Livro: O Malhadinhas

Fonte: Jogo do Pau Português
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capa do livro

Sobre

  • Autor: Aquilino Ribeiro
  • Publicação: 1ª publicação na Coletânea A Estrada de Santiago, em 1922


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Excertos da obra

Defendendo-se à navalhada e golpes de pau (e por vezes a tiro) dos inimigos com que se foi deparando ao longo dos caminhos e da vida, Malhadinhas confessa:

« O Pau defendia-me de cão, de malta frente a frente, mas para jogos de falsa fé e pessoas de mau sentido não havia como uma faquinha. »

Um dos episódios mais emblemáticos de Malhadinhas, passa-se em Santa Eulália, quando este se vê confrontado com um jogador de pau local, descrito como «(..) um varredor de feiras temível. Está para nascer o primeiro que lhe faça sombra.».

O desafiante aposta uma moeda de ouro de D. João V - que Malhadinhas dispensa caso ganhe, mas que a paga em dinheiro o seu valor caso perca – e, agarrando ao seu lódão (varapau de lódão), pede a Rita uma faca, uma navalhinha como diz, porque o intuito não será fazer mal…

Iniciado o jogo entre os dois, rodeados pela população, Malhadinhas conta, segundo as palavras de Aquilino:

« (…) e à voz: é uma! é duas! é três! Só armei para receber o pimpão que caía sobre mim de pancada alta. Varri o golpe e, a tentear-lhe o manejo, comecei a parar com brandura, como a medo.(…) Tau-tau, a defender-se duma pancada ao ombro, facilitou-se-me pular-lhe ao peito, e limpei-lhe o primeiro botão, o rei. Foi tão rápido que ninguém reparou e mal me deu tempo para varrer a resposta que me mandava à cabeça.(…) Dois botões, capitão e soldado, foram à viola, um a seguir do outro, tão calados e cerces como o primeiro. E, racha contra racha, continuámos estre-loiçando.(…)

(…) quando o pau dele, vergastado pelo meu, rodou por largo e desceu adormecido, que degolei o meu quarto botão, o ladrão. E obra com asseio; ninguém viu, como aliás suceda das outras vezes. O colete tinha cinco botões, faltava-me o último, o segundo rei. (…)

E eu pude rematar a partida, ripando-lhe o último botão, com mais mandinga e disfarce que no jogo da vermelhinha. - Bastará? – pronunciei eu, plantando-me em meia defesa. O homem aprumou o pau, encostando-se a ele, pôs-se a limpar o suor da testa. »

Quaando op ovo berra e felicita ambos os jogadores, não havendo vencedor, nem vencido, Malhadinhas interrompe:


« O«- Alto lá! – brandei. – Há vencedor e vencido, se é que não morreu o Direito em Portugal. Olhem bem! Afirmavam-se todos para mim, afirmavam-se depois para ele e não percebiam. - Abotoe lá o colete, camarada! – tornei eu para o mata-sete. – Abotoe-o que se lhe desabotoou. Está suado e pode apanhar uma pneumonia… O fanfarrão ia fazer o que eu lhe indicara e, como pelo facto não encontrasse os botões, procurou-os com a vista.(…) Mande vir uma agulha – e, ao mesmo tempo que isto dizia, deitando entre o pulso e o canhão da véstia, mostrei o canivete que segara os botões. Ficaram todos suspensos quando vieram ao entendimento com-pleto da façanha.» »

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