Artigo: Jogo do Pau em Bucos - 1984

Fonte: Jogo do Pau Português

Sobre

  • Relevância: ★★☆
  • Jornal: «Viva Voz»
  • Título: Jogo do Pau em Bucos
  • Publicação: Nº 33 de março de 1984


Resumo

O artigo fala de Bucos, uma aldeia tradicional em Cabeceiras de Basto, conhecida por preservar o Jogo do Pau, como uma antiga tradição portuguesa. Com trinta participantes, em 1984, o Grupo de Jogo do Pau de Bucos mantém viva essa prática, atuando em festas e eventos. O jogo, que era usado como arma de defesa, tornou-se uma modalidade desportiva praticada com varapaus de madeira. Fala ainda da existência das três escolas de jogo, que orientam as técnicas utilizadas.

Artigo

« Bucos, aldeia tradicional, situada nas faldas da Cabreira, é uma das dezassete freguesias do Concelho de Cabeceiras de Basto.

Neste pequeno lugar a vida é dura e difícil e o sacrifício é uma constante do dia-a-dia.

Porém, é também uma aldeia com características muito próprias. Os habitantes desta pequena comunidade vivem entranhados em determinados usos e costumes que vão moldando as pessoas através dos tempos.

Muitas transformações se têm operado no mundo, porém Bucos mantém-se fiel às suas origens.

É nesta pequena comunidade que ainda hoje se pratica o Jogo do Pau.

Este jogo foi praticado em todo o País durante muitos e longos anos. Nos primeiros tempos talvez fosse utilizado apenas como uma arma de defesa pelos nossos pastores e pelos viajantes que se precaviam contra os salteadores das estradas.

Actualmente pratica-se em Bucos com o carácter de modalidade desportiva.

Com trinta participantes (adultos e crianças) o Grupo de Jogo do Pau de Bucos vem mantendo viva esta antiga tradição. Tem actuado em festas, romarias e outras manifestações e recebe sempre como pauladas amigas qualquer convite que lhe seja solicitado.

Gostaríamos de levar este jogo a todo o País.

Aguardamos convites.

Pauladas amigas do CEBA de Bucos.

Jogo do Pau

Este é talvez o jogo mais tipicamente nacional.
É praticado pelos adultos (homens).
O jogo do pau é uma espécie de esgrima praticada pelo povo desde há longos anos e utilizam-se varapaus cujo tamanho varia consoante a estatura de cada joga-dor. O varapau é feito de madeira de lodão, pouco nodosa e bem lisa.

Antigamente talvez o varapau fosse utilizado como arma de defesa pelos guardadores de rebanhos e viajantes contra os salteadores e contra as feras. Depois começou a aparecer nas feiras e os homens, talvez por uma questão de hábito, não se separavam dele. E, logo que surgisse qualquer barulho os varapaus entravam em acção — fosse qual fosse o assunto que se discutisse: questões de água, de amor, etc.

Então o jogo do pau, anteriormente considerado uma forma de combate foi trazido pelos minhotos e transmontanos para Lisboa e aí começou a ser praticado como passatempo vivo e alegre. A sua regulamentação posterior deve-se a José Maria Saloio, o «Saloio», que o fez ter bastantes adeptos.

Há três escolas que orientam o modo de jogar:

1. Escola galega — tem a preferência no Minho e Trás-os-Montes e caracteriza-se pelo alcance dos golpes de ponta—, golpe atirado com a ponta do varapau ao corpo do adversário; pela rapidez dos rebates — o varapau gira em círculo sobre a cabeça antes de ser deferido sobre o adversário; e pela utilização sóbria dos sarilhos.

Os jogadores preferem utilizar uma só das mãos.

2. Escola ribatejana — caracteriza-se pela luta a curta distância. Utilizam frequentemente os cortes —golpes do varapau lançado com força para deter a pancada do adversário —, as paradas e as pancadas arrepiadas —, golpes lançados de baixo para cima. Também é conhecida por «escola de pateleira».

3. Escola de Lisboa — destaca-se o jogo defensivo desde a guarda de espera— posição em que espera o ataque do adversário ou prepara o ataque — à forma de varrer pancadas — golpe lançado em sentido contrário ao golpe deferido pelo adversário. Exigindo uma grande preparação física, o jogo atinge características de um autêntico desporto. »


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