Livro: Guia de Portugal IV - Entre Douro e Minho II

Fonte: Jogo do Pau Português
capa do livro


Sobre

  • Relevância: ★☆☆
  • Título: Guia de Portugal IV - Entre Douro e Minho II
  • Autor: Sant'Anna Dionísio, direcção de Raúl Proença
  • Publicação: 4ª Edição de 2013, editora Fundação Gulbenkian
  • Formato: Capa dura, cerca de 1331 pág.


Com 1ª edição de 1924 mas com reescrita e reedição nos anos 60, este é o mais completo Guia de Portugal. Entre os seus colaboradores contam-se nomes como Raul Brandão, Aquilino Ribeiro, Jaime Cortesão, António Sérgio, Matos Sequeira, Teixeira de Pascoaes, Reynaldo dos Santos, José de Figueiredo, Raul Lino, Orlando Ribeiro, Francisco Keil do Amaral ou Santanna Dionísio. Mas o seu primeiro mentor foi mesmo Raul Proença e alguns dos seus textos são prosa de minuciosa originalidade e fulgurante poesia. [1]

Excertos da obra

Descrição da região do Minho por Sant'Anna Dionísio:

« À noite, aqui e além, no negrume dos campos, rebrilham lumes e sobem risadas, apupos e acordes de ranchos de raparigas. São as esfolhadas, que duram até noite alta e terminam em folias e danças e, uma vez por outra, em duas ou três pauladas, vibradas entre uivos e gritaria do mulherio... » (pág.712)

Etnogria e história da região das Terras de Basto:

« Meio oculta entre os possantes raizeiros das serras da Cabreira, de Barroso e do Alvão e relativamente afastada das duas antigas vias de Trás -os-Montes (Amarante e Venda a Nova), a região de Basto não participou, pode dizer-se, de qualquer facto histórico de relevo. As únicas «batalhas» que aí se terão travado foram as refregas que uma vez ou outra se derimiam com lodos redopiantes, por via de qualquer questo de água ou quesílias de romaria. Dessas «guerras», por vezes homéricas, mas obscuras, não rezam as crónicas.

Sem toque de cornetim, os dois bandos, movidos por pundonores de tipo corso ou atávicas malquerenças de «lugares» vizinhos, encontravam-se em qualquer sítio ou encruzilhada e, a um simples brado regougado -«Eh, amigos! É agora!»-, entravam a matar, escachando-se o melhor que podiam com pauladas estralejantes e secas. Os atingidos iam caindo de gatas e juncando o chão de refrega. Ao cabo de meia hora (metade do tempo de Aljubarrota) a rixa mortífera estava concluída, levando os que levavam a melhor os seus feridos aos ombros ou em padiolas improvisadas com os próprios vergueiros e ficando os vencidos a morder o pó, entre charcos rubros e roncos de estertor.

Essas lutas tão obscuras como os possíveis combates travados há dois ou três mil anos entre os moradores de Briteiros e de Sabroso, são uma espécie de luxo e de timbre da coragem indomável do genuino homem de Basto. » (pág.1290)

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Ver também

Referências