Mestre: José Gonçalves Dias («o 95»)

Fonte: Jogo do Pau Português
Outros nomes O 95
Nascimento (+/-) 1870
Morte (+/-) 1940
Nacionalidade Portuguesa
Naturalidade (?) Lisboa
Escola Lisboa
Local Quintais

Sobre

Mestre José Gonçalves Dias, conhecido como "o 95", foi um dos discípulos prediletos e contra-mestre do famoso mestre lisboeta Domingos Salreu[1]. Com o seu próprio quintal no Largo da Achada, em Lisboa, José Dias dedicou-se ao ensino do Jogo do Pau, onde refinou e desenvolveu as técnicas de "cortes" e "recortes" do seu mestre, Domingos Salreu[2].

Considerado um mestre e jogador de grande habilidade e virtude, José Gonçalves Dias era descrito por Frederico Hopffer como um homem honrado, generoso e trabalhador. Mesmo quando os seus discípulos não podiam pagar, ele nunca deixou de ensinar e de compartilhar todos os detalhes do seu jogo, sem esconder nenhuma parte do conhecimento[3].

José Gonçalves Dias foi altamente reverenciado no meio do Jogo do Pau, sendo mencionado entre os mestres célebres nos espetáculos de 1892 no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, onde sua habilidade impressionou a plateia, que incluía a família real[4]. Em 1891, a "troupe" de Jogo do Pau, composta por jogadores portugueses, apresentou-se também no Coliseu, onde Gonçalves Dias, mestre pelo sistema de Lisboa, foi destacado como uma verdadeira maravilha pela crítica[5].

Conhecimentos técnico

Mestres onde obteve conhecimentos técnicos do Jogo do Pau português:

Linhagem de Mestres (Link externo) Toda a escola de Lisboa (Link externo)

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Publicações onde é citado

« O mestre do Retiro da Pipa foi Domingos de Valente de Couras "Salréu", profissional de Jogo do Pau, que manteve pelo menos três contra-mestres: o seu filho, Abilio Salréu, José Dias (o "95") e Luis Preto (neutro quintal, na Travessa do Combro). »
Artigo «O Jogo do Pau em Portugal: processos de mudança, Universidade Nova de Lisboa» 1990 (ver mais)

« José Dias (o mestre Zé o 95), teve jogo no largo da Achada, em Lisboa. »
CAÇADOR, António Nunes, Jogo do Pau: esgrima nacional, Lisboa: ed. Autor, 1963 (sobre o livro)

« É o jogo cuja base é a escola do celebre José Maria da Silveira, enriquecida com os famosos «cortes» do grande mestre Domingos Salreu e depois aperfeiçoada por José Gonçalves Dias (o 95) que, com a sua excepcional competência, conseguiu dar um notável desenvolvimento ao jogo de «cortes» e de «recortes». »
Artigo em «Novidades» de 1943 (ver mais)

« (...) José Dias (por alcunha o 95), antigo contra-mestre do mestre Salreu, como preito de gratidão á sua memoria, devo dizer, que soube ser um grande mestre e jogador, foi um homem d’um caracter ultra honrado, generoso, ativo trabalhador, e tão desinteressado para com os seus discípulos, que nunca deixou de bem os ensinar, mesmo quando não tinham dinheiro para lhe satisfazer a ridicula paga costumada, e era principalmente tão cheio de boa vontade no ensino, que punha tudo em pratos limpos, não lhes ocultando a mais insignificante parte do jogo.

Tal era o excesso do seu desejo de ensinar, que por vezes, mais tarde quando já eu era também mestre, lhe notava que estava ensinando coisas para as quais o discipulo não tinha ainda preparação, ele me respondia: Ensine voçe os seus como entender, porque os meus teem pouco dinheiro para gastar, mas olhe que os meus são tão bem conhecidos em toda a parte, que quem chegar para eles, tem de saber o que faz.

Pois este meu mestre e amigo, a quem tanto e tanto devo do pouco que sei do jogo, foi um dos discipulos preditetos do grande mestre Domingos Salreu, que também me deu (conforme os bilhetes de lições atestam) nada menos de meia grosa de lições(…) »
Livro "Duas palavras sobre o jogo de pau" de Frederico Hopffer, 1924 (sobre o livro)

« Passando em revista os nomes dos jogadores e mestres famosos, mais uns que reza a tradição e outros que conhecemos contam-se (...) José Gonçalves Dias, O «95», (...) »
Artigo em «O Século Ilustrado» de 1952 (ler a notícia)

« Muito concorrido hontem o Colyseu novo. No intervallo rifou-se o cavalo que era oferecido ao publico - um cavalo de menos da marca - russo escuro, nos pareceu. Coube ao n. 645.

Na segunda parte houve jogo de pau.

Eram quatro os jogadores que se apresentaram com os pittorescos fatos que usam os campinos - collete encarnado, calção e meia, barrete e sapatos de prateleira.

O que se mostrou mais habil foi Gonçalves Dias, um rapagão alto, moreno, muito desembaraçado.

Ao espectaculo assistiram El-Rei, a srª D. Amelia e o sr. Infante. »
Recorte do jornal "Correio da Manhã" de 1892 (ver mais)

« Esta «troupe» portuguesa, que vai a Chicago mostrar os nossos costumes e diversões, como toques de guitarra, fandango saloio e jogo de pau, apresenta-se no Coliseu dos Recreios, ás Portas de Santo Antão, no sábado próximo, 5 do corrente.

A rapariga que baila o fandango é de Pataias, de onde é também um dos mestres do jogo de pau, o celebre Joaquim Agostinho. Dizem-nos, porém, que Gonçalves Dias, mestre do jogo do pau pelo sistema de Lisboa, é uma verdadeira maravilha.

É espetáculo que muito deve entusiasmar o publico. »
Recorte Jornal "Diário Ilustrado", "Herminius", de 1891 (ver mais)

Ver também

Referências

  1. Artigo O Jogo do Pau em Portugal: processos de mudança, Universidade Nova de Lisboa, 1990.
  2. CAÇADOR, António Nunes, Jogo do Pau: esgrima nacional, Lisboa: ed. Autor, 1963.
  3. HOPFFER, Frederico, Duas palavras sobre o jogo de pau, 1924.
  4. Recorte do jornal Correio da Manhã, 1892.
  5. Recorte do jornal Diário Ilustrado, Herminius, 1891.