Jogo no Ribatejo

Fonte: Jogo do Pau Português

ZONA REGIONAL : RIBATEJO

Pouco se sabe da Escola Ribatejana. O registo escrito mais antigo, leva-nos para o início do século XIX, quando o Mestre José Arroteia (o «Gigante do Souto») participava como Maioral de ranchos que levaram às terras da Borda d’Água jornaleiros e pescadores das bandas do Lis e do mar da Vieira.

Espinheiro (Alcanena)

Segundo relatos orais antigos, o jogo do pau já existe há séculos no Espinheiro, esta atividade sempre esteve presente nos pastores desta terra. Até ao ano de 1922 os Jogadores do Pau do Espinheiro marcaram sempre presença nos tradicionais festejos de S. Brás, lugar do Prado da freguesia de Alcanena, a qual se repete nos dias 24, 25 e 26 de dezembro. Além deste local, muitos outros festejos e romarias foram demonstrados estes jogos, como em Alcobaça, Alcanena, Santarém, Peres e em outras localidades.

Em 1936, aquando da 1º Exposição Feira em Santarém, o Jogo Pau do Espinheiro surgiu pela primeira vez como um grupo organizado, comandado pelo Capitão Louro. Desde então, impulsionado por alguns dos seus exímios jogadores, como foi o caso do Ti Bornel ou do João David Lourenço.[1]

Saiba mais sobre a Escola de Jogo do Pau de Alcanena.

« (...) no Espinheiro, o Jogo do Pau provém dessas origens e tradições e perde-se na memória dos séculos, segundo relatos, a sua prática entre a população. Até ao ano de 1922 os Jogadores do Pau do Espinheiro marcaram sempre presença nos tradicionais festejos de S.Brás, lugar do Prado. Ao chegarem à localidade, os jogadores davam três voltas à Capela em sinal de respeito ao Santo e daí seguiam para a Eira do Sr. Henrique Inácio, onde se exibiam perante a presença entusiasmada de muitos forasteiros vindos de toda a região, porém nesse ano um homem da localidade Abrã foi morte e o Jogo do Pau esteve parado alguns anos, começando depois e embora com algumas interrupções chegou aos nossos dias, talvez devido a um grande dinamizador chamado João David Lourenço. »
Notícia em "mediotejo.net" - Espinheiro | O Jogo do Pau não morreu e hoje quer fazer Escola, 17-05-2018 (ler a notícia)

Golegã

O jogo antigo do Ribatejo, era feito com as duas mãos, com pancadas violentas, possivelmente idêntico ao jogo minhoto. Contudo, no final do século XIX, já com as influências do Jogo de Lisboa, este começou-se a jogar a uma mão. Temos o relato da existência de dois mestres na zona Golegã, José António Marvila que jogava com as duas mãos, e Carlos Relvas, que utilizava apenas uma mão, como se tratasse de esgrima de florete. Comentava-se, na Golegã, nesse tempo que Marvila representava o sistema antigo, e Relvas o moderno.[2]

Pelo menos, no ano 1880, já existia na Golegã a Sociedade dos Amadores do Jogo do Pau orientada por Carlos Relvas.

« A simpática Sociedade dos Amadores do Jogo do Pau, desta vila, fundada e altamente protegida pelo seu distintíssimo sócio honorário, o ex.mo sr. Carlos Relvas, e presidida pelo ex.mo sr. Manuel Moreira Feio, realizou na noite de 15 do corrente, no seu modesto teatro uma receita em benefício das desgraçadas vítimas dos terríveis cataclismos da Andaluzia. »
"Commercio de Portugal" - Festa de caridade na Gollegã em 1885 (ver mais)

Várzea (Santarém)

No «Correio do Ribatejo», José Varzeano descreve o uso e a importância do "pau" na vida dos habitantes da freguesia da Várzea, em Santarém. O pau tinha várias utilidades na vida quotidiana das pessoas, sendo principalmente utilizado como arma de defesa para proteção de pessoas e animais.

O autor relata episódios de conflitos entre aldeias vizinhas, em que os varapaus eram utilizados como armas. Um homem conhecido como Florindo da Costa Paulo é mencionado como um hábil manipulador do pau. Também é mencionada a existência de diferentes escolas de jogo de pau em Portugal, como a Galega, a do Ribatejo e a de Lisboa. O artigo conclui destacando que o conhecimento sobre o pau e sa ua importância na vida dos habitantes da freguesia da Várzea pode surpreender os jovens varzeenses de hoje, que provavelmente desconhecem essa tradição. (ver mais)

Referências

  1. http://www.cpespinheiro.com/paginas/pagina15
  2. Artigo em «O Século Ilustrado» de 1952 (ver mais)