Mestre: Pedro Augusto da Silva: diferenças entre revisões

Fonte: Jogo do Pau Português
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== Sobre ==
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Aprendeu a jogar com [[Mestre: José Maria da Silveira|José Maria da Silveira]], no quintal que este tinha na sua casa, perto da igreja dos Caetanos.
Mestre '''''Pedro Augusto da Silva''''' empregado no Ministério da Fazenda, aprendeu a jogar com [[Mestre: José Maria da Silveira|José Maria da Silveira]], no quintal que este tinha na sua casa, perto da igreja dos Caetanos.


Foi o primeiro mestre a ensinar no [[Ginásio Clube Português|Real Gimnasio Club]] (Ginásio Clube Português), iniciado em 1895.
Teve como colega de treino o [[Mestre: Fernando Farinha|Mestre Fernando Farinha]]. Embora tivessem o mesmo mestre, ambos tinha estilços diferentes, enquanto que o jogo de ''[[Mestre: Fernando Farinha|Farinha]]'' era académico, o de ''Pedro Augusto'' pendia para o pitoresco, era mais brincado, mais ligeiro, mais alegre.


Foi mais tarde substituído pelo [[Mestre: Artur dos Santos|Mestre Artur dos Santos]], e faleceu em 1897, com 64 anos, com uma pneumonia dupla.
Foi o primeiro mestre a ensinar no ''[[Ginásio Clube Português|Real Gimnasio Club]]'' (Ginásio Clube Português), iniciado em 1895.
 
Foi mais tarde substituído pelo ''[[Mestre: Artur dos Santos|Mestre Artur dos Santos]]'', e faleceu em 1897, com 64 anos, com uma pneumonia dupla.


== Conhecimentos técnico ==
== Conhecimentos técnico ==

Revisão das 21h12min de 18 de janeiro de 2023

Nascimento 1833
Morte 30-11-1897
Nacionalidade Portuguesa
Naturalidade Lisboa (?)
Escola Lisboa

Sobre

Mestre Pedro Augusto da Silva empregado no Ministério da Fazenda, aprendeu a jogar com José Maria da Silveira, no quintal que este tinha na sua casa, perto da igreja dos Caetanos.

Teve como colega de treino o Mestre Fernando Farinha. Embora tivessem o mesmo mestre, ambos tinha estilços diferentes, enquanto que o jogo de Farinha era académico, o de Pedro Augusto pendia para o pitoresco, era mais brincado, mais ligeiro, mais alegre.

Foi o primeiro mestre a ensinar no Real Gimnasio Club (Ginásio Clube Português), iniciado em 1895.

Foi mais tarde substituído pelo Mestre Artur dos Santos, e faleceu em 1897, com 64 anos, com uma pneumonia dupla.

Conhecimentos técnico

Mestres onde obteve conhecimentos técnicos do Jogo do Pau português:

Publicações onde é citado

«Aos 60 anos, Pedro Augusto ainda saltava, nos salões do Gimnasio, ao lado dos alunos de vinte anos! (...) tinha duas paixões, a da caça e a do jogo de pau. Foram as únicas "coisas da vida"» que soube fazer. Meditativo, por vezes com momentos de alegria comunicativa, tinha especial predileção pelas anedotas e histórias antigas. Artur dos Santos, também mestre querido, seu discípulo de alguns anos e seu continuador no Gimnasio Clube, recorda-o ainda com saudade de comoção.»
«... Para lhe acabar o retrato, contaremos uma cena em que ele foi o autor e actor. Ia ele, um dia sossegadamente, para a sua repartição quando no fim do Aterro, já perto do Corpo Santo, topou com dois peixeiros, amadores também, jogando o pau, com as varas dos cabazes.<
Parou a vê-los. Amor da arte... (...) travando o dialogo às boas com eles, o pau dum passava-lhe para as mãos: e ei-lo, já metido no jogo, a fazer flores, quando olhando à volta, se via rodeado de muita gente, todos com os olhos esbugalhados, e cheios de admiração pela novidade do espectáculo!...»
PONTES, José, Quási um século de desporto (1834-1924), Sociedade Nacional de Tipografia, Lisboa, 1924 (sobre o livro)

« O sucessor de José Maria Silveira o Saloio foi Pedro Augusto da Silva, o primeiro professor do Ginásio Clube Português, a quem sucederam Artur Santos, Frederico Hopffer e, na actualidade (1949) Domingos Miguel
Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Enciclopédia, Limitada, volume XX, 1949 (sobre o livro)

« Da sua tentativa para cultivar o gosto pelo jogo do pau, de que foi iniciador o saudoso Pedro Augusto, um excêntrico do seu tempo, alguma coisa fructificou também e a Escola Academica conta hoje no número dos seus professores Arthur dos Santos, discípulo directo de Pedro Augusto e seu sucessor no Real Gymnasio. »
Jornal "Illustração Portugueza" de 18 setembro 1905 (ver mais)

« ARTHUR DOS SANTOS

ARTHUR dos Santos é o successor do saudoso Pedro Augusto, na regencia da aula do jogo de pau, no Real Gymnasio.

Excellente moço, bello caracter, tem sabido fazer de cada discipulo um amigo. Segue passo a passo a orientação do mestre: no cuidado e methodo com que explica as suas lições, e na arte com que as exemplifica.

Bom remador, fez parte da tripulação que ganhou a regata do centenario da India, e a que tambem pertencia Awata, sendo a respectiva medalha das muitas que tem que ostenta com legitimo orgulho. Não podia ser mais feliz o R.G.C.P na escolha do professor para substituir o chorado Pedro Augusto: a comprovalo está a enorme frequencia que d'anno para anno accusa aquella classe. É um antigo socio do club, e da fortaleza da sua constituição fallam os trabalhos que em athletica apresentou ha annos n'um sarau do club, e os seus triumphos em touradas de fidalgos, como forcado amador. »
Recorte do jornal "Tiro Civil" de 1900 (ver recorte jornal)

« (...) e Arthur dos Santos, o discipulo dilecto do saudose Pedro Augusto e que hoje gosa da justa consideracão do melhor mestre de jogo de pau. »
Recorte do jornal "Os Sports Ilustrados" de 1910 (ver recorte jornal)

« Podemos dizer que morreu o nosso primeiro mestre de jogo de pau. Pedro Augusto, como elle era conhecido por todos os seus discipulos e amigos, que contava em grande quantidade, devido ao seu bello caracter e affabilidade de trato, era um valente jogador de pau, mas jogador de sala, por isso que alle nunca magoava o seu adversario, figurava os golpes e animava o seu contendor, com uma phraseologia um tanto pitoresca, por exemplo cuidado que te vou dar um charuto, e o adversario sentia-se tocado na cara, mas não magoado, e assim olha o fole das migas, a barriga; o beque nariz; mocha, cabeça, etc.

Discipulo directo do grande jogador de pau Jose Maria Saloio, foi na caza d'elle, no canto junto à igreja dos Caetanos, n'um quintal que ali existe, onde tambem era o popular theatrinho dos Inglezinhos, que se faziam magnificas sessões de jogo de pau, onde muitas vezes estivemos, gozando este bello trabalho de esgerima puramente nacional: d'alli sahiram bons discipulos, e, Pedro Augusto um bom mestre.

Professor do Real Gymnasio Club Porguez, deixa alli discipulos que o honram; foi tambem professor na Associação dos Atiradores Civis Estrela, e de muitas outras sociedades.

Tivemos occasião de o ver não ha muito tempo e admiravamos sempre a sua ligeireza, a forma como saltava: ninguem diria que era um homem de 64 annos.

Pedro Augusto, era empregado publico reformado, exerceu sempre os seus logares com muita intelligencia e nunca contestada honestidade; falleceu no dia 30 de novembro ultimo com uma pneumonia apanhada poucos dias antes, depois da lição aos seus discipulos do Real Gymnasio.

O sport nacional está de lucto, morreu-lhe um dos seus mais dilectos filhos: uma saudade sobre a sua sepultura. »
Artigo "O Tiro civil", número 130 de 15 Janeiro 1898 (ver recorte jornal)

« N’essa noite da minha apresentação vi esgrimir muitos jogadores, mas as attenções concentraram-se todas nos dois últimos, que eram os seus mais notáveis discipulos.

Estão ambos mortos, mas um d’elles, Farinha, empregado na Alfandega, só tive o prazer de o vêr jogar duas vezes.

E digo prazer, porque é realmente um espectáculo extremamente agradável o de dois luctadores da mesma força, ostentando todos os seus recursos e os da arma que manejam, com a maior facilidade, certeza e elegância, nas posições e nos movimentos – jogando durante meia hora, sem um leve toque, e com os golpes apenas indicados pelo gesto! Isto, feito com o pau – arma pesada e d’alcance – ainda mais provoca e justifica a admiração.

O outro contendor era Pedro Augusto da Silva — empregado no Ministério da Fazenda, o introductor e primeiro mestre d’esta esgrima no Gymnasio Club de Lisboa, onde deixou a tradição do mestre – e que foi, durante os últimos annos, o prévôt effectivo da escola de José Maria. Já se vê, portanto, que devia ser interessantissimo o prélio, em que os dois adversários se empenharam; sobretudo para mim, que nunca assistira áquelles assaltos, e que ao principio receiava a todo o momento vêr um braço quebrado ou uma cabeça partida!

Nada d’isso, porém, aconteceu, e quando elles, apontando os paus para a terra, fizeram as cortezias finaes e cumprimentaram a assembléa — esta applaudiu-os calorosamente. Ambos se tinham mostrado cortezes na lucta, rápidos e certeiros no ataque, previstos e firmes na defeza (…)

Discipulos do mesmo mestre, e ambos da mesma geração, representaram, no meu entender, os dois estylos, as duas maneiras d’esta esgrima. Farinha, uma cabeça antiga, com o cabello rente, a barba toda, e a expressão um tanto severa, era – se assim o podemos chamar- um clássico. Pedro Augusto, com o bigode negro, a cabelleira crescida, o olhar movel, e o gesto um pouco brincão, era romântico.

Aqui, como nas lettras, como em tudo, no estylo via-se o homem. O jogo de Farinha era académico, o de Pedro Augusto pendia para o pittoresco, era mais brincado, mais ligeiro, mais alegre. Assim devia ser, porque de todos os primeiros, que conheci, era elle o que dispunha de menos força physica, e então soccorria-se da agilidade, que, graças ao constante exercício, conservou até ao fim da vida. Era um pasmo vêr como elle, com muito mais de sessenta annos, fraco e achacado do peito, ainda saltava, na sala do Gymnasio, á compita com os seus discipulos, rapazes de dezoito e vinte annos! Para professor dar-lhe-ia eu a preferencia, mas n’um assalto, com um jury sério, o jogo de Farinha teria talvez maior numero de votos. Este era duma correcção absoluta, um verdadeiro primor d’arte todo o seu conjuncto! Um modelo raro, para a illustração d’um livro, d´um tratado especial! Que perfil o de toda a sua figura! que firmeza de posição, que rapidez, e que segurança nos movimentos, no avançar, no recuar, no ataque e na defeza! Annos depois tornei a vêl-o jogar — já doente — Farinha ainda era o mesmo impeccavel artista!

Dir-se-ia uma estatua em movimento, se a estatua podesse dar-nos a impressão real da vida! »
AÇA, Zacarias de, Lisboa Moderna, Lisboa: Viúva Tavares Cardoso, 1906 (ver mais)

Separata do Livro: Lisboa moderna

No livro Lisboa Moderna de 1906, Zacharias d’Aça, reserva 10 página para reescrever o artigo publicado anteriormente no «Diário da Manhã» em 1883, e depois em 1900, no «O Tiro Civil».

Galeria de imagens

Vídeos

Séries Pedro Augusto da Silva
Séries executadas pelos mestres Paulo Brinca e Valter Abrantes
Séries Pedro Augusto da Silva
Séries executadas pelos mestres Nuno Russo e José Saramago

Ver também

Referências

  1. Recorte do Jornal "Ilustração Portuguesa" de 11 de Setembro de 1905, p.711