Varapau
Varapau, o que é?
A arma usada no JPP é o pau e não carece de nenhuma especificação especial. Apenas terá que ser de secção circular, liso e sem galhos. Este pode chegar até aos dois metros, no entanto, o tamanho ideal deverá ir até à altura do nariz do jogador (cerca de 1,60m). Isto permite um raio de ação defensivo e ofensivo eficaz, sem que o pau se torne demasiado pesado e que permita o jogador voltear sem que o mesmo toque no chão. Deverá ser resistente e suficientemente flexível e macio de forma a não transmitir a vibração das pancadas nas mãos de quem o segura.
Segundo o Mestre Pedro Ferreira, no Minho, nos tempos áureos do JPP onde o seu uso fazia parte do quotidiano para resolver avenças e problemas, os velhos Mestres aconselhavam a vara de salgueiro, quando se procurava ou esperava desordem, porque a sua resistência e peso permitiam o combate prolongado contra vários adversários.
Para colocar o varapau mais maleável, de forma a partir-se com menor frequência quando as pancadas são fortes e certeiras, os paus são demolhados na véspera, contudo, ficam mais pesados.
Na Estremadura há o varapau, mas existe também a moca, a ladra ou chuço na Beira; a cacheira e o cajado do Sul. No norte há a racha. Já na Ilha Terceira, nos Açores, o varapau é o bordão.
Mestre Hélder Valente considera três tipos de pau para jogo, sendo:
- Curtos - Bengalas ou bastões, de menos de um metro;
- Médios -Entre um metro e um metro e trinta;
- Maiores - Acima do metro e trinta, porém, não mais alto do que o próprio jogador.[1]
No que diz respeito ao processo de fabrico, existem três maneiras de fazer um varapau:
- Varas de ramo - Obtidas de ramos que são previamente deixados na árvore para se desenvolverem até ao tamanho ideal, para depois serem retirados e preparados;
- Varas torneadas - Obtidas de tábuas cortadas ao ("correr") longo das nervuras, através do torneamento da madeira;
- Varas de racha - Obtidas pelo aproveitamento da zona central da árvore.
A pega do Varapau para Jogo
O Jogo do Pau tem vindo a sofrer muitas alterações que derivam das alterações pelas quais a própria sociedade também passou.
Tal como a vara (longa) tem sido usada em zonas rurais para ajudar nas caminhadas, e dai, usada para defesa, também se desenvolveram vários estilos para possibilitar o combate sob diferentes condições (espaços apertados, em campo aberto, atirando areia para os olhos do adversário, etc.).
Os ataques em campo aberto consistem em segurar a vara numa extremidade e bater no adversário com a outra extremidade, para tirar vantagem do comprimento total da vara. Por outro lado, em locais mais apertados, segura-se a vara a meio (tendo assim duas extremidades da vara para bater no adversário) de forma a ajustar a amplitude de movimentos às limitações do espaço.
Entretanto, com a evolução da sociedade para cidades mais industriais, as pessoas deixaram de andar com varas longas diariamente, e passaram a usar bengalas e bastões.
Isto levou à especialização da arte em ataques de longa distância (executados em rotação completa) e à escolha do comprimento da arma dependente do ambiente onde se gere o conflito.
Portanto, e tendo já constatado anteriormente:
- A vara tem uma das extremidades com maior diâmetro (mais pesada) que a outra;
- A extremidade mais pesada é colocada à frente;
- Os ataques são maioritariamente executados com a amplitude de rotação máxima (circulo completo);
Isto significa que, colocar a mão dominante atrás, onde a rotação terá o seu centro, aumenta o controlo sobre a vara.
Adicionalmente, mesmo ao defender, quando as varas batem uma na outra, é a mão de trás que tem que estabilizar a vara, se não a vara vai oscilar na mão da frente, tornando a defesa fraca e eventualmente fazendo o ataque deslizar até à mão da frente de quem está a defender.
Finalmente, a mão não dominante é colocada na frente, com aproximadamente a distancia dos ombros, para ser possível defender de forma imediata, se necessário. Quando se ataca, a mão da frente aproxima-se da mão de trás (mas mantendo sempre uma pequena distância) voltando à posição anterior (distância dos ombros) quando se passa de um ataque para uma defesa.[2]
Varapau português
O varapau como arma, é visto em várias artes marciais por todo o mundo, no entanto, apesar de ser das mais simples armas, o seu comprimento pode facilmente afectar a forma como este pode ser utilizado em combate.
O varapau utilizado no jogo do pau português, é uma “ferramenta” comum no meio rural, para conduzir o gado, caminhar etc… O seu tamanho surge naturalmente, pois se fosse muito mais longo, já não daria tanto jeito para caminhar ou manobrar, e se fosse muito mais curto, funcionaria como uma bengala, que poderia ajudar na caminhada, mas não serviria de apoio, como um cajado serve a um pastor.
Noutros contextos, podemos ver varas mais longas, como por exemplo, os campinos do Ribatejo, no entanto, eles utilizam esta vara para conduzir o gado a cavalo, por isso, tem necessariamente que ser mais longa.
O cajado, ou varapau do jogo do pau, anteriormente a qualquer padronização, teria um comprimento que certamente variava, mas andava sempre dentro de certos limites, geralmente bem mais longo do que uma bengala, e nunca muito mais alto do que um homem.
Não era portanto uma arma. Este comprimento do varapau não foi então escolhido por ser excelente para o combate, surgiu como já disse, naturalmente, mas apesar da sua utilização prática em várias funções, tem também características que o tornam ideal para o combate no contexto em que o jogo do pau se desenvolveu. [3]
« Bastões são armas de defesa pessoal frequentes em plebeus, principalmente quando as espadas eram privativas da nobreza ou portá-las não era bem visto em ambiente urbano. Assim como o bordão dos camponeses e o cajado dos pastores, a bengala do cavalheiro vitoriano ou da Belle Époque serviu também à defesa pessoal. Embora aos poucos tenha-se tornado apenas um acessório elegante, esperava-se que um gentleman do século XIX soubesse usá-la para se defender de valentões ou cães hidrófobos e especialistas ensinavam a lutar com bengalas e guarda-chuvas. Com centro de gravidade no meio e ponto de impacto ideal a um terço do comprimento, varas ou bastões de bambu ou madeira de boa qualidade são armas de impacto moderado, mas nas mãos de um combatente hábil, podem ser surpreendentemente ágeis e versáteis. Há artes marciais para usá-los com eficácia, como o jogo do pau português, (...) Para o pau usado no “jogo do pau” português, recomenda-se que tenha no mínimo a medida que vai do solo ao nível do nariz (cerca de 1,5 metro) e geralmente tem a extremidade um pouco mais grossa que a base, com uma média de 3 centímetros, pesando cerca de 600 gramas. Prefere-se a madeira do lódão (Celtis australis) ou da castanheira (Castanea sativa). É normalmente segurado com uma mão perto da base e a outra afastada a um antebraço de distância. Com uma ponta de metal, torna-se um “pau de ponta” ou quase uma lança.
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Origem do nome "varapau"
Nos dicionários para a designação de "varapau", podemos encontrar: pau comprido e forte, cajado ou bordão[4].
No entanto, o facto do pau usado no Jogo do Pau ter cerca 1,5 metros, pode coloca-lo no sistema métrico romano da Vara. Neste caso, o nome "varapau" provavelmente preservou essa herança linguística e cultural, relacionando o comprimento do objeto com a unidade de medida histórica. Sendo a combinação os termos "vara" (referindo-se a um pau comprido) e "pau" (reforçando a ideia de um bastão ou pedaço de madeira usado como arma).
Como fazer um Varapau (vara de ramo)
As varas obtém-se de um bom ramo de qualquer árvore, menos de sabugueiro ou de outra semelhante no miolo. Os melhores e os mais bonitos eram os de marmeleiro. Para a preparação destes, cortava-se a pernada ou ramo e, ainda verdoengo, era metido no forno da amassadura quando este se mostrasse bem quente. Desta operação resultava não só a facilidade da descasca, mas também, o endireitamento de alguma curvatura que tivesse em qualquer parte. Antes porém, de ir ao calor, procedia-se à esfrega de todo ele com borras de azeite.
Tirada a casca sem arranhões na madeira, novamente era oleado, agora com azeite, e friccionado com intensidade até ficar luzidio. Se, porventura, existia nele qualquer pequeno lombo, depois de sair do forno, era colocado sob o peso de objecto que, pouco a pouco, o levasse a corrigir o defeito.
Pau de marmeleiro que levasse todas as devidas voltas, chegava a ser uma obra de arte. Quer por causa da cor natural que tinha e que a fricção oleosa reforçava, quer por causa das muitas e diferentes nodosidades que o inçavam de alto a baixo. Isto, para não falar dos enfeites com que podia ser encimado e do partido que se podia tirar da ferragem que muitos lhe punham na parte inferior. [5]
Na Ilha Terceira, o processo de preparação do bordão é o seguinte:
1) Depois de cortada, deixa-se a madeira estar uns dias a murchar; em seguida submete-se ao fogo para a endireitar e cortam-se os nós.
2) Envolve-se a vara numa pasta de cal e urina e assim se enterra durante vinte e quatro horas, tendo o cuidado de a deixar bem coberta de terra.
3) Acaba de se limpar da casca e alisar os nós. Passa-se repetidas vezes a vara com um pano embebido em azeite. [6]
Tipos de madeira
Mas além do marmeleiro (Cydonia oblonga), as madeiras nobres utilizadas para a pratica do JPP são o Lodão (Celtis australis), o Freixo (Fraxinus angustifolia) e o Castanheiro (Castanea sativa). Cada uma tem características diferentes:
- O Marmeleiro , dá origem à rainha das varas, é duro, flexível e não parte, racha talvez por isso a expressão “ou vai ou racha”. O senão desta espécie é a dificuldade em se encontrar um rebento direito.
- O Lodão , talvez a vara mais popular, é leve, duro e muito flexível. Os rebentos podem encontrar-se em abundância, principalmente depois de ter sido efectuada uma poda severa na árvore.
- O Freixo, talvez a vara menos popular, é muito duro, pouco flexível e não parte facilmente, vai perdendo aos poucos as camadas exteriores até chegar ao núcleo da vara. Encontra-se em abundância na fase juvenil da árvore que cresce em aglomerados de rebentos.
- O Castanheiro dá origem a uma vara leve, menos resistente de todas as outras mas muito fácil de encontrar. Aparece espontaneamente na base dos castanheiros adultos ou após este ter sido podado de forma extrema.[7]
Na Ilha Terceira, nos Açores, as madeiras mais vulgares são: nespereira, laranjeira, «negrito», buxo, marmeleiro e araçá (das melhores).
Varapau Ferrado, o que é, e como é?
De forma a tornar o varapau mais eficaz em combate, este podia ser ferrado nas suas pontas.
Deixamos a descrição de um varapau ferrado da região de Alfeizerão (Alcobaça/Leiria) exposto no Museu Nacional de Etnologia.
Descrição
Varapau de madeira exótica de cor castanha avermelhada. A extremidade inferior é menos espessa que a superior, alargando até chegar a esta última. A extremidade superior apresenta um revestimento em latão de cor dourada. A parte inferior do mesmo revestimento apresenta faixas ponteadas, dispostas na horizontal, espaçadas entre si. A extremidade superior é de formato de um prisma octogonal. Sobre este, ao centro, um espigão de ferro de contornos arredondados. Forma um pequeno ressalto a meio da sua altura. O topo é lobular.
Origem / Historial:
Foi efectuado um estudo, incidente na colecção de traje popular português do Museu Nacional de Etnologia. O estudo abrangeu as províncias do Douro Litoral, Beira Alta, Beira Litoral, Beira Baixa e Ribatejo, num total de 177 objectos. Deste número, Ernesto Veiga de Oliveira recolheu 87, entre 1961 e 1972. 37 pertencem à província da Beira Litoral. [8]
Fotos
Varapau com Choupa, o que é e como é?
Para tornar um varapau numa arma de estoque, podia ser aplicada, em uma das suas pontas, uma lâmina ou choupa, recoberta de uma bainha móvel de metal, com um comprimento de um palmo, que se tirava quando se pretendia ferir os adversários ou apenas para mantê-los à distância.
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A vara pode ser guarnecida com choupa: "pau de anéis naturais, que tem na parte inferior uma argola de metal amarelo, com ferrão de ferro; na parte superior, um canudo também de metal amarelo, com o comprimento de cerca de um palmo, com ou sem punhal" ou pau de ferrão (com choupa encima) geralmente usada no jogo do Norte, como no Jogo da Borda d'Agua, a choupa usa-se para conduzir o gado, e recorre-se a ela para tornar os movimentos de ponta de vara letais. A vara usa-se com a choupa coberta por uma cápsula, que se retira para combater. Os sarilhos de Borda d'Agua contém uma passagem da mão pelo topo da vara, no decurso de uma guarda, para fazer suceder a pontuada já com a choupa exposta.
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Fotos e vídeos
Vídeos
Documentário RTP 1991 Uma demonstração de uso da choupa feita pelo Mestre Nuno Russo com os seus alunos |
Publicações sobre Varapaus
Mestre Frederico Hopffer explica quais as qualidades do pau
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O pau para jogar não deve ser excessivamente pesado, mas deve ser resistente.
Os mais usados são os de castanho e os de lodào. 0 comprimento deve ser o da altura da boca do jogador, quando de pé, mas nunca muito mais comprido,a fim de evitar o tocar no chão, quando se volteia parafazer o rebate. O páu não deve ser cabeçudo, isto é, não deve ser muito mais grosso n’uma extremidade do que na outra, porque se toma mais difícil de manejar 19 Entretanto devemo-nos habituar a páus defeituosos quando já tenhamos pratica, Ba quem prefira páus de marmelo, de carvalho, de carrasco, de sobro, etc,, o que não deixa de ser um excesso como qualquer outro.
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Mestre Frederico Hopffer explica qual a maneira de empunhar o pau
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Comquanto tivesse visto alguns optimos mestres empunhar o páu pelo lado mais grosso, a minha humilde opinião é a seguinte:
Deve ser empunhado pelo lado mais fino, para bater com o lado mais grosso, e por consequência, também aparar as pancadas do adversado com o lado mais grosso.
É um dever rudimentar em qualquer esgrima, o saber poupar a arma, e jogando com o fino do páu para fóra, bem podem chover páus, se os discípulos forem um pouco alentados.
Não ha outra razão fundamentada, para que se jogue de ponta, que não seja a santa preguiça.
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Mestre António Nunes Caçador explica como são os paus
«Quanto às varas para jogar, à falta de boas usamos qualquer uma que apareça em determinada ocasião que seja preciso utilizá-la. (…) usam-se de marmeleiro, freixo, castanho, junco e lódão, mas as melhores e mais usadas são incontestavelmente as últimas pela sua resistência, flexibilidade, maciez e beleza natural, dando ao jogador uma boa disposição (…) uma das extremidades seja levemente mais grossa que a outra, e por consequência quase igual dos dois lados; o lado mais delgado nunca deve ser assim tanto que não se possa empunhar con-venientemente, pois, se assim for, escapa ou escorrega pela mão fora. Quanto ao peso e altura, acho que o máximo que devem ter, são: peso 550 gramas e comprimento 1.52 mts.. Comprimento normal 1,46 mts. peso normal correspondente em gramas 500. Para leccionar, comprimento máximo 1,46 mts. peso corres-pondente 6oo gramas.» |
Outras publicações
« (...) - ... Quanto às varas a empregar - explica-nos Nunes Caçador, autor de Jogo do Pau (Esgrima Nacional) usam-se de marmeleiro, freixo, castanho, junco e lódão, mas as melhores e mais usadas são incontestàvelmente as últimas pela sua resistência, flexibilidade, macieza e beleza natural. São desta qualidade as que se usam nas festas públicas. Quanto ao seu feitio, devem ser feitas de tal maneira, que uma das extremidades seja levemente mais grossa que a outra, e por consequência quase igual dos dois lados. Quanto ao peso e altura acho que o máximo que devem ter são peso - 550 gramas e comprimento 1.52 metros. Para mim, o melhor método para as conservar é passar-lhes uma forte camada de vaselina grossa e covolve-la em papel de jornal, atando-se em molhos muito bem apertudos. Duram, assim, muitos anos sem secarem. Quando quisermos servir-nos de-las, passamo-las com uma porção de serradura de alto a baixo e então a vaselina sai e a vara aparece completamente nova na sua cor e aspecto flexível.»
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«Em terras de Basto, para amaciar o pau, torná-lo mais bonito e elástico, e menos quebradiço, esfrega-se com um pano embebido em azeite quente: num dos topos faz-se uma pequena cova que se enche com azeite a ferver, deitado à medida que a madeira o vai absorvendo. Quando o pau é feito de um rebento, pousa-se simplesmente sobre a cinza molhada e quente da barrela. Em Bucos, não se faz qualquer tratamento: recomenda-se apenas que cinco ou seis horas antes de se utilizar, o pau seja posto de molho: fica mais pesado — o que é um inconveniente — mas não parte. Em Lisboa, untam-no de preferência com vaselina: se é um só pau, embrulham-no em papel de jornal amarrado com um fio de ponta a ponta: se são vários, atam-nos em molhos e pousam-nos horizontalmente. Como porém diz um jogador. a melhor maneira de poupar o pau de jogo, é evitar expô-lo a pancadas violentas, ou bater em falso no solo.» |
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O marchante, arrancando o pau, desenroscou um canudo de cobre que escondia uma choupa de aço de mais de palmo. Manuel Baptista sacou de um dos coldres uma pistola, e esperou sem lhe erguer o cão; o destemido ébrio floreando o longo pau de lódão fez-lhe uma pontoada ao peito, da qual o salvou o cavalo empinando-se. O cirurgião engatilhou e disparou à cabeça de Joaquim Roxo, que instantaneamente caiu de borco sobre o pescoço da mula.
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PAUS D'ARGOLA. |
Sinónimos e Variações
- Asas de pau - (Bragança) O mesmo que varapau, em sentido figurado
- Bardasca - (Barroso) Nome pomposo do pau
- Bastão - (Lamego) Bengala ou bordão
- Bordão - (Açores) Varapau de arrimo e de defesa e como defesa contra gado bravo, arremetão
- Bordão de conteira - (Açores) O m.q. bordão enconteirado: Era bordães de conteira e cacetes valentes![9]
- Bordão de conto, Bordão de conte, bordão de contre - (Açores, principalmente em São Miguel) O m.q. bordão enconteirado
- Bordão enconteirado - (Açores) Vara de pau com duas ponteiras (conteiras, daí o nome) de metal branco ou amarelo, uma em cada extremidade. Em São Miguel chama-se Bordão de conto
- Bregueiro - (Barroso) Nome pomposo de varapau
- Cajado - Vara torta e nodosa (Mondim) (fig. 451); o mesmo que varapau ou cacete, etc., no Peral; serve de encosto aos pastores e constitui símbolo da vida pastoril, citado frequentemente na literara dos séculos XVI, XVII e XVIII; também chamado cachaporra, em linguagem chula, feito de pau ordinário e grosso; quando forma ângulo em cima chama-se cajado de forca ou pau de forca (Ubi?); os campónios (por exemplo em Évora) usam-no, quando vão à feira; em Tolosa pode ser de castanho, azinho ou carvalho e é adaptado altura de quem o usa; em Alandroal é frequente ouvir-se gajado or cajado[10]
- Cajata - (Barroso) Pau delgado a que se encostam as velhinhas
- Choupa - Pau de anéis naturais como o junco, que tem na parte inferior uma argola de metal amarelo, com ferrão de ferro; na parte superior, um canudo também de metal amarelo, com o comprimento de cerca de um palmo, com ou sem punhal.
- Chuço - Tem em cima, oculta, uma ferragem, espécie de faca (Mondim).
- Estadulho - (Lamego, Bragança) Pau grosseiro, cacete, fueiro
- Landreiro - Varapau de carvalho
- Lambeiro - (Lamego) Varapau
- Lodeiro - s.m. Lodão, varapau da mesma essencia
- Lodão - Varapau de lodão, poderá colocar-se a hipótese de “lodo", "pau-de-lodo" ou "pau de lódão". Pau proveniente da árvore da família das ulmáceas (celtis australis) e recebe também o nome de agreira, lodoeiro, nicreiro ou ginginha-de-rei.
- Lódo - s.m. Pau de lodo. Varapau de lodão
- Lombeiro ou lombreiro - (Bragança) Varapau.
- Muleto - (Beja) Cajado (ou bengala) tosco e grosso
- Queijato - (Trancoso) Cajado
- Vara - Tem como caracteristica o vergar (Algarve, 1896). Varapau Liso; ferrado em baixo (metal amarelo, aço e chumbo); ferrado em baixo e em cima, com chuça ou choupa, que é protegida por uma bainha móvel (Coja, Minde). Pau qualquer, sem forma nem tamanho definidos. Não ouvi este termo no Peral, mas ouvi-o em muitos outros sítios com a significação de cacete, cajado, etc. Em Mangualde e Nelas, é um pouco comprido, maior do que o cacete, No Barroso, é um pau grande e grosso. Em Mondim, é uma vara mais alta do que um homem e serve para arrimo. Quando se entra em casa, deixa-se o varapau cá fora. Parece que alude a isto Soropita (1589, pp. 21), falando do Convento de Palmela: «Para maior nobreza da casa, andam nela ao pairo alguns da cavalaria da Ordem, que põem [as armas] de fora, como no jogo de paus, e para estes há aí aposentos, de fora, separados.» Eça de Queirós, A Ilustre Casa de Ramires (ed. de 1904), p. 188: «Depois, com uma cólera em que lhe tremiam os beiços brancos, lhe tremiam as secas mãos cabeludas, fincadas ao cabo do varapau...»[11]
- Vergueiro - (Sernancelhe) O mesmo que varapau
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2022 - Criação de uma vara torneada Apresentação e execução feita pelo Professor Fernando Oliveira, também jogador da Escola de Jogo do Pau de Bucos (Cabeceiras de Basto) |
Links externos
Referências
- ↑ LOPES, Paulo, O Jogo do Pau Português, 5livros, 2020 (sobre o livro)
- ↑ Mestre Luís Preto in http://www.jogodopauportugues.com/luispretoblog.html
- ↑ Frederico Martins in https://www.jogodopau.pt/notas-tecnicas/o-varapau-em-comprimento/
- ↑ Porto Editora – varapau no Dicionário infopédia da Língua Portuguesa [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-10-23 12:30:25]. Disponível em https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/varapau
- ↑ https://alqueidao.com/2012/07/26/o-jogo-do-pau/
- ↑ Etnografia Portuguesa - Tentame de sistematização - volume VI, 1975 (ver mais)
- ↑ https://jogodopaucascais.com/como-fazer-varas-para-o-jogo-do-pau/
- ↑ http://www.matriznet.dgpc.pt/MatrizNet/Objectos/ObjectosConsultar.aspx?IdReg=92921
- ↑ J.H. Borges Martins - A justiça da Noite na Ilha Terceira (ver mais)
- ↑ Etnografia Portuguesa - Tentame de sistematização - volume VI (ver mais)
- ↑ idem, ibidem