Livro: A ambição dum rei
Sobre
- Relevância: ★☆☆
- Título: A Ambição d'um Rei
- Autor: Eduardo de Noronha (1859-1948)
- Publicação: Lisboa : Secção editorial de "A Editora", 1903
- Formato: 3 volumes (24 x 17 cm)
Romance Histórico com ilustrações a cores de Manuel de Macedo e Alfredo Roque Gameiro.
Resumo do excerto da obra
O excerto retrata um confronto entre os personagens Pero Gonçalo e Lourenço contra um grupo de bandidos, que arquitetaram uma cilada para os dois amigos. Com habilidade no jogo do pau, os escudeiros conseguem resistir aos ataques dos malandros. No final, um dos agressores é derrotado e fica com o crânio aberto. A narrativa é rica em detalhes e proporciona uma imersão no ambiente em que a história se passa, além de mostrar a coragem e habilidade dos personagens em uma situação de risco.
Excerto da obra
« Pero Gonçalo estava dementado de todo queria alira-se ao senbor Ambrozio, mas Lourenço, que conservara todo o sangue frio, conheceu immediatamente que lhes fora armada una cilada. Segurou o amigo e mostrou-lhe os bandidos que se tinham postado n'um dos cantos e os que estavam em frente da porta, armadus de varapaus, fueiros e ancinhos. A situação era comprometedou. Os dois nanobraram de maneira a ficar encostados ao único canto que licava livre, e Pero, com um monumental pontapé, derrubou a mesa, que, ao tombar, embarrou nas pernas dos aggressores e lhes fez perder um tanto a serenidade. Lourenço Domingues, que percebera esta momentanea contusão, deu um salto prodigioso, agarrou o fueiro que um dos malandrins manejava e arrancou-lo. Pero Lourenço apoderou-se de um escabelo dos que rodeavam a mesa, bateu com elle na parede e ficou remediado com um dos pés e uma parte do assento, clava terrivel em taes mãos. Isto levou menos tempo a executar que nós a relata-lo. A brusca audacia dos portuguezes paralysou por segundos a furia dos atacantes. - A elles gritou o senhor Ambrozio Móstoles brandindo uma das espadas de que se apossara á traição - A elles! que são beltranejos e veem insultar as nossas mulheres a terras de Castella. Estas exclamações tiveram o condão de accender novas brios aos precavidos extremenhos, que para arremeterem com dois homens indefesos eram pelo menos doze. Não contavam, porém, com o estofo de que eram feitos os escudeiros. - Meu querido S. Gonçalo, que bailarico vamos ter aqui. Esta romaria tem de ser falada. Os velhacos estavam agora em semi-circulo e pareciam obedecer a um plano tacitamente combinado investir ao mesmo tempo. Arredaram a mesa que os estorvava e cresceram. Os paus cortaram o ar em verliginosos sarilhos, e procuravam aggredir Pero e Lourenço, mas ainda a distancia. O sangue frio dos escudeiros presagiava que a victoria não seria tão fácil quanto á primeira viasta se lhes aligurou, e até o proprio senhor Ambrozio, que não largava a toledana, cautamente se poz na retaguarda da cohorte como para a incitar, mas na realidade para ficar ao abrigo de qualquer paulada que no auge da balburdia se lembrasse de lhe amolgar as custellas. Um dos bordões depois de descrever um arco ameaçador baixava-se célere sobre a cabeça de Lourenço. Este, para quem o jogo do pau não tinha segredos, apanhou a pancada no lucito que empunhava, o cajado do contrario resvalou, e antes de o tornar a erguer recebia una pontoada no peito que o obrigava, gollando sangue, a abandonar a luta; outro mais atrevido approximou-se de Pero e tentava feri-lo na cara; Pero fugiu com o corpo, e, n'um abrir e fechar de olhos o figurão estava no solo com o craneo aberto. » |
Links externos
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