Visconde de Moreira de Rei

Fonte: Jogo do Pau Português
Nascimento 22-07-1838
Morte 09-10-1897
Nacionalidade Portuguesa
Naturalidade Fafe

Sobre

Visconde de Moreira de Rei é um título nobiliárquico português criado por D. Luís I de Portugal, por Decreto de 22 de Agosto de 1870, em favor de António Augusto Ferreira de Melo e Carvalho. [1]

António Augusto Ferreira de Mello e Carvalho, nasceu em Fafe, na Casa do Foral Moreira de Rei, em 19 Julho 1838, e, faleceu em Lisboa, no dia 9 Outubro de 1897, com 53 anos. [2]

Foi político influente (deputado às Cortes Constituintes) em Fafe e jogador de pau.

Terá sido através de um duelo proposto por este Visconde a um narquês, que nascera a lenda da Justiça de Fafe, narrada num longo poema de Inocêncio Carneiro de Sá, o Barão de Espalha Brasas, no início do século XIX.

Poema do Barão de Espalha Brasas

« É Fafe povoação muito moderna,
contando um séc ‘lo apenas de existência.
De Moreira de Rei foi subalterna
e sobre ela alcançou magna ascendência.

Na terra decadente, em fruto avonde,
havia outr’ora um nobre, altivo e ousado;
De Moreira de Rei era Visconde,
político influente e Deputado.

Homem franco e leal, de poucas tretas,
não ligava à coroa e aos brasões;
se o feriam, largava as etiquetas,
correndo o atrevido a bofetões.

Nas Cortes, certo dia, a uma sessão
a tempo não chegou; e um tal Marquês,
supondo que o Visconde era vilão,
censurou-o em gesto descortês.

O Visconde, que entrara pressuroso
inda ouviu do Marquês o insulso estilo
em que ele lhe chamava “cão tinhoso”,
mas sentou-se, fingindo-se tranquilo.

Finda a sessão, ao Marquês petulante
a frase censurou, de audácia rara;
porém este, num gesto provocante,
arremessou-lhe a fina luva à cara.

Ajustou-se o duelo; e competia
a escolha das armas ao Visconde.
Marcou-se p ‘ra o encontro a hora, o dia
e o local, que eu nunca soube aonde.

Ocultos da polícia e dos meirinhos,
no sítio da pendência, o fidalgote
compareceu, assim como os padrinhos.
Veio o Visconde e um homem c ‘o um caixote…

E dentro deste as armas escolhidas
pelo Visconde: as armas dos pataus!
Nem ‘spadas nem pistolas homicidas:
Eram dois resistentes varapaus!!!

O Marquês, em tais armas logo inepto,
ao ver aqueles paus de marmeleiros,
forçado a aceitar o estranho repto
pegou por sua vez num dos fueiros.

Começou a sessão de bordoada:
e o Visconde, com a mor placidez,
deu-lhe tanta e tão pouca fueirada
que o lombo pôs num feixe ao tal Marquês.

Mau grado tudo ser gente de sizo,
os presentes, em vez de lamentar,
não conseguiram sufocar o riso,
findando o duelo em gargalhada alvar.

Da hilariedade ao ver o desaforo,
acode gente; e além daquela gafe,
começam todos a gritar em coro;
“-Oh! Viva! Viva a Justiça de Fafe!!!”

De Moreira de Rei, pois, ao Visconde,
do duelo a propósito descrito,
se deve a origem, que a História esconde,
do ventilado e tão estranho dito. »

Ver também

Referências

  1. "Nobreza de Portugal e do Brasil", Direcção de Afonso Eduardo Martins Zúquete, Editorial Enciclopédia, 2.ª Edição, Lisboa, 1989, Volume Terceiro, pp. 36-7
  2. https://www.geni.com/people/Ant%C3%B3nio-Augusto-Ferreira-de-Mello-e-Carvalho-1%C2%BA-Visconde-de-Moreira-de-Rei-Fafe/6000000036205819595