Livro: Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança: diferenças entre revisões

Fonte: Jogo do Pau Português
Sem resumo de edição
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A 22 de Março de 1868 fizeram-se as eleições de deputados. Pelo círculo de Vinhais (...) Houve protesto contra o acto eleitoral de Penhas Juntas e Vinhais. O desta última fundava-se em que não tinha havido liberdade na urna porque nos dias anteriores ao da eleição o administrador do concelho (...)
A 22 de Março de 1868 fizeram-se as eleições de deputados. Pelo círculo de Vinhais (...) Houve protesto contra o acto eleitoral de Penhas Juntas e Vinhais. O desta última fundava-se em que não tinha havido liberdade na urna porque nos dias anteriores ao da eleição o administrador do concelho (...)


(...) que à contagem das listas levantaram grande tumulto e vozeria no adro da igreja e às portas da Assembleia vários empregados e agentes do administrador, '''armados todos de machados, paus, fouces-roçadouras e bacamartes'', armando-se o próprio administrador com uma '''fouce-roçadoura''' e seu irmão com um grande facalhão; (...)
(...) que à contagem das listas levantaram grande tumulto e vozeria no adro da igreja e às portas da Assembleia vários empregados e agentes do administrador, '''armados todos de machados, paus, fouces-roçadouras e bacamartes''', armando-se o próprio administrador com uma '''fouce-roçadoura''' e seu irmão com um grande facalhão; (...)


Ao terminar esta irregularissima operação (a do apuramento dos votos) uma horda de selvagens de Moimenta, '''armados de paus ferrados''
Ao terminar esta irregularissima operação (a do apuramento dos votos) uma horda de selvagens de Moimenta, '''armados de paus ferrados'''
e '''fouces-roçadouras''', invadiu o templo sem respeito pela religião nem consideração pela vida dos seus concidadãos, quebrou para cima de trinta cabeças, havendo mais de cem ferimentos e muitos braços fracturados.
e '''fouces-roçadouras''', invadiu o templo sem respeito pela religião nem consideração pela vida dos seus concidadãos, quebrou para cima de trinta cabeças, havendo mais de cem ferimentos e muitos braços fracturados.
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== Ver também ==
== Ver também ==



Revisão das 17h29min de 14 de agosto de 2023

capa do livro

Sobre

  • Relevância: ★★☆
  • Título: Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança
  • Autor: Padre F. Manuel Alves (1865-1947)
  • Publicação: Porto: Tipografia a Vapor da Empresa Guedes, 1910
  • Formato 401 páginas


Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança ou repositorio amplo de noticias chorographicas, hydro-orographicas, geologicas, mineralogicas, hydrologicas, biobliographicas, heráldicas, etymologicas, industriaes e estatisticas interessantes tanto à historia profana como ecclesiastica do districto de Bragança. Composto por 11 Volumes.

O Abade de Baçal foi o padre e historiador português Francisco Manuel Alves, nascido em Bragança, Portugal, em 1864 e falecido em 1947. Ele ficou conhecido como Abade de Baçal por ter sido pároco na freguesia de Baçal, no distrito de Bragança. Dedicou a sua vida a recolher testemunhos arqueológicos, etnológicos e históricos respeitantes à região de Trás-os-Montes e, especialmente ao distrito de Bragança. Autodidacta erudito, rústico e pitoresco.[1]

Resumo

Podemos encontrar no 1.º volume (Porto, Typographia a Vapor da Empresa Guedes, 1909), relatos do abade de Baçal, sobre lutas entre aldeias rivais, relativos a finais do século XIX e princípios do século XX, uma das quais chegou a durar um dia e uma noite e fez muitos mortos e feridos. [2]

Podemos encontrar no 7.º volume (Os notáveis - Porto: Tipografia da Empresa Guedes, 1931), Canedo, um "varredor" de feiras e romarias nos séculos passados. Era um brigão notável, natural de Santulhão, concelho de Vimioso, que eventualmente encontrou o seu fim num motim durante a romaria do Santo Antão da Barca, no concelho de Alfândega da Fé, em 1902.[3]

Excerto

« A 22 de Março de 1868 fizeram-se as eleições de deputados. Pelo círculo de Vinhais (...) Houve protesto contra o acto eleitoral de Penhas Juntas e Vinhais. O desta última fundava-se em que não tinha havido liberdade na urna porque nos dias anteriores ao da eleição o administrador do concelho (...)

(...) que à contagem das listas levantaram grande tumulto e vozeria no adro da igreja e às portas da Assembleia vários empregados e agentes do administrador, armados todos de machados, paus, fouces-roçadouras e bacamartes, armando-se o próprio administrador com uma fouce-roçadoura e seu irmão com um grande facalhão; (...)

Ao terminar esta irregularissima operação (a do apuramento dos votos) uma horda de selvagens de Moimenta, armados de paus ferrados e fouces-roçadouras, invadiu o templo sem respeito pela religião nem consideração pela vida dos seus concidadãos, quebrou para cima de trinta cabeças, havendo mais de cem ferimentos e muitos braços fracturados. »
(Página 223-225)

« Carção e Santulhão

É antiga a rivalidade entre estas duas povoações. Ultimamente, porém, havia já passante de quarenta anos que se davam bem. Mas em Junho de 1901 quiseram bater, em Santulhão, num homem de Carção e depois, como desforço tundiram nesta povoação um dos tais pretensos batedores. Na feira de Izeda de 26 de Julho tornaram-lhe a jeira, espancando um de Carção.

Na festa da Senhora das Graças, os de Santulhão vieram armados com paus e fouces, mas como os não deixassem entrar senão desarmados retiraram sem querer assistir à festa. Passados dias, foram três homens de Santulhão a Carção, dizem que por aposta, pimponice de valentões, mas foram espancados fortemente. Chegadas assim as coisas ao ponto de tensão máxima, os de Santulhão no dia 1 de Setembro desse ano de 1901 resolvem ir sobre os seus rivais, armados de paus, foices, armas de fogo, etc. Apenas a notícia corre em Carção, tocam os sinos a rebate e tudo, até mulheres e velhos, marcha ao encontro dos invasores que encontram nas eiras de S. Roque. Ferve a pancadaria: um de Santulhão cai logo morto e outro gravemente ferido, e só então é que os desta povoação retiram perseguidos até às marras do termo. De parte a parte o número dos feridos foi avultado. »
(Página 231-232)

Ver também

Referências

  1. https://pt.wikipedia.org/wiki/Abade_de_Ba%C3%A7al
  2. Livro "O sangue e a rua : elementos para uma antropologia da violência em Portugal (1926-1946) (ver mais)
  3. Livro «Cancioneiro Tradicional e Danças Populares Mirandesas» de 1984 (ver mais)