Livro: A Justiça da Noite na Ilha Terceira
Sobre
- Relevância: ★★★
- Título: A Justiça da Noite na Ilha Terceira
- Autor: Borges Martins
- Publicação: Angra do Heroísmo, BLU Edições, 2006
- Formato: Capa dura, 396 Páginas (24 cm x 17 cm)
A Justiça da Noite na Ilha Terceira de Borges Martins é um livro que reúne um conjunto de testemunhos históricos sobre a vida e a sociedade na Ilha Terceira, nos Açores, durante os séculos XVIII e XIX.
Obra apoiada pela pela Câmara Municipal da Praia da Vitória, Junta de Freguesia dos Biscoitos, Junta de Freguesia da Vila das Lajes, Bensaude Turismo e Naviangra. Reúne 78 testemunhos de outras tantas pessoas inquiridas sobre a Justiça da Noite e que, de forma direta ou indirecta, viveram de perto esse movimento popular.
Obra composta por duas partes, uma dedicada à justiça popular nos baldios e a outra à justiça dos costumes.
Sinopse
A "Justiça da Noite", fora da questão dos baldios, funcionou como uma poderosa instituição, revestida dum altentinco secretismo, com que as populações dos meios rurais exerciam o seu poder de punir actos que lesavam os seus interesses e destruíam a sua unidade moral e social. Em quase todas as freguesias se registaram actos de Justiça da Noite, a qual intervinha no caso de separação do cônjuge, casal desavindo, amancebado, namoro indecoroso, obstrução de servidão, partilhas mal executadas, proibição do uso de águas, renda de casa em dívida, incumprimento de contrato ou de negócio, burla, furto, etc.
Era constituída por um grupo de indivíduos que tinha acção directa na manutenção dos costumes, da paz e da moral no seio das famílias e que, para efectuarem qualquer acção, reuniam-se a desoras e embuçavam-se para não serem conhecidos, dado que, as suas vítimas, podiam denúnciá-los às autoridades. Muniam-se de bordões, varapaus, espingardas, etc., para se sentirem mais seguros na execução dos seus planos. Actuava pela ameaça e, vexame moral, para intimidar o transgressor e obrigá-lo, por este meio de coacção, a corrigir-se, o que, algumas vezes, não acontecia. (Do Livro, pág. 217)
Excertos da obra
«
- Vinham de cara tapada? |
«
- E o que é que levavam nas mãos? |
«
- Eles não vos conheceram?
- Não, que a gente ia com capuchos! E cada um levava um bordão na mão que era pra dar no casco de algum!» |
«
Conta o caso de seu avô, Manuel Nobre Fernandes, conhecido na freguesia da Agualva, por o "Espanhol". Um grupo de indivíduos, armados
de bordões, agrediram-no à paulada desde o Terreiro da Agualva até junto da ponte, os quais lhe bateram na cabeça resultando dai a sua morte. Este episódio ficou conhecido, na Agualva, pelo "Caso do Espanhol". |
Links Externos
Ver também
- Saiba mais sobre a "Justiça da Noite"
- Consulte toda a Bibliografia