Artigo: O Seculo Ilustrado - Jogo do Pau - Desporto Nacional 1952': diferenças entre revisões

Fonte: Jogo do Pau Português
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A JUVENTUDE LISBOETA DEVE A ARTUR DOS SANTOS INESTIMÁVEIS SERVIÇOS EM MATÉRIA DE EDUCAÇÃO FÍSICA
A JUVENTUDE LISBOETA DEVE A ARTUR DOS SANTOS INESTIMÁVEIS SERVIÇOS EM MATÉRIA DE EDUCAÇÃO FÍSICA


O [[Ginásio Clube Português]], de tradições brilhantíssimas e tantas vezes glorificado pelos altos serviços prestados à educação desportiva da mocidade, e, por conseguinte ao rejuvenescimento da raça, na realização do seu amplo e patriótico objectivo instituiu, em 1890 a classe de jogo de pau que ali teve o seu primeiro mestre [[Pedro Augusto da Silva]] discípulo e depois auxiliar do célebre [[Mestre: José Maria da Silveira|José Maria Saloio]]. Por morte daquele mestre, seguiu-se na tarefa do ensino do famoso desporto nacional [[Artur dos Santos]], que já desfrutava de uma auréola de excelente jogador, pessoa activa e sabedora, quando frequentava a classe do seu antecessor. O referido mestre, que triunfou em assaltos memoráveis, na frente de público entendido, foi professor de jogo de pau durante 36 anos, no [[Ginásio Clube|Ginásio Clube Português]] e na [[Escola Academica]], ao tempo instalada nas Escadinhas do Duque. Praticou o desporto náutico peso e alteres, ciclismo e foi moço de forcado amador, componente admirável dos grupos dos afamados desportistas Filipe Taylor, Alberto de Albuquerque, Simão Ferreira, Pedro de Oliveira e Jose Calazans. Eram todas de beneficência as corridas em que colaborou, incluindo as realizadas no Campo Pequeno, da organização do Clube Tauromáquico Português, patrocinadas pela falecida rainha D. Amélia de Orleans e a favor da Assistência Nacional dos Tuberculosos quando esta instituição começava desenvolvendo a sua acção humanitária
O [[Ginásio Clube Português]], de tradições brilhantíssimas e tantas vezes glorificado pelos altos serviços prestados à educação desportiva da mocidade, e, por conseguinte ao rejuvenescimento da raça, na realização do seu amplo e patriótico objectivo instituiu, em 1890 a classe de jogo de pau que ali teve o seu primeiro mestre [[Pedro Augusto da Silva]] discípulo e depois auxiliar do célebre [[Mestre: José Maria da Silveira|José Maria Saloio]]. Por morte daquele mestre, seguiu-se na tarefa do ensino do famoso desporto nacional [[Artur dos Santos]], que já desfrutava de uma auréola de excelente jogador, pessoa activa e sabedora, quando frequentava a classe do seu antecessor. O referido mestre, que triunfou em assaltos memoráveis, na frente de público entendido, foi professor de jogo de pau durante 36 anos, no [[|Ginásio Clube Português|Ginásio Clube]] e na [[Escola Academica]], ao tempo instalada nas Escadinhas do Duque. Praticou o desporto náutico peso e alteres, ciclismo e foi moço de forcado amador, componente admirável dos grupos dos afamados desportistas Filipe Taylor, Alberto de Albuquerque, Simão Ferreira, Pedro de Oliveira e Jose Calazans. Eram todas de beneficência as corridas em que colaborou, incluindo as realizadas no Campo Pequeno, da organização do Clube Tauromáquico Português, patrocinadas pela falecida rainha D. Amélia de Orleans e a favor da Assistência Nacional dos Tuberculosos quando esta instituição começava desenvolvendo a sua acção humanitária
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Revisão das 19h00min de 16 de maio de 2023

Sobre

  • Relevância: ★★★
  • Título: Jogo do Pau - Desporto Nacional
  • Autor: José Luís Ribeiro
  • Publicação: Jornal «O Século Ilustrado» de 5 janeiro de 1952

Artigo

« ARTUR DOS SANTOS, NO GLORIOSO GINÁSIO CLUBE PORTUGUÊS, FOI O MESTRE QUE LECCIONOU VARIAS GERAÇÕES DE VALENTES RAPAZES, E O RIBATEJO TEVE EM CARLOS RELVAS O ENTUSIASTA PROPUGNADOR DA ESGRIMA LUSITANA

O jogo com a vara em punho deve ter sido inspirado pelo que se praticava nos velhos tempos das lutas corpo a corpo, em que os lanceiros se viam na necessidade de apear-se, constituindo, portanto, uma reminiscência dos processos adoptados no campo de batalha. Supomos que assim seją, todavia, duma certeza há que partir: é que foram os portugueses que deram expressão e beleza a esta forma de combater, para que é necessário muita vista, agilidade, destemor, energia e decisão. Ignora-se o moral do adversário e nos assaltos não se pode usar luvas, couraça a cobrir o peito, nem tampouco capacete, como sucede na esgrima de florete, sabre e espada.

O jogo do pau é um dos exercícios físicos de mais proveitoso resultado, que significa uma ginástica muito activa, dotada de movimentos de característica diversa e na observância absoluta de velhos preceitos, para o que é indispensável possuir muito «olho e pé» - no dizer de velhos mestres. É claro que os seus efeitos são tanto mais proveitosos quanto equilibrada for a orientação tomada na prática de tal desporto, que possui raízes bem portuguesas.

Os processos do jogo do pau compreendem três escolas: a do Minho, com as suas pontuadas e sarilhos; a de Lisboa, com os cortes e recortes; e a do Ribatejo, com os seus lances de ligeireza e golpes de vista. O conjunto destes processos abrange, nas fases animadas do jogo, guardas, sarilhos, pontuadas, rebates cortes e recortes, tudo executado com energia na pancada, na segurança da defesa e na resposta pronta.

No exercício da esgrima lusitana em antigas eras, cruzavam-se as varas em vários recantos da velha Lisboa, nalguns quintais da Graça, Bairro Alto, Lapa, Taipas, Largo da Achada, São Ciro, sendo o mais antigo de que há notícia o do Retiro da Pipa à Rotunda - no desaparecido Vale do Pereiro. Era-mos rapaz e muito nos divertiam as visitas nas tardes de domingo, aos quintais onde o referido desporto atraia adeptos entusiastas, e aí notámos os grandes Jogadores que num acto propositado permitiam O brilho dos adversários, para depois no momento oportuno, os colocar em respeito, tal era a superioridade dos seus conhecimentos.

Com a morte ou afastamento voluntário dos mestres do jogo do pau que davam as suas lições nos quintais, estas escolas iam acabando gradualmente, e a formosa esgrima lusitana era integrada no programa de colectividades desportivas a primeira das quais foi o prestigioso Ginásio Clube Português, fundado em 1877, que depois teve como primeiro dirigente do ensino Pedro Augusto da Silva; seguiu-se Lisboa Ginásio Clube, inaugurado em 1917 na Travessa do Borralho aos Anjos com o professor da especialidade, António Lapa; e também o Ateneu Comercial de Lisboa onde no ensino do jogo do pau se salientaram Jorge de Sousa discípulo de Frederico Hopffer, Domingos Miguel e António Caçador.

Passando em revista os nomes dos jogadores e mestres famosos, mais uns que reza a tradicão e outros que conhecemos contam-se o Domingos Salreu, um jogador de elite. José Gonçalves Dias, O «95», José Maria da Silveira «Saloio», um reformador da técnica; Pedro Augusto da Silva, Artur dos Santos, António Emídio de Sousa, Baptista Abelheira. Pereira das Taipas, que tinha a sua escola num quintal da Rua das Tainas; o Varejão, O Pimpão, o Pisão, João Confeiteiro, Brasete, Domingos Alves, Francisco Calhariz, Frederico Hopffer - autor dum excelente compêndio da arte do manejo do pau - Arnaldo Ressano Garcia, dr. César de Melo, dr. Moura Pinheiro, Dr. Salazar Carreira, Campos Jor. Humberto Caldas, etc.

A JUVENTUDE LISBOETA DEVE A ARTUR DOS SANTOS INESTIMÁVEIS SERVIÇOS EM MATÉRIA DE EDUCAÇÃO FÍSICA

O Ginásio Clube Português, de tradições brilhantíssimas e tantas vezes glorificado pelos altos serviços prestados à educação desportiva da mocidade, e, por conseguinte ao rejuvenescimento da raça, na realização do seu amplo e patriótico objectivo instituiu, em 1890 a classe de jogo de pau que ali teve o seu primeiro mestre Pedro Augusto da Silva discípulo e depois auxiliar do célebre José Maria Saloio. Por morte daquele mestre, seguiu-se na tarefa do ensino do famoso desporto nacional Artur dos Santos, que já desfrutava de uma auréola de excelente jogador, pessoa activa e sabedora, quando frequentava a classe do seu antecessor. O referido mestre, que triunfou em assaltos memoráveis, na frente de público entendido, foi professor de jogo de pau durante 36 anos, no [[|Ginásio Clube Português|Ginásio Clube]] e na Escola Academica, ao tempo instalada nas Escadinhas do Duque. Praticou o desporto náutico peso e alteres, ciclismo e foi moço de forcado amador, componente admirável dos grupos dos afamados desportistas Filipe Taylor, Alberto de Albuquerque, Simão Ferreira, Pedro de Oliveira e Jose Calazans. Eram todas de beneficência as corridas em que colaborou, incluindo as realizadas no Campo Pequeno, da organização do Clube Tauromáquico Português, patrocinadas pela falecida rainha D. Amélia de Orleans e a favor da Assistência Nacional dos Tuberculosos quando esta instituição começava desenvolvendo a sua acção humanitária »

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