Livro: O Malhadinhas: diferenças entre revisões

Fonte: Jogo do Pau Português
Sem resumo de edição
(Há 12 edições intermédias do mesmo utilizador que não estão a ser apresentadas)
Linha 16: Linha 16:




Inicialmente incluído em Estrada de Santiago (1922), '''''O Malhadinhas''''' acabaria por se tornar numa das mais conhecidas obras de Aquilino Ribeiro quando foi publicado em volume autónomo em 1958 (o autor acrescentar-lhe-ia a novela Mina de Diamantes). Em forma de monólogo, a obra conta-nos a história de um almocreve, ''[[o Malhadinhas]]'', um serrano rústico, grosseiro e matreiro, que não tem quaisquer problemas em usar a «faquinha» que traz à cintura para corrigir o que entende por injusto. Defendendo-se à navalhada e golpes de pau (e por vezes a tiro) dos inimigos com que se vai deparando ao longo dos caminhos e da vida, ''O Malhadinhas'' presenteia-nos com uma série de episódios picarescos, num tom coloquial repleto de expressões idiomáticas, trazendo-nos o retrato de um Portugal esquecido.
Inicialmente incluído em Estrada de Santiago (1922), '''''O Malhadinhas''''' acabaria por se tornar numa das mais conhecidas obras de ''Aquilino Ribeiro'' quando foi publicado em volume autónomo em 1958 (o autor acrescentar-lhe-ia a novela Mina de Diamantes). Em forma de monólogo, a obra conta-nos a história de um almocreve, ''[[o Malhadinhas]]'', um serrano rústico, grosseiro e matreiro, que não tem quaisquer problemas em usar a «faquinha» que traz à cintura para corrigir o que entende por injusto. Defendendo-se à navalhada e golpes de pau (e por vezes a tiro) dos inimigos com que se vai deparando ao longo dos caminhos e da vida, ''O Malhadinhas'' presenteia-nos com uma série de episódios picarescos, num tom coloquial repleto de expressões idiomáticas, trazendo-nos o retrato de um Portugal esquecido.


== Excertos da obra ==
== Excertos da obra ==
Segundo o livro, [[O Malhadinhas]] foi discípulo do Chico Pedreiro, de Ermesinde (que, diz-se, com o pau parava as pedradas que dois homens lhe atiravam).
{| class="wikitable" style="text-align: left;"
|-
|
«
E Deus fale na alma  do Chico Pedreiro, de Ermesinde, que veio da sua terra para a nossa erguer paredes e, começava eu a espigar, ia para trás do cemitério ensinar-me a jogar o pau! Apanhei muita negra nas mäos e nos braços, mas, honra lhe seja, aprendi o manejo todo.
Graças a ele e à presença de Rita, que me incutia vontade de ser homem, pude varrer aquela desfeita com brio! O Chico Pedreiro era a alma
dum jogador! Dois homens a atirar-lhe pedras, as pedras a choverem umas atrás das outras por cima dele, e ele parava-as só com o pau.
»
|-
|}


Defendendo-se à navalhada e golpes de pau (e por vezes a tiro) dos inimigos com que se foi deparando ao longo dos caminhos e da vida, Malhadinhas confessa:
Defendendo-se à navalhada e golpes de pau (e por vezes a tiro) dos inimigos com que se foi deparando ao longo dos caminhos e da vida, Malhadinhas confessa:
Linha 69: Linha 83:
|-
|-
|}
|}
== Ler o livro ==
Pode ler toda a obra directamente na [https://vdocuments.mx/aquilino-ribeiro-o-malhadinha.html?page=1 Vdocuments MX]
ou fazer o download do [https://vdocuments.mx/download/aquilino-ribeiro-o-malhadinha.html PDF]
<embed width="100%">https://vdocuments.mx/embed/v1/aquilino-ribeiro-o-malhadinha</embed>


== Galeria de imagens ==
== Galeria de imagens ==
Linha 79: Linha 100:
Image:Ilustração_malhadinhas_3.jpg
Image:Ilustração_malhadinhas_3.jpg
Image:Ilustração_malhadinhas_4.jpg
Image:Ilustração_malhadinhas_4.jpg
</gallery>
* Outras imagens
<gallery mode="traditional">
Image: Capa_livro_o_malhadinhas.jpg|Capa de livro (1958) com dois jogadores
</gallery>
</gallery>


== Ver também ==
== Ver também ==
* [[O Malhadinhas|Quem era o Malhadinhas ou António da Rocha Malhada]]
* Consulte toda a [[Bibliografia]]
* Consulte toda a [[Bibliografia]]


== Links externos ==
== Links externos ==
* [https://pt.wikipedia.org/wiki/Aquilino_Ribeiro AquilinoRibeiro – Wikipédia]
 
* [https://pt.wikipedia.org/wiki/Aquilino_Ribeiro Aquilino Ribeiro – Wikipédia]
* [https://www.google.com/search?q=livro+o+malhadinhas&tbm=shop Consulte no ''Google'' onde pode comprar este livro]
* [https://www.google.com/search?q=livro+o+malhadinhas&tbm=shop Consulte no ''Google'' onde pode comprar este livro]
* [https://jogodopau.wiki/images/9/9d/Etnografia_de_AquilinoRibeiro.pdf Etnografia de Aquilino Ribeiro por ''José Manuel Sobral''‎]
* [https://jogodopau.wiki/images/9/9d/Etnografia_de_AquilinoRibeiro.pdf Etnografia de Aquilino Ribeiro por ''José Manuel Sobral''‎]


== Referências ==
== Referências ==

Revisão das 16h18min de 6 de julho de 2023

capa do livro

Sobre

  • Relevância: ★★☆
  • Título: O Malhadinhas
  • Autor: Aquilino Ribeiro (1885-1963)
  • Publicação: 1ª publicação na Coletânea A Estrada de Santiago, em 1922


Inicialmente incluído em Estrada de Santiago (1922), O Malhadinhas acabaria por se tornar numa das mais conhecidas obras de Aquilino Ribeiro quando foi publicado em volume autónomo em 1958 (o autor acrescentar-lhe-ia a novela Mina de Diamantes). Em forma de monólogo, a obra conta-nos a história de um almocreve, o Malhadinhas, um serrano rústico, grosseiro e matreiro, que não tem quaisquer problemas em usar a «faquinha» que traz à cintura para corrigir o que entende por injusto. Defendendo-se à navalhada e golpes de pau (e por vezes a tiro) dos inimigos com que se vai deparando ao longo dos caminhos e da vida, O Malhadinhas presenteia-nos com uma série de episódios picarescos, num tom coloquial repleto de expressões idiomáticas, trazendo-nos o retrato de um Portugal esquecido.

Excertos da obra

Segundo o livro, O Malhadinhas foi discípulo do Chico Pedreiro, de Ermesinde (que, diz-se, com o pau parava as pedradas que dois homens lhe atiravam).

« E Deus fale na alma do Chico Pedreiro, de Ermesinde, que veio da sua terra para a nossa erguer paredes e, começava eu a espigar, ia para trás do cemitério ensinar-me a jogar o pau! Apanhei muita negra nas mäos e nos braços, mas, honra lhe seja, aprendi o manejo todo.

Graças a ele e à presença de Rita, que me incutia vontade de ser homem, pude varrer aquela desfeita com brio! O Chico Pedreiro era a alma dum jogador! Dois homens a atirar-lhe pedras, as pedras a choverem umas atrás das outras por cima dele, e ele parava-as só com o pau. »

Defendendo-se à navalhada e golpes de pau (e por vezes a tiro) dos inimigos com que se foi deparando ao longo dos caminhos e da vida, Malhadinhas confessa:

« O Pau defendia-me de cão, de malta frente a frente, mas para jogos de falsa fé e pessoas de mau sentido não havia como uma faquinha. »

Um dos episódios mais emblemáticos de Malhadinhas, passa-se em Santa Eulália, quando este se vê confrontado com um jogador de pau local, descrito como «(..) um varredor de feiras temível. Está para nascer o primeiro que lhe faça sombra.».

O desafiante aposta uma moeda de ouro de D. João V - que Malhadinhas dispensa caso ganhe, mas que a paga em dinheiro o seu valor caso perca – e, agarrando ao seu lódão (varapau de lódão), pede a Rita uma faca, uma navalhinha como diz, porque o intuito não será fazer mal…

Iniciado o jogo entre os dois, rodeados pela população, Malhadinhas conta, segundo as palavras de Aquilino: [1]

« (…) e à voz: é uma! é duas! é três! Só armei para receber o pimpão que caía sobre mim de pancada alta. Varri o golpe e, a tentear-lhe o manejo, comecei a parar com brandura, como a medo.(…) Tau-tau, a defender-se duma pancada ao ombro, facilitou-se-me pular-lhe ao peito, e limpei-lhe o primeiro botão, o rei. Foi tão rápido que ninguém reparou e mal me deu tempo para varrer a resposta que me mandava à cabeça.(…) Dois botões, capitão e soldado, foram à viola, um a seguir do outro, tão calados e cerces como o primeiro. E, racha contra racha, continuámos estre-loiçando.(…)

(…) quando o pau dele, vergastado pelo meu, rodou por largo e desceu adormecido, que degolei o meu quarto botão, o ladrão. E obra com asseio; ninguém viu, como aliás suceda das outras vezes. O colete tinha cinco botões, faltava-me o último, o segundo rei. (…)

E eu pude rematar a partida, ripando-lhe o último botão, com mais mandinga e disfarce que no jogo da vermelhinha. - Bastará? – pronunciei eu, plantando-me em meia defesa. O homem aprumou o pau, encostando-se a ele, pôs-se a limpar o suor da testa. »

Quando o povo berra e felicita ambos os jogadores, não havendo vencedor, nem vencido, Malhadinhas interrompe:

« - Alto lá! – brandei. – Há vencedor e vencido, se é que não morreu o Direito em Portugal. Olhem bem! Afirmavam-se todos para mim, afirmavam-se depois para ele e não percebiam.

- Abotoe lá o colete, camarada! – tornei eu para o mata-sete. – Abotoe-o que se lhe desabotoou. Está suado e pode apanhar uma pneumonia… O fanfarrão ia fazer o que eu lhe indicara e, como pelo facto não encontrasse os botões, procurou-os com a vista.(…)
Mande vir uma agulha – e, ao mesmo tempo que isto dizia, deitando entre o pulso e o canhão da véstia, mostrei o canivete que segara os botões.

Ficaram todos suspensos quando vieram ao entendimento completo da façanha. »

Ler o livro

Pode ler toda a obra directamente na Vdocuments MX ou fazer o download do PDF

Galeria de imagens

  • Ilustrações para O Malhadinhas de «Bernardo Marques»[2]
  • Outras imagens

Ver também

Links externos

Referências

  1. LOPES, Paulo, O Jogo do Pau Português, 5livros, 2020 (sobre o livro)
  2. Ilustrações para o Malhadinhas no Museu Calouste Gulbenkian