O Malhadinhas: diferenças entre revisões

Fonte: Jogo do Pau Português
Sem resumo de edição
 
(Há 33 edições intermédias do mesmo utilizador que não estão a ser apresentadas)
Linha 20: Linha 20:
== Sobre ==
== Sobre ==


'''''António da Rocha Malhada''''', mais conhecido por ''Malhadinhas'', nasceu em Vila Nova de Paiva (ajudengado nome, chamou-lhe Aquilino Ribeiro, que no séc. XIX deram à povoação de Barrelas) em 1830 e faleceu a 23 de março de 1914. Apresentava-se como um serrano rústico, grosseiro e matreiro, almocreve  de profissão. Casou com ''Brizia da Rocha Malhada'' e teve cinco filhos.
'''''António da Rocha Malhada''''', mais conhecido por ''Tio Malhadinhas'', como era conhecido na Vila Nova de Paiva (ajudengado nome, chamou-lhe Aquilino Ribeiro, que no séc. XIX deram à povoação de Barrelas), onde nasceu em 1830 e faleceu aos 84 anos em 23 de março de 1914, de “bronquite crónica”, como consta no seu registo de óbito.<ref>https://www.ruadireita.pt/editorial/vila-nova-de-paiva-honra-a-cultura-e-os-seus-ascendentes-23476.html</ref>


Defendendo-se à navalhada e golpes de pau (e por vezes a tiro) dos inimigos com que se foi deparando ao longo dos caminhos e da vida, Malhadinhas confessa: «O Pau defendia-me de cão, de malta frente a frente, mas para jogos de falsa fé e pessoas de mau sentido não havia como uma faquinha.»
Apresentava-se como um serrano rústico, grosseiro e matreiro, almocreve de profissão. Defendendo-se à navalhada e golpes de pau (e por vezes a tiro) dos inimigos com que se foi deparando ao longo dos caminhos e da vida, Malhadinhas confessa:


Malhadinhas é o protagonista da novela epónima da autoria de Aquilino Ribeiro (1885-1963), publicado pela primeira vez na coletânea A Estrada de Santiago, em 1922. Um livro de leitura obrigatória!
''«O Pau defendia-me de cão, de malta frente a frente, mas para jogos de falsa fé e pessoas de mau sentido não havia como uma faquinha.»''


== Excertos da obra de Aquilino Ribeiro ==
Malhadinhas é o protagonista da novela epónima da autoria de ''Aquilino Ribeiro'' (1885-1963), publicado pela primeira vez na coletânea ''«A Estrada de Santiago»'', em 1922. Redigida sob a forma de um monólogo, ao longo de dez capítulos, ''Malhadinhas'', conta a sua “crónica”, ponteada de coragem, matreirice e pertinácia, a «escrivães da vila e manatas». Podemos conhecer a atribulada história da sua vida como almocreve que percorre um mundo que vai de ''Aveiro'', onde compra sal, a ''Barrelas'', onde o vende, tendo os seus divertimentos e aventuras em cada local onde pernoita. Casou com a sua prima, ''Brízida Penisa da Rocha Malhada''<ref>https://geneall.net/pt/forum/169889/descendentes-do-malhadinhas/</ref>, filha de ''Manuel da Rocha Malhada''<ref>https://geneall.net/pt/nome/2461730/antonio-da-rocha-malhada-o-malhadinhas/</ref> . Com Brízida, ''Malhadinhas'' teve dezanove filhos.<ref>https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$malhadinhas</ref>


Um dos episódios mais emblemáticos de Malhadinhas, passa-se em Santa Eulália, quando este se vê confrontado com um jogador de pau local, descrito como:
Malhadinhas foi discípulo de ''Chico Pedreiro'', de ''Ermesinde'', que veio para ''Barrelas'' erguer paredes e, tinha as suas aulas por detrás do cemitério. Segundo ''Malhadinhas «apanhou muita negra nas mãos e nos braços, mas, honra lhe seja, aprendeu o manejo todo.»''. Dizia também que ''«Chico Pedreiro era a alma dum jogador! Dois homens a atirar-lhe pedras, as pedras a choverem umas atrás das outras por cima dele, e ele parava-as só com o pau.»''.


{| class="wikitable" style="text-align: left;"
''Malhadinhas'' além de ser um exímio jogador de pau, também usava a sua faca quando era preciso. A sua mestria no jogo da faca, fez com que durante uma luta de pau, conseguisse cortar simultaneamente todos os botões do colete do seu oponente.
|-
|
«(..) um varredor de feiras temível. Está para nascer o primeiro que lhe faça sombra.».
|-
|}


O desafiante aposta uma moeda de ouro de D. João V - que Malhadinhas dispensa caso ganhe, mas que a paga em dinheiro o seu valor caso perca – e, agarrando ao seu lódão (varapau de lódão), pede a Rita uma faca, uma navalhinha como diz, porque o intuito não será fazer mal…
== Alguma bibliografia dedicada a Malhadinhas ==


Iniciado o jogo entre os dois, rodeados pela população, Malhadinhas conta, segundo as palavras de Aquilino:
* RIBEIRO, Aquilino, O Malhadinhas, Lisboa: Bertrand, 1958 ([[Livro: O Malhadinhas|ver livro]])
<ref>LOPES, Paulo, ''O Jogo do Pau Português'', 5livros, 2020 ([[Livro: O Jogo do Pau Português (a arte marcial portuguesa com séculos de prática)|sobre o livro]])</ref>


{| class="wikitable" style="text-align: left;"
== Vídeo Wikipédia ==
|-
|
«(…) e à voz: é uma! é duas! é três! Só armei para receber o pimpão que caía sobre mim de pancada alta. Varri o golpe e, a tentear-lhe o manejo, comecei a parar com brandura, como a medo.(…) Tau-tau, a defender-se duma pancada ao ombro, facilitou-se-me pular-lhe ao peito, e limpei-lhe o primeiro botão, o rei. Foi tão rápido que ninguém reparou e mal me deu tempo para varrer a resposta que me mandava à cabeça.(…) Dois botões, capitão e soldado, foram à viola, um a seguir do outro, tão calados e cerces como o primeiro. E, racha contra racha, continuámos estre-loiçando.(…)


(…) quando o pau dele, vergastado pelo meu, rodou por largo e desceu adormecido, que degolei o meu quarto botão, o ladrão. E obra com asseio; ninguém viu, como aliás suceda das outras vezes. O colete tinha cinco botões, faltava-me o último, o segundo rei. (…)
<youtube>0No3LINE4nU</youtube>
E eu pude rematar a partida, ripando-lhe o último botão, com mais mandinga e disfarce que no jogo da vermelhinha.
- Bastará? – pronunciei eu, plantando-me em meia defesa.
 
O homem aprumou o pau, encostando-se a ele, pôs-se a limpar o suor da testa.»
|-
|}
 
Quando o povo berra e felicita ambos os jogadores, não havendo vencedor, nem vencido, Malhadinhas interrompe:
 
{| class="wikitable" style="text-align: left;"
|-
|
«- Alto lá! – brandei. – Há vencedor e vencido, se é que não morreu o Direito em Portugal. Olhem bem! Afirmavam-se todos para mim, afirmavam-se depois para ele e não percebiam.
 
- Abotoe lá o colete, camarada! – tornei eu para o mata-sete. – Abotoe-o que se lhe desabotoou. Está suado e pode apanhar uma pneumonia…
O fanfarrão ia fazer o que eu lhe indicara e, como pelo facto não encontrasse os botões, procurou-os com a vista.(…)
Mande vir uma agulha – e, ao mesmo tempo que isto dizia, deitando entre o pulso e o canhão da véstia, mostrei o canivete que segara os botões.
 
Ficaram todos suspensos quando vieram ao entendimento com-pleto da façanha.»
|-
|}


== Galeria de imagens ==
== Galeria de imagens ==
Linha 75: Linha 45:
Image:Malhadinhas_FotodeGrupo.jpg|Malhadinhas em foto de grupo
Image:Malhadinhas_FotodeGrupo.jpg|Malhadinhas em foto de grupo
Image:Malhadinhas_casaDeBarrelas_foto1965.jpg|a sua casa em Barrelas (1965)
Image:Malhadinhas_casaDeBarrelas_foto1965.jpg|a sua casa em Barrelas (1965)
Image:Malhadinhas_ilustração.jpg|Malhadinhas a cavalo<ref>Ilustração de «Letras Aquiliniadas» da Confraria Aquiliana, 2007</ref>
</gallery>
</gallery>


== Ver também ==
== Ver também ==
* [[Livro: O Malhadinhas| Livro de Aquilino Ribeiro, «O Malhadinhas», Lisboa: Bertrand, 1958]]
 
* [[Personagens|Personagens Históricas]]
* [[Livro: O Malhadinhas| Sobre o livro de Aquilino Ribeiro, «O Malhadinhas», Lisboa: Bertrand, 1958]]


== Links externos ==
== Links externos ==
* ...
 
* Ver descendentes do Malhadinhas no [https://geneall.net/pt/nome/2461730/antonio-da-rocha-malhada-o-malhadinhas/ GeneAll]
* O Malhadinhas no [http://dp.uc.pt/conteudos/entradas-do-dicionario/item/677-malhadinhas|Dicionário de Personagens da Ficção Portuguesa]
* o Malhadinhas na [https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$o-malhadinhas Infopédia]


== Referências ==
== Referências ==

Edição atual desde as 10h32min de 22 de fevereiro de 2024

Outros nomes Malhadinhas
Nascimento 1830
Morte 23-03-1914
Nacionalidade Portuguesa
Naturalidade Barrelas

Sobre

António da Rocha Malhada, mais conhecido por Tio Malhadinhas, como era conhecido na Vila Nova de Paiva (ajudengado nome, chamou-lhe Aquilino Ribeiro, que no séc. XIX deram à povoação de Barrelas), onde nasceu em 1830 e faleceu aos 84 anos em 23 de março de 1914, de “bronquite crónica”, como consta no seu registo de óbito.[1]

Apresentava-se como um serrano rústico, grosseiro e matreiro, almocreve de profissão. Defendendo-se à navalhada e golpes de pau (e por vezes a tiro) dos inimigos com que se foi deparando ao longo dos caminhos e da vida, Malhadinhas confessa:

«O Pau defendia-me de cão, de malta frente a frente, mas para jogos de falsa fé e pessoas de mau sentido não havia como uma faquinha.»

Malhadinhas é o protagonista da novela epónima da autoria de Aquilino Ribeiro (1885-1963), publicado pela primeira vez na coletânea «A Estrada de Santiago», em 1922. Redigida sob a forma de um monólogo, ao longo de dez capítulos, Malhadinhas, conta a sua “crónica”, ponteada de coragem, matreirice e pertinácia, a «escrivães da vila e manatas». Podemos conhecer a atribulada história da sua vida como almocreve que percorre um mundo que vai de Aveiro, onde compra sal, a Barrelas, onde o vende, tendo os seus divertimentos e aventuras em cada local onde pernoita. Casou com a sua prima, Brízida Penisa da Rocha Malhada[2], filha de Manuel da Rocha Malhada[3] . Com Brízida, Malhadinhas teve dezanove filhos.[4]

Malhadinhas foi discípulo de Chico Pedreiro, de Ermesinde, que veio para Barrelas erguer paredes e, tinha as suas aulas por detrás do cemitério. Segundo Malhadinhas «apanhou muita negra nas mãos e nos braços, mas, honra lhe seja, aprendeu o manejo todo.». Dizia também que «Chico Pedreiro era a alma dum jogador! Dois homens a atirar-lhe pedras, as pedras a choverem umas atrás das outras por cima dele, e ele parava-as só com o pau.».

Malhadinhas além de ser um exímio jogador de pau, também usava a sua faca quando era preciso. A sua mestria no jogo da faca, fez com que durante uma luta de pau, conseguisse cortar simultaneamente todos os botões do colete do seu oponente.

Alguma bibliografia dedicada a Malhadinhas

  • RIBEIRO, Aquilino, O Malhadinhas, Lisboa: Bertrand, 1958 (ver livro)

Vídeo Wikipédia

Galeria de imagens

Ver também

Links externos

Referências