Escola do Norte

Fonte: Jogo do Pau Português

Sobre

Embora a Escola do Jogo do pau do Norte esteja associada diretamente a Fafe ou Cabeceiras de Baixo, na boa verdade, o jogo sempre se fez em todo o norte, do Minho aos Trás-os-Montes, contudo, as regiões com maior atividade foram nas regiões do Barroso, Cabeceiras de Basto e Monção.

Possivelmente devido a razões várias que vão desde o isolamento dos pastores à agressividade da terra, das feras e das gentes, foi na região mais interior e montanhosa do Minho que se desenvolveram as melhores escolas de jogo do pau, apareceram os mais famosos mestres e se guarda memória das maiores pancadarias à paulada, algumas verdadeiras batalhas campais, tendo como palco as feiras, festas e romarias.[1]

Existiu também, além das regiões referenciadas, jogo do pau nas beiras, como relatado por Alberto Martinho, onde as rivalidades entre os habitantes do Sabugueiro e as povoações próximas (São Romão, Lapa e Vila de Seia) eram resolvidas a "pau". Rivalidades que surgiam devido às demarcações das pastagens, que segundo o autor, duravam desde o séc. XVI.[2]

Também em Valezim, de Seia (Serra da Estrela), cuja fundação são desconhecidos. Os homens da região são descritos como robustos, sóbrios e valentes, e descendentes dos pesures ou hermínios, povos indomáveis. Eles têm uma habilidade especial no jogo do pau, que é sua principal distração e fonte de orgulho.[3]

Estilos desta Escola

Embora o estilo de Jogo seja muito idêntico, a sua metodologia de ensino ou tipo de Jogo varia um pouco, havendo os estilos:

Publicações onde a «Escola» é citada

  • Em 1915:

« Em Portugal houve sempre duas escolas de jogo do páo. A primeira pertencem os homens do norte, os dentro Douro e Minho e os das Beiras. A segunda os ribatejanos. No alentejo e Algarve não é cultivado o jogo do páo.

As caracteristica da primeira escola é o floreado, chamado de "duas mãos" ou "passeado" como mais trivialmente é conhecido.

A segunda escola é o jogo de uma mão só e de "aproveitar".

É curioso ver-se numa feira do norte de Portugal um desafio de dois bons jogadores de páo, mesmo sendo a sério. Olham-se, medem-se e começam os "floreados", os "sarilhos de roxa" e de "cobrir" e os "pares". A cada sarilho os adversários respondem com um outro, não se deixam vencer nessas demonstrações de habilidade e, sendo inimigos de morte às vezes dão azo ao contentor para brilhar no jogo de parar e responder. Só quando se sentem cansados atacam a valer e a sério. »
Artigo da revista ilustrada «O Malho» de 1915 (ver mais)

  • Em 1943:

« Não se vê na Escola de Lisboa os sarilhos eficazes e aparatasos do jogo do Minho, porém a precisão matemática dos seus «cortes» e das suas «passagens», dão, em combate, uma grande vantagem ao jogador que segue a escola lisboeta.

(..) No jogo do Minho, o pau é também manejado com as duas mãos, é jogo violento, duro, agressivo.

Comparado ao de Lisboa, dá mais vantagem ao jogador quando ele pretende fazer frente a mais do que um adversário; porém, de homem para homem, é, como o jogo do Ribatejo, batido pelo da capital. (...)

Os minhotos têm uns sarilhos eficazes formados por saltos da grande alcance de que se servem quando jogam com vários adversários e, como usam paus muito altos, para poderem saltar, chegam a apoiar o trôço do pau no chão rara melhor formarem o pulo.

As pontoadas do jogo do Minho são perigosas; às vezes aplicam-se com as duas mãos, todavia a ponta do jogo de Lisboa, deve ser de mais eficácia, pois, enviada com um só braço, é mais rápida. (...)

Tornamos a dizer que o jogo do Minho poderá manter superioridade quando se trata de jogar contra vários adversários ao mesmo tempo, isto devido aos seus sarilhos, porém colocando frente a frente, um jogador minhoto e outro que seja sim profundo conhecedor da Escola de Lisboa, este deve conseguir vantagem. »
Artigo em «Novidades» de 1943 (ver mais)

  • Em 1949:

« (...) conhecem-se, no entanto, três escolas: a do Norte (Minho e Trás-os-Montes), conhecida pelo nome de galega; a do Ribatejo, ou pataleira (de Pataios) e a de Lisboa. (...)

À característica da escola galega é o grande alcance dos seus golpes de ponta e nos rebates, executados geralmente só com uma mão; (..) »
Livro «Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira» de 1949 (ver mais)

  • Em 1952

« (...) três escolas: a do Norte, que inclui a Galiza onde este jogo é muito popular, a do Ribatejo, onde o combate privilegiado é o da curta distância levando por isso os praticantes a correrem mais riscos, mas aumentando com muito a espectacularidade do jogo, e, por fim, a de Lisboa, onde a segurança é total já que existe um sistema e uma organização defensiva, extremamente rigorosa. »
Artigo do jornal «O Século Ilustrado» de 1952 (ver mais)

Em 1984

« Há três escolas que orientam o modo de jogar:

1. Escola galega — tem a preferência no Minho e Trás-os-Montes e caracteriza-se pelo alcance dos golpes de ponta—, golpe atirado com a ponta do varapau ao corpo do adversário; pela rapidez dos rebates — o varapau gira em círculo sobre a cabeça antes de ser deferido sobre o adversário; e pela utilização sóbria dos sarilhos.

Os jogadores preferem utilizar uma só das mãos. »
Artigo do jornal «Viva Voz» de março 1984(ver mais)

Outros tipos de Escolas

Referências

  1. Artigo de Nuno Russo, no jornal «Olivais» de 1984 (ver mais)
  2. Livro «Sabugueiro - uma aldeia da Serra da Estrela» de 1972 (ver mais)
  3. Livro «Portugal antigo e moderno» de 1982 (ver mais)