Anónimo

Álvaro Santos Pato

Fonte: Jogo do Pau Português
Nascimento
Nacionalidade Portuguesa
Naturalidade Moçambique

Assinatura
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Sobre

Álvaro Santos Pato, nasceu em Mutarara - Moçambique. Aos 18 anos veio estudar para Lisboa. Sempre gostou de artes marciais.

Praticou grande variedade delas, mas acabou por se fixar no manejo do pau, por considerar mais eficaz.

Iniciou a sua prática de Jogo do Pau nos finais do ano de 1959 no Ateneu Comercial de Lisboa. Obteve os ensinamentos de dois grandes mestres da altura (Pedro Ferreira e Armando Sacadura) desde cedo pretendeu pôr por escrito os ensinamentos colhidos. O trabalho e a família atrasaram este projecto.

Só em 2010, juntamente com Manuel Monteiro, mestre responsável pelo Ateneu Comercial de Lisboa na altura, a sua concretização passou a ser possível.


Livros escritos:

Ligação ao Jogo do Pau

Para melhor perceber a ligação e o percuso de Alvaro Pato com o Jogo do Pau, transcrevemos o capítulo "Abordagem histórica" do seu livro Manual para Mestres Pau-Luta - Arte Marcial Portuguesa.

« Quando, nos finais do ano de 1959, me iniciei no Ateneu Comercial de Lisboa e conheci o grande homem que viria a ser também grande amigo o Mestre Pedro Ferreira - nunca pensei vir a possuir os conhecimentos que hoje possuo e que, tão amavelmente, me foram transmitidos. As conversas então tidas mostravam o seu anseio de que se mantivesse esta tradição e o seu grande desejo de ajudá-la a evoluir. Constantemente o questionava sobre vários temas da escrever um livro técnico arte e ele nunca deixou de me esclarecer. Acho, mesmo, que passei a ser o jogador que o poderia ajudar na tarefa a que se tinha proposto na sua missão de ensinar. Pensámos na altura em que se sentia falta e a ideia só não foi avante porque o mestre, conservador como era, não queria alterar as designações existentes, as quais se mostravam já, algunas delas, pelo menos desajustadas. Didacticamente difíceis de utilizar. Como discordava, a ideia foi, então, posta de parte.

Outros temas eram também abordados acer do Jogo do Pau, como o formato de um ringue de luta, as suas dimensões e as regras a aplicar. Logo nessa altura sentiu-se a necessidade de diferenciar a arte até então conhecida como de apresentação duma outra a criar só com a componente de combate. Esteve para ser chamado "Jogo de Pau marcial", mas não foi por diante.

Além disso, o mestre comentava comigo a necessidade de uniformizar e criar uma organização que pudesse congregar todas as associações existentes e que, entretanto, foram crescendo, tendo em vista a disparidade dos métodos ou, muitas vezes, a inexistência deles, que tinha origem na resistência de alguns mestres que não queriam interferências nas suas "escolas". Também não se pôde avançar nesse campo. A criação de uma federação foi, temporariamente, posta de lado. Por essa altura passou por Portugal uma equipa japonesa que se mostrou interessada pelo que se fazia cá nesta área. O mestre mostrou-se orgulhoso por ter sido contactado e pôde promover a filmagem da arte do manejo do pau como era prática no Ateneu. No Japão era praticado com protecções e surpreenderam-se com o facto de nós não usarmos nada para o efeito.

Entretanto, por razões militares, durante cinco anos, estive afastado de Lisboa e interrompi a execução dos planos que tínhamos como objectivo realizar. Quando regressei, voltei a treinar contando com a paciência do meu amigo e Mestre. Passei também a frequentar o Ginásio Clube Português, onde se encontrava um jogador reconhecidamente bom, de nome Armando Sacadura, com quem passei a jogar. Os combates eram desafiantes e animados e davam-me a possibilidade de melhorar determinados aspectos, como o treino do aperfeiçoamento dos reflexos e da capacidade de desvio.

De novo, e desta vez por motivos profissionais, fui viver para o norte do país, para a cidade do Porto. Durante três anos estive ausente sem treinos reais e limitei-me a executar treino individual para manter a forma física.

Ao regressar a Lisboa, vim a encontrar outros jogadores, hoje mestres na capital ou nos arredores. Continuava a ter o apoio e a boa vontade do Mestre, que, após o jantar me dedicava o desejava para o futuro para melhorar esta arte passava também por distinguir os vários graus seu tempo sempre na disposição de transmitir tudo o que sabia. O seu desconforto sobre o que em que se encontravam os jogadores. Algo deveria ser feito nesse sentido para evidenciar o seu grau de diferenciação.

Anos mais tarde, de novo me ausentei, por razões familiares e fui viver para a zona do Oeste, tendo regressado ao Ateneu em princípios de 2000, onde vim a encontrar, os mestres Manuel Monteiro e Nuno Russo. A estes dois mestres muito deve este jogo em Lisboa como também a expansão que teve por todo o país. O mesmo se deve dizer do mestre Paulo Brinca da escola da Moita que não se cansa de ensinar a arte a sul do Tejo, sempre apoiado pelo amigo e dinamizador José Pedro. Justiça lhes seja feita.

Uma grande diferença notou no que se tinha passado a fazer entretanto. Anteriormente, na prática, jogava-se agarrando o pau com as duas mãos, mas com os melhoramentos introduzidos na escola do Ateneu passou-se a usar, também, uma só mão em determinados movimentos. Actualmente, nas escolas existentes, vejo que se voltou a utilizar somente as duas mãos agarrar o pau. No Ginásio Clube Português introduziram o uso de protecções à semelhança dos japoneses. Nas escolas da capital optou-se pelo uso de faixas (já usadas pelos praticantes Jiu-jitsu japonês) para diferenciar os conhecimentos e o grau de desenvolvimento técnico de jogadores.

Apercebi-me, pois, que se tinha feito a niponização desta arte. Era importante também necessário salientar o grau de diferenciação dos jogadores consoante a sua experiêcia, conhecimentos e mérito. Isso poderia ser feito com métodos mais ocidentais, como por exemplo pela aposição de letras ou números (o número 1 ou letra A para o nível mais elevado nas costas ou no bolso da frente, ou outra qualquer marca no fardamento. Na evolução dessa arte original portuguesa urgia separar a componente demonstrativa da de combate. Na criação do nome a designar, o termo "esgrima" não nos pareceu adequado por estar mais ligado ao uso de armas brancas. Aplicar-se ao uso do pau, que se tem essencialmente como meio de defesas nunca nos pareceu aceitável.

Com o mestre Manuel Monteiro ficou acordada a designação de "Pau-Luta" que nós achamos conveniente por duas razões: era uma só palavra e prestava-se a designar o manejador como pau-lutador.

Não podemos deixar de referir, ainda, que a evolução positiva deu origem ao aparecimento de associações, estas, todavia, conservando as suas diferenças. Por isso, a ideia de congregar numa só organização todas as associações, em que se pudesse estabelecer regras tendentes à uniformização do possível, e que contribuísse também para a sua vitalidade e robustecimento como desporto manteve-se e, ainda hoje, está na ordem do dia. Também a televisão - e não podemos deixar de pôr em evidência o seu papel, embora o quiséssemos mais relevante - veio dar um contributo à sua evolução, pela divulgação que promoveu ao dar a conhecer esta arte ao grande público.

É importante que no futuro se mantivesse uma diferença entre "jogo do pau" e "Pau-luta". O nome a escolher pode ser outro, mas gostava que houvesse algo que os diferenciasse.

Os mestres sempre acharam que a arte deve ser ensinada gratuitamente porque sempre foi assim. É tradição. Para a mantermos devemos então pensar numa classe especializada, ramo a que só os merecedores e os amantes de artes marciais devem aderir. Neste caso têm de pagar para aprender, tal como se faz nas artes marciais dos outros países. O facto de ser gratuita faz com que as pessoas só apareçam quando lhes apetecer. Assim como aparecem também facilmente desaparecem, após aprenderem a rodar o pau. »

Galeria de imagens

Ver também

Vídeos

Hino do PAU-LUTA

Hino do PAU-LUTA, criado por Álvaro Pato, e publicado no seu livro «Manual Principiantes de Pau-Luta - Arte Marcial Portuguesa», de 2019.
Letra da poetisa Maria Rosa Teixeira da Silva e composição musical e voz de António Ramos.

2019 Apresentação PAU-LUTA

Pau-Luta (vertente marcial do Jogo do Pau) - breve apresentação e exemplificação de alguns movimentos, na Casa de Lafões, em 16/06/2019, pelo Mestre Manuel Monteiro com Arnaldo Monteiro (oponente) e David Monteiro (apresentador, à esquerda equipado e com faixa verde)

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