Carlos Relvas

Fonte: Jogo do Pau Português
Nascimento 1838
Morte 1894
Nacionalidade Portuguesa
Naturalidade Lisboa

Sobre

Carlos Relvas foi Fidalgo da Casa Real, comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição do Vila Viçosa. Era uma das figuras mais simpáticas de Portugal, no seu tempo, admirado pela sua elegância, perícia e arte, como cavaleiro e toureiro amador, lidando toiros a pé e a cavalo, atirador de pistola e de carabina e jogador de pau, de florete e de sabre. Um distintíssimo sportman.

Grande proprietário na região da Golegã e um dos fundadores da República, homem de sólida fortuna. Ficaria conhecido, no país e no estrangeiro, como um dos pioneiros da Fotografia.

Criou na Golegã, a Sociedade dos Amadores do Jogo do Pau, presidida por Manuel Moreira Feio

Convidou os principais mestres da altura no país (José Maria da Silveira, Joaquim Baú, António Penela, José Florêncio e outros) para as sua propriedades a fim de receber deles lições, tornando-se assim um notável jogador; famoso pelo seu jogo característico, resultado de uma aprendizagem de estilos diferentes. Foi mestre na região e criou uma Escola na Golegã, a Sociedade dos Amadores do Jogo do Pau, presidida por Manuel Moreira Feio. Escola também conhecida pelos jogadores de Lisboa por jogo da "Pataeira", ou da "Borda D'água", da qual se praticam vários sarilhos com esse nome ("Borda D'água de cima", "de baixo", "Traçado" e "Unhas abaixo").

Conhecimentos técnico

Mestres onde obteve conhecimentos técnicos do Jogo do Pau português:

Publicações onde é citado

« Do Ribatejo temos uma informação sucinta; o jogo da Borda d'Água, também conhecido como Jogo da Pataieira, (de Pataias), designação estilística tomada da toponímia das zonas ribeirinhas, é um estilo de provável influência nortenha, atribuído aos caramelos, ou ratinhos, trabalhadores sazonais provenientes do Norte. As localidades aonde se da conta de testemunhos da sua existência, terão sido, para além de Pataias, o Concelho de Arruda dos Vinhos, Espinheiro (concelho de Alcanena), Tagarro (aonde deu lições mestre José Florêncio), Santarém, de onde era natural mestre José Ferreira Ruivo (1846-1918) que manteve escola, aí e em Almeirim e Alpiarça, e também na Golegã, aonde tinha praticado sob o patrocínio de Carlos Relvas.

Este último foi um notável jogador, e para além do jogo da Borda D'Água , "contratou vários mestres, provinientes de diversos pontos do país, e assim chegou a ser um habililissimo jogador (...) quer a uma só mão, quer a duas. E não se contentou em saber, visto que mandou ensinar alguns dos seus servidores."

Estes mestres, entre outros, terão sido o próprio José Maria da Silveira, Domingos Valente de Couras (Salréu), António Pereira Penela (1838-1908), e Joaquim Baú (contemporaneo do "Saloio), de Marco de Canavezes, mestre itenerante e que vivia do pagamento das lições dadas pelo pais. O que testemunha uma influência directa da técnica de Lisboa em alguns dos jogadores e posteriores mestres do Ribatejo. »
Artigo «O Jogo do Pau em Portugal: processos de mudança, Universidade Nova de Lisboa» 1990 (ver mais)

« Carlos Relvas, deu lições na Golegã. (...)

António Penela foi mestre do antigo cavaleiro tauromático Carlos Relvas, nas suas propriedades no Ribatejo. (...)

Nunca Carlos Relvas deixava de se fazer acompanhar de cacete, quando saia da Golegã, chamando-lhe o seu revolver, pois era a arma que usava e da qual sabia fazer bom uso. »
CAÇADOR, António Nunes, Jogo do Pau: esgrima nacional, Lisboa: ed. Autor, 1963 (sobre o livro)

« NO RIBATEJO, CARLOS RELVAS FOI UM GRANDE DIVULGADOR DO JOGO DO PAU, QUE DEIXOU ALI FORTES VESTÍGIOS

No Ribatejo — província recheada de pujantes e ricos costumes de característica bem portuguesa - encontramos uma outra figura de rácico e altivo recorte: o goleganense Carlos Relvas, temperamento polifacético, que deixou um glorioso nome em todos os empreendimentos que sonhara. Distinguiu-se ele com relevante prestigio, como equitador e toureiro equestre, sendo da sua invenção as selas que os artistas ainda hoje, adoptor; também como admirável amador cultivou a fotografia, que lhe proporcionou prémios e honrarias em várias exposições internacionais.

Fez vários convites. O primeiro que ele trouxe para a Golegã foi o nortenho Antonio Penela nabilissimo no jogo com as duas mãos, segundo a maneira minhota. Conta-se que uma vez, no calor das lições e destro como era Relvas tentou dominar o Penela mas este, num golpe rápido, passou a uma situação de superioridade que não agradou ao fogoso contendor, é claro, O Penela não possuia grande estatura - afirmam-nos velhos goleganenses que ainda o viram jogar - mas era valentissimo, não temendo os homens de grande estatura. Podiam ser altos como torres! Numa romaria, relata-se nas conversas dos antigos eram muitos homens contra ele, mas só com pedras o atingiram, porque à paulada jamais lhe lhe tocaram. Antonio Penela, deixou escrita a térmica do seu jogo, e um grupo de excelentes discípulos, como Joaquim Pinto e José de Sousa Cecílio - pai de Patrício Cecilio, também esgrimista do pau, e dos bons.

Outro mestre acorreu à chamada de Carlos Relvas: Joaquim Baú, de Marco de Canavezes, que era um tremendo jogador que não obstante a sua avançada idade de oitenta anos, figurava como um novo, no-lo afirmou por ocasião do S. Martinho um velho servidor da casa Relvas. Mais um famoso jogador surgiu na Golegã a convite de Carlos Relvas: foi José António Marvila, senhor de grandes conhecimentos, jogava ele com as duas mãos - como era preceito da sua escola - e Relvas utilizava apenas uma como se tratasse de esgrima de florete. E comentava-se, na Colegã, nesse tempo que Marvila representava o sistema antigo, e Relvas o moderno. O famoso goleganense não se contentava com estar senhor da técnica do jogo;

Uma reliquia do passado nos nos foi presente há pouco, na Golegã, por Carlos Gonçalves, um jogador dos tempos idos possuidor de um pau de lodo, de Carlos Relvas, que lhe foi ofertado por João da Silva Maltez, feitor daquele, considerado lavrador artista e celebre jogador, que chegou a bater-se com o não menos famoso, Pedro Augusto da Silva. »
Artigo em «O Século Ilustrado» de 1952 (ler a notícia)

« Muitos foram os amadores de mérito, consagrados nos célebres saraus do Ginásio, e entre eles citam-se:
Pedro Canas, Bernardo Freire, Carlos Relvas, Jaime Farinha, dr. Moura Pinheiro, dr. César de Melo, D. José Perdigão, dr. Salazar Carreira, Francisco Costa, Arnaldo Ressano Garcia, Carlos Mártires, etc. »
Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Enciclopédia, Limitada, volume XX, 1949 (sobre o livro)

« A base deste jogo é a escola do mestre António Pereira Penela que Carlos Relvas, pai do antigo ministro Dr. José Relvara levou para as suas propriedades da Golegã, afim de com ele aprender a jogar o pau. (...)

Carlos Relvas foi, por sua vez professor de José Ferreira Ruivo, na «Borda d'Água», mestre de grande classe e que nasceu em 1846 e faleceu a 18 de Agosto de 1918. »
Artigo em «Novidades» de 1943 (ver mais)

« Como sportsman tornou-se notável em todos os exercícios físicos, precisos para aliar a destreza à agilidade, a serenidade à, coragem. Hábil atirador de pistola e de carabina, destro jogador de pau, de florete e de sabre, foi também notável na equitação. »
PEREIRA, Esteves, RODRIGUES, Guilherme, Portugal : diccionario historico, chorographico, heraldico, biographico, bibliographico, numismatico e artistico, Lisboa: J. Romano Torres, 1904 (sobre o livro)

«(...) Finalmente a ultima festa é um grande sarau no Colyseu dos Recreios, para o qual está designado o dia 17 de dezembro. Compôr-se-ha de gymnastica, esgrima e equitação; e, segundo nos informam, exhibe se pela primeira vez um assalto de esgrima de pau, em que toma parte o sr. Carlos Relvas, e um assalto de esgrima de sabre a cavallo.

Sabemos que além do sr. Carlos Relvas tomam parte na festa os sra. Antonio Martins, João Ferro, Gagliardi, João Possollo, Custodio Galvão, Arthur Leopoldo Xavier Pessoa, e outros. »
Recorte de jornal "Diário Ilustrado" - 1º Assalto de Jogo do Pau em Lisboa 1891 (sobre a notícia)

« A simpática Sociedade dos Amadores do Jogo do Pau, desta vila, fundada e altamente protegida pelo seu distintíssimo sócio honorário, o ex.mo sr. Carlos Relvas, e presidida pelo ex.mo sr. Manuel Moreira Feio, realizou na noite de 15 do corrente, no seu modesto teatro uma receita em benefício das desgraçadas vítimas dos terríveis cataclismos da Andaluzia. »
"Commercio de Portugal" - Festa de caridade na Gollegã em 1885 (ver mais)

Excerto da obra «Portugal : diccionario historico» - Carlos Relvas

Pode ler a obra toda de Portugal : diccionario historico, chorographico, heraldico, biographico, bibliographico, numismatico e artistico.

Galeria de imagens

Ver também

Links externos

Referências