Terminologias e significados: diferenças entre revisões
(→F) |
Sem resumo de edição |
||
Linha 55: | Linha 55: | ||
* '''Aguilhada''' - O pau, que depois de lhe ser colocado um prego ao seu centro e com o bico sempre bem afiado, dava lugar ao tocar na pele dos bois ou vacas, para os chamar ou endossa-los ao cabeçalho, para pegar no mesmo e seguirem os seus trabalhos, que estavam destinados pelos seus donos | * '''Aguilhada''' - O pau, que depois de lhe ser colocado um prego ao seu centro e com o bico sempre bem afiado, dava lugar ao tocar na pele dos bois ou vacas, para os chamar ou endossa-los ao cabeçalho, para pegar no mesmo e seguirem os seus trabalhos, que estavam destinados pelos seus donos | ||
* '''Asas de pau''' - (Bragança) O mesmo que varapau, em sentido figurado | |||
== B == | == B == | ||
* '''Bordão''' - (Açores) m.q. ''Varapau''. Também usado para apoio agricula e para defesa contra gado bravo, arremetão | * '''Bardasca''' - (Barroso) Nome pomposo do pau | ||
* '''Bastão''' - Pau pouco mais alto que a bengala.<ref>"bastão", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021, https://dicionario.priberam.org/bast%C3%A3o [consultado em 12-12-2022]</ref>. (Lamego) Bengala ou bordão. | |||
*'''Bengala''' - Arrimar-se um homem a um pau, para se encostar, para se defender ou atacar um inimigo, é gesto natural. Um simples | |||
pau tosco pode servir, e pode ser apurado e ainda bem arranjado para se vender nas feiras: transforma-se assim na bengala do povo, | |||
imitada das que a civilização criou. | |||
Em principio, a bengala é um cajado ou pau mais delicado, e maior do que a bengala ordinária. Em Tolosa, a bengala é de qualquer altura, mas de marmeleiro. Tem o feitio de uma cacheira, porém mais cuidada e mais grossa para baixo. Se o cajado ou bordão tem volta, pode logo ter o nome de bengala. No Peral, dizem ''yingala'', designando assim uma haste, geralmente de marmeleiro, que verga na extremidade mais delgada, formando uma argola. Em Alandroal, a bengala ou bordoa é mais delgada do que o bordão, e pode ou não ter correia para suspensão. Em Castelo Branco, a bengala ou cachamola é listrada de preto, o que se consegue da forma seguinte; retira-se uma tira (correia) de trovisco, enrola-se ao pau em hélice, deixando um intervalo da largura da correia; passa-se pelo lume, queimando-se o pau e ficando branco o espaço onde estava a correia, e listas pretas onde se queimou. A bengala é também chamada garrote em Cacela e é menor que o cajado. | |||
* '''Bordão''' - (Açores) m.q. ''Varapau''. Também usado para apoio agricula e para defesa contra gado bravo, arremetão. São, no geral, guarnecidos na extremidade inferior de uma ponta de ferro maciço, de forma cónica, e a superior está revestida de uma ponteira de metal branco ou amarelo, cheia de desenhos ou rendilhados. O bordão é quase sempre inferior a 2 m e poucas vezes excederá a altura do homem. Pelo contrário, as caguilhadas», especialmente destinadas aos condutores gado bovino, são delgadas e bastante longas, chégando a ter mais de 3 m de comprimento. Em Vila Real de Trás-os-Montes, é um pau de grossura meã; e em Monchique, onde usam pouco os arrimos, chamam bordão a um pau qualquer para trazer na mão, e em Cacela é o mesmo que varapau (em 1896).<ref>Etnografia Portuguesa - Tentame de sistematização - volume VI ([[Livro: Etnografia Portuguesa 1975|ver mais]])</ref> | |||
* '''Bordão de conteira''' - (Açores) O m.q. ''bordão enconteirado: Era bordães de conteira e cacetes valentes!''<ref>J.H. Borges Martins - A justiça da Noite na Ilha Terceira</ref> | * '''Bordão de conteira''' - (Açores) O m.q. ''bordão enconteirado: Era bordães de conteira e cacetes valentes!''<ref>J.H. Borges Martins - A justiça da Noite na Ilha Terceira</ref> | ||
Linha 64: | Linha 76: | ||
* '''Bordão de conto, Bordão de conte, bordão de contre''' - (Açores, principalmente em São Miguel) O m.q. ''bordão enconteirado'' | * '''Bordão de conto, Bordão de conte, bordão de contre''' - (Açores, principalmente em São Miguel) O m.q. ''bordão enconteirado'' | ||
* '''Bordão enconteirado''' - (Açores) Vara de pau com duas ponteiras (''conteiras'', daí o nome) de metal branco ou amarelo, uma em cada extremidade. Em São Miguel chama-se ''Bordão de conto'' | * '''Bordão enconteirado''' - (Açores) Vara de pau com duas ponteiras (''conteiras'', daí o nome) de metal branco ou amarelo, uma em cada extremidade. Em São Miguel chama-se ''Bordão de conto'' | ||
* '''Bregueiro''' - (Barroso) Nome pomposo de varapau | |||
== C == | == C == | ||
'''Cacete''' - Pau para arrimo (Coja, Minde, Mangualde), quando se sai da povoação; os paus podem ser de marmeleiro, lódão, tojo, sobreiro; a designação também se usa em Bragança. No Peral é menor do que o cajado, e no Barroso também; em Mondim designa uma vara grossa. | |||
É igualmente o nome de um tipo de bolo, especialidade de Paço de Arcos.<ref>Etnografia Portuguesa - Tentame de sistematização - volume VI ([[Livro: Etnografia Portuguesa 1975|ver mais]])</ref> | |||
* '''Cachamorra''' - Eufemismo (Cadaval, Lamego, etc.); vid. «Cachaporra». | |||
* '''Cachaporra''' - Nome mais vulgarmente empregado num momento de ira ou de ameaça; não define a forma ou a matéria do instrumento: cacete, pau, etc; é muito usado no concelho do Cadaval, e também em Lamego. Recorde-se o provérbio: «Quem deserda antes que morra Merece com uma cachaporra». (Passim). | |||
* '''Cacheira''' - Pau encurvado na parte que anda no chão (Avis); designação usada em Arez, Lamego. Tem o radical em cacho; é o mesmo que | |||
moca: a saliência é a cachamorra (eufemismo), quando grande («A cacheira tem uma grande cachamorra»); à cacheira pequena chama-se cacheirinha. Em Baião chamam cacheira ao que no Sul chamam cajado. Em Alandroal o boieiro usa a cacheira (cuja extremidade é a môna ou | |||
moca), mas há também a cacheira «de a gente se arrimar» (cachamorra), com a extremidade engrossada com feitio de bola (fig. 450). | |||
* '''Cacheiro''' - Em Alandroal a vara deve ser engenhosa para, quando atirada ao gado (ovelhas e cabras) pelo pastor, não o magoar; à extremidade chama-se volta; também se diz em Arez. | |||
* '''Cajado''' - (Mondim) Vara torta e nodosa; o mesmo que varapau ou cacete, etc., no Peral; serve de encosto aos pastores e constitui símbolo da vida pastoril, citado frequentemente na literara dos séculos XVI, XVII e XVIII; também chamado ''cachaporra'', em linguagem chula, feito de pau ordinário e grosso; quando forma ângulo em cima chama-se cajado de forca ou pau de forca (Ubi?); os campónios (por exemplo em Évora) usam-no, quando vão à feira; em ''Tolosa'' pode ser de castanho, azinho ou carvalho e é adaptado altura de quem o usa; em Alandroal é frequente ouvir-se gajado or cajado | |||
* '''Cajata''' - (Barroso) Pau delgado a que se encostam as velhinhas | |||
* '''Cajato''' - O mesmo que cajado. | |||
* '''Choupa''' - Pau de anéis naturais como o junco, que tem na parte inferior uma argola de metal amarelo, com ferrão de ferro; na parte | |||
superior, um canudo também de metal amarelo, com o comprimento de cerca de um palmo, com ou sem punhal. | |||
* '''Chuço''' - Tem em cima, oculta, uma ferragem, espécie de faca (Mondim). | |||
* '''Corte''' - Pancada destinada a prejudicar activamente o efeito de outra pancada do adversário (arresto) | * '''Corte''' - Pancada destinada a prejudicar activamente o efeito de outra pancada do adversário (arresto) | ||
Linha 75: | Linha 113: | ||
* '''Ensarilhar''' - m.q. ''Sarilhar'' | * '''Ensarilhar''' - m.q. ''Sarilhar'' | ||
* '''Estadulho''' - (Lamego, Bragança) Pau grosseiro, cacete, fueiro (Pau que se coloca de lado no carro de bois ou em atrelado, para segurar a carga)<ref>"estadulho", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021, https://dicionario.priberam.org/estadulho [consultado em 12-12-2022]</ref> | |||
== F == | == F == | ||
* '''Fadista''' - Numa primeira fase, nos contextos populares da Lisboa oitocentista, vincadamente associado a contextos sociais pautados pela marginalidade e transgressão, em ambientes frequentados por prostitutas, faias, marujos, boleeiros e marialvas. Muitas vezes surpreendidos na prisão, os seus actores, os cantadores, são descritos na figura do faia, tipo fadista, rufião de voz áspera e roufenha, ostentando tatuagens, hábil no manejo da navalha de ponta e mola, recorrendo à gíria e ao calão, e grande parte deles grandes jogadores de pau.<ref>Saiva mais em "''[[Livro: Historia do fado|Historia do fado]]''"</ref> | * '''Fadista''' - Numa primeira fase, nos contextos populares da Lisboa oitocentista, vincadamente associado a contextos sociais pautados pela marginalidade e transgressão, em ambientes frequentados por prostitutas, faias, marujos, boleeiros e marialvas. Muitas vezes surpreendidos na prisão, os seus actores, os cantadores, são descritos na figura do faia, tipo fadista, rufião de voz áspera e roufenha, ostentando tatuagens, hábil no manejo da navalha de ponta e mola, recorrendo à gíria e ao calão, e grande parte deles grandes jogadores de pau.<ref>Saiva mais em "''[[Livro: Historia do fado|Historia do fado]]''"</ref> | ||
* '''Faia''' - (Lamego e Bragança) Pau sem nós, muito direito, alisado e bastante vergável | |||
== G == | == G == | ||
Linha 95: | Linha 137: | ||
== L == | == L == | ||
* '''Lambeiro''' - (Lamego) Varapau | |||
* '''Landreiro''' - Varapau de carvalho | * '''Landreiro''' - Varapau de carvalho | ||
Linha 100: | Linha 144: | ||
* '''Lodão''' - Varapau de lodão, poderá colocar-se a hipótese de “lodo", "pau-de-lodo" ou "pau de lódão". Pau proveniente da árvore da família das ulmáceas (celtis australis) e recebe também o nome de agreira, lodoeiro, nicreiro ou ginginha-de-rei. | * '''Lodão''' - Varapau de lodão, poderá colocar-se a hipótese de “lodo", "pau-de-lodo" ou "pau de lódão". Pau proveniente da árvore da família das ulmáceas (celtis australis) e recebe também o nome de agreira, lodoeiro, nicreiro ou ginginha-de-rei. | ||
* '''Lódo''' - (Norte) m.q. ''Pau de lodo''. Varapau de lodão | * '''Lódo''' - (Norte) m.q. ''Pau de lodo''. Varapau de lodão. (Barroso) Pau das festas, feito da árvore do mesmo nome | ||
* '''Lombeiro ou lombreiro''' - (Bragança) Varapau | |||
== M == | == M == | ||
* '''Marmeleiro''' - Pau especial, devidamente preparado, depois de escolhido na mesma arvore, e que devido à sua flexibilidade, depois de utilizado deixava no corpo marcas duradouras, provocadas pela sua dureza e que não partia com facilidade | * '''Marmeleiro''' - Pau especial, devidamente preparado, depois de escolhido na mesma arvore, e que devido à sua flexibilidade, depois de utilizado deixava no corpo marcas duradouras, provocadas pela sua dureza e que não partia com facilidade | ||
* '''Moca''' - É a parte inferior arredondada (nó da árvore) do cajado ou da bengala, que também se chama morra (leia-se mórra); também | |||
designa o cacete pequeno e grosso numa extremidade; usa-se de noite, escondido debaixo do capote, para maus fins (Mangualde, Nelas, Mondim, Barroso).<ref>Etnografia Portuguesa - Tentame de sistematização - volume VI ([[Livro: Etnografia Portuguesa 1975|ver mais]])</ref> | |||
* '''Muleto''' - (Beja) Cajado (ou bengala) tosco e grosso | |||
== N == | == N == | ||
Linha 115: | Linha 166: | ||
* '''Pancada Varrida''' - m.q ''Guarda em movimento'' | * '''Pancada Varrida''' - m.q ''Guarda em movimento'' | ||
* '''Pau''' - Designação genérica. Pau de ferrão, com choupa em cima ou sem ela; pau de alquilador, com uma argola em cima, feita da | |||
própria vara, para os cavaleiros trazerem, pendurado no braço; também em vez de argola pode ter correia. No Peral, o mesmo que cajado. | |||
* '''Parada''' - Defesa oposta a cada pancada do adversário; | * '''Parada''' - Defesa oposta a cada pancada do adversário; | ||
Linha 121: | Linha 175: | ||
* '''Pontelete''' - (Açores) m.q. ''Pontuada'' | * '''Pontelete''' - (Açores) m.q. ''Pontuada'' | ||
* '''Porreto''' - (Coja, Minde) Varapau; pau com saliência em baixo, com correia na parte superior, para enfiar no braço, debaixo do | |||
capote, para usar em caso de ocorrência nocturna; com 0,47 cm (Tolosa, 1929) | |||
* '''Porrinha''' - Pau pequeno | |||
* '''Puxar''' - (Norte) Jogar ao Pau<ref>https://www.meudicionario.org/puxar</ref> | * '''Puxar''' - (Norte) Jogar ao Pau<ref>https://www.meudicionario.org/puxar</ref> | ||
Linha 127: | Linha 186: | ||
== Q == | == Q == | ||
* '''Queijato''' - (Trancoso) Cajado | |||
== R == | == R == | ||
* '''Racha''' - m.q. ''Varapau'', mas o pau é obtido pelo aproveitamento da zona central da árvore. | * '''Racha''' - m.q. ''Varapau'', mas o pau é obtido pelo aproveitamento da zona central da árvore. (Marco de Canaveses) Cacete | ||
* '''Revesso''' ou '''Revés''' - O m.q. ''Pancada Arrepiada'' | * '''Revesso''' ou '''Revés''' - O m.q. ''Pancada Arrepiada'' | ||
Linha 145: | Linha 206: | ||
== T == | == T == | ||
* '''Tira-teimas''' - (Bragança) Qualquer pau, em sentido figurado, No ''Barroso'' também lhe chamam quebra-nozes, tira-birras e tira-dentes. | |||
* '''Travesso''' ou '''Travez''' - O m.q. ''Pancada Redonda'' | * '''Travesso''' ou '''Travez''' - O m.q. ''Pancada Redonda'' | ||
Linha 153: | Linha 216: | ||
* '''Varapau''' ou '''Vara''' - Pau de secção circular, liso e sem galhos. Este pode chegar até aos dois metros, no entanto o tamanho ideal deverá ir até à altura do nariz do jogador | * '''Varapau''' ou '''Vara''' - Pau de secção circular, liso e sem galhos. Este pode chegar até aos dois metros, no entanto o tamanho ideal deverá ir até à altura do nariz do jogador | ||
'''Vara''' - Tem como caracteristica o vergar (Algarve, 1896). Varapau Liso; ferrado em baixo (metal amarelo, aço e chumbo); | |||
ferrado em baixo e em cima, com chuça ou choupa, que é protegida por uma bainha móvel (Coja, Minde). Pau qualquer, sem forma nem tamanho definidos. Não ouvi este termo no Peral, mas ouvi-o em muitos outros sítios com a significação de cacete, cajado, etc. Em Mangualde e Nelas, é um pouco comprido, maior do que o cacete, No Barroso, é um pau grande e grosso. Em Mondim, é uma vara mais alta do que um homem e serve para arrimo. Quando se entra em casa, deixa-se o varapau cá fora. Parece que alude a isto Soropita (1589, pp. 21), falando do Convento de Palmela: «Para maior nobreza da casa, andam nela ao pairo alguns da cavalaria da Ordem, que põem [as armas] de fora, como no jogo de paus, e para estes há aí aposentos, de fora, separados.» Eça de Queirós, A Ilustre Casa de Ramires (ed. de 1904), p. 188: «Depois, com uma cólera em que lhe tremiam os beiços brancos, lhe tremiam as secas mãos cabeludas, fincadas ao cabo do varapau...»<ref>idem, ibidem</ref> | |||
* '''Vara torneada''' - Vara obtida de tábuas cortadas ao ("correr") longo das nervuras, através do torneamento da madeira | * '''Vara torneada''' - Vara obtida de tábuas cortadas ao ("correr") longo das nervuras, através do torneamento da madeira | ||
* '''Varrer Pancadas''' - O m.q. ''Guarda em Movimento'' | * '''Varrer Pancadas''' - O m.q. ''Guarda em Movimento'' | ||
* '''Vergueiro''' - (Sernancelhe) O mesmo que varapau | |||
== X == | == X == |
Revisão das 18h19min de 12 de dezembro de 2022
A
- Aguilhada - O pau, que depois de lhe ser colocado um prego ao seu centro e com o bico sempre bem afiado, dava lugar ao tocar na pele dos bois ou vacas, para os chamar ou endossa-los ao cabeçalho, para pegar no mesmo e seguirem os seus trabalhos, que estavam destinados pelos seus donos
- Asas de pau - (Bragança) O mesmo que varapau, em sentido figurado
B
- Bardasca - (Barroso) Nome pomposo do pau
- Bastão - Pau pouco mais alto que a bengala.[1]. (Lamego) Bengala ou bordão.
- Bengala - Arrimar-se um homem a um pau, para se encostar, para se defender ou atacar um inimigo, é gesto natural. Um simples
pau tosco pode servir, e pode ser apurado e ainda bem arranjado para se vender nas feiras: transforma-se assim na bengala do povo, imitada das que a civilização criou.
Em principio, a bengala é um cajado ou pau mais delicado, e maior do que a bengala ordinária. Em Tolosa, a bengala é de qualquer altura, mas de marmeleiro. Tem o feitio de uma cacheira, porém mais cuidada e mais grossa para baixo. Se o cajado ou bordão tem volta, pode logo ter o nome de bengala. No Peral, dizem yingala, designando assim uma haste, geralmente de marmeleiro, que verga na extremidade mais delgada, formando uma argola. Em Alandroal, a bengala ou bordoa é mais delgada do que o bordão, e pode ou não ter correia para suspensão. Em Castelo Branco, a bengala ou cachamola é listrada de preto, o que se consegue da forma seguinte; retira-se uma tira (correia) de trovisco, enrola-se ao pau em hélice, deixando um intervalo da largura da correia; passa-se pelo lume, queimando-se o pau e ficando branco o espaço onde estava a correia, e listas pretas onde se queimou. A bengala é também chamada garrote em Cacela e é menor que o cajado.
- Bordão - (Açores) m.q. Varapau. Também usado para apoio agricula e para defesa contra gado bravo, arremetão. São, no geral, guarnecidos na extremidade inferior de uma ponta de ferro maciço, de forma cónica, e a superior está revestida de uma ponteira de metal branco ou amarelo, cheia de desenhos ou rendilhados. O bordão é quase sempre inferior a 2 m e poucas vezes excederá a altura do homem. Pelo contrário, as caguilhadas», especialmente destinadas aos condutores gado bovino, são delgadas e bastante longas, chégando a ter mais de 3 m de comprimento. Em Vila Real de Trás-os-Montes, é um pau de grossura meã; e em Monchique, onde usam pouco os arrimos, chamam bordão a um pau qualquer para trazer na mão, e em Cacela é o mesmo que varapau (em 1896).[2]
- Bordão de conteira - (Açores) O m.q. bordão enconteirado: Era bordães de conteira e cacetes valentes![3]
- Bordão de conto, Bordão de conte, bordão de contre - (Açores, principalmente em São Miguel) O m.q. bordão enconteirado
- Bordão enconteirado - (Açores) Vara de pau com duas ponteiras (conteiras, daí o nome) de metal branco ou amarelo, uma em cada extremidade. Em São Miguel chama-se Bordão de conto
- Bregueiro - (Barroso) Nome pomposo de varapau
C
Cacete - Pau para arrimo (Coja, Minde, Mangualde), quando se sai da povoação; os paus podem ser de marmeleiro, lódão, tojo, sobreiro; a designação também se usa em Bragança. No Peral é menor do que o cajado, e no Barroso também; em Mondim designa uma vara grossa. É igualmente o nome de um tipo de bolo, especialidade de Paço de Arcos.[4]
- Cachamorra - Eufemismo (Cadaval, Lamego, etc.); vid. «Cachaporra».
- Cachaporra - Nome mais vulgarmente empregado num momento de ira ou de ameaça; não define a forma ou a matéria do instrumento: cacete, pau, etc; é muito usado no concelho do Cadaval, e também em Lamego. Recorde-se o provérbio: «Quem deserda antes que morra Merece com uma cachaporra». (Passim).
- Cacheira - Pau encurvado na parte que anda no chão (Avis); designação usada em Arez, Lamego. Tem o radical em cacho; é o mesmo que
moca: a saliência é a cachamorra (eufemismo), quando grande («A cacheira tem uma grande cachamorra»); à cacheira pequena chama-se cacheirinha. Em Baião chamam cacheira ao que no Sul chamam cajado. Em Alandroal o boieiro usa a cacheira (cuja extremidade é a môna ou moca), mas há também a cacheira «de a gente se arrimar» (cachamorra), com a extremidade engrossada com feitio de bola (fig. 450).
- Cacheiro - Em Alandroal a vara deve ser engenhosa para, quando atirada ao gado (ovelhas e cabras) pelo pastor, não o magoar; à extremidade chama-se volta; também se diz em Arez.
- Cajado - (Mondim) Vara torta e nodosa; o mesmo que varapau ou cacete, etc., no Peral; serve de encosto aos pastores e constitui símbolo da vida pastoril, citado frequentemente na literara dos séculos XVI, XVII e XVIII; também chamado cachaporra, em linguagem chula, feito de pau ordinário e grosso; quando forma ângulo em cima chama-se cajado de forca ou pau de forca (Ubi?); os campónios (por exemplo em Évora) usam-no, quando vão à feira; em Tolosa pode ser de castanho, azinho ou carvalho e é adaptado altura de quem o usa; em Alandroal é frequente ouvir-se gajado or cajado
- Cajata - (Barroso) Pau delgado a que se encostam as velhinhas
- Cajato - O mesmo que cajado.
- Choupa - Pau de anéis naturais como o junco, que tem na parte inferior uma argola de metal amarelo, com ferrão de ferro; na parte
superior, um canudo também de metal amarelo, com o comprimento de cerca de um palmo, com ou sem punhal.
- Chuço - Tem em cima, oculta, uma ferragem, espécie de faca (Mondim).
- Corte - Pancada destinada a prejudicar activamente o efeito de outra pancada do adversário (arresto)
D
E
- Ensarilhar - m.q. Sarilhar
- Estadulho - (Lamego, Bragança) Pau grosseiro, cacete, fueiro (Pau que se coloca de lado no carro de bois ou em atrelado, para segurar a carga)[5]
F
- Fadista - Numa primeira fase, nos contextos populares da Lisboa oitocentista, vincadamente associado a contextos sociais pautados pela marginalidade e transgressão, em ambientes frequentados por prostitutas, faias, marujos, boleeiros e marialvas. Muitas vezes surpreendidos na prisão, os seus actores, os cantadores, são descritos na figura do faia, tipo fadista, rufião de voz áspera e roufenha, ostentando tatuagens, hábil no manejo da navalha de ponta e mola, recorrendo à gíria e ao calão, e grande parte deles grandes jogadores de pau.[6]
- Faia - (Lamego e Bragança) Pau sem nós, muito direito, alisado e bastante vergável
G
- Guarda de espera - Posição em que se espera a acção do adversário, pronto a qualquer eventualidade, defensiva ou ofensiva
- Guarda em movimento - Opôr à pancada adversária outra lançada em sentido inverso
H
I
J
K
L
- Lambeiro - (Lamego) Varapau
- Landreiro - Varapau de carvalho
- Lodão - Varapau de lodão, poderá colocar-se a hipótese de “lodo", "pau-de-lodo" ou "pau de lódão". Pau proveniente da árvore da família das ulmáceas (celtis australis) e recebe também o nome de agreira, lodoeiro, nicreiro ou ginginha-de-rei.
- Lódo - (Norte) m.q. Pau de lodo. Varapau de lodão. (Barroso) Pau das festas, feito da árvore do mesmo nome
- Lombeiro ou lombreiro - (Bragança) Varapau
M
- Marmeleiro - Pau especial, devidamente preparado, depois de escolhido na mesma arvore, e que devido à sua flexibilidade, depois de utilizado deixava no corpo marcas duradouras, provocadas pela sua dureza e que não partia com facilidade
- Moca - É a parte inferior arredondada (nó da árvore) do cajado ou da bengala, que também se chama morra (leia-se mórra); também
designa o cacete pequeno e grosso numa extremidade; usa-se de noite, escondido debaixo do capote, para maus fins (Mangualde, Nelas, Mondim, Barroso).[7]
- Muleto - (Beja) Cajado (ou bengala) tosco e grosso
N
O
P
- Pancada Arrepiada - Pancada dada de baixo para cima
- Pancada Varrida - m.q Guarda em movimento
- Pau - Designação genérica. Pau de ferrão, com choupa em cima ou sem ela; pau de alquilador, com uma argola em cima, feita da
própria vara, para os cavaleiros trazerem, pendurado no braço; também em vez de argola pode ter correia. No Peral, o mesmo que cajado.
- Parada - Defesa oposta a cada pancada do adversário;
- Pontuada ou Ponta - Golpe despedido com a ponta do pau ao corpo do adversário
- Pontelete - (Açores) m.q. Pontuada
- Porreto - (Coja, Minde) Varapau; pau com saliência em baixo, com correia na parte superior, para enfiar no braço, debaixo do
capote, para usar em caso de ocorrência nocturna; com 0,47 cm (Tolosa, 1929)
- Porrinha - Pau pequeno
- Puxar - (Norte) Jogar ao Pau[8]
Q
- Queijato - (Trancoso) Cajado
R
- Racha - m.q. Varapau, mas o pau é obtido pelo aproveitamento da zona central da árvore. (Marco de Canaveses) Cacete
- Revesso ou Revés - O m.q. Pancada Arrepiada
- Rebate - Pancada em que o pau descreve, antes de atingir o adversário, um círculo por sobre a cabeça ou em torno do pulso do jogador
S
- Sarilho - Um sarilho é uma técnica específica que simula um ataque e/ou defesa em uma circunstância e local específico. Feitos com movimentos técnicos de defesa treinados em sequência em tempos e movimentos determinados. Pode ainda ser uma combinação de evoluções circulatórias do pau, ou do jogador com o pau, destinada a evitar a aproximação do ou dos adversários. (ver mais)
- Sarilhar - Formar sarilho com o pau
- Séries - Também chamadas «séries de jogo» ou «séries de pancadas», são formas de treino individual em que o jogador simula um combate imaginário apenas contra um único adversário. Tendo este tipo de jogo o objetivo de aperfeiçoamento técnico e aprendizagem, podendo ser realizados individualmente ou em conjunto. As mais conhecidas e documentadas, são as séries do mestre Pedro Augusto da Silva, Domingos Salréu e António Nunes Caçador. Pode ver mais na página Séries de Jogo.
T
- Tira-teimas - (Bragança) Qualquer pau, em sentido figurado, No Barroso também lhe chamam quebra-nozes, tira-birras e tira-dentes.
- Travesso ou Travez - O m.q. Pancada Redonda
U
V
- Varapau ou Vara - Pau de secção circular, liso e sem galhos. Este pode chegar até aos dois metros, no entanto o tamanho ideal deverá ir até à altura do nariz do jogador
Vara - Tem como caracteristica o vergar (Algarve, 1896). Varapau Liso; ferrado em baixo (metal amarelo, aço e chumbo); ferrado em baixo e em cima, com chuça ou choupa, que é protegida por uma bainha móvel (Coja, Minde). Pau qualquer, sem forma nem tamanho definidos. Não ouvi este termo no Peral, mas ouvi-o em muitos outros sítios com a significação de cacete, cajado, etc. Em Mangualde e Nelas, é um pouco comprido, maior do que o cacete, No Barroso, é um pau grande e grosso. Em Mondim, é uma vara mais alta do que um homem e serve para arrimo. Quando se entra em casa, deixa-se o varapau cá fora. Parece que alude a isto Soropita (1589, pp. 21), falando do Convento de Palmela: «Para maior nobreza da casa, andam nela ao pairo alguns da cavalaria da Ordem, que põem [as armas] de fora, como no jogo de paus, e para estes há aí aposentos, de fora, separados.» Eça de Queirós, A Ilustre Casa de Ramires (ed. de 1904), p. 188: «Depois, com uma cólera em que lhe tremiam os beiços brancos, lhe tremiam as secas mãos cabeludas, fincadas ao cabo do varapau...»[11]
- Vara torneada - Vara obtida de tábuas cortadas ao ("correr") longo das nervuras, através do torneamento da madeira
- Varrer Pancadas - O m.q. Guarda em Movimento
- Vergueiro - (Sernancelhe) O mesmo que varapau
X
Y
Z
Referências
- ↑ "bastão", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021, https://dicionario.priberam.org/bast%C3%A3o [consultado em 12-12-2022]
- ↑ Etnografia Portuguesa - Tentame de sistematização - volume VI (ver mais)
- ↑ J.H. Borges Martins - A justiça da Noite na Ilha Terceira
- ↑ Etnografia Portuguesa - Tentame de sistematização - volume VI (ver mais)
- ↑ "estadulho", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021, https://dicionario.priberam.org/estadulho [consultado em 12-12-2022]
- ↑ Saiva mais em "Historia do fado"
- ↑ Etnografia Portuguesa - Tentame de sistematização - volume VI (ver mais)
- ↑ https://www.meudicionario.org/puxar
- ↑ https://dicionario.priberam.org/puxador
- ↑ "Manoel Ratão - um grande puxador de pau" in Historia do fado
- ↑ idem, ibidem