Mestre: Ernesto dos Santos

Fonte: Jogo do Pau Português
(Redirecionado de Ernesto dos Santos)
Outros nomes Ti Ernesto
Nascimento (?) 192x
Morte (?)
Nacionalidade Portuguesa
Naturalidade Bucos
Escola Bucos

Sobre

Mestre Ernesto dos Santos Touça nasceu na freguesia de Bucos, e muito cedo migrou para Leiria, para trabalhar numa fábrica de cimento em Maceira de Liz. Tendo regressado a Bucos quando se reformou, dedicando-se ao ensino do Jogo do Pau, principalmente nas camadas mais jovens.

Passou por Lisboa, onde frequentou o Ateneu Comercial de Lisboa, o Lisboa Ginásio, para desenvolver a prática do jogo do pau e o Sporting Clube de Portugal onde iniciou o lançamento do martelo. Martelo que se encontra na Casa do Anelho, em Bucos. Depois destas suas experiências em Lisboa, nas suas passagens por Bucos, transmitia seus conhecimentos aos conterraneos da freguesia. A atividade do Mestre Ernesto dos Santos é conhecida na organização e dinamização do Grupo do Jogo do Pau de Bucos para a visita do dr. Oliveira Salazar a Braga nos anos quarenta do séc XX. Nos anos cinquenta, organizou um grupo infantil do jogo do pau. Nos anos sessenta, organizou um grupo de lançamento do martelo

Em 1969, dinamizou um grupo do jogo do pau que fez uma demonstração para uma revista Alemã e para o Museu de Etnografia de Lisboa.[1]

O seu irmão António Santos, nascido em 1926, foi também um excelente jogador de pau, jogou durante 17 anos, desde a idade dos 10 anos até aos 27 anos, altura em que emigrou para o Brasil.

Estes dois irmãos atuaram em Braga no ano de 1945 num espetáculo público a que assistiu António de Oliveira Salazar. Essa apresentação oficial desta arte esteve inserida no concurso A Aldeia Mais Portuguesa de Portugal, onde Carrazedo de Bucos terminou em segundo lugar. Para a exibição e elaboração do filme de candidatura contou com o apoio do Governo Civil de Braga, da Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto e da Junta de Freguesia [2]

A aula do Mestre

As aulas eram feitas no largo da Rechada.

Logo que se chegava à Rechada, fazia-se uma cruz no chão e jogava-se individualmente o jogo da cruz; depois passavam para o jogo de 2 jogadores: o contra jogo e pancadas da cabeça; seguia-se o jogo do meio com 3 jogadores; fazia-se o jogo da cruz, (cruz feita com os paus ao centro da roda) com 4 ou 5 jogadores e no final o ladeado com todos na roda e um ou 2 jogadores dentro da roda conforme o número de participantes. Contrajogo e pancadas da cabeça.[3]

Publicações onde é citado

« Cabeceiras de Basto acolheu, em 29 de Maio o Encontro Nacional de Jogo de Pau. (...)
Dos melhores jogadores das últimas décadas há a destacar nomes como os de Adelino Barroso, Custódio Brás, Ernesto dos Santos, Manuel Urjais, Orides Oliveira, José Simões, Manuel Pereira, Artur Ramalho, Fernando Lima, José Brás, Manuel Dias, Fernando Brás, Avelino Martins e Custódio Martins. »
Jornal «Ecos de Basto» de 30 maio de 1993 (ver mais)

« A história do jogo do pau em Bucos, tão calada no seu segredo, é sobretudo carregada de recordações e imagens aprendidas. Decididamente uma escola poderosíssima. O presidente da Associação D. C. S. J. B. Bucos sabe só que «mestre» Calado, do vizinho concelho de Vieira do Minho, iniciou muitos jovens de Bucos no manejo do pau. E que Adelino Barroso continuou a tarefa já iniciada, transformando muitos rapazes em hábeis jogadores. Posteriormente, Ernesto dos Santos, que aprendera com o «mestre» Calado os alicerces da «escola» de bucos ensinando essa arte que poderá datar de séculos ou de milénios.»
Artigo em Notícias Magazine de 21 Novembro 1993 : A lei do pau (ler artigo)

«(...) Revelou-nos ser irmão de Ernesto Santos, um exímio jogador, que partiu para Leiria, onde trabalhou numa grande fábrica, tendo regressado a Bucos quando se reformou.
(...) Houve jogadores que fizeram fama com esta arma na mão, a única que existia naquele tempo. Depois muitos emigraram, a intervenção da guarda começou a ser constante e o jogo como prática para acerto de contas decaiu. Dos grandes mestres ainda se encontra vivo o António Santos, que emigrou para o Brasil, irmão do Ernesto Santos, que migrou para Leiria. Reformado e conhecido entre nós por Ti Ernesto, voltou a Bucos, onde se dedicou a ensinar a arte do jogo do pau às gerações mais novas. Foi com ele e com o meu pai que eu aprendi. O Ti Ernesto ensinou várias gerações. »
Publicação "O jogo do pau em Bucos através de narrativas orais: a família de Mestre Orides" (ler publicação)

« (...) Com o Mestre Ernesto dos Santos, no largo da Rechada, aprendi todos os movimentos e técnicas dos jogos realizados pelo grupo do jogo do pau: jogo da cruz, contra jogo, jogo do meio, jogo da cruz 4, jogo das pancadas na cabeça, jogo do ladeado.

Por razões de estudos e por ter residido fora da Freguesia nunca fui um elemento dos grupos de jogo de pau formados ao longo dos anos. A minha experiência foi pequena, mas fiz toda a aprendizagem para ser um elemento do grupo do jogo de pau de Bucos.

Logo que chegávamos à Rechada, fazíamos uma cruz no chão e jogávamos individualmente o jogo da cruz; depois passávamos para o jogo de 2 jogadores: o contra jogo e pancadas da cabeça; seguia-se o jogo do meio com 3 jogadores; fazia-se o jogo da cruz, (cruz feita com os paus ao centro da roda) com 4 ou 5 jogadores e no final o ladeado com todos na roda e um ou 2 jogadores dentro da roda conforme o número de participantes. Contrajogo e pancadas da cabeça. »
Testemunho de Manuel de Oliveira Henriques Braz[4]

« (...) Os anos de 1957/58 ficaram marcados, nesta Freguesia [Bucos], pela escola de jogo do pau de Mestre Calado. Mestre Calado, um homem simples, sem eira nem beira, de cor mourisca. Chegou a Bucos sem saber o que fazer, sem dinheiro, família desconhecida, sem local para dormir. A sua habilidade estava voltada para o jogo do pau, assim o demonstrou na eira da Casa da Pereira. A Casa do Martins, hoje do Manuel do Orides, abriu-lhe as portas, onde se hospedou e ajudava em pequenos trabalhos. Nas tardes, deslocava-se até ao largo da Rechada, onde fazia algumas habilidades com o seu pau e deliciava os jovens na altura. Os jovens de Bucos aderiram à sua habilidade e proposeram-lhe a orientação de uma escola de jogo de pau. Nessa altura, já havia alguns bons jogadores de pau em Bucos: Ernesto dos Santos, José de Piornedo, Brás da Pereira, Barroso de Vila Boa, Orides, Manuel do Anelho. Mas Mestre Calado era muito mais hábil, mais espetacular, fàcilmente captou o interesse de muitos Buquenses. Aderiram Custódio de Piornedo, José de Piornedo, josé Silva (da Luisa), Fernando Lima (do Gídio), Artur Ramalho (do Maria Teresa), Manuel do Anelho, Orides Fontes, Avelino Fecheira, Ernesto dos Santos, Custódio Brás, meu pai, José do Freitas, Alfredo Serra; alguns alunos de Vila Boa: Manuel Pereira (Silvina), Manuel Barreto, Abílio? Dixe; alguna alunos de Carrazedo Jaime Dias e Américo Dias. A escola do Jogo de pau de Bucos de Mestre Calado foi o início do GRUPO DO JOGO DO PAU SÃO JOÃO BATISTA DE BUCOS, ainda hoje existente. Obrigado, Mestre Calado. »
Testemunho de Manuel de Oliveira Henriques Braz[5]

Conhecimentos técnico

Mestres onde obteve conhecimentos técnicos do Jogo do Pau português:

Linhagem de Mestres

Galeria de imagens

Escola Bucos-3.jpg Foto de 1944 antes da apresentação para o Presidente Salazar, provavelmente, em Braga, onde podemos ver, da esquerda para a direita:
José Henriques Simões (“José do Piornedo”) da Casa de Piornedo, Ourides Fontes Urjais ("Orides Oliveira"), Ernesto dos Santos Touça, José Freitas Pereira (?), José Travessa ("José do Barreiro"), Antonio dos Santos Touça. [6]
Irmaos santos bucos.jpg Irmãos António Santos e Ernesto Santos, de Bucos a atuar em Braga no ano de 1945. num espetáculo público a que assistiu António de Oliveira Salazar. Essa apresentação oficial desta arte esteve inserida no concurso A Aldeia Mais Portuguesa de Portugal, onde Carrazedo de Bucos terminou em segundo lugar. Para a exibição e elaboração do filme de candidatura contou com o apoio do Governo Civil de Braga, da Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto e da Junta de Freguesia

Vídeos

1966 - Grupo de Jogo do Pau de Bucos

Este documentário mostra um pouco da vida rural de Bucos e tradição do Jogo do Pau nesta região. É entrevistado o Mestre Orides Oliveira e podemos ver jogo entre vários mestres e a escola juvenil do Ernesto dos Santos.

Ver também

Referências