simples varapau! Este ainda é, normalmente, uma vara de lodão, ou marmeleiro, com cerca de 1,5m de comprimento, que não seja excessivamente pesada, mas bastante resistente.

No Jogo do Pau reconhecem-se três escolas distintas: A do Norte (Minho e Trás-os-Montes, mais conhecida pela 'escola galega'), a do Ribatejo e a de Lisboa. Esta última nasceu no século XVIII, quando os oriundos do Norte do País, imigrados em Lisboa, se distraiam jogando o pau.

O principal animador desta actividade foi Domingos Salreu, muito embora tenha sido José Maria da Silveira (conhecido pelo 'Saloio') quem o introduziu nos meios citadinos, regulamentando a respectiva prática, e personalizando-a. Para isso, acrescentou às técnicas conhecidas na altura elementos que foi buscar à esgrima de sabre e de florete, fazendo com que a escola lisboeta se distinguisse e suplantasse as suas congéneres. Mas as inovações técnicas foram-se generalisando, e acabaram por transformar uma forma de combate algo anárquica numa pratical desportiva que rápidamente ganhou popularidade. «Mesmo se a escola de Lisboa e do Ribatejo evoluiu muito, o jogo que tem mais habilidades é o do Norte de Portugal», disse-nos Luis Marinho, quando lhe perguntamos qual era a técnica que preferia.

Hoje, cada escola conserva estilos próprios. A escola galega distingue-se pelo alcance dos golpes de ponta e pela execução dos rebates com uma mão, ao passo que os praticantes ribatejanos procuram o combate a curta distância, factor que aumenta o risco, e torna os combates mais aparatosos.

A Escola de Lisboa, surgida mais tarde, é bastante segura, possuindo um sistema defensivo organizado, e transformando-se num exercício físico completo em que se mobilizam todas as partes dos corpo.

Mestre Luis Marinho foi o primeiro português a praticar o Jogo do Pau, em França, e a ensinar esta prática numa associaão. A sua presença em Paris deu a conhecer o Jogo do Pau português a um público que se tinha deslocado para assistir a competições de cana francesa, um «pauzinho» com cerca de 50 cm, e 150g de peso. O público ficou subjugado, e mesmo alguns praticantes de cana de combate vieram trocar impressões com o pequeno grupo português. O Jogo do Pau está a ganhar adeptos em França. »


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