Mestre: Baptista Abelheira: diferenças entre revisões

Fonte: Jogo do Pau Português
 
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== Sobre ==
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Mestre '''''Baptista Abelheira''''' foi um mestre de Jogo do Pau conhecido pela sua habilidade e elegância no combate. Descrito como um "grande jogador" e "homem forte", destacava-se por um jogo vigoroso, de estilo tradicional, conhecido como o "sistema de olho e pé", que implicava uma forte combinação de movimentação precisa e rápida observação dos movimentos do adversário. Este estilo era semelhante ao utilizado por [[Pedro Augusto da Silva]], mestre do [[Ginásio Clube Português]].
 
''Baptista Abelheira'' lecionou Jogo do Pau em diversos quintais de Lisboa, incluindo a ''[[Grupo da Fonte Santa|Fonte Santa]]'' e a ''[[Grupo da Travessa Conde de Avintes|Travessa Conde de Avintes]]''. Nesses locais, ''Abelheira'' era um mestre respeitado, e teve como contramestre o também conhecido ''[[Mestre: Pizão|Mestre Pizão]]''.
 
Foi uma figura influente, na prática da esgrima de pau da época e foi um dos mestres do [[Mestre: Frederico Hopffer|Mestre Frederico Hopffer]], com registo e destaque no livro do [[Mestre: António Nunes Caçador|Mestre Caçador]].
 
Não há informações de quem foi o seu mestre, contudo, como foi contemporâneo de [[Mestre: Domingos Salreu|Domingos Salréu]], e ensinou com ele, é bem possível que tenha aprendido com [[Mestre: José Maria da Silveira|José Maria da Silveira «O Saloio»]].


== Publicações onde é citado ==
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Mestre [[Mestre: Izidoro Correia Gomes|Isidoro Correia Gomes]] aprendeu com o mestre [[Mestre: Domingos Salreu|Salréu]] e com [[Mestre: Baptista Abelheira|Baptista Abelheira]].


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'''Baptista Abelheira''', também teve jogo na ''Travessa Conde de Avintes'' e foi seu contramestre o mestre ''Pizão''.
 
'''''Baptista Abelheira''''', teve jogo na ''[[Grupo da Fonte Santa|Fonte Santa]]'', em Lisboa.
 
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'''Baptista Abelheira''', também teve jogo na ''[[Grupo da Travessa Conde de Avintes|Travessa Conde de Avintes]]'' e foi seu contramestre o mestre [[Mestre: Pizão|Pizão]]''.
 
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Já la vão à roda de 60 anos, quando o mestre [[Mestre: Baptista Abelheira|Baptista Abelheira]] leccionava num quintal nas proximidades do Limoeiro, que o mestre [[Mestre: Frederico Hopffer|Frederico Hopffer]], ainda discípulo de [[Mestre: Domingos Salreu|Salréu]] lhe foi fazer uma visita, afim de fazer um jogo com ele, e avaliar as suas possibilidades em relação às de [[Mestre: Baptista Abelheira|Baptista Abelheira]] que era uma esgrima diferente da do seu mestre, e puramente minhota. O mestre [[Mestre: Baptista Abelheira|Abelheira]] saltava para todos os lados, entrava, sala, recuava, avançava, ladeava, etc., mas era valente e combatía bem. Era um homem alto e forte, com umas largas suissas jogava sempre com o chapéu na cabeça. O certo é que o jogo realizou-se e após o qual, o nosso [[Mestre: Baptista Abelheira|Baptista Abelheira]] diz para o então discípulo de [[Mestre: Domingos Salreu|Salréu]]:
 
Se o senhor jogar com o seu mestre como jogou comigo, o senhor liquida-o em pouco tempo.
 
Então quando lhe devo mestre [[Mestre: Baptista Abelheira|Abelheira]]?
 
- Nada! o senhor já não precisa de lições.
 
- Mas ainda lhe digo mestre [[Mestre: Baptista Abelheira|Abelheira]], o mestre [[Mestre: Domingos Salreu|Salréu]] joga muitíssimo bem e o que sei a ele o devo, estou convencido que não pode corresponder à verdade o que me acaba de dizer.
 
Então o mestre [[Mestre: Baptista Abelheira|Baptista Abelheira]] diz:
 
- Qualquer dia lá vamos desfazer isso. E de facto passado algum tempo, o mestre [[Mestre: Domingos Salreu|Salréu]], recebe  no seu quintal a visita de [[Mestre: Baptista Abelheira|Baptista Abelheira]] e de seus vinte companheiros, alguns, jogadores seus discípulos e do seu contra-mestre, pelos vistos, pouco desejável, usava da navalha com facilidade. O mestre [[Mestre: Domingos Salreu|Salréu]], porém, na qualidade de homem contrário a isso, disse o seguinte: O senhor e os seus discipulos e companheiros, estão muito bem na minha casa, este homem vou pô-lo na rua; e foi mesmo. Após isto, compraram um garrafão com cinco litros de vinho para comemorar o encontro e resol eram jogar, em primeiro lugar os dois mestres, [[Mestre: Baptista Abelheira|Abelheira]] e [[Mestre: Domingos Salreu|Salréu]].
 
O jogo começa, vai-se desenrolando, enfim, dentro dos seus vários aspectos. O mestre [[Mestre: Domingos Salreu|Salréu]], sempre dentro da sua caracteristica de jogo manhoso, procurando fazer como gato taz ao rato passando-se hábilmente, cobrindo-se, atacando levemente, e com segurança até que em ocasião oportuna atira o golpe e atinge a orelha de [[Mestre: Baptista Abelheira|Baptista Abelheira]] suavemente, no entanto, este sente-se deprimido, larga a vara e agarra-se a [[Mestre: Domingos Salreu|Salréu]], tiveram é claro, que ser separados. Mas não fica por aqui, pois o mestre [[Mestre: José Gonçalves Dias («o 95»)|José Dias (o 95)]], leccionava próximo, foram chamá-lo, veio logo e propôs-se jogar com o filho do [[Mestre: Baptista Abelheira|Abelheira]], rapaz novo, alto, forte como o pai, mas de jogo do pau pouco ou nada sabia, e o mestre [[Mestre: José Gonçalves Dias («o 95»)|Zé]], como lhe chamavam, resolve jogar com o pai [[Mestre: Baptista Abelheira|Abelheira]], trava-se o combate e como atrás disse, o mestre [[Mestre: Baptista Abelheira|Abelheira]]jogava sempre de chapeu na cabeça e o mestre [[Mestre: José Gonçalves Dias («o 95»)|Zé]] que era muito baixo, mas sobrava-lhe em saber o que lhe faltava em altura, dá o primeiro toque no chapéu do seu adversário e coloca lho sobre o lado, o outro compõe o chapéu, dentro de pouco tempo sucede o mesmo, torna a compor e o caso repete-se, quer dizei, o mestre [[Mestre: José Gonçalves Dias («o 95»)|Zé (o 95)]] toca três vezes o outro, o qual agora perde a serenidade, larga a vara e agarra-se ao mestre Zé, embrulham-se todos, o conflito acabou e o garrafão de cinco litros desta vez não chegou a ser bebido pelos vários componentes da festa.
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<small>CAÇADOR, António Nunes, ''Jogo do Pau: esgrima nacional'', Lisboa: ed. Autor, 1963 ([[Livro: Jogo do Pau: esgrima nacional|sobre o livro]])</small>
<small>CAÇADOR, António Nunes, ''Jogo do Pau: esgrima nacional'', Lisboa: ed. Autor, 1963 ([[Livro: Jogo do Pau: esgrima nacional|sobre o livro]])</small>
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<small>Livro "Duas palavras sobre o jogo de pau" de [[Mestre: Frederico Hopffer|Frederico Hopffer]], 1924 ([[Livro: Duas palavras sobre o jogo de pau|sobre o livro]])</small>
<small>Livro "Duas palavras sobre o jogo de pau" de [[Mestre: Frederico Hopffer|Frederico Hopffer]], 1924 ([[Livro: Duas palavras sobre o jogo de pau|sobre o livro]])</small>
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== Conhecimentos técnico ==
Mestres onde obteve conhecimentos técnicos do Jogo do Pau português:
* * [[Mestre: José Maria da Silveira|Mestre José Maria da Silveira «O Saloio»]] (há dúvidas)
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! Toda a escola de Lisboa ([https://jogodopau.wiki/mapa/escolas.php?ver=Lisboa&nome=Baptista%20Abelheira Link externo])
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* [[Mestres|Mestres do Jogo do Pau]]
* [[Mestres|Mestres do Jogo do Pau]]
== Referências ==

Edição atual desde as 20h29min de 31 de maio de 2025

Nascimento (+/-) 1830
Morte (+/-) 1910
Nacionalidade (?) Portuguesa
Naturalidade (?)
Escola Lisboa
Local Quintais

Sobre

Mestre Baptista Abelheira foi um mestre de Jogo do Pau conhecido pela sua habilidade e elegância no combate. Descrito como um "grande jogador" e "homem forte", destacava-se por um jogo vigoroso, de estilo tradicional, conhecido como o "sistema de olho e pé", que implicava uma forte combinação de movimentação precisa e rápida observação dos movimentos do adversário. Este estilo era semelhante ao utilizado por Pedro Augusto da Silva, mestre do Ginásio Clube Português.

Baptista Abelheira lecionou Jogo do Pau em diversos quintais de Lisboa, incluindo a Fonte Santa e a Travessa Conde de Avintes. Nesses locais, Abelheira era um mestre respeitado, e teve como contramestre o também conhecido Mestre Pizão.

Foi uma figura influente, na prática da esgrima de pau da época e foi um dos mestres do Mestre Frederico Hopffer, com registo e destaque no livro do Mestre Caçador.

Não há informações de quem foi o seu mestre, contudo, como foi contemporâneo de Domingos Salréu, e ensinou com ele, é bem possível que tenha aprendido com José Maria da Silveira «O Saloio».

Publicações onde é citado

« Mestre Isidoro Correia Gomes aprendeu com o mestre Salréu e com Baptista Abelheira.

(...)

Baptista Abelheira, teve jogo na Fonte Santa, em Lisboa.

(...)

Baptista Abelheira, também teve jogo na Travessa Conde de Avintes e foi seu contramestre o mestre Pizão.

(...)

Já la vão à roda de 60 anos, quando o mestre Baptista Abelheira leccionava num quintal nas proximidades do Limoeiro, que o mestre Frederico Hopffer, ainda discípulo de Salréu lhe foi fazer uma visita, afim de fazer um jogo com ele, e avaliar as suas possibilidades em relação às de Baptista Abelheira que era uma esgrima diferente da do seu mestre, e puramente minhota. O mestre Abelheira saltava para todos os lados, entrava, sala, recuava, avançava, ladeava, etc., mas era valente e combatía bem. Era um homem alto e forte, com umas largas suissas jogava sempre com o chapéu na cabeça. O certo é que o jogo realizou-se e após o qual, o nosso Baptista Abelheira diz para o então discípulo de Salréu:

Se o senhor jogar com o seu mestre como jogou comigo, o senhor liquida-o em pouco tempo.

Então quando lhe devo mestre Abelheira?

- Nada! o senhor já não precisa de lições.

- Mas ainda lhe digo mestre Abelheira, o mestre Salréu joga muitíssimo bem e o que sei a ele o devo, estou convencido que não pode corresponder à verdade o que me acaba de dizer.

Então o mestre Baptista Abelheira diz:

- Qualquer dia lá vamos desfazer isso. E de facto passado algum tempo, o mestre Salréu, recebe no seu quintal a visita de Baptista Abelheira e de seus vinte companheiros, alguns, jogadores seus discípulos e do seu contra-mestre, pelos vistos, pouco desejável, usava da navalha com facilidade. O mestre Salréu, porém, na qualidade de homem contrário a isso, disse o seguinte: O senhor e os seus discipulos e companheiros, estão muito bem na minha casa, este homem vou pô-lo na rua; e foi mesmo. Após isto, compraram um garrafão com cinco litros de vinho para comemorar o encontro e resol eram jogar, em primeiro lugar os dois mestres, Abelheira e Salréu.

O jogo começa, vai-se desenrolando, enfim, dentro dos seus vários aspectos. O mestre Salréu, sempre dentro da sua caracteristica de jogo manhoso, procurando fazer como gato taz ao rato passando-se hábilmente, cobrindo-se, atacando levemente, e com segurança até que em ocasião oportuna atira o golpe e atinge a orelha de Baptista Abelheira suavemente, no entanto, este sente-se deprimido, larga a vara e agarra-se a Salréu, tiveram é claro, que ser separados. Mas não fica por aqui, pois o mestre José Dias (o 95), leccionava próximo, foram chamá-lo, veio logo e propôs-se jogar com o filho do Abelheira, rapaz novo, alto, forte como o pai, mas de jogo do pau pouco ou nada sabia, e o mestre , como lhe chamavam, resolve jogar com o pai Abelheira, trava-se o combate e como atrás disse, o mestre Abelheirajogava sempre de chapeu na cabeça e o mestre que era muito baixo, mas sobrava-lhe em saber o que lhe faltava em altura, dá o primeiro toque no chapéu do seu adversário e coloca lho sobre o lado, o outro compõe o chapéu, dentro de pouco tempo sucede o mesmo, torna a compor e o caso repete-se, quer dizei, o mestre Zé (o 95) toca três vezes o outro, o qual agora perde a serenidade, larga a vara e agarra-se ao mestre Zé, embrulham-se todos, o conflito acabou e o garrafão de cinco litros desta vez não chegou a ser bebido pelos vários componentes da festa. »
CAÇADOR, António Nunes, Jogo do Pau: esgrima nacional, Lisboa: ed. Autor, 1963 (sobre o livro)

« Passando em revista os nomes dos jogadores e mestres famosos, mais uns que reza a tradição e outros que conhecemos contam-se (...) Baptista Abelheira, Pereira das Taipas (...) »
Artigo em «O Século Ilustrado» de 1952 (ler a notícia)

« Mestre Baptista Abelheira, grande jogador, homem forte, mas de estatura regular, corajoso e elegante a jogar, era o tipo verdadeiro do jogador de praça.

O seu jogo era sem duvida bom, muito movimentado e activo, mas sistema antigo, chamado de olho e pé, Na forma era semelhante ao que vi sempre fazer ao velho professor do Real Gymnasio Club Portuguez, o sr. Pedro Augusto da Silva. »
Livro "Duas palavras sobre o jogo de pau" de Frederico Hopffer, 1924 (sobre o livro)

Conhecimentos técnico

Mestres onde obteve conhecimentos técnicos do Jogo do Pau português:

Linhagem de Mestres (Link externo) Toda a escola de Lisboa (Link externo)

Faça duplo clique sobre o nome do Mestre para abrir o seu perfil. Abaixo de cada um, é indicado o período da sua prática (com possível margem de erro), podendo também faltar Mestres ainda não identificados ou introduzidos na nossa Wikipédia

Ver também