José do Telhado
Sobre
... Já no degredo, Zé do Telhado, aproveitando o conhecimento com o capitão-de-fragata Emílio Magalhães Roxo de Almeida, entregou-lhe uma carta dirigida a Camilo (1871), em que ressalta a amizade entre ambos, tratando Camilo por “meu bom amigo” e salientando a “[…] amizade sincera que nos nutrimos de modo recíproco […]”. Nessa missiva, Zé do Telhado descreve a sua vida em Malange, onde contraíra novo casamento e constituíra uma nova família, num degredo perpétuo “[…] que me tem sido agradável, tanto quanto é possível.” Zé do Telhado despede-se de Camilo Castelo Branco com a seguinte frase, que carrega um misto de admiração e amizade:
“Do seu devotado e eterno admirador e kamba ria muxima (em Kimbundu, língua africana falada no noroeste de Angola, a expressão “kamba ria muxima” significa – “amigo do coração”).
Relação de Camilo Castelo Branco com José do Telhado
Memórias do Cárcere narra as personagens e as histórias com que o autor se cruzou durante o seu encarceramento na Cadeia da Relação do Porto suspeito de crime de adultério com a sua amada Ana Plácido, bem como a sua própria vivência.
Uma dessas personagens que Camilo conheceu na Cadeia da Relação do Porto, suspeito de crime de adultério, foi José do Telhado, com o qual conviveu durante algum tempo. Camilo apresenta no seu livro Memórias do cárcere, em traços largos, uma biografia do José do Telhado, pelo que lhe dedica todo o Capítulo XVI, do volume II, acrescido posteriormente de algumas referências.
Conta-se que Camilo, enquanto esteve preso por adultério, temia pela sua vida, pois imaginava que Pinheiro Alves, o marido enganado por Ana Plácido, poderia subornar um preso qualquer para o matar. Esta sua preocupação, que lhe tirava o sono e o sossego, foi transmitida a José do Telhado, que lhe terá respondido “[…] que estivesse descansado, pois se alguém lhe tocasse com um dedo, três dias e três noites não chegariam para enterrar os mortos […]”.
Como reconhecimento por esta protecção, Camilo conseguiu que o seu advogado de defesa fosse também o mesmo para defender o Zé do Telhado. Por esse motivo, José do Telhado teve como defensor o Dr. Marcelino de Matos que o livrou da forca, embora não tivesse conseguido librá-lo do degredo na África Ocidental (Angola), durante 15 anos.
Bibliografia dedicada a José do Telhado
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