Terminologias e significados: diferenças entre revisões

Fonte: Jogo do Pau Português
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* '''Marmeleiro''' - Pau especial, devidamente preparado, depois de escolhido na mesma arvore, e que devido à sua flexibilidade, depois de utilizado deixava no corpo marcas duradouras, provocadas pela sua dureza e que não partia com facilidade
* '''Marmeleiro''' - Pau especial, devidamente preparado, depois de escolhido na mesma arvore, e que devido à sua flexibilidade, depois de utilizado deixava no corpo marcas duradouras, provocadas pela sua dureza e que não partia com facilidade


* '''Moca''' - É a parte inferior arredondada (nó da árvore) do cajado ou da bengala, que também se chama morra (leia-se mórra); também
* '''Moca''' - É a parte inferior arredondada (nó da árvore) do cajado ou da bengala, que também se chama morra (leia-se mórra); também designa o cacete pequeno e grosso numa extremidade; usa-se de noite, escondido debaixo do capote, para maus fins (Mangualde, Nelas, Mondim, Barroso).<ref>Etnografia Portuguesa - Tentame de sistematização - volume VI ([[Livro: Etnografia Portuguesa 1975|ver mais]])</ref>
designa o cacete pequeno e grosso numa extremidade; usa-se de noite, escondido debaixo do capote, para maus fins (Mangualde, Nelas, Mondim, Barroso).<ref>Etnografia Portuguesa - Tentame de sistematização - volume VI ([[Livro: Etnografia Portuguesa 1975|ver mais]])</ref>


* '''Muleto''' - (Beja) Cajado (ou bengala) tosco e grosso
* '''Muleto''' - (Beja) Cajado (ou bengala) tosco e grosso

Revisão das 18h26min de 12 de dezembro de 2022


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A

  • Aguilhada - O pau, que depois de lhe ser colocado um prego ao seu centro e com o bico sempre bem afiado, dava lugar ao tocar na pele dos bois ou vacas, para os chamar ou endossa-los ao cabeçalho, para pegar no mesmo e seguirem os seus trabalhos, que estavam destinados pelos seus donos
  • Asas de pau - (Bragança) O mesmo que varapau, em sentido figurado

B

  • Bardasca - (Barroso) Nome pomposo do pau
  • Bastão - Pau pouco mais alto que a bengala.[1]. (Lamego) Bengala ou bordão.
  • Bengala - Arrimar-se um homem a um pau, para se encostar, para se defender ou atacar um inimigo, é gesto natural. Um simples pau tosco pode servir, e pode ser apurado e ainda bem arranjado para se vender nas feiras: transforma-se assim na bengala do povo, imitada das que a civilização criou. Em principio, a bengala é um cajado ou pau mais delicado, e maior do que a bengala ordinária. Em Tolosa, a bengala é de qualquer altura, mas de marmeleiro. Tem o feitio de uma cacheira, porém mais cuidada e mais grossa para baixo. Se o cajado ou bordão tem volta, pode logo ter o nome de bengala. No Peral, dizem yingala, designando assim uma haste, geralmente de marmeleiro, que verga na extremidade mais delgada, formando uma argola. Em Alandroal, a bengala ou bordoa é mais delgada do que o bordão, e pode ou não ter correia para suspensão. Em Castelo Branco, a bengala ou cachamola é listrada de preto, o que se consegue da forma seguinte; retira-se uma tira (correia) de trovisco, enrola-se ao pau em hélice, deixando um intervalo da largura da correia; passa-se pelo lume, queimando-se o pau e ficando branco o espaço onde estava a correia, e listas pretas onde se queimou. A bengala é também chamada garrote em Cacela e é menor que o cajado.[2]
  • Bordão - (Açores) m.q. Varapau. Também usado para apoio agricula e para defesa contra gado bravo, arremetão. São, no geral, guarnecidos na extremidade inferior de uma ponta de ferro maciço, de forma cónica, e a superior está revestida de uma ponteira de metal branco ou amarelo, cheia de desenhos ou rendilhados. O bordão é quase sempre inferior a 2 m e poucas vezes excederá a altura do homem. Pelo contrário, as caguilhadas», especialmente destinadas aos condutores gado bovino, são delgadas e bastante longas, chégando a ter mais de 3 m de comprimento. Em Vila Real de Trás-os-Montes, é um pau de grossura meã; e em Monchique, onde usam pouco os arrimos, chamam bordão a um pau qualquer para trazer na mão, e em Cacela é o mesmo que varapau (em 1896).[3]
  • Bordão de conteira - (Açores) O m.q. bordão enconteirado: Era bordães de conteira e cacetes valentes![4]
  • Bordão de conto, Bordão de conte, bordão de contre - (Açores, principalmente em São Miguel) O m.q. bordão enconteirado
  • Bordão enconteirado - (Açores) Vara de pau com duas ponteiras (conteiras, daí o nome) de metal branco ou amarelo, uma em cada extremidade. Em São Miguel chama-se Bordão de conto
  • Bregueiro - (Barroso) Nome pomposo de varapau

C

  • Cacete - Pau para arrimo (Coja, Minde, Mangualde), quando se sai da povoação; os paus podem ser de marmeleiro, lódão, tojo, sobreiro; a designação também se usa em Bragança. No Peral é menor do que o cajado, e no Barroso também; em Mondim designa uma vara grossa.[5]
  • Cachamorra - Eufemismo (Cadaval, Lamego, etc.); vid. «Cachaporra».
  • Cachaporra - Nome mais vulgarmente empregado num momento de ira ou de ameaça; não define a forma ou a matéria do instrumento: cacete, pau, etc; é muito usado no concelho do Cadaval, e também em Lamego. Recorde-se o provérbio: «Quem deserda antes que morra Merece com uma cachaporra». (Passim).
  • Cacheira - (Avis) Pau encurvado na parte que anda no chão; designação usada em Arez, Lamego. Tem o radical em cacho; é o mesmo que moca: a saliência é a cachamorra (eufemismo), quando grande («A cacheira tem uma grande cachamorra»); à cacheira pequena chama-se cacheirinha. Em Baião chamam cacheira ao que no Sul chamam cajado. Em Alandroal o boieiro usa a cacheira (cuja extremidade é a môna ou moca), mas há também a cacheira «de a gente se arrimar» (cachamorra), com a extremidade engrossada com feitio de bola
  • Cacheiro - Em Alandroal a vara deve ser engenhosa para, quando atirada ao gado (ovelhas e cabras) pelo pastor, não o magoar; à extremidade chama-se volta; também se diz em Arez
  • Cajado - (Mondim) Vara torta e nodosa; o mesmo que varapau ou cacete, etc., no Peral; serve de encosto aos pastores e constitui símbolo da vida pastoril, citado frequentemente na literara dos séculos XVI, XVII e XVIII; também chamado cachaporra, em linguagem chula, feito de pau ordinário e grosso; quando forma ângulo em cima chama-se cajado de forca ou pau de forca (Ubi?); os campónios (por exemplo em Évora) usam-no, quando vão à feira; em Tolosa pode ser de castanho, azinho ou carvalho e é adaptado altura de quem o usa; em Alandroal é frequente ouvir-se gajado or cajado
  • Cajata - (Barroso) Pau delgado a que se encostam as velhinhas
  • Cajato - O mesmo que cajado
  • Choupa - Pau de anéis naturais como o junco, que tem na parte inferior uma argola de metal amarelo, com ferrão de ferro; na parte superior, um canudo também de metal amarelo, com o comprimento de cerca de um palmo, com ou sem punhal
  • Chuço - Tem em cima, oculta, uma ferragem, espécie de faca (Mondim)
  • Corte - Pancada destinada a prejudicar activamente o efeito de outra pancada do adversário (arresto)

D

E

  • Ensarilhar - m.q. Sarilhar
  • Estadulho - (Lamego, Bragança) Pau grosseiro, cacete, fueiro (Pau que se coloca de lado no carro de bois ou em atrelado, para segurar a carga)[6]

F

  • Fadista - Numa primeira fase, nos contextos populares da Lisboa oitocentista, vincadamente associado a contextos sociais pautados pela marginalidade e transgressão, em ambientes frequentados por prostitutas, faias, marujos, boleeiros e marialvas. Muitas vezes surpreendidos na prisão, os seus actores, os cantadores, são descritos na figura do faia, tipo fadista, rufião de voz áspera e roufenha, ostentando tatuagens, hábil no manejo da navalha de ponta e mola, recorrendo à gíria e ao calão, e grande parte deles grandes jogadores de pau.[7]
  • Faia - (Lamego e Bragança) Pau sem nós, muito direito, alisado e bastante vergável

G

  • Guarda de espera - Posição em que se espera a acção do adversário, pronto a qualquer eventualidade, defensiva ou ofensiva
  • Guarda em movimento - Opôr à pancada adversária outra lançada em sentido inverso

H

I

J

K

L

  • Lambeiro - (Lamego) Varapau
  • Landreiro - Varapau de carvalho
  • Lodão - Varapau de lodão, poderá colocar-se a hipótese de “lodo", "pau-de-lodo" ou "pau de lódão". Pau proveniente da árvore da família das ulmáceas (celtis australis) e recebe também o nome de agreira, lodoeiro, nicreiro ou ginginha-de-rei.
  • Lódo - (Norte) m.q. Pau de lodo. Varapau de lodão. (Barroso) Pau das festas, feito da árvore do mesmo nome
  • Lombeiro ou lombreiro - (Bragança) Varapau

M

  • Marmeleiro - Pau especial, devidamente preparado, depois de escolhido na mesma arvore, e que devido à sua flexibilidade, depois de utilizado deixava no corpo marcas duradouras, provocadas pela sua dureza e que não partia com facilidade
  • Moca - É a parte inferior arredondada (nó da árvore) do cajado ou da bengala, que também se chama morra (leia-se mórra); também designa o cacete pequeno e grosso numa extremidade; usa-se de noite, escondido debaixo do capote, para maus fins (Mangualde, Nelas, Mondim, Barroso).[8]
  • Muleto - (Beja) Cajado (ou bengala) tosco e grosso

N

O

P

  • Pancada Arrepiada - Pancada dada de baixo para cima
  • Pancada Varrida - m.q Guarda em movimento
  • Pau - Designação genérica. Pau de ferrão, com choupa em cima ou sem ela; pau de alquilador, com uma argola em cima, feita da

própria vara, para os cavaleiros trazerem, pendurado no braço; também em vez de argola pode ter correia. No Peral, o mesmo que cajado.

  • Parada - Defesa oposta a cada pancada do adversário;
  • Pontuada ou Ponta - Golpe despedido com a ponta do pau ao corpo do adversário
  • Pontelete - (Açores) m.q. Pontuada
  • Porreto - (Coja, Minde) Varapau; pau com saliência em baixo, com correia na parte superior, para enfiar no braço, debaixo do

capote, para usar em caso de ocorrência nocturna; com 0,47 cm (Tolosa, 1929)

  • Porrinha - Pau pequeno
  • Puxar - (Norte) Jogar ao Pau[9]
  • Puxador de pau - (Norte) Jogador de Pau[10][11]

Q

  • Queijato - (Trancoso) Cajado

R

  • Racha - m.q. Varapau, mas o pau é obtido pelo aproveitamento da zona central da árvore. (Marco de Canaveses) Cacete
  • Revesso ou Revés - O m.q. Pancada Arrepiada
  • Rebate - Pancada em que o pau descreve, antes de atingir o adversário, um círculo por sobre a cabeça ou em torno do pulso do jogador

S

  • Sarilho - Um sarilho é uma técnica específica que simula um ataque e/ou defesa em uma circunstância e local específico. Feitos com movimentos técnicos de defesa treinados em sequência em tempos e movimentos determinados. Pode ainda ser uma combinação de evoluções circulatórias do pau, ou do jogador com o pau, destinada a evitar a aproximação do ou dos adversários. (ver mais)
  • Sarilhar - Formar sarilho com o pau
  • Séries - Também chamadas «séries de jogo» ou «séries de pancadas», são formas de treino individual em que o jogador simula um combate imaginário apenas contra um único adversário. Tendo este tipo de jogo o objetivo de aperfeiçoamento técnico e aprendizagem, podendo ser realizados individualmente ou em conjunto. As mais conhecidas e documentadas, são as séries do mestre Pedro Augusto da Silva, Domingos Salréu e António Nunes Caçador. Pode ver mais na página Séries de Jogo.

T

  • Tira-teimas - (Bragança) Qualquer pau, em sentido figurado, No Barroso também lhe chamam quebra-nozes, tira-birras e tira-dentes.
  • Travesso ou Travez - O m.q. Pancada Redonda

U

V

  • Varapau ou Vara - Pau de secção circular, liso e sem galhos. Este pode chegar até aos dois metros, no entanto o tamanho ideal deverá ir até à altura do nariz do jogador

Vara - Tem como caracteristica o vergar (Algarve, 1896). Varapau Liso; ferrado em baixo (metal amarelo, aço e chumbo); ferrado em baixo e em cima, com chuça ou choupa, que é protegida por uma bainha móvel (Coja, Minde). Pau qualquer, sem forma nem tamanho definidos. Não ouvi este termo no Peral, mas ouvi-o em muitos outros sítios com a significação de cacete, cajado, etc. Em Mangualde e Nelas, é um pouco comprido, maior do que o cacete, No Barroso, é um pau grande e grosso. Em Mondim, é uma vara mais alta do que um homem e serve para arrimo. Quando se entra em casa, deixa-se o varapau cá fora. Parece que alude a isto Soropita (1589, pp. 21), falando do Convento de Palmela: «Para maior nobreza da casa, andam nela ao pairo alguns da cavalaria da Ordem, que põem [as armas] de fora, como no jogo de paus, e para estes há aí aposentos, de fora, separados.» Eça de Queirós, A Ilustre Casa de Ramires (ed. de 1904), p. 188: «Depois, com uma cólera em que lhe tremiam os beiços brancos, lhe tremiam as secas mãos cabeludas, fincadas ao cabo do varapau...»[12]

  • Vara torneada - Vara obtida de tábuas cortadas ao ("correr") longo das nervuras, através do torneamento da madeira
  • Varrer Pancadas - O m.q. Guarda em Movimento
  • Vergueiro - (Sernancelhe) O mesmo que varapau

X

Y

Z

Referências

  1. "bastão", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021, https://dicionario.priberam.org/bast%C3%A3o [consultado em 12-12-2022]
  2. Etnografia Portuguesa - Tentame de sistematização - volume VI (ver mais)
  3. idem, ibidem
  4. J.H. Borges Martins - A justiça da Noite na Ilha Terceira
  5. Etnografia Portuguesa - Tentame de sistematização - volume VI (ver mais)
  6. "estadulho", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021, https://dicionario.priberam.org/estadulho [consultado em 12-12-2022]
  7. Saiva mais em "Historia do fado"
  8. Etnografia Portuguesa - Tentame de sistematização - volume VI (ver mais)
  9. https://www.meudicionario.org/puxar
  10. https://dicionario.priberam.org/puxador
  11. "Manoel Ratão - um grande puxador de pau" in Historia do fado
  12. idem, ibidem