Mestre: José Ribeiro Chula
Sobre
Mestre José Ribeiro Chula Júnior nasceu em Alhos Vedros em 1908[1] e iniciou a sua prática ao 17 anos com o seu mestre António Moleiro, antigo aluno do Ateneu de Lisboa que tinha escola em Valdera[2].
Decorrido cinco anos de ensino, começou a dar as suas primeiras lições, ainda não como mestre, mas como ajudante do Mestre António Moleiro que tinha nessa altura várias escolas.
Em 1938, já com 30 anos, com a aprovação do seu mestre, cria a sua primeira escola como mestre, na Moita, seu local de residência. Mais tarde nos arredores de Alhos Vedros, mais concretamente em Vinha das Pedras.[3]
Em conjunto com mestre António Brinca, na altura ambos funcionários da Companhia União Fabril (C.U.F.), no Barreiro, mantiveram uma escola no Grupo Desportivo da CUF para os próprios funcionários da empresa (funcionava de manhã), que poucos anos durou.[4][5]
Criador de gado, e residente em Penteado, conseguiu transformar uma exploração tradicional de ovinos em vacaria leiteira industrial e mais tarde, que ainda hoje, produz mais de quinze mil litros de leite por dia. Foi Padrinho de Pedrito de Portugal (Pedro Alexandre Roque Silva), e um grande aficionado até ao seu último suspiro, e teve a justa recompensa, em 1981, no seu cortejo fúnebre em que a urna foi transportada pelas mãos dos forcados da Moita.[6]
Segundo Mestre António Nunes Caçador, José Ribeiro Chula foi um dos mais entusiastas e valentes jogadores que encontrou, e, foi sem dúvida um dos melhores mestres do seu tempo. [7]
Dos inúmeros jogadores que formou, destacamos:
- Alfredo Ribeiro Chula (o seu irmão);
- José Ricardo;
- Joaquim Cunha;
- Ernesto Alves;
- Manuel Barreiras;
- Manuel Fernandes;
- Garcias dos Santos;
- José Policarpo;
- António Policarpo.
Publicações onde é citado
«(...) De todas as Escolas que rivalizaram na nossa região, duas se distinguem em termos técnicos, que alguns dos seus discípulos tentam manter. Devido a percursos e aprendizagens diferentes essas Escolas são simbolizadas nos seus principais mestres: António Moleiro e Domingos Margarido. Ambos caramelos, um de Pinhal Novo e o outro de Valdera. Foi em torno destes dois símbolos do Jogo do Pau Português que aprendem dezenas de jovens, do Penteado a Águas de Moura, de Palmela a Pegões. Os discípulos destes mestres formaram novos núcleos em praticamente todas as localidades da região. O trabalho destes primeiros mestres, que estão referenciados documentalmente, de recolher e estudar todas as técnicas e estilos conhecidos, contactando regularmente com outras escolas e outros jogadores, permitiu que tudo pudesse ser sistematizado por duas figuras ímpares do Jogo do Pau Português, os Mestres José Ribeiro Chula e Silvino Melro. Em torno destas escolas assenta todo o saber do Jogo do Pau, Caramelo, do Sul, da Borda d’ Água, ou outra. Após a morte destes Mestres o Jogo do Pau na nossa região entrou em declínio.» |
« (...) o António Moleiro ... foi o meu mestre e o mestre do José Chula, (...) (...) A escola de Alhos Vedros - na Quinta das Pedras, inicialmente, e depois em clubes recreativos da região tinha como mestre José Ribeiro Chula (1908-1981), que juntamente com o irmão aprendeu o Jogo do Pau com mestre Moleiro, em Valdera. (...) No Barreiro, (...) Anos mais tarde também José Ribeiro Chula, em conjunto com António Brinca, na altura ambos funcionários da C.U.F., mantiveram uma escola para os funcionários da empresa (funcionava de manhã), que poucos anos durou.
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(...) Estou a referir-me às escolas que conheci o distrito de Setúbal, porque em minha opinião pessoal, creio que aonde mais se praticou o jogo do pau, foi neste distrito, desde o principio deste século. Escolas e mestres que conheci: David Lourenço, da herdade do Rio Frio - Montijo; Morais Calado (o preto), Pinhal Novo; Henrique Margarido, Pinhal Novo; António Moleiro, com várias escolas, em Valdara, Poceirão - Palmela, Rio Frio e Atalaia - Montijo; Domingos Varejão e Domingos Miguel, Concelho de Almada; João Lavrador, no Barreiro, Coina e Alhos Vedros; José Pedro Severo, no Barreiro e Moita; Brandão e Malacuto, no Barreiro e arredores; Henrique Valente, Arroteia - Alhos Vedros; Guilherme Tanganho, no Barreiro; Casimiro Delgado, Valdera. Escolas e Mestres actuais: Custodio Neves, Laganeças - Palmela; Silvino Melro, na Moita e arredores, e José Ribeiro Chula, em Vinha das Pedras - Alhos Vedros. Este estre teve varias escolas, na Moita e Grupo Desportivo da CUF. E teve optimos jogadores, mas por motivos vários foram abandonando o jogo do pau, e esta escola à cerca de três anos que não funcionava, mas hoje, este imestre formou uma escola juvenil que ten ja mais de uma dezena de jovens dos 12 aos 16 anos e todos muito entusiastas do jogo do pau.»
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Os portugueses têm três escolas desta esgrima: a do Norte, em que as pancadas são desferidas com as duas mãos, não se ligando importância à maneira de pisar o terreno; a da Moita do Ribatejo, onde mestre Silvino Melro. que tem uma escola de mais de 40 jogadores. Não inclui no seu ensino uma posição definida dos pés: e a de Alhos Vedros, onde José Ribeiro Chula mantem um aperfeiçoamento digno de louvor, mas não tem, como gostaríamos de ver, uma escola como a da Moita.
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«Quando há anos, poucos ainda, veio um grupo de jogadores da provincia, fazer umas demonstrações ao Parque Mayer, caso que a Imprensa largamente relatou, segundo a qual dizia, nunca Lisboa havia presenciado um igual grupo de jogadores, entre os quais vinha um tal J. do L. conhecido pelo «Rei da Zaragata». Estes rapazes executaram o seu trabalho conforme podiam e sabiam e esta tudo omito certo; no entanto uma parte da assistêcia, por qualquer circunstância, resolve assobiar os artistas que se exibiam no terreiro, estes porém, ofendidos e perturbados, não resistiram à indignação, entre os quais o tal «Rei da Zaragata». Este lança um desafio a qualquer da assistência para se bater com ele, fosse quem fosse. O é certo que na primeira fila encontrava-se um grupo de mestres da Escola de Lisboa um tanto ou quanto impressionados com a propaganda feita pela Imprensa, houve então um que foi ao campo aceitar o repto, quem havia de serer? José Ribeiro Chula (do Barreiro), mestre da esgrima nacional. O jogo começa dentro de uma circunferência e poucos momentos após o nosso valentão recebe três toques sérios que não conseguiu evitar, o que se passou mesmo na presença da autoridade que saltou ao campo para separar os contendores, conjuntamente com o público. E assim terminou o espectáculo. (O melhor é não desafiar ninguém...)» |
« Grandiosa Tarde de Jogo de Pau e Baile Que se realiza no Domingo, 17 de Julho de 1960 - As 18 horas, José R. Chula |
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GRANDIOSO JOGO DE PAU José Ribeiro Chula Júnior |
«Grandes assaltos de Jogo do Pau que tomam parte os distintos professores desta esgrima, srs: António Moleiro de Valdera; José Ribeiro Chula Junior, da Moita, e os ageis jogadores: António Verissimo e A. Brinca, da Carregueira; Henrique Valente, de Alhos Vedros; Manuel Curado, de Olhos de Água e Julio dos Santos, do Barreiro.» |
« Foi com o mestre António Moleiro de Valdéra, um antigo discípulo de Domingos Miguel, que José Ribeiro Chula Júnior recebeu as primeiras lições de jogo do pau. Tinha então 17 anos, conta hoje 34, é natural da Moita do Ribatejo e, presentemente, joga no Barreiro e em Alhos Vedros. Durante a sua carreira de mestre e de jogador tem feito uma notável propaganda do jogo do pau, tendo-se exibido no Barreiro, Coina, Azeitão, Setúbal, Grândola, Loulé, Moura, Atalaia, Montijo, Moita, Alhos Vedros e em muitas outras localidades onde o seu jogo tem sido sempre aplaudido. José Ribeiro, que segue a escola de Lisboa, é um magnifico jogador, e na sessão de jogo do pau que há três anos organizámos no Ateneu Comercial, teve ocasião de pôr à prova todo o seu valor da sua classe, assaltando com os mais categorizados elementos que tomaram parte da aludida sessão! A sua escola «a pura escola de Lisboa», é de grande eficácia; no ataque serve-se habilmente do pau, manejando-o só com o braço direito, o que é próprio do jogo lisboeta, e as suas pancadas enviesadas são muito perigosas, mesmo para os jogadores mais cautelosos! As suas passagens, tento para o lado direito como para o esquerdo, são feitas com perfeição, e os seus cortes, claros e precisos, notando-se em especial uma grande rapidez no corte saído! (…) e as cobertas laterais são executadas com toda a atenção, tendo sempre o máximo cuidado com as mãos! José Ribeiro Chula tem vários discípulos no Barreiro e os melhores são José Policarpo e Joaquim Cunha, rapazes ainda novos no jogo, mas que, pela sua habilidade, constituem verdadeiras esperanças. José Ribeiro é pois um belo jogador e um grande propagandista da modalidade a que se dedica, o que prova pelo notável desenvolvimento que, na sua região, tem dado à esgrima portuguesa, ensinando inúmeros rapazes, e tomando parte de várias festas desportivas, em que o jogo do pau faz parte do programa.
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Mestre António Brinca, foi um dos mais vigorosos jogadores de Pau de todo o nosso concelho, tal como alguns dos seus colegas de desporto muito deu e fez por deixar sempre presente que a vila da Moita foi, é, e será sempre uma referência no Jogo do Pau Portugués. Aprendeu a jogar em Valdera com o Mestre Moleiro e foi colega de equipa, entre muitos, do Mestre José Chula, outro grande nome do nosso concelho.
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Na velha Praça de Toiros da Vila da Moita, a partir do dia dia 26 de Novembro de 1922, o Jogo do Pau teve a sua estreia e fez parte em muitos espectáculos ali realizados, durante muitos e muitos anos.
Nomes que fizeram história no Jogo do Pau: |
Conhecimentos técnico
Mestres onde obteve conhecimentos técnicos do Jogo do Pau português:
Linhagem de Mestres (Link externo) | Toda a escola de Lisboa (Link externo) |
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Galeria de imagens
Ver também
Referências
- ↑ Artigo «O Jogo do Pau em Portugal: processos de mudança, Universidade Nova de Lisboa» 1990
- ↑ Recorte de jornal de Sebastião D. M. Cerveira
- ↑ Artigo «O Jogo do Pau em Portugal: processos de mudança, Universidade Nova de Lisboa» 1990
- ↑ Artigo «O Jogo do Pau em Portugal: processos de mudança, Universidade Nova de Lisboa» 1990
- ↑ Artigo «Esgrima Nacional - Jogo do Pau» pelo Mestre José Riveiro Chula, publicado no boletim «O Pauladas», nº2/3 de Nov-Dez 1977 (ler o boletim)
- ↑ https://luis-eg.blogspot.com/2017/03/
- ↑ CAÇADOR, António Nunes, Jogo do Pau: esgrima nacional, Lisboa: ed. Autor, 1963, p. 59 (sobre o livro)