Artigo: Jogo do Pau - A arte marcial portuguesa - Ateneu 1975: diferenças entre revisões

Fonte: Jogo do Pau Português
(Criou a página com "== Sobre == * '''Relevância: ''' ★★☆ * '''Título:''' Jogo do Pau - A arte marcial portuguesa * '''Publicação:''' «Jornal Ateneu Comercial de Lisboa», Ano I (II série) nº 3 de janeiro/fevereiro 1975 {| class="wikitable" style="text-align: left;" |- | « » |- |} <div style="text-align: center;"> File:Jornal_do_Ateneu_1975.jpg </div> == Ver também == * Consulte toda a Bibliografia * Sobre Ateneu Comercial de Lisboa")
 
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O chamado «Jogo do Pau» é urna técnica de luta em que a arma é um simples pau, direito e liso, com cerca de 1,50 m de altura, feito de madeiras apropriadas (castanho, lodo, marmeleiro, salgueiro, etc.) e tratadas especialmente para esse fim. Com esta arma, um homem pode-se defender (ou atacar) de um ou mais adversários. Em muito países como por exemplo França, Inglaterra (Ouarterstaff), Tailândia, Japão (Bo-Jiutsu), China, etc., existe uma arte de luta semelhante. Porém, em Portugal, tal arte teve urna expansão muito acentuada e revestiu-se de características muito específicas que a tornaram extraordinariamente eficaz.


A origem desta luta perde-se na noite dos tempos não se sabendo ao certo quando e onde se começou a praticar. Consta que já os Lusitanos adaptaram o pau, objecto da vida quotidiana, como arma. É de assinalar um batalhão de «caceteiros» (lutadores de pau) que quando da 2.° invasão francesa teve acção notável contra as tropas de Napoleão que tentaram atravessar o rio Minho na zona de Melgaço. Sabe-se ao certo que o JOGO DO PAU nasceu no Norte e se expandiu para o Sul, em especial Estremadura e Ribatejo. O JOGO DO PAU estava profundamente enraizado no Norte. O pau, mais que uma arma era, (e ainda o é), um companheiro inseparável do homem nortenho; com ele tacteia o caminho perigoso, de noite, a ele se apoia para saltar regatos e para percorrer os longos caminhos através das serranias. Não é pois de admirar que se tenha adaptado a arma tal Instrumento de uso corrente.
Até ao século passado o JOGO DO PAU restringiu-se ao Norte. Porém nos meados do Século XIX foi incluído como modalidade obrigatória no [[Ginásio Clube Português|Real Ginásio]] em Lisboa, durante o reinado de D. Luís. A partir desta data começa a ganhar uma popularidade cada vez maior. Sucedem-se os mestres e jogadores notáveis. Aparecem várias escolas - os «Quintais», por vezes rivais, e dirigidos por mestres cada um com seu estilo próprio. Seguidamente o jogo do pau começou a ser ensinado em vários clubes e agremiações: [[Ateneu Comercial de Lisboa]], [[Ginásio Clube Português]], [[Lisboa Ginásio]]... Enfim, o jogo do pau ganha características muito próprias — o chamado jogo de Lisboa, dado que os condicionalismos que estiveram na origem desta luta, a imperiosa necessidade de salvar a vida, eram quase letra morta
em Lisboa; esta desenvolveu-se aqui num sentido mais desportivo. Foi também na capital que o Jogo do Pau atingiu a sua expressão máxima, sob o ponto de vista técnico. A partir dos princípios deste século, começa o declínio que culmina com a introdução do prática do Jogo do Pau, polo anterior regime. Na altura foram até presos vários Mestres que não se conformaram com tal proibição. Presentemente assiste-se a um renascer vigoroso desta arte. O Jogo do Pau tem estado rodeado de um certo mistério e de tabús, marcado até por um certo barbarismo. Porém, as actuais tendências menos violentas, (mas não menos eficazes), do jogo de Lisboa têm prevalecido; porque, como já se disse, o aspecto desportivo desta arte marcial ten substituído o espírito violento dos primeiros jogadores, para os quais a mestria desta técnica era, por vezes, uma questão de vida ou morte. Corno prova disto, o grande mestre que foi [[Frederico Hopffer]], diz-nos: «Para mim não há espectáculo mais repugnante que dolo jovens companheiros e amigos, supondo que jogam o pau, atirarem mutuamente pau-ladas com quanta força têm, muito inconscientemente, Igno-rando que pode qualquer deles ficar seriamente aleijado». Tal corno outras artes mar-ciais, o jogo do pau, quando praticado correctamente é um ópti-mo moio do educação espiritual o psíquica. Como melo do edu-cação física é um oxcelente gozando do uma saúde o de uma ogilidado espantosas poro um octogenário. O Jogo do Pau não é de forma alguma um jogo perigoso quando bem praticado. Senão, ouçamos oxercício devido à diversidade dos seus movimentos. Ternos o exemplo típico do mestre Do. mingues Miguel que quase com 80 anos dava aulas no Ateneu o jogava com 00 5000 alunos, de novo o Mestre Hopffer: «É praticado sem qualquer protec-ção especial, corno sucede e é indispensável em outras esgri-mas, e por Isso aconselha aos jogadores mais prudência e ge-nerosidade para com adversários inferiores». O Ateneu Comercial de Lisboa é urna escola de Jogo do Pau com largas tradições. Por cá passaram grandes mestres como DOM1NGUES MIGUEL,
ANTÓNIO CAÇADOR e PEDRO FERREIRA, que actualmente di-rige o ensino. Em tempos eram famosos os saraus e demonstra-ções organizados pelo Ateneu, que pretendemos fazer reviver.
É busto citar o grande contri-buto dado pelos Hopffer, entu-siastas desta modalidade, que criaram um estilo característico, Introduzido no Ateneu pelo Mes. tre Pedro Ferreira.
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Revisão das 18h35min de 25 de maio de 2023

Sobre

  • Relevância: ★★☆
  • Título: Jogo do Pau - A arte marcial portuguesa
  • Publicação: «Jornal Ateneu Comercial de Lisboa», Ano I (II série) nº 3 de janeiro/fevereiro 1975


« O chamado «Jogo do Pau» é urna técnica de luta em que a arma é um simples pau, direito e liso, com cerca de 1,50 m de altura, feito de madeiras apropriadas (castanho, lodo, marmeleiro, salgueiro, etc.) e tratadas especialmente para esse fim. Com esta arma, um homem pode-se defender (ou atacar) de um ou mais adversários. Em muito países como por exemplo França, Inglaterra (Ouarterstaff), Tailândia, Japão (Bo-Jiutsu), China, etc., existe uma arte de luta semelhante. Porém, em Portugal, tal arte teve urna expansão muito acentuada e revestiu-se de características muito específicas que a tornaram extraordinariamente eficaz.

A origem desta luta perde-se na noite dos tempos não se sabendo ao certo quando e onde se começou a praticar. Consta que já os Lusitanos adaptaram o pau, objecto da vida quotidiana, como arma. É de assinalar um batalhão de «caceteiros» (lutadores de pau) que quando da 2.° invasão francesa teve acção notável contra as tropas de Napoleão que tentaram atravessar o rio Minho na zona de Melgaço. Sabe-se ao certo que o JOGO DO PAU nasceu no Norte e se expandiu para o Sul, em especial Estremadura e Ribatejo. O JOGO DO PAU estava profundamente enraizado no Norte. O pau, mais que uma arma era, (e ainda o é), um companheiro inseparável do homem nortenho; com ele tacteia o caminho perigoso, de noite, a ele se apoia para saltar regatos e para percorrer os longos caminhos através das serranias. Não é pois de admirar que se tenha adaptado a arma tal Instrumento de uso corrente.

Até ao século passado o JOGO DO PAU restringiu-se ao Norte. Porém nos meados do Século XIX foi incluído como modalidade obrigatória no Real Ginásio em Lisboa, durante o reinado de D. Luís. A partir desta data começa a ganhar uma popularidade cada vez maior. Sucedem-se os mestres e jogadores notáveis. Aparecem várias escolas - os «Quintais», por vezes rivais, e dirigidos por mestres cada um com seu estilo próprio. Seguidamente o jogo do pau começou a ser ensinado em vários clubes e agremiações: Ateneu Comercial de Lisboa, Ginásio Clube Português, Lisboa Ginásio... Enfim, o jogo do pau ganha características muito próprias — o chamado jogo de Lisboa, dado que os condicionalismos que estiveram na origem desta luta, a imperiosa necessidade de salvar a vida, eram quase letra morta

em Lisboa; esta desenvolveu-se aqui num sentido mais desportivo. Foi também na capital que o Jogo do Pau atingiu a sua expressão máxima, sob o ponto de vista técnico. A partir dos princípios deste século, começa o declínio que culmina com a introdução do prática do Jogo do Pau, polo anterior regime. Na altura foram até presos vários Mestres que não se conformaram com tal proibição. Presentemente assiste-se a um renascer vigoroso desta arte. O Jogo do Pau tem estado rodeado de um certo mistério e de tabús, marcado até por um certo barbarismo. Porém, as actuais tendências menos violentas, (mas não menos eficazes), do jogo de Lisboa têm prevalecido; porque, como já se disse, o aspecto desportivo desta arte marcial ten substituído o espírito violento dos primeiros jogadores, para os quais a mestria desta técnica era, por vezes, uma questão de vida ou morte. Corno prova disto, o grande mestre que foi Frederico Hopffer, diz-nos: «Para mim não há espectáculo mais repugnante que dolo jovens companheiros e amigos, supondo que jogam o pau, atirarem mutuamente pau-ladas com quanta força têm, muito inconscientemente, Igno-rando que pode qualquer deles ficar seriamente aleijado». Tal corno outras artes mar-ciais, o jogo do pau, quando praticado correctamente é um ópti-mo moio do educação espiritual o psíquica. Como melo do edu-cação física é um oxcelente gozando do uma saúde o de uma ogilidado espantosas poro um octogenário. O Jogo do Pau não é de forma alguma um jogo perigoso quando bem praticado. Senão, ouçamos oxercício devido à diversidade dos seus movimentos. Ternos o exemplo típico do mestre Do. mingues Miguel que quase com 80 anos dava aulas no Ateneu o jogava com 00 5000 alunos, de novo o Mestre Hopffer: «É praticado sem qualquer protec-ção especial, corno sucede e é indispensável em outras esgri-mas, e por Isso aconselha aos jogadores mais prudência e ge-nerosidade para com adversários inferiores». O Ateneu Comercial de Lisboa é urna escola de Jogo do Pau com largas tradições. Por cá passaram grandes mestres como DOM1NGUES MIGUEL, 

ANTÓNIO CAÇADOR e PEDRO FERREIRA, que actualmente di-rige o ensino. Em tempos eram famosos os saraus e demonstra-ções organizados pelo Ateneu, que pretendemos fazer reviver. É busto citar o grande contri-buto dado pelos Hopffer, entu-siastas desta modalidade, que criaram um estilo característico, Introduzido no Ateneu pelo Mes. tre Pedro Ferreira. »


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