Termologia e significados
A
- Aguilhada - O pau, que depois de lhe ser colocado um prego ao seu centro e com o bico sempre bem afiado, dava lugar ao tocar na pele dos bois ou vacas, para os chamar ou endossa-los ao cabeçalho, para pegar no mesmo e seguirem os seus trabalhos, que estavam destinados pelos seus donos
- Asas de pau - (Bragança) O mesmo que varapau, em sentido figurado
- Assalto - m.q. Contra Jogo
- Avançar - (movimentação técnica) m.q. Entrar
B
- Banano - (Regionalismo) Pau comprido e grosso. = BORDÃO, (Informal) Pancada dada com esse pau. = BORDOADA, PAULADA[1]
- Bardasca - (Barroso) Nome pomposo do pau
- Bastão - Pau pouco mais alto que a bengala.[2]. (Lamego) Bengala ou bordão.
- Bengala - Arrimar-se um homem a um pau, para se encostar, para se defender ou atacar um inimigo, é gesto natural. Um simples pau tosco pode servir, e pode ser apurado e ainda bem arranjado para se vender nas feiras: transforma-se assim na bengala do povo, imitada das que a civilização criou. Em principio, a bengala é um cajado ou pau mais delicado, e maior do que a bengala ordinária. Em Tolosa, a bengala é de qualquer altura, mas de marmeleiro. Tem o feitio de uma cacheira, porém mais cuidada e mais grossa para baixo. Se o cajado ou bordão tem volta, pode logo ter o nome de bengala. No Peral, dizem yingala, designando assim uma haste, geralmente de marmeleiro, que verga na extremidade mais delgada, formando uma argola. Em Alandroal, a bengala ou bordoa é mais delgada do que o bordão, e pode ou não ter correia para suspensão. Em Castelo Branco, a bengala ou cachamola é listrada de preto, o que se consegue da forma seguinte; retira-se uma tira (correia) de trovisco, enrola-se ao pau em hélice, deixando um intervalo da largura da correia; passa-se pelo lume, queimando-se o pau e ficando branco o espaço onde estava a correia, e listas pretas onde se queimou. A bengala é também chamada garrote em Cacela e é menor que o cajado.[3]
- Bordão - (Açores) m.q. Varapau. Também usado para apoio agrícola e para defesa contra gado bravo, arremetão. São, no geral, guarnecidos na extremidade inferior de uma ponta de ferro maciço, de forma cónica, e a superior está revestida de uma ponteira de metal branco ou amarelo, cheia de desenhos ou rendilhados. O bordão é quase sempre inferior a 2 m e poucas vezes excederá a altura do homem. Pelo contrário, as caguilhadas», especialmente destinadas aos condutores gado bovino, são delgadas e bastante longas, chégando a ter mais de 3 m de comprimento. Em Vila Real de Trás-os-Montes, é um pau de grossura meã; e em Monchique, onde usam pouco os arrimos, chamam bordão a um pau qualquer para trazer na mão, e em Cacela é o mesmo que varapau (em 1896).[4]
- Bordão de conteira - (Açores) O m.q. bordão enconteirado: Era bordães de conteira e cacetes valentes![5]
- Bordão de conto, Bordão de conte, bordão de contre - (Açores, principalmente em São Miguel) O m.q. bordão enconteirado
- Bordão enconteirado - (Açores) Vara de pau com duas ponteiras (conteiras, daí o nome) de metal branco ou amarelo, uma em cada extremidade. Em São Miguel chama-se Bordão de conto
- Bordoada - Pancada com bordão, Grande quantidade de pancadas. = PANCADARIA, SOVA[6], golpe dado com bordão; paulada, pancadaria; sova[7]
« Uma vez por outra o verde de Cabeceiras sobe um poucochinho ás cabeças; signal de que elle é bom! Ainda outro dia na romaria dos Remédios, no Arco de Baulhe, o diabo fez das suas, e tal e tanta foi a bordoada, que alguns morderam a terra para todo o sempre, coitados!...» [8]
«Cansados, exaustos poeirosos, amachucados, aproximam-se das suas casas. Donde vens?, perguntava-se. Venho da festa!, respondia-se. E divertiram-se? Eh! isso é que foi! Bordoada de criar bicho, cacetada a rodos… mas ninguém morreu.»[9]
- Bregueiro - (Barroso) Nome pomposo de varapau
C
- Cacete - Pau para arrimo (Coja, Minde, Mangualde), quando se sai da povoação; os paus podem ser de marmeleiro, lódão, tojo, sobreiro; a designação também se usa em Bragança. No Peral é menor do que o cajado, e no Barroso também; em Mondim designa uma vara grossa.[10]
- Cachamorra - Eufemismo (Cadaval, Lamego, etc.); vid. «Cachaporra»
- Cachaporra - Nome mais vulgarmente empregado num momento de ira ou de ameaça; não define a forma ou a matéria do instrumento: cacete, pau, etc; é muito usado no concelho do Cadaval, e também em Lamego. Recorde-se o provérbio: «Quem deserda antes que morra Merece com uma cachaporra». (Passim)[11]
- Cacheira - (Avis) Pau encurvado na parte que anda no chão; designação usada em Arez, Lamego. Tem o radical em cacho; é o mesmo que moca: a saliência é a cachamorra (eufemismo), quando grande («A cacheira tem uma grande cachamorra»); à cacheira pequena chama-se cacheirinha. Em Baião chamam cacheira ao que no Sul chamam cajado. Em Alandroal o boieiro usa a cacheira (cuja extremidade é a môna ou moca), mas há também a cacheira «de a gente se arrimar» (cachamorra), com a extremidade engrossada com feitio de bola
- Cacheiro - Em Alandroal a vara deve ser engenhosa para, quando atirada ao gado (ovelhas e cabras) pelo pastor, não o magoar; à extremidade chama-se volta; também se diz em Arez[12]
- Cajado - (Mondim) Vara torta e nodosa; o mesmo que varapau ou cacete, etc., no Peral; serve de encosto aos pastores e constitui símbolo da vida pastoril, citado frequentemente na literara dos séculos XVI, XVII e XVIII; também chamado cachaporra, em linguagem chula, feito de pau ordinário e grosso; quando forma ângulo em cima chama-se cajado de forca ou pau de forca (Ubi?); os campónios (por exemplo em Évora) usam-no, quando vão à feira; em Tolosa pode ser de castanho, azinho ou carvalho e é adaptado altura de quem o usa; em Alandroal é frequente ouvir-se gajado or cajado[13]
- Cajata - (Barroso) Pau delgado a que se encostam as velhinhas
- Cajato - O mesmo que cajado
- Choupa - Pau de anéis naturais como o junco, que tem na parte inferior uma argola de metal amarelo, com ferrão de ferro; na parte superior, um canudo também de metal amarelo, com o comprimento de cerca de um palmo, com ou sem punhal[14]
«Uma paulada faz soltar a clavina das mãos d’um cabo. Os outros fogem. Frederico recúa, apitando rijamente. No maior aperto, o Desconhecido salta para a beira d’elle, descobre a choupa do páo, e arremette com os aggressores.»[15]
«Remorsos tardios encaneceram-no quando adiante do espectro da morte lhe saiu a avantesma do assassinado, com o peito aberto até ás costas por um palmo de aço da choupa de um marmeleiro.» [16]
- Chuço - Tem em cima, oculta, uma ferragem, espécie de faca (Mondim)
- Contra Jogo - Jogo feito sempre entre dois Jogadores, também chamado Jogo de 1 para 1
- Corte - Pancada destinada a prejudicar activamente o efeito de outra pancada do adversário (arresto)
- Crescer - (movimentação técnica) O movimento "crescer" é realizado para o jogador avançar um andamento com a manutenção do mesmo apoio à frente. Numa primeira fase o apoio posterior avança até ao anterior e fixa-se, numa segunda fase, o apoio anterior termina o movimento de avanço de forma a recuperar a atitude inicial com o novo posicionamento.
D
E
- Ensarilhar - m.q. Sarilhar
- Entrar - (movimentação técnica) Para entrar, o apoio posterior dá um andamento em frente, assim a atitude inicial vai evoluir para a outra atitude do lado contrário (por exemplo, o jogador ao entrar passa da posição esquerda para a posição direita e vice-versa)
- Estadulho - (Lamego, Bragança) Pau grosseiro, cacete, fueiro (Pau que se coloca de lado no carro de bois ou em atrelado, para segurar a carga)[17]
- Estocada - m.q. Pontuada ou Ponta
- Estonar - (Douro) Tirar a casca a um pau verde, mediante a acção do fogo que a desliga com facilidade. Preparam assim as aguilhadas e os varapaus.[18]
F
- Fadista - Numa primeira fase, nos contextos populares da Lisboa oitocentista, vincadamente associado a contextos sociais pautados pela marginalidade e transgressão, em ambientes frequentados por prostitutas, faias, marujos, boleeiros e marialvas. Muitas vezes surpreendidos na prisão, os seus actores, os cantadores, são descritos na figura do faia, tipo fadista, rufião de voz áspera e roufenha, ostentando tatuagens, hábil no manejo da navalha de ponta e mola, recorrendo à gíria e ao calão, e grande parte deles grandes jogadores de pau.[19]
- Faia - (Lamego e Bragança) Pau sem nós, muito direito, alisado e bastante vergável
- Forma - Como todas as artes marciais, a Forma é um conjunto de movimentos que simula o ataque e a defesa de uma situação real em uma luta imaginária. Podem ser realizados individualmente ou em conjunto. Cada movimento tem sua interpretação, devendo ser respeitado seu tempo e aplicação.
G
- Golpe e Contra-golpe - m.q. Pancada dupla
- Guarda - As guardas são as diferentes posições em que o jogador se coloca para formar a sua defesa
- Guarda Branda - Guarda que não oferece resistência às pancadas do adversário.
- Guarda de espera - Posição em que se espera a acção do adversário, pronto a qualquer eventualidade, defensiva ou ofensiva
- Guarda em movimento - Opôr à pancada adversária outra lançada em sentido inverso
- Guarda parada - Guarda que bloqueia a pancada do adversário
- Guarda recolhida - Guarda que se recolhe o pau à pancada do adversário, para esta passar sem ser tomada
- Guarda Rígida - Guarda que oferece resistência às pancadas do adversário.
H
I
J
- Jogo das varrimentas - m.q. Varrer a feira
- Jogo de caras - m.q. Contra Jogo
- Jogo de uma ponta - A vara é segurada pela mão dominante na ponta mais fina da vara, e o Jogo é feito somente com uma ponta, isto é, só bate com a ponta do pau, que está no extremo da mão dominante
- Jogo da cruz - Forma que simula o combate entre quatro adversários. Veja mais aqui
- Jogo da cadeira - É uma forma clássica de treino e apresentação, para além do desenvolvimento dos reflexos do Jogador, evolve a técnica das 10 pancadas do Jogo do Pau, como também da percepção da posição geométrica, relativa das mãos e tronco nas paradas. Veja mais aqui
- Jogo de duas pontas - A vara é segurada pelas duas mãos, de forma a que se possa bater com as duas pontas da vara
- Jogo do quadrado - Forma que simula o combate entre vários adversários através de varrimentas. Veja mais aqui
- Jogo em conjunto - Jogo executado contra vários adversários, pode ser um para dois, para três, quatro e vários (jogo da roda)
- Jogo Largo de Feira - m.q. Varrer a feira
- Jogo passado - m.q. Jogo traçado[20]
- Jogo traçado - (Fafe) Jogo onde as duas mãos traçam o pau mudando assim a posição das mãos, sendo feitos ataques e defesas com uma ponta e alternado com a outra. O jogo já é feito com duas pontas
«O lacaio traçou o varapau, dirigiu-se para elle; mas, ao aproximar-se, deu com os olhos n'uma comprida e luzente espada de dois gumes. (...) o lacaio parou.»[21]
K
L
- Lambeiro - (Lamego) Varapau
- Landreiro - Varapau de carvalho
- Lateral - (movimentação técnica) As laterais podem ser esquerdas ou direitas e caracterizam-se pelo deslocamento de meio andamento à retaguarda, através da modificação do posicionamento do apoio anterior para um dos lados num ângulo de 90°. Considerando que partimos da posição esquerda, quando o apoio anterior se desloca para a direita, mantendo a posição esquerda num plano perpendicular ao inicial, realizamos a lateral direita. No caso da lateral esquerda, a partir da mesma posição, o apoio anterior desloca-se para o lado esquerdo, fixando-se no final com a posição direita, também num plano perpendicular ao inicial.
- Lodão - Varapau de lodão, poderá colocar-se a hipótese de “lodo", "pau-de-lodo" ou "pau de lódão". Pau proveniente da árvore da família das ulmáceas (celtis australis) e recebe também o nome de agreira, lodoeiro, nicreiro ou ginginha-de-rei.
- Lódo - (Norte) m.q. Pau de lodo. Varapau de lodão. (Barroso) Pau das festas, feito da árvore do mesmo nome
- Lombeiro ou lombreiro - (Bragança) Varapau
M
- Marmeleiro - Pau especial, devidamente preparado, depois de escolhido na mesma arvore, e que devido à sua flexibilidade, depois de utilizado deixava no corpo marcas duradouras, provocadas pela sua dureza e que não partia com facilidade
- Moca - É a parte inferior arredondada (nó da árvore) do cajado ou da bengala, que também se chama morra (leia-se mórra); também designa o cacete pequeno e grosso numa extremidade; usa-se de noite, escondido debaixo do capote, para maus fins (Mangualde, Nelas, Mondim, Barroso).[22]
- Muleto - (Beja) Cajado (ou bengala) tosco e grosso
N
O
P
- Pancada de alto-baixo - Pancada que descreve uma perpendicular com o chão
- Pancada de tempo - São pancadas que nascem das guardas brandas; aproveitando a embalagem das pancadas do adversário
- Pancada antecipada - São pancadas que se antecipam ao ataque do adversário
- Pancada arrepiada - Pancada dada de baixo para cima
- Pancada dupla - São duas pancadas que se seguem em sentido contrário
- Pancada enviesadas - Pancada que descreve uma linha oblíqua com o chão
- Pancada por dentro - São pancadas que procuram o adversário pelo seu lado direito
- Pancada por fora - São pancadas que procuram o adversário pelo seu lado esquerdo
- Pancada rasteira - São pancadas que alvejam por baixo, muito próximo do chão
- Pancada redondas - São pancadas que descrevem uma circunferência paralela com o chão
- Pancada repetida - São pancadas que se seguem sem interrupção de guardas, pelo mesmo lado
- Pancada seguida - São pancadas despedidas por vários lados sem interrupção de guardas
- Pancada varrida - m.q Guarda em movimento
- Pau - Designação genérica. Pau de ferrão, com choupa em cima ou sem ela; pau de alquilador, com uma argola em cima, feita da própria vara, para os cavaleiros trazerem, pendurado no braço; também em vez de argola pode ter correia. No Peral, o mesmo que cajado.[23]
- Pau de bico - (Ribatejo) jogo de pau; ex.: vamos jogar ao pau de bico – vamos jogar ao jogo do pau
- Parada - Defesa oposta a cada pancada do adversário;
- Pontuada ou Ponta - Golpe despedido com a ponta do pau ao corpo do adversário
- Pontelete - (Açores) m.q. Pontuada
- porrada - Golpe ou conjunto de golpes com pau ou instrumento semelhante. = BORDOADA, PANCADA[24], pancada com porra (moca); sova; tareia[25]
- Porreto - (Coja, Minde) Varapau; pau com saliência em baixo, com correia na parte superior, para enfiar no braço, debaixo do capote, para usar em caso de ocorrência nocturna; com 0,47 cm (Tolosa, 1929)
- Porrinha - Pau pequeno
- Puxar - (Norte) Jogar ao Pau[26] Investir com o pau no jogo desta arma
«...os quais começaram a agredir o mesmo Costa que caíu no chão [...] Quando este caíu, ferido na cabeça, os arguidos diziam: Ora agora, puxa, Portêlo! nome este por que é conhecida a familia do ofendido Costa.»
(Depoimento de uma testemunha nos autos de querela em que são querelados José Joaquim Alves e outros, arquivados no cartório do 2.º oficio da comarca de Monção, sob o n.º 4 do maço 67, fls. 11 v.-12.) [27]
«- Eu num vi quáse nada do barulho. Quando cheguei ò sítio, a primeira coisa qu'ouvi foi o réu dizer p'r'ò queixoso - Pois, s'és home' p'ra mi puxa lá! e fez-lhe logo meia dúzia de talhos, mandando-lhe uma zimbrada p'rà cabeça qu'o outro acadou no páu déle. Depois, 'ind'òs vi um pouco a puxarem com alma um p'rò outro. Depois, meteu-se tanta gente qu'eu num vi mais nada, senhor juiz.»
(Reprodução, de memória, de um depoimento oral, em audiência de julgamento crime, no tribunal de Monção)[28]
Ver: talho
«Ele tinha pai, um trôpego, que fora valente jogador de pau, e matara, quando era rapaz, um puxador muito basosofia de Cerva, na sanguinária romaria de S. Bartholomeu.»[31]
«.... no nosso concelho, onde os puxadores se vão tornando de uma audácia espantosa. Na presença da própria autoridade arma-se uma baralha, fazem-se sarilhos e talhos no meio de pacatos romeiros».
(Jornal de Monção, n.º 248, de 31 de Agosto de 1907, p. 1. c. 3). [32]
Ver: talho
Q
- Queijato - (Trancoso) Cajado
R
- Racha - m.q. Varapau, mas o pau é obtido pelo aproveitamento da zona central da árvore. (Marco de Canaveses) Cacete
- Rebate - Pancada cujo pau trabalha em perpendicular pelo lado de fora, quando o rebate é por fora, e por dentro quando o rebate é por dentro.
- Recorte - Um recorte é um segundo corte, e resposta ao primeiro. Ver corte
- Recuar - (movimentação técnica) O movimento "recuar" é realizado no sentido de o jogador regredir no terreno e é realizado da forma oposta ao "crescer", ou seja, o apoio anterior recua. Numa primeira fase o apoio anterior recua até ao posterior e fixa-se, numa segunda fase, o apoio posterior termina o movimento de recuo de forma a recuperar a atitude inicial com o novo posicionamento.
- Revesso ou Revés - O m.q. Pancada Arrepiada
S
- Sarilho - Um sarilho é uma técnica específica que simula um ataque e/ou defesa em uma circunstância e local específico. Feitos com movimentos técnicos de defesa treinados em sequência em tempos e movimentos determinados. Pode ainda ser uma combinação de evoluções circulatórias do pau, ou do jogador com o pau, destinada a evitar a aproximação do ou dos adversários. (ver mais)
- Sarilhar - Formar sarilho com o pau
« Se havia homem pronto a vingar de compadrio, a ensarilhar o pau, a varrer testadas, fazendo acudir a tropa entre o escabrear do gado e os gritos das ovelhas que se esgueiravam de rastos, salvando na abada do avental o que restasse do gigo dos ovos, era esse Francisco Teixeira. »[33]
Ver: Sarilho
- Séries - Também chamadas «séries de jogo» ou «séries de pancadas», são formas de treino individual em que o jogador simula um combate imaginário apenas contra um único adversário. Tendo este tipo de jogo o objetivo de aperfeiçoamento técnico e aprendizagem, podendo ser realizados individualmente ou em conjunto. As mais conhecidas e documentadas, são as séries do mestre Pedro Augusto da Silva, Domingos Salréu e António Nunes Caçador. Pode ver mais na página Séries de Jogo.
- Sair - (movimentação técnica) O movimento "sair" consta da realização à retaguarda de um andamento e características semelhantes ao "entrar", embora em sentido oposto, ao que descreve-mos ao "entrar" - o apoio anterior desloca-se para a retaguarda e a posição inverte-se (por exemplo, o jogador ao sair passa da posição esquerda para a posição direita e vice-versa).
T
- Talho - (Monção, Norte) floreio com varapau.
«- De manha, um rapazote qualquer... postou-se diante da loja do Calçada, com os costumados ares provocadores - chapéu na nuca, faixa caida às très pancadas e fazendo talhos com o varapáu. Com a quem diz: - Se quere alguma coisa e p'raqui».
(O Regional, ano VI, n. 277, correspondente a 18 de Novembro de 1906, p. 3, c. 2). «.... no nosso concelho, onde os puxadores se vão tornando de uma audácia espantosa. Na presença da própria autoridade arma-se uma baralha, fazem-se sarilhos e talhos no meio de pacatos romeiros».
(Jornal de Monção, n.º 248, de 31 de Agosto de 1907, p. 1. c. 3). [34]
Ver: puxador
- Tira-teimas - (Bragança) Qualquer pau, em sentido figurado, No Barroso também lhe chamam quebra-nozes, tira-birras e tira-dentes.[35]
- Travesso ou Travez - O m.q. Pancada Redonda
«D. Pedro, ouvindo-o, deu-lhe um golpe de travez que o decapitou.»[36]
U
- Unhas para baixo ou Unhas abaixo - mão pronada (palma das mãos os antebraços ficam voltados para baixo ou para frente)
«O páo é seguro com ambas as mãos, tendo as unhas em sentido inverso. Uma das unhas abaixo - a direita, a outra unha acima - a esquerda.» [37]
- Unhas para cima ou Unhas acima - mão supinada (palma das mãos apontando para cima)
«O páo é seguro com ambas as mãos, tendo as unhas em sentido inverso. Uma das unhas abaixo - a direita, a outra unha acima - a esquerda.» [38]
V
- Varapau ou Vara - Pau de secção circular, liso e sem galhos. Este pode chegar até aos dois metros, no entanto o tamanho ideal deverá ir até à altura do nariz do jogador
- Vara - Tem como caracteristica o vergar (Algarve, 1896). Varapau Liso; ferrado em baixo (metal amarelo, aço e chumbo); ferrado em baixo e em cima, com chuça ou choupa, que é protegida por uma bainha móvel (Coja, Minde). Pau qualquer, sem forma nem tamanho definidos. Não ouvi este termo no Peral, mas ouvi-o em muitos outros sítios com a significação de cacete, cajado, etc. Em Mangualde e Nelas, é um pouco comprido, maior do que o cacete, No Barroso, é um pau grande e grosso. Em Mondim, é uma vara mais alta do que um homem e serve para arrimo. Quando se entra em casa, deixa-se o varapau cá fora. Parece que alude a isto Soropita (1589, pp. 21), falando do Convento de Palmela: «Para maior nobreza da casa, andam nela ao pairo alguns da cavalaria da Ordem, que põem [as armas] de fora, como no jogo de paus, e para estes há aí aposentos, de fora, separados.» Eça de Queirós, A Ilustre Casa de Ramires (ed. de 1904), p. 188: «Depois, com uma cólera em que lhe tremiam os beiços brancos, lhe tremiam as secas mãos cabeludas, fincadas ao cabo do varapau...»[39]
- Vara torneada - Vara obtida de tábuas cortadas ao ("correr") longo das nervuras, através do torneamento da madeira
- Varrer a feira - Correr a pau toda a gente que nela se encontra[40] (saiba mais na nossa página "Varrer a feira")
«se os tais homens das bandeirolas me tornam a passar por as terras, sempre lhes meço as costas com um marmeleiro, que lá tenho, e que já me serviu para varrer a feira de Santo Estevão.» [41]
- Varrer Pancadas - O m.q. Guarda em Movimento
- Vergueiro - (Sernancelhe) O mesmo que varapau
X
Y
Z
Referências
- ↑ "banano", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021, https://dicionario.priberam.org/banano [consultado em 09-01-2023]
- ↑ "bastão", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021, https://dicionario.priberam.org/bast%C3%A3o [consultado em 12-12-2022]
- ↑ Etnografia Portuguesa - Tentame de sistematização - volume VI (ver mais)
- ↑ idem, ibidem
- ↑ J.H. Borges Martins - A justiça da Noite na Ilha Terceira
- ↑ https://dicionario.priberam.org/bordoada
- ↑ Porto Editora – bordoada no Dicionário infopédia da Língua Portuguesa [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2023-01-09 23:09:01]. Disponível em https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/bordoada
- ↑ VIEIRA, José Augusto, O Minho pittoresco, Lisboa: A.M.Pereira, 1886/7 (ver mais)
- ↑ COSTA, M. Fernandes, Almanaque Bertrand, Livraria Bertrand Editora Brasil Améroca, Lisboa 1952 (ver mais)
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- ↑ GAMA, Arnaldo, Um motim ha cem annos: chronica portuense do seculo XVIII, Porto: Typographia do Commercio, 1861 (ver mais)
- ↑ BRANCO, Camilo Castelo, Eusébio Macário - Sentimentalismo e história, 1ª ed. - Porto. - Braga : Ernesto Chardron, Eugenio Chardron, 1879 (ver mais
- ↑ "estadulho", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021, https://dicionario.priberam.org/estadulho [consultado em 12-12-2022]
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- ↑ Jornal "Gazeta de Noticias" de 1915 (ver mais)
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- ↑ Porto Editora – porrada no Dicionário infopédia da Língua Portuguesa [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2023-01-09 23:08:15]. Disponível em https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/porrada
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- ↑ A Águia : órgão de a Renascença Portuguesa, 2ª série, vol. X, N.º 56-57 (Porto) - Provincianismos usados em Monção (materiais para o léxico português)
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- ↑ "Manoel Ratão - um grande puxador de pau" in Historia do fado
- ↑ BRANCO, Camilo Castelo, Eusébio Macário - Sentimentalismo e história, 1ª ed. - Porto. - Braga : Ernesto Chardron, Eugenio Chardron, 1879 (ver mais
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- ↑ BESSA-LUÍS, Agustina, A Sibila, Editora Nova Fronteira, 1954 (ver mais)
- ↑ A Águia : órgão de a Renascença Portuguesa, 2ª série, vol. X, N.º 56-57 (Porto) - Provincianismos usados em Monção (materiais para o léxico português)
- ↑ Etnografia Portuguesa - Tentame de sistematização - volume VI (ver mais)
- ↑ A vida de Nun'Alvares; história do estabelecimento da dynastia de Aviz”, 1893, p. 277
- ↑ Jornal "O Paiz", nº 11388 de 12 de dezembro de 1915 (ver amis)
- ↑ Jornal "O Paiz", nº 11388 de 12 de dezembro de 1915 (ver amis)
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- ↑ «Grande enciclopédia portuguesa e brasileira» in https://books.google.pt/books?id=h9QEAAAAYAAJ
- ↑ DINIS, Júlio, «A morgadinha dos canaviais» de 1868